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QUE VC BUSCA, ELE PODE ESTAR MAIS ABAIXO.
A 1ª BATALHA DE YPRE - FLANDRES
Em 19/10/1914, começava a Primeira Batalha de Ypre-Flandres na Grande Guerra.
Depois da Primeira Batalha do Marne e após o estabelecimento da frente do Rio Aisne, os exércitos inimigos tinham um vasto território para avançar e tentar cercar o adversário.
Ambos os lados realizaram tentativas de envolvimento que ficaram conhecidas como Corrida para o Mar. Os resultados dessas manobras foram fracassos que faziam a rede de trincheiras ir aumentando até que chegou a Nieuport, no litoral da Bélgica, na saída do Estreito de Dover, entrada do Mar do Norte. Neste setor ocorreu a Primeira Batalha de Ypre, que foi o último grande combate de 1914.
Ypre é uma cidade belga próxima à fronteira com a França, a Leste de onde passou a linha de trincheiras dos franceses, ingleses e belgas que barravam a passagem aos alemães.
Para este local convergiram o IV Exército de Campanha alemão, sob comando do Marechal-de-Campo Albrecht, Duque de Württemberg, e o VI Exército Alemão, sob as ordens do Príncipe Rupprecht da Baviera. Ambas as forças eram formadas, majoritariamente, por soldados ainda sem experiência de combate e, portanto, ansiosos por entrar em ação.
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Trincheira da batalha preservada. |
O plano do Alto Comando Alemão era romper a linha dos inimigos e ao IV Exército, que estava posicionado na ala direita da linha alemã, mais perto do litoral, cabia a função principal, enquanto o VI Exército, que estava à esquerda, deveria realizar um ataque que atraísse parte das forças adversárias, facilitando o avanço do IV Exército.
Do lado adversário, posicionado ao longo do Rio Yser, a Força Expedicionária Britânica estava posicionada ao Sul, na ala direita da linha defensiva, os franceses ocupavam o centro e os belgas estavam ao Norte, na ala esquerda, mais perto do litoral e na área onde deveria vir o grosso do ataque alemão.
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O Rio Yser na atualidade |
O avanço germânico começou em 20/10/1914 com o IV Exército atacando em direção a Diksmuide, Houthulst, PoelKapelle, Passchendaele e Becelaere, objetivos que custaram grandes baixas.
Os belgas sofreram terrivelmente com o ataque da artilharia alemã e teriam cedido passagem se não fossem a ordem de inundar a região tornando-a intransponível.
Em 21/10 o avanço prosseguiu em direção a Langemark e Broodseinde. Apesar dos devastadores ataques de artilharia, os alemães não tiveram êxito, pois os aliados resistiram e montaram um contra-ataque que deteve os alemães no dia seguinte.
Langemark em Outubro de 1914
Por seu lado, o VI Exército atacou as forças britânicas em direção a Ypre. Os alemães conseguiram romper a linha em 31/10 e tomar a vila de Gheluvelt, mas o contra-ataque inglês fechou a brecha e retomou o lugar.
A cidade em si foi devastada pois “...em pouco tempo, a artilharia alemã destruiu completamente a cidade de Ypres atrás das linhas Aliadas.”[1]
No alto, Diksmuide em 1914 e atualmente (à direita - Monumento Ijzerdjik – Google Street View). Abaixo, à esquerda, Ypres em 1914 e atualmente (à direita - Catedral – Google Street View).
A batalha se estendeu até 22/11 quando, apesar dos reforços de infantaria recebidos, por conta, em parte, da escassez de munição de artilharia, os alemães desistiram da ofensiva e estabeleceram uma linha de trincheiras.
1914 se aproximava do fim, mas ainda registraria um dos momentos mais lindos da História.
http://clevelode-battletours.com/the-first-world-war/belgium-in-the-first-world-war/#lightbox[auto_group1]/7/
[1] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 106.
Em
um dia como este 28 de julho, no ano de 1914, começava a Primeira
Guerra Mundial. Já publicamos textos sobre o assunto de modo que, hoje,
vamos nos ater a um pequeno detalhe, um documento histórico preservado
que marca o evento.
Apesar
de o incêndio em Notre Dame provavelmente ter como origem a economia de
gastos com segurança, se tem um povo que sabe dar valor e preservar sua
História são os franceses.
Eles
foram capazes de preservar a memória de um simples cartaz de convocação
à mobilização geral que fora afixado na Rue Royale, via que se inicia
em frente a Madeleine Église e termina na Place de La Concorde, aquela
que cerca o Obelisco de Luxor.
Apenas substituíram o original deteriorado por um exemplar igual em melhores condições!
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O LOCAL DO CARTAZ NO CONTEXTO DE PARIS |
A peça de alto valor histórico pode ser apreciada até hoje na parede lateral de um belo edifício ao lado do Museu Maxim's.
O cartaz informa da mobilização geral, sua data (02/08/1914) e horário:
MOBILIZAÇÃO GERAL
O prefeito do 8º distrito informa seus cidadãos que a mobilização geral está declarada.
O primeiro dia de mobilização é no domingo, 2 de agosto (do meio dia à meia noite).
Prefeito do 8º distrito.
Dr. PH. MARECHAL
Como se vê, um exemplo a ser seguido em tempos de ataque à História em nosso país.
BATALHA DE KURSK
Em
um dia 05/07, no ano de 1943, começava a maior batalha de tanques da
História, a Batalha de Kursk, ocorrida após a terrível derrota alemã em
Stalingrado.
De
um lado as temíveis divisões Panzer da Wehrmacht, comandadas por Erich
von Manstein, Kurt Zeitzler, Hermann Hoth e Walther Model. Eles estavam à
frente de 38 divisões, a maioria blindada e dispunham de 780.900 homens
e 2.928 tanques.
Do
lado soviético, os comandantes Georgy Jukov, Nikolai Vatutin,
Konstantin Rokossovsky e Ivan Koniev, que tinham ao dispor 1.910.361
homens e 5.128 tanques.
Tal
disparidade de material bélico entre as duas forças demonstram o quanto
desgastado já estava o Exército Alemão após Stalingrado e como a URSS
podia mobilizar uma avalanche inesgotável de homens e material, uma
produção que a Alemanha Nazista, mesmo com todos os escravos que
possuía, não conseguia igualar.
A
tática de Stalin de desmontar e transferir para o interior longínquo do
país fábricas inteiras, surtiu o efeito desejado de retirá-las do
alcance alemão e manter a produção em alta, diferente das fábricas do
III Reich, que sofriam com os bombardeios aéreos e não tinham para onde
mudar.
A
posição do Japão de não atacar a URSS pelo Leste também prejudicou os
planos de Hitler, pois permitiu que Stalin trouxesse várias divisões que
estavam estacionadas na Sibéria para lutar em Stalingrado, Kursk e em
todas as batalhas seguintes.
Depois
de perder o VI Exército inteiro em Stalingrado, os alemães planejaram
formar uma linha defensiva para barrar o avanço soviético enquanto
recuperavam suas próprias forças.
O
Comandante Erich von Manstein, que cortara o contra ataque soviético em
Kharkov, sugeriu uma ofensiva em direção a Ucrânia, mas Hitler optou
por atacar Kursk, de onde poderia dominar uma linha férrea para Moscou.
Esses
planos, porém, seriam o oposto da célebre tática da Blitzkrieg, que
previa ataque de surpresa, rápido e maciço. A mobilização alemã, porém,
deixou óbvio seu destino de ataque. E, para além da obviedade, a
despeito de ter sido marcado para 04 de maio, só foi ocorrer dois meses
depois.
Do
ponto de vista soviético os planos alemães eram tão óbvios que eles só
se convenceram de que o alvo nazista era mesmo Kursk após receberem
confirmação através de um espião que estava na Suíça. Então passaram a
fortificar a área de forma maciça.
Na
noite de 04 para 05 de julho os alemães iniciaram ataques preliminares e
os soviéticos responderam com suas 20 mil peças de artilharia.
Já
no dia 05 de julho a Força Aérea Soviética iniciou ataque contra as
bases da Luftwaffe para ganhar a supremacia aérea, tática que aprenderam
com os alemães. Essa batalha aérea durou horas e os alemães conseguiram
manter o equilíbrio. Mas essa iniciativa soviética vinha provar que não
haveria surpresas naqueles dias.
O
avanço alemão nos dias subseqüentes só obteve mais sucesso ao Sul, pois
no centro e ao Norte foram barrados pela resistência e as medidas
defensivas soviéticas e as perdas foram grandes de ambos os lados pois
as forças aéreas não apoiavam o suficiente uma vez que os pilotos não
conseguiam enxergar o solo envolto em poeira, fogo e fumaça, os
comandantes não tinham controle em tempo real sobre as tropas e os
confrontos partiam mais de iniciativas isoladas das unidades de combate.
A
despeito disso os alemães acabaram se saindo melhor no quesito baixas,
no entanto o ritmo daquele avanço inicial ficou muito aquém do
planejado.
No
entanto, com a invasão aliada na Sicília em 11 de Julho, Hitler decidiu
deslocar tropas e a situação alemã decaiu. Os ataques diminuíram, o que
permitiu ao Exército Vermelho um tempo de para recuperação.
Em
agosto os soviéticos começaram a avançar e os alemães a recuar. Em
20/08 o recuo alemão se transformou em retirada e no dia 23 de agosto de
1943 terminava a Batalha de Kursk.
Os
soviéticos venceram com perdas muito maiores: 863.000 mortos, feridos,
desaparecidos ou capturados, 6.064 armas pesadas e tanque destruídos ou
seriamente avariados, entre 1.626 e 1.961 aeronaves perdidas e 5.244
canhões perdidos.
Os
alemães perderam com perdas bem menores: 198.000 mortos, feridos ou
desaparecidos, 760 armas pesadas e tanque destruídos e 681 aeronaves
perdidas. A diferença é que os soviéticos tinham uma capacidade de
reposição quase ilimitada, como já foi dito, e os alemães não.
Destacamos
três conseqüências fundamentais da Batalha de Kursk. A primeira é que,
pela primeira vez, o Exército Vermelho reconquistou territórios no verão
e sem ajuda do “General Inverno”.
A
segunda é que a derrota tirou dos alemães a capacidade de tomar a
iniciativa, passando a constantes recuos até Berlim menos de dois anos
depois.
