Feche os olhos e imagine.
Vamos voltar no tempo e caminhar por uma das poeirentas
estradas da Galiléia. Cerca de 2000 anos atrás. Neste caminho encontramos
caravanas de camelos, com seus passos engraçados e suas caretas beiçudas. Vemos
tropas de soldados romanos com seus cavalos e armaduras. Veja como os judeus os
olham com desprezo...
Mas nada disso detém muito nossa atenção. Estamos
procurando. Nossos passos nos levam em direção ao Mar da Galiléia. Já podemos
sentir sua brisa suave em meio ao calor sufocante.
Há uma multidão reunida ali, compacta, silenciosa,
compenetrada. Ao longe podemos ouvir algumas palavras trazidas pelo vento. Não
ouvimos direito, mas elas penetram em nossos corações como raios. Pode
ouvi-las? “Bem aventurados aqueles que aceitam com simplicidade o que é
verdadeiro, pois deles é o Reino dos Céus...”
Como gostaríamos de chegar mais perto não é mesmo? A multidão
começa a dispersar-se. Vão embora encantados. E nós? O que faremos? Chegamos
até aqui...
Mas eis que um pequeno grupo aproxima-se. Homens de porte nobre
apesar de sua simplicidade. Mas são ríspidos com as pessoas que tentam
aproximar-se. Do meio deles uma voz se eleva, cheia de amor, mas severa,
perguntando-lhes se não tinham agido da mesma forma quando perguntaram se
poderiam seguir com ele.
O pequeno grupo vai passando por nós e de repente Ele
torna-se visível. Alto, belo, brilhante! Carregando em si o Amor Verdadeiro, o
Amor de Deus feito homem ali, a poucos metros de nós. De repente estamos
paralisados e não podemos dar nenhum passo. Ele irá embora e não poderemos Lhe
falar!
Mas eis que Ele se volta e nossos olhares se encontram!
Pode imaginar-se olhando nos olhos Dele? Pode imaginar?
Num breve instante toda nossa vida é um livro aberto
àqueles olhos penetrantes. Não há nada que possamos esconder ou ocultar. Há
muito Amor naqueles olhos, uma bondade e uma severidade infinitas. Falando
figuradamente, morreríamos por aquele sorriso radiante da mais pura Luz. E Ele
é tão jovem!
De repente o grupo se afasta e nós nos vemos sozinhos no
terreno pedregoso das margens do Mar da Galiléia. Choramos como jamais pensamos
que seria possível, pois nossa vida não poderá mais ser a mesma depois daquele
único olhar. Um olhar do Filho de Deus.
Não há como saber se algum de nós teve a graça de ser alvo
de um olhar de Jesus, mas Suas Palavras abriram caminho em meio às trevas e
sustentaram a Terra em ligação com a Luz até a chegada do Espírito Santo,
trazendo as mesmas Palavras, adaptadas à nossa época. Hoje, quando abrimos a
Mensagem do Graal, é como se fôssemos atingidos por aquele olhar, nos indicando
o caminho certo, nos examinando e nos conclamando a seguir adiante.
Hoje, é dia de agradecer por essa graça imensa que os
Filhos de Deus nos trouxeram indo adiante. Certo é que jamais teremos outra
chance de receber um olhar pessoal daqueles, mas, voltando à Pátria, teremos a
certeza de que, se Aquele olhar acontecesse, não precisaríamos cair de joelhos,
envergonhados!