E
a terceira e mais importante: enquanto Hitler, desconfiado da
capacidade militar de seus generais, passou a assumir cada vez mais o
comando direto das tropas. Do lado soviético, porém, Stalin percebeu a
imensa habilidade de seus principais generais, afastando-se do
planejamento militar.
Essas duas decisões opostas revelaram-se históricas e catastróficas para as forças armadas do III Reich.
Nossa
homenagem a todos os guerreiros que lutaram e tombaram nos campos de
Kursk. Que possam ter encontrado a paz que certamente desejaram.
Fontes e Imagens:
https://br.sputniknews.com/portuguese.ruvr.ru/2013_08_22/batalha-de-kursk-um-combate-de-titas-da-segunda-guerra-mundial-2313/
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/batalha-kursk.htm
https://seuhistory.com/hoje-na-historia/chega-ao-fim-maior-batalha-de-tanques-da-historia
https://gazetarussa.com.br/arte/2013/07/12/batalha_de_kursk_atraves_dos_olhos_de_quem_presenciou_tudo_20401
http://www.historiailustrada.com.br/2014/08/a-maior-batalha-de-tanques-da-historia.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Kursk
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Battle_of_Kursk?uselang=pt
A MORTE DE FRANZ
FERDINAND
Em um dia 28/06, no ano de
1914, ocorria o assassinato, por atentado à tiros, do Arquiduque Franz
Ferdinand, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro na cidade de Sarajevo,
na Bósnia Herzegovina.
Franz Ferdinand nasceu na
cidade austríaca de Graz em 18/12/1863. Ele era filho de Karl Ludwig e Maria
Annunziata e se tornou herdeiro do trono após dois incidentes: o suicídio de
Rudolf Franz, herdeiro do trono, e a renúncia de Karl em favor do filho mais
velho. O imperador à época era Franz Joseph I.
Militar desde os 14 anos,
apesar de jamais ter recebido treinamento adequado, Franz atingiu o posto de
Major General aos 31 anos e tinha grande influência no meio militar do império.
Um ano antes de sua morte foi nomeado Inspetor Geral das Forças Armadas.
Em 1894 conheceu e se
apaixonou pela Condessa Sophie Maria, com quem não podia se casar porque a moça
não era da realeza. Eles mantiveram um romance em segredo até que gerasse um
grande escândalo ao ser descoberto.
Mas, apesar da não autorização
do casamento por parte do Imperador, Franz se manteve firme até que o “papa
Leão XIII, o czar Nicolau II da Rússia, e o kaiser Guilherme II da Alemanha”
enviaram pedidos ao Imperador e este liberou o casamento sob as condições de
que a esposa não teria direito aos privilégios e títulos reais e nem seus
filhos seriam herdeiros do trono.
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O Casamento de Franz Ferdinand e Sophie Maria
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Celebrado em 01/07/1900, o
casamento não contou com a participação de nenhum membro importante da família
imperial e dali em
diante Sophie, apesar de receber os
títulos de Princesa de Hohenberg e Duquesa de Hohenberg, sempre ficava à parte
nas cerimônias oficiais, com exceção das solenidades militares e exatamente por
isso, Sophie acompanhou o esposo a Sarajevo naquele dia fatídico.
Contrário às aspirações
Húngaras por mais autonomia e mais liberal em relação aos demais povos
componentes do Império, Franz Ferdinand discordava em muitos aspectos com o
Imperador Franz Joseph I, que não viu com maus olhos sua morte em Sarajevo.
Quando chegou à capital
Bósnia, após assistir a exercícios militares que foram vistos como provocação
na vizinha Sérvia, Franz e Sophie foram recebidos com deferência por
autoridades locais que disponibilizaram um comboio de seis veículos, um dos
quais conversível, no qual embarcaram Franz, Sophie, o governador local e um
oficial militar.
A primeira parada foi em um
quartel para rápida inspeção e, em seguida, o comboio seguiu em direção à
Câmara Municipal. Foi neste trajeto que começaram os atentados.
Os planos para matar o
Arquiduque formavam uma teia complexa que começara a ser tecida em 1913 pelo
grupo Mão Negra (grupo de nacionalistas e pan-eslavistas sérvios do qual
participava o “chefe da inteligência militar sérvia, coronel Dragutin
Dimitrijević”), e que tinha como primeiro alvo o Governador Oskar Potiorek,
que estava no carro com Franz e Sophie.
Em março de 1914, quando o
atentado contra o governador deveria acontecer, os planos foram modificados
diante do agendamento da visita do Arquiduque à cidade.
Essa visita foi atrasada,
assim como os planos, por conta da doença do Imperador. Quando este se recuperou,
a viagem do herdeiro do trono foi reagendada.
Seis homens de Belgrado, a
maioria muito jovens, foram recrutados para a missão: Mehmedbašić, Vaso
Čubrilović, Cvjetko Popović, Gavrilo Princip, Trifun Grabež e Nedjelko
Čabrinović.
Eles percorreram um roteiro
digno de filmes de espionagem, com treinamento, entrega de armas e cápsulas de
suicídio, viagem de barco, passagem por um túnel secreto mediante apresentação
de senha, etc, até chegar a Sarajevo.
No dia do atentato, os seis
homens foram posicionados ao longo do percurso da comitiva, de modo que haveria
seis oportunidades de matar o arquiduque.
Quando a comitiva passou pelo
primeiro terrorista, Mehmedbašić, este não conseguiu jogar a bomba com a
qual estava munido, mesmo caso de Vaso Čubrilović, armado com bomba e pistola.
O próximo terrorista,
Nedeljko Čabrinović, porém, conseguiu jogar sua bomba que, no entanto, quicou
no carro e caiu na rua explodindo sob o veículo que vinha logo atrás, ferindo
20 pessoas.
Čabrinović engoliu sua
cápsula de veneno e pulou no rio. Mas não conseguiu nem morrer, pois vomitou o
veneno e o rio era muito raso, de modo que foi capturado.
Os outros três terroristas
também falharam em seus ataques pois a comitiva partiu em disparada rumo à
Câmara Municipal.
Triste pelo fracasso, Gravilo
Princip entrou em um bar para afogar as mágoas. Ele não sabia, mas este era o
lugar certo na hora quase certa.
Na Câmara, a irritação de Franz Ferdinand foi amainada pelas doces
palavras da esposa.
O restante dos compromissos do dia foi cancelado e uma visita aos
feridos no hospital foi programada.
O casal embarcou no mesmo carro aberto, um percurso foi traçado,
mas o motorista do carro não foi avisado.
Quando a comitiva partiu o motorista desavisado entrou por uma rua
não programada e, quando manobrou para retornar ao roteiro planejado, o motor
do carro “morreu” bem perto de onde Gravilo Princip estava.
Desta vez ele não perdeu a oportunidade.
De uma distância aproximada de cinco metros, disparou apenas dois
tiros.
Um dele acertou o Arquiduque na veia jugular e o outro no abdôme
de Sophie.
Gravilo foi preso imediatamente e o casal foi levado à casa do governador,
mas nada podia ser feito.
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Franz Ferdinand e Gravilo Princip
|
Sem saber, ou sem se importar, da gravidade de seus ferimentos,
Franz Ferdinand dizia que não tinha nada e tentava socorrer a esposa: "Sofia, Sofia! Não morra! Viva para nossos
filhos!".
Mas Sophie morreu e Franz morreu dez minutos depois.
Começava ali um efeito dominó que logo colocaria a maior parte das
principais nações do mundo, e suas colônias, em uma guerra mundial sem
precedentes.
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Fontes
e Imagens:
https://seuhistory.com/hoje-na-historia/arquiduque-e-assassinado-em-estopim-da-primeira-guerra
https://tokdehistoria.com.br/tag/arquiduque-franz-ferdinand-da-austria/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Lu%C3%ADs_da_%C3%81ustria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Anunciata_das_Duas_Sic%C3%ADlias
https://de.wikipedia.org/wiki/Rudolf_von_%C3%96sterreich-Ungarn
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofia,_Duquesa_de_Hohenberg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Fernando_da_%C3%81ustria-Hungria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atentado_de_Sarajevo
A QUEDA DA FRANÇA - 1940
No ano de 1940, no dia 14, tropas alemãs entravam em Paris, encerrando a avassaladora investida da Wehrmacht vinda da Floresta das Ardenas.
Depois da conquista nazista da Polônia em 1939, a II Guerra Mundial entrou em compasso de espera. Essa espera se encerrou em 10/05/1940 quando as tropas alemãs invadiram a Bélgica.
Essa invasão da Bélgica era esperada pelas forças aliadas, pois acreditavam que uma invasão da França só poderia ocorrer por aquele caminho.
Ao término da I Guerra Mundial os franceses construíram uma linha de defesa ao longo de toda fronteira com a Alemanha, a célebre Linha Maginot, com alto poder de fogo. Essa linha de túneis, casamatas e fortificações terminava na Floresta das Ardenas, considerada um obstáculo natural intransponível, deixando apenas a Bélgica como caminho para uma eventual invasão.
E foi isso que os alemães fizeram. Invadiram a Bélgica, atraindo para dentro de seu estreito território todas as melhoras tropas aliadas francesas e inglesas.
Mas esse ataque era apenas uma distração! Ao contrário do que pensavam os franceses, os alemães atravessaram brincando a Floresta das Ardenas!
Quando menos esperavam, as tropas aliadas estavam enfrentando os alemães na frente e na retaguarda. O avanço alemão foi tão rápido que impediu uma reação efetiva das forças francesas e inglesas, sob o comando ultrapassado do General Maurice Gamelin.
A 7ª Divisão Panzer de Erwin Rommel, por exemplo, avançava tão rápido que passou a ser conhecida como Divisão Fantasma, pois já tinha passado de onde se esperava que ainda chegasse, e chegava onde jamais era esperada.
Dez dias depois Gamelin foi demitido e o General Maxime Weygand foi nomeado para o comando, mas de nada adiantou. Os alemães combinavam o uso de aviões e tanques para abrirem espaço ao avanço da infantaria, enquanto os franceses nem consideravam essa estratégia, com exceção de Charles de Gaulle, que não era ouvido.
Na iminência de captura ou obliteração total as forças aliadas recuaram para Dunquerque, onde foram evacuadas para Inglaterra. Em 05/06/1940 começou o avanço alemão em direção a Paris.
A cidade foi tomada no dia 14, como dito anteriormente. Alguns dias depois o país inteiro se rendeu e, por capricho de Hitler, a rendição dos franceses aos alemães foi assinada no mesmo vagão de trem onde os alemães haviam se rendido aos franceses em 1918, na Floresta de Compiègne.
Imagens:
http://www.avalanchepress.com/1940Plans1.php
http://www.welt.de/kultur/article6922712/Wie-Hitler-vor-70-Jahren-Frankreich-ueberrannte.html
http://www.gettyimages.com/pictures/campaign-in-the-west-1940-belgium-german-tanks-passing-news-photo-542881033
https://www.quora.com/How-was-French-life-in-Paris-under-the-Nazi-occupation
GUERRA DO PARAGUAI
BATALHA DO TUIUTI
Em um dia 24/05, no ano de 1866, a Guerra do Paraguai tinha sua mais sangrenta batalha, travada em território paraguaio.
De
um lado o exército de Solado Lopes, com cerca de vinte mil homens
comandados pelo General José Eduvigis Díaz. Do outro, trinta e dois mil
soldados brasileiros, argentinos e uruguaios, sob comando maior do
General argentino Bartolomé Mitre, do brasileiro Manuel Luís Osório e do
uruguaio Venancio Flores.
Solano
Lopes vinha de duas derrotas nas batalhas do Passo da Pátria e Batalha
de Estero Bellaco travadas já em solo paraguaio. A despeito disso estava
muito otimista com a teoria de que uma vitória decisiva expulsaria os
aliados do país.
Do
outro lado, apesar das vitórias, havia discordância na estratégia de
avanço, pois Mitre mantinha o movimento lento e cauteloso, levando em
conta o desconhecimento do terreno, enquanto os generais brasileiro e
uruguaio pediam uma maior velocidade.
Mas
o terreno desconhecido acabou favorecendo os aliados, pois estes
acamparam em uma região pantanosa, mais propícia à defesa do que ao
ataque.
Este começou por volta de 11hs. As tropas paraguaias foram divididas em três colunas que tentaram cercar as forças aliadas.
O General Mitre não estava no acampamento, de modo que o comando foi assumido pelo General Osório.
No
início a vantagem foi toda dos paraguaios e nada menos que três
batalhões uruguaios foram dizimados. Mas, quando a cavalaria de Solano
Lopes partiu para cima das forças brasileiras, depararam-se com um fosso
intranspovível e, sem tempo de recuar, acabaram bem ao alcance das
armas brasileiras. O resultado foi devastador para a cavalaria
paraguaia.
Passado
o impacto inicial, as iniciativas dos comandos menores dos aliados, bem
como a estratégia de Osório, equilibraram as ações e logo viraram o
jogo. Mas o combate foi sangrento, como revela o alferes Dionísio
Cerqueira:
Os
batalhões avançavam; a artilharia rugia rápida, a revolver; era um
contínuo trovejar. Parecia uma tempestade. Cornetas tocavam a carga;
lanças se enristavam, cruzavam-se baionetas, rasgavam-se os corpos
sadios dos heróis; espadas brandidas a duas mãos, como os montantes nos
pares de Carlos Magno, abriam crânios, cortavam braços, decepavam
cabeças.
Seis
horas depois de iniciada, a Batalha do Tuiuti terminou com vitória da
Tríplice Aliança. Solano Lopes perdeu cerca de seis mil homens, enquanto
os aliados perderam cerca de quatro mil.
Ao
final do dia os aliados estavam firmemente estabelecidos dentro do
território paraguaio e Solano Lopes desprovido da capacidade de ataque,
restando-lhe o isolamento em fortalezas e as ações defensivas e de
recuo.
Começou no alagadiço Tuiuti a derrocada do ditador Paraguaio.
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Fontes e Imagens:
http://www.bonde.com.br/educacao/passado-a-limpo/voce-sabe-o-que-foi-a-batalha-de-tuiuti--224893.html
http://www.historiadobrasil.net/resumos/batalha_tuiuti.htm
http://www.historiabrasileira.com/guerra-do-paraguai/batalha-de-tuiuti/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Passo_da_P%C3%A1tria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Estero_Bellaco
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Lu%C3%ADs_Os%C3%B3rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_E._D%C3%ADaz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Venancio_Flores
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolom%C3%A9_Mitre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Tuiuti
A BATALHA DE GALIPOLI
A Batalha de Galipoli, também chamada de Batalha do Dardanelos, foi a tentativa de invasão da Turquia, para chegar a Constantinopla e pressionar o Império Otomano a pedir a paz.
Os britânicos esperavam abrir o Estreito de Dardanelos à navegação das potências aliadas ou, “No mínimo, [...], forçaria os turcos a concentrar suas forças na defesa de sua capital, aliviando a pressão não apenas sobre os russos no Cáucaso, mas também sobre os britânicos no Egito.”[1].
A estratégia consistia de enviar uma coluna de navios pelo estreito, bombardeando a costa até chegar a Constantinopla. Acreditava-se que poderiam ter sucesso utilizando apenas a Marinha na empreitada. Depois da tomada do Canal de Suez, os aliados deslocaram forças para águas turcas.
As forças aliadas contavam com militares da própria Inglaterra, além da França, Austrália e Nova Zelândia. A frota era composta de “...dois modernos navios capitais – o couraçado Queen Elizabeth e o cruzador de batalha Inflexible – apoiados por 16 pré-couraçados (12 britânicos e 4 franceses), além de incontáveis navios menores.”[2].
O bombardeio começou em 19/02/1915 e visava destruir as defesas costeiras do estreito para poder adentrar a frota sob menor resistência. A primeira tentativa de entrada ocorreu em 18/03.
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As linhas amarelas são as redes de minas submersas e os quadrados são as fortalezas turcas nas margens do estreito. A linha mais abaixo é a rede secreta instalada pelos turcos.
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Dois navios foram enviados, mas encontraram resistência da fortaleza de Kum Kale. Após mais bombardeios preparatórios, os turcos recuaram as defesas na entrada do canal.
Em 25/02 os navios aliados penetraram o estreito seguindo os navios caça-minas. A medida em que avançavam, atacavam as defesas turcas e enviavam equipes de demolição para destruir as fortificações. Mas os turcos mudaram de estratégia.
Se as fortificações eram fáceis alvos estáticos, eles passaram a utilizar artilharia móvel, puxadas por cavalos. Esses canhões disparavam nos navios e logo se deslocavam, tornando quase impossível aos inimigos acertá-los da água.
Sob fogo constante o trabalho dos navios caça-minas ficou bastante prejudicado e a situação piorou quando os navios de guerra começaram a bater nas minas não desarmadas e “...um dos pré-couraçados franceses bateu em uma mina e afundou em menos de dois minutos, matando praticamente toda a tripulação.”[3].
Com vários outros navios danificados pela artilharia turca, a frota invasora foi obrigada a se retirar. A pressão por um avanço decisivo, feito à luz do dia, levou à troca do comando da operação e, em 18/03 nova incursão foi realizada.
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A frota nos Dardanelos
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A frota entrou com 12 navios formados em três linhas de quatro embarcações, mais uma linha com quatro navios de apoio e uma quinta linha, com duas naus de reserva, seguindo os caça-minas.
Mas os turcos haviam implantado, secretamente, uma linha de minas paralela à costa, bem perto do curso dos navios invasores. Desconhecendo o perigo, estes adentraram o estreito e avançaram.
Porém, quando foram manobrar perto da linha minada, o inferno começou. Os navios começaram a bater nas minas e explodir. O primeiro afundou matando toda tripulação. Outros ficaram seriamente danificados e um deles ficou à deriva, tendo que ser abandonado. E os turcos ainda nem tinham usado todo seu potencial defensivo, localizado na parte mais estreita do canal, em Çanakkale.
Logo ficou claro que o estreito não seria tomado apenas pela marinha e que “Para limpar os Dardanelos seria necessário empregar forças terrestres que ocupariam as praias: a Península de Galipoli à esquerda e a costa da Turquia asiática à direita.”[4].
No dia 22/03 os ingleses tomaram a decisão de realizar o desembarque de uma grande quantidade de tropas terrestres e os locais escolhidos foram as praias do Cabo Helles, de Gaba Tepe e da Baia de Suvla.
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Acima: tropas na praia do Cabo Helles sob ataque. Abaixo, local na atualidade, no Google Street View.
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Mas os turcos previram os locais de desembarque e posicionaram tropas para defender a península a partir de posições mais elevadas em trincheiras e com artilharia.
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Acima: Cabo Helles. Abaixo: região de Gaba Tepe. Google Street View.
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Em um 25/04 como este, no ano de 1915, os desembarques começaram e, nos próximos nove dias, os invasores sofreram uma média de mil mortes por dia. Em agosto, quando a retirada começou, as mortes já atingiam a marca de quarenta mil.
Foi um massacre, pois os turcos “...lhes fizeram frente com um mortífero fogo de artilharia e metralhadoras a partir de posições ocultas em terreno alto.”[5].
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Acima: área conhecida como Cova Anzac. Local de desembarque em Gaba Tepe. Abaixo a Baia de Suvla. Google Street View.
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A Batalha de Galipoli terminou oficialmente em 09/01/1916 e, dos cerca de 480 mil homens que participaram dos combates em mar e terra, nada menos que 220 mil foram feridos ou mortos.
A ideia de tomar o Estreito de Dardanelos, primeiro apenas com o uso da Marinha (atravessando sua frota em meio ao fogo cruzado de duas costas elevadas) e depois com o desembarque de tropas terrestres, teve como resultado semear a Península de Galipoli com diversos campos como este, da imagem acima.
Os defensores turcos, como o Cabo Seyit, devidamente imortalizado na estátua da primeira imagem deste artigo, mantiveram o Dardanelos fechado aos aliados.
Churchill foi, durante muito tempo, acusado de culpa pela tragédia de Galípoli, mas seu biógrafo Martin Gilbert, na obra Winston Churchill – Uma Vida, desmente essa informação.
Gilbert afirma que em Janeiro/1915 Churchill estava mais entusiamado com ações britânicas no Mar do Norte do que com Galípoli e que foi o Primeiro Ministro Asquith quem decidiu que as prioridades seriam uma ação no Mar Adriático, para pressionar a Itália, bem como o ataque a Galipoli, estipulando, inclusive, a data: fevereiro. (pg. 322)
Segundo Gilbert, Churchill não foi o responsável direto pelo planejamento e nem pela operação de Galipoli, mas levou a culpa que se espalhou a despeito da documentação com provas em contrário das acusações que recebia.(pg. 335-336)
Quando falou na Câmara dos Comuns sobre a operação, o Primeiro Ministro Asquith, apesar de munido destes documentos, não “defendeu Churchill da principal acusação que faziam a ele, de passar por cima de seus conselheiros navais.” e quando um novo Gabinete foi formado, Winston não foi incluído. Pediu para ser nomeado para outro posto mas não obteve sucesso. Também não foi demitido até que pediu demissão em caráter irrevogável.(pg. 355-356)
A derrota foi um golpe duríssimo na carreira de Winston Churchill, que, após renunciar ao posto de Primeiro Lorde do Almirantado, terminou se alistando para combater na França.
[1] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 175.
[4] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 34. Tradução livre.
KATYN: UM MASSACRE - MUITAS HISTÓRIAS
O turista que pegar seu carro, em uma ensolarada tarde da primavera russa, saindo de Smolensk em direção à pequena cidade de Katyn, pela excelente estrada P 120 verá, cerca de 20km após Smolensk, à esquerda, duas simpáticas igrejinhas em estilo ortodoxo.
Se resolver parar no estacionamento, poderá contemplar uma placa, em russo e inglês, com os dizeres: Memorial de Katyn. A bucólica beleza do local esconde uma das muitas terríveis histórias da II Guerra Mundial.
Em 05/03/1940 a Polônia estava dividida entre o III Reich e a URSS. Na parte leste do ex-país, atuava a polícia secreta soviética, denominada Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), chefiada por Lavrentiy Beria.
Neste dia o Sr. Beria, que na foto abaixo aparece perto do chefe, ao fundo, com a filha deste no colo, pediu e Stalin autorizou (com apoio de outros 3 membros do Politburo: Vyacheslav Molotov, Kliment Voroshilov e Anastas Mikoyan), a execução de mais de 20 mil prisioneiros poloneses, a nata militar do país, policiais e intelectuais.
Entre os meses de abril e maio daquele ano a ordem foi cumprida e os corpos enterrados justamente no bucólico local, hoje marcado pelo memorial.
A uma média de 250 por noite, os prisioneiros foram executados com tiros na cabeça em salas acusticamente isoladas. Os corpos eram colocados em caminhões que os transportavam para a floresta.
Em 1943, quando a Alemanha já invadira a URSS, as covas foram descobertas e uma grande operação de propaganda nazista foi montada, inclusive com peritos de vários países e prisioneiros de guerra como testemunhas, para denunciar o crime dos soviéticos.
Nas imagens abaixo os prisioneiros poloneses, as covas coletivas onde foram enterrados, a exumação promovida pelos alemães e os prisioneiros de guerra que foram trazidos pela Wehrmacht como testemunhas do crime soviético.
Quando a URSS retomou o território, conduziu investigações fraudulentas nas quais as conclusões culpavam os alemães.
Várias investigações foram feitas e sabe-se que Churchill e Roosevelt sabiam que os soviéticos eram os culpados. Porém, no contexto da guerra, preferiram não culpar o aliado Stalin, em detrimento da história verdadeira dos inimigos alemães. Os resultados que culpavam os soviéticos foram ignorados ou censurados. A “operação abafa” durou, surpreendentemente, até os anos 70, em plena Guerra Fria.
Apenas em 1989 a verdade veio à tona e em 1990 o massacre foi admitido por Mikhail Gorbachev.
Nas imagens abaixo pode-se ver detalhes do memorial. Sob as árvores, placas de metal sinalizam a localização das covas coletivas das quais os corpos foram retirados. Ao final, a solicitação de execução dos prisioneiros enviadas por Beria a Stalin.
Que descansem em paz aqueles que tombaram sem chance de defesa, diante da suprema covardia.
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Fontes e Imagens:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lavrenti_Beria_Stalins_family.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fe/KatynPL-kontury.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dc/KatynPL-wejscie.jpg
http://en.auschwitz.org/m/index.php?option=com_content&task=view&id=758&Itemid=8
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Je%C5%84cy1.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Katyn_-_decision_of_massacre_p1.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Katyn_Massacre_-_Mass_Graves_2.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b8/Katy%C5%84%2C_ekshumacja_ofiar.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/82/Katyn_massacre_4.jpg
http://www.nydailynews.com/news/world/poland-commemorates-75th-anniversary-katyn-massacre-article-1.2172561
A BATALHA DE VERDUN - 1916
Verdun-sur-Meuse é uma cidade do nordeste da França com mais de mil anos de História tendo enfrentado e repelido nada menos que um cerco de Átila, o Huno, no século V.
Na época da Grande Guerra, Verdun estava dentro de uma linha fortificada, composta por dezoito fortes subterrâneos, a exemplo dos fortes Douaumont e Vaux, e mais doze instalações menores.
A capacidade de resistência dos fortes era diferenciada, pois enquanto alguns deles foram reforçados para resistir à artilharia pesada, outros não receberam a mesma atenção.
Para piorar, o comandante francês, General Joffre, não confiava mais na resistência de seus fortes, considerando que a artilharia alemã conseguira destruir construções semelhantes na Bélgica.
Assim, as guarnições de armamentos destas instalações foram reduzidos ao mínimo e algumas delas, como Douaumont e Vaux, estavam até selecionadas para demolição!
Do lado alemão, o novo comandante, Erich von Falkenhayn, com base em informes de seus serviços de inteligência, calculava que a perda de homens obrigaria a França a sair da guerra em 1916.
Nos cálculos alemães, “...a França teria 400 mil soldados a menos [...] em 1916 do que em 1914, e teria de enfrentar uma crise de quantidade de tropas em setembro de 1916 se suas perdas no próximo ano continuassem no ritmo de 1914 e 1915.”1.
Assim, e considerando que as linhas de abastecimento francesas eram bem mais precárias do que as alemãs, Falkenhayn escolheu Verdun para um ataque que fosse desgastando ainda mais o efetivo de tropas francesas atraídas para defender uma cidade de alto poder simbólico.
Falkenhayn esperava apressar a saída francesa da guerra por falta de tropas. Mas ele estava muito enganado...
O plano de batalha previa um devastador ataque de artilharia pesada, seguido do avanço da infantaria sobre as defesas francesas que, acreditava-se, estariam destroçadas.
Em 21/02/1916 o ataque começou e foi, de fato, devastador. Os alemães utilizaram “...mais de 800 canhões pesados, quase 400 canhões leves e 200 morteiros martelando um setor da frente de apenas 16 km de largura, antes do avanço inicial de dez divisões de infantaria.”2.
As trincheiras francesas, seus postos de metralhadoras e linhas de comunicação estavam pulverizados e os alemães avançaram com lança-chamas, espingardas e granadas.
Apesar disso, os soldados franceses sobreviventes resistiram bravamente e o avanço alemão era de apenas 5 quilômetros em 22/02, tomando Bois des Caures. Na sequência tomaram Haumont e foram repelidos em Bois de l'Herbebois.
No dia 24/02 se iniciou o assalto alemão ao Forte Douaumont, que foi tomado no dia seguinte. Esse movimento, contudo, colocou os alemães na mira da artilharia francesa.
Esse avanço, portanto, se deu ao custo de pesadas baixas pois, se os franceses perderam 24 mil homens, sendo, porém, 15 mil prisioneiros, “...dentro dos primeiros dez dias, os alemães perderam 26 mil.”3.
Ao contrário do esperado, a linha de abastecimento dos franceses não foi interrompida e o General Joffre introduziu um rodízio de tropas na linha de frente, substituindo os soldados extenuados por outros, descansados.
O abastecimento, feito pela Voie Sacrée (Via Sacra), movimentava “...diariamente 3000 caminhões com uma carga de 4000 toneladas de apetrechos e 20000 homens.”4.
No início de junto o Forte Vaux foi tomado e, depois, os alemães quase conseguiram romper a linha de defesa francesa. Esse movimento terminou junto ao Forte Souville.
O caminho para Verdun passava pela tomada de Souville, já bastante castigado pela artilharia, mas ainda defendido pelos franceses. Os ataques com gás fosgênio não produziram o resultado esperado, pois os soldados tinham máscaras.
O ataque devastador dos canhões permitiu o avanço alemão, contudo a resposta da artilharia francesa dizimou grande parte dos soldados invasores que foram obrigados a recuar.
Este foi o dia 12/07/1916 e os alemães haviam atingido o ponto mais próximo que conseguiriam chegar de seu objetivo.
A partir dali, ataques de russos e britânicos em outros locais impediram o exército alemão de ficar focado apenas nos franceses. As perdas eram equivalentes e a França não parecia à beira do colapso como Falkenhayn previra.
O comandante alemão “...se resignou em suspender o ataque, pois se esperava uma ofensiva francesa no Somme: reduziu, pois, os efetivos que havia alinhado frente a Verdun.”5. Em 02/09, com o comando geral passando para os generais “...Hindenburg e Ludendorff, os ataques alemães terminaram.”6.
No mês seguinte foi a vez contra-ataque francês. Utilizando a tática de enviar soldados pouco atrás de onde caiam as bombas da própria artilharia, os franceses avançavam antes que os alemães pudessem reagir.
Para retomar o Forte Douaumont foram disparados mais de 600 mil tiros de canhão de diversos calibres, inclusive alguns pesando 900 kg. A fortificação foi retomada em 24/10. Em 02/11 foi a vez do Forte Vaux. Em Dezembro os alemães haviam sido empurrados de volta ao ponto da partida. Verdun estava salva. Destruída, mas salva.
A posição alemã, depois de quase um ano de batalha, mostra a estupidez da guerra. Para não conseguir avançar um mísero quilômetro, os combates “...geraram 377 mil baixas francesas contra 337 mil alemãs. Oficialmente, os franceses reconheceram 162 mil mortes e os alemães, 82 mil, sendo provável que esta última cifra seja subestimada.”7.
1SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 270.
4PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 19. Tradução livre.
5RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
6SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 273.
BATALHA DE GUADALCANAL
Em
um dia 08/02 como este, em 1943, terminava a Batalha de Guadalcanal da
II Guerra Mundial, entre os aliados (EUA e Gran Bretanha) e as forças do
Império do Japão.
Quando
a batalha começou, em 07/08/1942, o Império Japonês já tinha atingido
sua expansão máxima e perdido a Batalha de Midway, na qual sua
capacidade de ação militar no Pacífico foram bem reduzida.
A
despeito disso, os japoneses enviaram tropas que tomaram as ilhas de
Guadalcanal, onde iniciaram a construção de um aeroporto em Lunga Point,
Tulagi, onde construíram uma base naval, e a Ilha Flórida, nas Ilhas
Salomão.
O
local era estratégico, pois uma vez terminado o aeroporto, o Japão
poderia lançar ataques de longo alcance, prejudicando as rotas de
suprimento e comunicação entre EUA, Austrália e Nova Zelândia.
Assim,
com esse objetivo defensivo em mente, e também a ideia de usar as ilhas
como bases de contra-ataques contra o domínio japonês na região, os
aliados planejaram invadir as ilhas e expulsar os nipônicos.
A
invasão aliada foi feita com o uso de soldados recém saídos do
treinamento, utilizando equipamento antiquado, rações e munições
reduzidas, considerando a prioridade que o Presidente Roosevelt dava à
guerra na Europa.
Foram mobilizados 60 mil homens, "...seis
cruzadores pesados, dois cruzadores leves, quinze contratorpedeiros,
dezessete navios de transporte, seis de carga e cinco limpadores de
minas.".
Devido
ao mau tempo, entre os dias 06 e 07/08/1942 essa frota conseguiu se
aproximar sem ser detectada e o ataque começou com bombardeios navais
contra as praias e instalações japonesas espalhadas pelas ilhas.
O comando da frota coube ao "vice-almirante americano Frank Fletcher (que comandava a partir do porta-aviões USS Saratoga)"
enquanto o comando das forças anfíbias ficou com o Almirante Richmond
K. Turner. As tropas de desembarque, em sua maioria fuzileiros navais,
agiam sob comando do Major-General Alexander Vandegrift.
Nas
ilhas Tulagi, Gavutu e Tanambogo os invasores encontraram uma dura
resistência, mas até 09/08 já haviam terminado a conquista. Em
Guadalcanal a resistência foi pequena e já em 08/08 o aeroporto de Lunga
Point estava sob posse dos aliados.
O
contra-ataque japonês veio pelo ar, através de aviões que partiam da
base de Rabaul (Nova Bretanha) e conseguiram danificar dois navios
aliados e derrubar vários aviões dos porta-aviões americanos.
Apesar
das perdas de aviões aliados serem inferiores às dos japoneses, os
comandantes Fletcher e Turner retiraram suas embarcações da área antes
de completar o desembarque de suprimentos, deixando os soldados aliados à
mercê da força aérea japonesa, situação piorada pelo resultado da
Batalha da Ilha Savo, na qual a Marinha Imperial do Japão causou sérios
danos à frota de suprimentos aliados.
A
despeito disso, da malária e diarréia, os fuzileiros se instalaram em
Guadalcanal e começaram a trabalhar para recuperar o campo de pouso,
agora chamado de Henderson, que lhes traria uma rota de suprimentos. Os
japoneses se retiraram para além do Rio Maranikau.
As
tentativas de retomar a ilha feitas pelos japoneses, a exemplo da
Batalha do Rio Tenaru e a Batalha nas Ilhas Salomão Orientais,
fracassaram, o que não impediu nenhum dos lados de seguir reforçando
suas tropas com homens e material pois se os aliados dominavam os mares e
ares durante o dia, utilizando o Campo Henderson, os japoneses
dominavam à noite com o "Expresso de Tóquio", transportes navais que
chegavam à ilha e voltavam na mesma noite.
Esse
fortalecimento levou os japoneses, sob comando do General Kawaguchi, a
planejar uma ofensiva dividida em três grupos no que ficou conhecida
como Batalha de Edson´s Ridge. Porém, informados da movimentação
japonesa, os aliados repeliram todos os ataques e ainda tomaram o
quartel general japonês, roubando suprimentos e destruindo todo o
equipamento que não poderia ser transportado. Com essa derrota o Japão
se viu obrigado a interromper sua expansão para apoiar a retomada de
Guadalcanal.
A
partir dai uma série de pequenos combates em terra, mar e ar foram
reduzindo a capacidade japonesa de impedir ou dificultar muito a chegada
de reforços e suprimentos aos aliados. Em 12/12 os japoneses decidiram
abandonar Guadalcanal e concentrar esforços em outras áreas.
A
evacuação começou no início de fevereiro e foi completada dia 08/02. No
dia 09/02/1943 os aliados tinham a posse total de Guadalcanal. Ao todo,
os aliados tiveram até 60 mil homens na ilha, 7100 mortos, 7789
feridos, 4 capturados, além da perda de 29 navios e 615 aviões.
Os
japoneses, que chegaram a ter 36.200 homens na ilha, perderam 31 mil
deles mortos e 1000 capturados, além da perda de 38 navios e de 638 a
880 aviões abatidos.
A
perda de Guadalcanal foi catastrófica para o esforço de guerra do
Império do Japão e significou a virada do jogo para os aliados que
instalaram importantes campos de pouso e portos a partir dos quais
partiram a maioria das operações que expulsaram os japoneses de seus
territórios conquistados no Pacífico.
Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Guadalcanal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Salom%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lunga_Point
A "NUREMBERG" DO JAPÃO
Em um
dia como este 19 de janeiro, no ano de 1946, o General Douglas Mac Arthur,
comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente, proclamou
a Carta do Tribunal Internacional Militar para o Extremo Oriente, documento que
estabelecia as bases legais para o julgamento de crimes cometidos pelos líderes
do Império do Japão durante a II Guerra Mundial.
Esses
crimes foram divididos em três categorias: "Classe A" (crimes
contra a paz), "Classe B" (crimes de guerra) e "Classe C"
(crimes contra a humanidade)” referindo-se, a primeira, a ação para iniciar
a manter o conflito e as duas últimas referindo-se a atrocidades cometidas
durante os conflitos.
Apesar
de ser um tribunal que visava os líderes japoneses, o Imperador Hiroito não foi
acusado, bem como nenhum outro membro da família imperial, como parte da
estratégia estadunidense de pacificar o Japão deixando ao país um símbolo em
torno do qual pudesse se reunir.
O
tribunal também não serviu para julgar funcionários e militares subalternos, o
que ocorreu em outros tribunais, realizados em outras cidades e países, a
exemplo da China, que instituiu 13 tribunais que produziram “504 condenações
e 149 execuções”.
O
julgamento foi presidido por onze juízes, um de cada país aliado na Guerra do
Pacífico: “Estados Unidos da América, República da China, União Soviética,
Reino Unido, Países Baixos, Governo Provisório da República Francesa,
Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia Britânica e Filipinas”.
A
abertura dos trabalhos ocorreu em 03/05/1946 com o discurso do Procurador-Geral
Joseph Keenan. Quando chegou sua vez, a defesa dos 28 acusados rejeitou o nome
de William Web como Presidente do Julgamento, no que foi atendida, e tentou
anular o julgamento argumentando ser impossível não matar em guerras bem como
individualizar culpas em crimes internacionais, o que foi rejeitado.
Nas
sessões seguintes a acusação prosseguiu listando os acordos e tratados
internacionais violados e a sequência de eventos que se iniciou com a invasão
da China após o incidente da Manchúria em 1928, bem como as inúmeras violações,
chacinas, pilhagens, torturas, etc.
A
defesa questionou o direito do vencedor julgar o vencido, rejeitou a tese de
conluio e defendeu algumas ações como defesa dos interesses e da própria
existência do país.
Dos
25 acusados que chegaram ao final do julgamento (dois morreram antes e um
enlouqueceu), apenas o General Hideki Tojo reconheceu a própria culpa nas
acusações. Os demais alegaram-se não culpados, tendo agido sob ordens.
O
veredito condenou à morte por enforcamento sete dos acusados, inclusive Tojo.
Outros dezesseis foram condenados à prisão perpétua. Os demais receberam penas
de 20 e 7 anos respectivamente.
Fontes
e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_Militar_Internacional_para_o_Extremo_Oriente
https://en.wikipedia.org/wiki/International_Military_Tribunal_for_the_Far_East
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hideki_T%C5%8Dj%C5%8D
A MORTE DE NICOLAU II
Em um dia 17/07, no ano de 1918, Nikolái Alieksándrovich Románov, o último Csar da Rússia foi assassinado, juntamente com toda sua família, na cidade de Ecaterimburgo, fuzilado pelos soldados do governo Bolchevique.
Nicolai teve a má sorte de ser um homem de mente atrasada, à frente de um país atrasado, mas no seio do qual crescia o embrião da revolta em um tempo de virada da História.
Nicolai nasceu em 18/05/1868 em Tsarskoye Selo, em um dos palácios da família imperial russa, perto da capital, São Petesburgo. Era filho do Csar Alexandre III e de Maria Feodorovna ou princesa Dagmar da Dinamarca, então Csarina Consorte da Rússia.
Aos 13 anos Nicolai se tornou herdeiro direto do trono por conta do assassinato de seu avô, o Csar Alexandre II e a coroação do pai. O garoto então se mudou para o Palácio de Gatchina, fora da capital, por questões de segurança.
Sua educação foi rigorosa, dormia em um quarto sem luxo, de modo a aprimorar sua resistência, aprendeu francês, alemão, inglês, História, geografia, dança, etc. Seu tutor incutia-lhe sempre que possível, a importância do exercício do poder absoluto.
Em 1894 Nicolai ficou noivo de Alice de Hesse-Darmstadt contra a vontade de seus pais pois a moça era de origem alemã, contudo, quando Alexandre II adoeceu e sua morte tornou-se iminente, a autorização para o noivado foi dada. O Csar faleceu antes do casamento ser realizado. Após a cerimônia Alice passou a se chamar Alexandra Feodorovna, Csarina Consorte da Rússia.
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Nicolai e Alexandra. |
O pai de Nicolai providenciou para que fosse rigorosamente educado, mas não lhe preparou para os deveres de Csar e o pouco treinamento de Nicolai nessa área veio por insistência do Ministro das Finanças Serguei Witte. A despeito disso, quando chegou o momento, o próprio Nicolai reconheceu seu despreparo.
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A Coroação de Nicolai II. |
Alexandre III mergulhara de vez a Rússia no atraso ao revogar quase todas as reformas feitas por seu pai, Alexandre II, dentre elas a proibição de acesso às universidades para os russos que não tivessem origem nobre![1]
Claro que tal nível de repressão não poderia ser mantido senão pela força bruta da última monarquia absolutista da Europa onde até mesmo os divórcios deveriam ser aprovados pelo Csar![2]
Assim, o poder de Nicolai ao assumir o trono do país mais atrasado da Europa[3] estava baseado em um tripé de frágil equilíbrio formado pela burocracia, o grande e fraco exército e a polícia, chamada Okbrana.[4]
Os problemas começaram já nas festividades do casamento, quando uma festa preparada para o povo acabou em tumulto e mais de 1400 mortes, ficando conhecida como Tragédia de Khodynka.
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Vítima da Tragédia de Khodynka. |
No governo Nicolai se mostrou muito cioso de seu próprio poder absoluto e, ao mesmo tempo, relutante em usá-lo, passando a impressão de fraco e indeciso.
Marcam o período os ataques a judeus, estimulados por propaganda negativa financiada pelo Ministro do Interior e a Guerra Russo-Japonesa na qual a Rússia foi derrotada pelo Japão, perdendo duas frotas navais. A guerra terminou em 1905, contudo, antes mesmo de seu fim, começariam as revoltas que levariam ao fim da monarquia alguns anos depois.
No dia 21/01/1905 foi anunciada uma marcha pacífica pelas ruas de São Petesburgo. O organizador, Padre Gapon, solicitou a presença do Csar para receber uma petição do povo. Mas os ministros não avisaram ao monarca e, ao invés disso, convocaram mais tropas para impedir as pessoas de chegar ao Palácio de Inverno.
Em 22/01/1905 a marcha foi iniciada e a cada momento recebia o acréscimo de mais e mais pessoas que caminhavam sob o frio e a neve cantando hinos religiosos e o Hino Imperial "Deus salve o Csar".
Em outras palavras, as pessoas acreditavam que o Csar as receberia como um pai e acolheria suas súplicas. Mas ao se aproximarem do Palácio encontraram os bloqueios de soldados que abriram fogo contra a multidão. O saldo foi de 92 mortos e muitos feridos, número que os boatos que chegavam ao interior do país era muitas vezes multiplicado. O divórcio entre o povo e seu Csar estava consumado.
A pressão interna e externa foi tamanha que Nicolai aceitou a convocação de um parlamento, chamado Duma, e a nomeação de um Primeiro Ministro, escolhendo Serguei Witte para o posto. Mas o Csar não pretendia abrir mão do próprio poder, de modo que logo entrou em confronto com os congressistas e a Duma foi dissolvida.
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Nicolai e Alexandra na instalação da Duma. |
A segunda Duma passou a funcionar em 1907 com Piotr Stolypin como Primeiro Ministro, o qual se encarregou de dissolver este segundo parlamento tão logo teve oportunidade, com apoio do Csar.
A terceira Duma foi mais prudente e deixou de atacar diretamente o governo, passando a se concentrar em questões econômicas conseguindo alguns avanços apesar da oposição de grande parte da nobreza ao trabalho de Stolypin e da Duma que eles classificavam como usurpação ao poder do Csar.
Mas não foi essa oposição que prejudicou Stolypin, foi o ódio que a Imperatriz Alexandra lhe devotava por conta da oposição deste à presença do Monge Rasputin na corte. Nicolai e Alexandra tiveram cinco crianças, sendo as quatro primeiras mulheres (Olga, Tatiana, Maria e Anastásia) e um filho, Alexei, o sonhado herdeiro do trono.
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Nicolai II e família. |
Mas Alexei tinha a doença real, hemofilia, e por isso inspirava cuidados redobrados. Nas crises, porém, somente Rasputin alcançara algum sucesso no restabelecimento do príncipe herdeiro, de modo que Alexandra, e o próprio Csar, não queriam prescindir da presença do Monge que, obviamente, tirava proveito desse favorecimento, de onde surgiram boatos de que influenciava o Csar em suas decisões de governo.
Em 1912, com o início da quarta Duma, esses rumores encontraram eco até mesmo entre defensores da monarquia.
A despeito de tudo, porém, a população uniu-se em torno do Csar quando a Primeira Guerra Mundial começou. Esse apoio porém só durou até que as ações do exército se tornassem uma série catastrófica de derrotas que resultaram em 215 mil baixas somente em 1914.
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A derrota russa em Tannenberg. |
Mas, em 1917 a situação das forças armadas era muito pior, pois “No início de 1917, o exército russo tinha perdido 2,7 milhões de homens, mortos ou feridos, e mais de 4 milhões de prisioneiros.”[5]. A desilusão com os rumos da guerra exauriu o apoio a ela entre os próprios soldados.
E, no caso específico do fracasso militar, a imagem do Csar não escapou incólume, pois Nicolau II “...insistiu em assumir pessoalmente o comando do exército em 1915, isolando-se [...] ao se mudar para o quartel general longe da capital.”[6].
O desabastecimento se instalou entre os anos de 1916-1917 quando “Por causa do rigor invernal, que aumenta as dificuldades de transporte, as reservas de farinha na capital estavam quase escotadas. Em fins de fevereiro o governo se viu obrigado a estabelecer um estrito racionamento e as padarias se viram incapazes de trocar todos os cupons.”[7].
E se na própria capital a situação era esta, no campo o quadro era ainda pior, de modo que as penúrias econômicas também influíram decisivamente nos eventos que se desencadearam logo a seguir.
Quando a falta de carvão obrigou o fechamento de fábricas que, por sua vez, iniciaram demissões em massa, gigantescas manifestações eclodiram no país: “...em Petrogrado, 150 mil trabalhadores entraram em greve. Um grande número de manifestantes também tomou as ruas em Moscou [...] Carcóvia e Baku.”[8].
As manifestações foram se agigantando até 09 de Março, quando “... ocorreram os primeiros choques entre os grevistas e a polícia.”[9]. E, a partir da adesão dos socialistas às manifestações dos trabalhadores, estas deixaram de ser contra a incompetência “...dos serviços administrativos, […] mas atacavam o regime político.”[10].
O governo ordenou às tropas que atirassem na multidão. Desta vez, contudo, havia muitos soldados apoiando o povo. As tropas sediadas em Petrogrado “onde o grosso dos efetivos era formado por reservistas sensíveis à propaganda dos militantes, paralisou a resistência dos poderes públicos.”[11]. Sem suporte militar, o regime desmoronou.
Poucos dias depois, Nicolau II abdicou:
Nestes dias decisivos na vida da Rússia, consideramos nosso dever fazer o que pudermos para ajudar nosso povo a se unir e juntar todas as forças para a [...] vitória. Por essa razão, nós, de acordo com a Duma de Estado, consideramos melhor abdicar do trono...[12]
Nicolau II tentou emplacar seu irmão Miguel no trono, mas este se recusou a assumir, de modo que foi instalado um governo provisório de orientação liberal, sob comando do Príncipe Georgy Lvov e Alexander Kerenski no Ministério da Guerra.
Nicolai foi preso junto com toda sua família e assim ficou enquanto a Rússia seguia em convulsão. Quando os bolcheviques assumiram o poder a situação da família imperial começou a declinar até que veio a ordem de Lênin e Sverdlov para a execução que ocorreu em Ecaterimburgo na noite de 16 para 17 de julho.
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Reunião do Soviet de Petrogrado. |
Soldados armados entraram no quarto onde estava a família e começaram a atirar. Nicolai morreu primeiro, alvejado muitas vezes e suas filhas morreram por último, a golpes de baioneta. Também morreram neste dia o médico, o cozinheiro, o criado e a empregada da família.
Os restos mortais dos Romanov permaneceram sepultados em Ecaterimburgo até 1998, quando foram desenterrados em parte. Em 2008 foram encontrados os restos de Alexei e de uma de suas irmãs. Neste mesmo ano a Suprema Corte Russa reabilitou suas figuras, reconhecendo terem sido vítimas de repressão política.
[1] CARTER, Miranda. Os Três Imperadores. Três primos, três impérios e o caminho para a Primeira Guerra Mundial. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013. pg. 69
[3] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 25.
[4] RODRIGUES, Luiz César B. A Primeira Guerra Mundial – Discutindo a História. São Paulo, Atual, 1994. pg. 26
[5] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 318.
[6] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 26.
[7] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 30. Tradução Livre.
[8] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 317.
[9] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 30. Tradução Livre.
[12] Fonte: Documents of Russian History, 1914-1917, ed. Frank Alfred Golder (New York: The Century Co., 1927), 297-99. Mencionado em: SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 317.
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Fontes e Imagens:
CARTER, Miranda. Os Três Imperadores. Três primos, três impérios e o caminho para a Primeira Guerra Mundial. Trad. Clóvis Marques. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013.. pg. 69
SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 25.
RODRIGUES, Luiz César B. A Primeira Guerra Mundial – Discutindo a História. São Paulo, Atual, 1994. pg. 26
PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 26.
RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 30. Tradução Livre.
http://educacao.uol.com.br/biografias/klick/0,5387,1755-biografia-9,00.jhtm
http://www.grupoescolar.com/pesquisa/czar-nicolau-ii.html
http://escola.britannica.com.br/levels/fundamental/article/Nicolau-II/482045
https://seuhistory.com/biografias/nicolau-ii
https://www.ebiografia.com/nicolau_ii/
http://www.suapesquisa.com/quemfoi/czar_nicolau_II.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Feodorovna_(Dagmar_da_Dinamarca)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandra_Feodorovna
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Russo-Japonesa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Tsushima
https://pt.wikipedia.org/wiki/Domingo_Sangrento_(1905)
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Russian_Revolution_of_1905
https://en.wikipedia.org/wiki/Russian_Revolution
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Battle_of_Tannenberg_(1914)
A BATALHA DO SOMME
A luta na região do Rio Somme foi mais uma carnificina da Grande Guerra, com a diferença de ser planejada pelos ingleses, contra os alemães.
Ela foi a contra-partida britânica ao acordo da Conferência de Chantilly (dez/1915), na qual foram acordados ataques simultâneos dos aliados (russos, britânicos, franceses e italianos), visando pressionar seus inimigos por todos os lados.
No caso específico desta batalha, a Inglaterra se aproveitava da situação em Verdun-sur-Meuse, na qual os alemães depositavam o grosso de suas tropas e materiais, deixando menos protegidos outros setores da frente, como o Somme.
Por outro lado, e pelo mesmo motivo, essa ofensiva contaria com poucas tropas francesas. A Força Expedicionária Britânica, porém, fora muito ampliada por conta do alistamento militar obrigatório, que rendera mais dois exércitos bem equipados, embora mal treinados.
Os britânicos também tinham grande superioridade em artilharia que “...incluía cerca de 3 mil canhões, metade dos quais era britânica, metade,francesa.”[1]. Essa superioridade também se verificava no ar, onde a aviação aliada superava a alemã.
A despeito de toda essa vantagem material, os comandantes aliados divergiam quanto à estratégia de ataque e um dos motivos era a desconfiança quanto ao preparo de seus homens para a batalha.
Por fim, optaram pelo básico bombardeio da artilharia e o avanço da infantaria para abrir uma brecha que seria invadida pela cavalaria.(?!)
O ataque foi iniciado em 24/06 com o bombardeio da artilharia, gás cloro e a explosão de túneis escavados sob as trincheiras alemãs. Os aliados lançaram “...12 mil toneladas de projéteis de artilharia – cerca de 1,7 milhão de disparos.”[2].
Apesar das grandes baixas sofridas, os alemães conseguiram uma rápida recuperação, considerando que o bombardeio “...não conseguiu destruir seus esconderijos subterrâneos mais profundos nem suas plataformas de metralhadoras fortificadas, e deixou grande parte de seu arame intacta.”[3].
Para complicar, as explosões dos túneis secretos escavados sob as trincheiras alemãs mais dificultou do que ajudou o avanço, pois os buracos abertos eram praticamente “intransponíveis”.
Os soldados avançavam em meio às crateras, lamaçal e arame farpado da Terra de Ninguém, onde eram massacrados pelo fogo das metralhadoras, granadas, bombas e fuzis dos alemães, que recuaram poucos quilômetros de sua posição original.
O resultado foi que, a exemplo de tantos outros avanços, este resultou em banho de sangue. As baixas foram tão terríveis que traumatizaram a população inglesa pois “Cidades como Manchester, Birmingham, Liverpool, Sheffields, Leeds, Bradford e outras, tiveram de reconhecer a realidade da guerra total. Bairros inteiros […] perderam seus homens.”[4].
Em meados de julho uma nova tentativa foi feita com a infantaria reunindo-se à noite e avançando sem apoio da artilharia. Conseguiram avançar cerca de 6km, mas não dispunham de reservas para completar o trabalho de modo que “...a batalha seguiu a pauta familiar de uma carnificina de desgaste.”[5].
Outros ataques, em setores diferentes, visando evitar a concentração de reforços alemães, tiveram custo alto em vidas, a exemplo das tropas australianas próximas à cidade de Artois, onde sofreram nada menos que “5.500 vítimas” em um único dia.
Com o fim da Batalha de Verdun se aproximando, os alemães reforçaram a frente do Somme, complicando ainda mais os planos aliados. Apesar disso, em 15/09 um novo ataque teve início, desta vez usando tanques pela primeira vez na guerra.
A Inglaterra enviou 49 tanques Mark I, que pesavam 28 toneladas e “corriam” a 5 km/h! Mas, destes 49 tanques, “...apenas 32 chegaram à frente de batalha, dos quais apenas 9 conseguiram cruzar a terra de ninguém para enfrentar o inimigo.”[6].
Apesar desse fiasco, e graças ao tremendo impacto psicológico que os monstros de ferro causaram nos soldados que nunca tinham visto nada semelhante, os alemães recuaram. Mas só um pouco
Porém, neste mesmo mês de setembro/1916, a força-aérea alemã voltou a ter o domínio dos ares. Entrava em cena o Esquadrão de Caça Jasta II, no qual servia Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, o Barão Vermelho.
A supremacia aérea, que significava a coleta de informações precisas sobre a localização de alvos e o movimento de tropas, foi fundamental para que os alemães equilibrassem o jogo em terra.
A Batalha do Somme começou depois e terminou antes do final oficial da Batalha de Verdun. Apesar disso conseguiu matar mais soldados. Números oficiais apontam “...624 mil baixas Aliadas (420 mil britânicas [...], 204 mil francesas), incluindo 146 mil mortos ou desaparecidos, contra 429 mil perdas alemãs, incluindo 164 mil mortos ou desaparecidos.”[7].
As duas batalhas, Verdun e Somme, mostraram que a estratégia de desgastar o adversário trazia, na verdade, perdas para os dois lados e que “...a superioridade dos efetivos e a abundância de material podiam assegurar êxitos parciais, mas estes êxitos […] não bastavam para implicar a ruptura da frente.”[8].
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[1] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 275.
[4] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 22. Tradução livre.
[6] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 280.
[8] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
UM DOS MOMENTOS MAIS TOCANTES DA HISTÓRIA
Neste ano da graça do Senhor de 2016 o início da I Guerra Mundial, ou Grande Guerra, completou 102 anos e, com isso, completam-se 102 anos também de um dos momentos mais tocantes da História, a nosso ver. É um evento que me toca profundamente, ao ponto das lágrimas, se me permitem um toque pessoal.
Em Dezembro de 1914 um grande número de soldados da frente de batalha deixou suas armas de lado, saiu das trincheiras e confraternizou com os inimigos, trocaram presentes, cantaram juntos, assistiram missas e jogaram futebol. Nunca, desde o início do calendário que temos hoje, o tão falado “Espírito do Natal” foi tão real e tão presente.
Naquele ano, após atravessar a Bélgica, os alemães invadiram a França chegando aos arredores de Paris, onde foram rechaçados na Primeira Batalha do Marne, em setembro.
Com o recuo alemão até o Vale do Aisne e o fracasso aliado em fazê-los recuar mais, começou a construção de linhas de defesa que levou o conflito à fase da Guerra de Trincheiras.
Com a chegada de Dezembro, algumas iniciativas de Cessar-Fogo para o Natal foram adotadas, mas sem sucesso, com destaque para o pedido do Papa Bento XV, de que as armas calassem diante do canto dos anjos. Os governantes e generais não estavam a fim de ouvir anjos cantando, a menos que fossem os hinos de seus países.
Mas, se os grandes esqueceram da noite estabelecida (erradamente) como a do nascimento de Jesus, o mesmo não se pode dizer dos pequenos. Muitos soldados ignoraram as ordens, a paz reinou, as armas se calaram e os anjos puderam cantar em muitos pontos da frente. E como cantaram de forma maravilhosa!
Na noite de 24/12/1914, na região de Ypre, na Bélgica, os alemães enfeitaram suas trincheiras com velas e árvores de Natal, iniciando a celebração com cânticos natalinos. Do outro lado os britânicos cantaram em resposta e não demorou muito para que estivessem atravessando a Terra de Ninguém (espaço entre as trincheiras dos dois lados).
Sob o silêncio das artilharias os inimigos trocaram fumo, bebida, comida e lembranças. Os mortos foram enterrados em funerais que contavam com soldados dos dois lados.
A Wikipedia traz o relato de um desses soldados. O britânico de nome Bruce Bairnsfather nos conta da própria troca de souvenires com um oficial alemão e do corte de cabelo de um alemão (que ele chama de Boche) por um inglês:
Eu não perderia aquele único e estranho dia de Natal por nada deste mundo... encontrei um oficial alemão, um tenente penso eu, e sendo um colecionador, disse a ele que havia gostado de alguns de seus botões. Eu trouxe meu cortador de arame, retirei um par de botões e coloquei-os no bolso. Então eu lhe dei dois dos meus em troca... depois reparei num dos meus artilheiros, que era cabeleireiro amador na vida civil, a cortar o cabelo bastante longo de um boche dócil, que estava pacientemente ajoelhado no chão, enquanto a máquina de corte deslizava em volta de seu pescoço.1
A duração da trégua variou. Em alguns lugares se encerrou depois do Natal mas, em outros, foi até o Ano Novo. Sabe-se, porém, que um dos alemães presentes em Ypre foi contra a confraternização.
Era um cabo que recebera recentemente a Cruz de Ferro de segunda classe, por bravura. Servia como um dos mensageiros da 16ª Reserva Bávara de Infantaria. Seu nome era Adolf Hitler.
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Frelinghien - Fronteira França-Bélgica. Atrás dos galpões, a área onde ocorreu o encontro dos soldados. |
Nos anos seguintes a quantidade de tréguas e confraternização entre soldados inimigos diminuiu bastante, por conta da repressão dos oficiais mas, sobretudo, porque a desumanidade dos combates foi endurecendo os corações dos soldados.
Apesar disso, elas ainda ocorreram. Sobre o Natal de 1915 temos o relato do alemão Richard Schirrmann, escrevendo na região dos Vosges:
Quando os sinos de Natal soaram nas aldeias do Vosges atrás das linhas... aconteceu uma coisa nada militar. As tropas tropas alemãs e francesas fizeram espontaneamente as pazes e cessaram as hostilidade; eles se visitaram uns aos outros através de túneis de trincheira em desuso, trocaram vinho, conhaque, cigarros, pão-preto da Vestefália, biscoitos e presunto. Eles permaneceram bons amigos mesmo depois do Natal.2
E sobre o Natal de 1916 temos as palavras de Ronald MacKinnon, que estava em Vimy Ridge:
Eu tive um bom Natal, considerando que eu estava na linha de frente. A véspera de Natal foi muito dura, serviço de sentinela até os quadris na lama, claro .... Tivemos uma trégua no dia de Natal e os alemães foram bastante amigáveis. Eles vieram para nos ver e nós trocamos corned-beef por charutos.3
Há quem diga que tais confraternizações não ocorreram na II Guerra Mundial. Mas temos conhecimento de pelo menos um acontecimento semelhante, ocorrido na região das Ardenas, durante a Batalha do Bulge.
Elisabeth Vincken, e seu filho Fritz, de 12 anos, cuja casa (Aachen – Alemanha) fora destruída por uma bomba, refugiam-se em sua cabana de caça, na Floresta das Ardenas.
Eles abrigam um grupo de soldados americanos, que traziam um companheiro ferido quando um grupo de soldados alemães chega. A hostilidade inicial é contida por Elisabeth Vincken e todos celebram o Natal em conjunto.
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Fritz Vincken (à direita) reencontra um dos militares americanos que cearam com ele e sua mãe em 1944. |
Fritz Vincken disse, em entrevista, que jamais esqueceu daquela noite na qual a força interior de sua mãe impediu um potencial derramamento de sangue. Recordando aquele momento especial ele diz que:
Agora e depois, em uma clara noite de inverno tropical, eu olho para o céu, para a brilhante Sirius, e parece que sempre nos cumprimentamos como velhos amigos. Então, infalivelmente, lembro-me (de minha) mãe e esses sete jovens soldados, que se reuniram como inimigos e se separaram como amigos, bem no meio da batalha do Bulge.4
Apesar da incorreção histórica, a humanidade escolheu celebrar o nascimento de Jesus nesta data de 24 para 25/12. Por isso o Reino de Clio envia a todos os seus leitores uma reflexão:
A humanidade precisa, urgentemente, reavivar o Espírito do Natal, que foi tão presente nas trincheiras de Ypre, 100 anos atrás. Fazemos votos que todos os nossos leitores possam, nesta noite que deve ser de reflexão, pensar no aniversariante e no “presente” que Lhe pode ser dado: viver de acordo com Sua mensagem: Amar ao próximo como a si mesmo!
Feliz Natal a todos!
Marcello Eduardo
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Cruz marca o local, próximo a Ypres, onde ocorreu um jogo de futebol entre os soldados inimigos. |
1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A9gua_de_Natal
4 http://ba-ez.org/educatn/LC/OralHist/vincken.htm
Imagens:
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Christmas_Truce_1914_IWM_HU_35801.jpg
http://ba-ez.org/educatn/LC/OralHist/vincken.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Christmas_Truce_1914.png
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Khaki-chums-xmas-truce-1914-1999.redvers.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Illustrated_London_News_-_Christmas_Truce_1914.jpg
http://www.vets-cars.com/20141209-100th-anniversary-christmas-truce/
http://chuto.pt/a-tregua-de-natal-de-1914/
https://forum.ableton.com/viewtopic.php?f=40&t=200541
http://www.mercattoursinternational.com/christmas-truce-centenary.asp
A PRIMEIRA BATALHA DO MARNE[1]
A invasão alemã da França encontrou as forças francesas, sob comando do General Joseph Joffre[2], despreparadas, pois “...mantiveram suas próprias reservas fora das linhas de frente e supuseram que os alemães fariam o mesmo...”[3] e, ainda, estimaram erradamente de onde viria a invasão.
O exército alemão, comandado por Helmuth von Moltke[4], mobilizou 34 divisões e os franceses esperavam apenas 26. Quando os alemães vieram atravessando a Bélgica, apenas 8 divisões foram por onde os franceses esperavam que passassem todas. Mais de vinte dessas divisões entraram por onde a França não esperava a vinda de nenhuma![5]
O resultado foi uma avalanche de alemães sobre a França e “...os exércitos franceses sofreram um total de 260 mil baixas, incluindo 75 mil mortos; 27 mil morreram num único dia, 22 de agosto...”[6].
O futuro historiador Marc Bloch, então sargento do exército francês, conta a experiência do recuo a que foram obrigados:
No caminho, vimos pessoas abandonando às pressas seu vilarejo. Homens, mulheres, crianças, móveis, trouxas de roupas de cama e mesa [...] amontoados em carroças. Esses camponeses franceses fugindo diante de um inimigo contra o qual não tínhamos como protegê-los deixavam uma impressão amarga.[7]
A iminência da catástrofe fez com que o General Joffre mobilizasse a reserva:
O 6° Exército [...] posicionou-se ao norte de Paris, junto ao rio Ourcq, ao passo que o 9° Exército postou-se ao sul do Marne, entre o 4° e o 5° Exércitos, sendo suplementado por tropas deslocadas da fronteira alsaciana... [8]
Então foi a vez de os alemães subestimarem os adversários. Otimista com o avanço inicial fulminante, Moltke desviou onze divisões para a Bélgica e a Prússia, desfalcando seus exércitos de quase um terço de suas forças.
Apesar disso, Moltke ordenou um avanço que rompesse a linha francesa entre Paris e o Rio Marne. Essa estratégia foi contestada pelo Gal. Alexander von Kluck, líder do 1º Exército, preocupado com o flanco de suas forças que seria exposto às tropas posicionadas no Rio Marne.
Mas, como ordem dada é ordem cumprida, o avanço aconteceu como Moltke queria e o flanco foi atacado como Kluck previa.
A despeito disso, quando a Primeira Batalha do Marne finalmente começou em 05/09/1914, os alemães já haviam avançado com seus 1º e 2º exércitos em direção a Paris e quase chegaram lá.
Mas o abastecimento das tropas estava muito dificultado, pois as linhas de trem que vinham da Alemanha tinham ficado a mais de 100km de distância “...e sua cadeia de suprimentos agora dependia esmagadoramente de carroças puxadas a cavalo, porque mais da metade dos quatro mil caminhões do exército tinha quebrado.”[9].
Para complicar, o avanço do 1º Exército foi mais rápido, abrindo uma brecha de 50km de distância para o 2º Exército, este sob o comando do General Karl von Bülow.
Se Bülow tivesse apoiado o avanço de Kluck, eles teriam tido sucesso, pois as tropas francesas demoraram a fazer os movimentos corretos e as tropas britânicas ainda não haviam chegado àquela frente de combate.
Há controvérsias sobre os motivos da derrota. É certo que havia falhas na comunicação entre os exércitos alemães. Bülow teria recuado suas forças sem comunicar Kluck e Moltke, ou, Kluck teria desviado de Paris para socorrer Bülow, com aval de Moltke, cuja estratégia mudara novamente, como mostra a seguinte ordem:
A intenção do Comando Supremo é de rechaçar os franceses, rumando na direção sudeste, cortando-os de Paris […] é preciso agarrá-los antes que possam parar, fortalecer-se e se reorganizar. Nos ocuparemos de Paris em seguida.[10]
O certo é que, quando informado do desvio alemão, o General Joffre deslocou tropas para atacar o flanco esquerdo de Kluck. Isso ocorreu em 05/09/1914, marcando o início da batalha em si.
Os movimentos das forças de Kluck, primeiro tentanto escapar e depois tentanto envolver os franceses enviados contra si abriram uma brecha entre ele e o 2º Exército. A chamada linha do Petit-Morin era “...conservada por uma simples cortina de cavalaria que podia ser facilmente arrasada...”[11].
Quando franceses e ingleses conseguiram romper essa brecha em 09/09 e penetrar entre os dois exércitos alemães, estes foram obrigados a recuar. Em 10/09 a frente alemã estava cedendo e recuando.
Acima, zona rural perto de Paris, área da brecha entre o 1º e o 2º Exércitos Alemães. Abaixo o Rio Marne, na mesma área. Google Street View.
Os franco-britânicos, porém, não conseguiram executar uma perseguição efetiva pois “...a infantaria e a cavalaria acusam o esforço que efetuaram sem trégua desde a batalha das fronteiras e na artilharia escasseiam as munições.”[12].
Quando tropas alemãs vindas de Lorena e Maubeuge chegaram à região, os franco-britânicos foram detidos às margens do Rio Aisne onde os alemães em recuo estabeleceram uma linha defensiva.
Ponte sobre o Rio Aisne. Na margem oposta a região da linha defensiva alemã. Google Street View.
Em 12/09/1914 terminava a Primeira Batalha do Marne. Os combates envolveram 1.071.000 franceses e britânicos contra 1.485.000 alemães, resultando em “...250 mil baixas francesas (80 mil mortos) e 13 mil baixas britânicas (1.300 mortos). Do lado alemão houve 250 mil baixas (55 mil mortos).”[13]
Na nova frente estabelecida começava o processo de escavação de trincheiras que faria a guerra entrar em uma nova fase. Moltke sofreu um colapso nervoso e foi substituído por Erich von Falkenhayn. Outros 33 generais foram destituídos.
[9] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 103.
[10] ALTMAN, Max. Batalha do Marne impediu invasão rápida da França pelos alemães na Primeira Guerra Mundial. Ópera Mundi – Revista Samuel, 2014. Acesso: 27/05/2015
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/38842/batalha+do+marne+impediu+invasao+rapida+da+franca+pelos+alemaes+na+primeira+guerra+mundial.shtml.
[11] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 14. Tradução Livre.
[12] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 14. Tradução Livre.
[13] ALTMAN, Max. Batalha do Marne impediu invasão rápida da França pelos alemães na Primeira Guerra Mundial. Ópera Mundi – Revista Samuel, 2014. Acesso: 27/05/2015
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/samuel/38842/batalha+do+marne+impediu+invasao+rapida+da+franca+pelos+alemaes+na+primeira+guerra+mundial.shtml.
Em um dia como este 28 de julho, no ano de 1914, começava a Primeira Guerra Mundial. Já publicamos textos sobre o assunto de modo que, hoje, vamos nos ater a um pequeno detalhe, um documento histórico preservado que marca o evento.
Apesar de o incêndio em Notre Dame provavelmente ter como origem a economia de gastos com segurança, se tem um povo que sabe dar valor e preservar sua História são os franceses.
Eles foram capazes de preservar a memória de um simples cartaz de convocação à mobilização geral que fora afixado na Rue Royale, via que se inicia em frente a Madeleine Église e termina na Place de La Concorde, aquela que cerca o Obelisco de Luxor.
Apenas substituíram o original deteriorado por um exemplar igual em melhores condições!
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O LOCAL DO CARTAZ NO CONTEXTO DE PARIS |
A peça de alto valor histórico pode ser apreciada até hoje na parede lateral de um belo edifício ao lado do Museu Maxim's.
O cartaz informa da mobilização geral, sua data (02/08/1914) e horário:
MOBILIZAÇÃO GERAL
O prefeito do 8º distrito informa seus cidadãos que a mobilização geral está declarada.
O primeiro dia de mobilização é no domingo, 2 de agosto (do meio dia à meia noite).
Prefeito do 8º distrito.
Dr. PH. MARECHAL
Como se vê, um exemplo a ser seguido em tempos de ataque à História em nosso país.