As más notícias se multiplicavam no início da
guerra. Em 30/11/1939 a URSS invadiu a Finlândia, mas Churchill foi contrário a
uma intervenção que colocasse a Inglaterra em guerra com os russos. Somente em
13/12 veio finalmente uma boa notícia.
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Couraçado de Bolso Alemão Graf Spee |
O Couraçado de Bolso Alemão Graf Spee
foi cercado por 3 cruzadores britânicos e, avariado, refugiou-se em Montevideu,
no Uruguai e “Quatro dias depois, o Graf Spee foi explodido.” por seu próprio
capitão. (pg. 87)
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O Graf Spee após explosão provocada. |
Como já foi dito antes, Churchill pretendia
uma ação na Noruega que cortasse o fornecimento de ferro para a Alemanha,
também sugeriu uma ação na Suécia e a apreensão dos navios de transporte
alemães com o mesmo objetivo.
Também queria lançar minas no Rio Reno, uma
das principais vias de transporte de cargas alemãs. Nada disso foi implementado,
o que irritava Winston sobremaneira. Em carta a Halifax ele afirmou que “nunca
conseguiremos a vitória seguindo o caminho de menor resistência”. Apesar
disso, pelo rádio ele irradiava esperança:
Que as grandes cidades de Varsóvia, Praga e Viena
varram o desespero, mesmo no meio de sua agonia. Sua libertação é garantida.
Chegará o dia em que os sinos voltarão a bater em toda a Europa e em que
vitoriosas nações, dominadoras não só de seus inimigos, mas de si próprias,
planejarão e construirão em justiça, em tradição e em liberdade uma casa com
muitos quartos onde haja espaço para todos. (<<pg. 87-88)
Nessa fase de boas notícias rarefeitas os
discursos de Churchill mantinham o espírito do Reino Unido equilibrado e
esperançoso fazendo com que até mesmo seus críticos mais antigos passassem a
elogiar suas falas. Lorde Halifax, por exemplo, escreveu: “Que
extraordinária criatura ele é. Devo dizer que quanto mais sei sobre ele mais
gosto dele.”
O próprio Winston reconhecia a importância de
seus discursos até para ele mesmo: “Pedirem que eu não faça discursos é como
pedir a uma centopeia que caminhe sem pôr as patas no chão”. (<pg.
89-90)
Em abril, com sete meses de atraso e somente
depois de uma segunda exigência dos chefes do Estado Maior, o governo resolveu
agir na Noruega e na Suécia para cortar a rota de suprimento de minérios de
Hitler. Winston ficou bastante animado mas Hitler agiu antes deflagrando a
Operação Weserübung! Em 09/04/1940 tropas nazistas invadiram a Dinamarca e a
Noruega.
Em poucas horas a Dinamarca capitulou e,
embora tenha resistido mais, a Noruega seguiu o mesmo caminho logo depois.
Tropas inglesas ainda foram desembarcadas no país mas não conseguiram reverter
a situação. Esse fracasso, contudo, tornou mais precária a posição de
Chamberlain à frente do governo, uma vez que até mesmo alguns de seus aliados
passaram a apoiar que Churchill se tornasse o Primeiro-Ministro e logo esse
desejo era partilhado pela população.
No início de maio esse movimento ganhou força
dentro do Parlamento. No dia 07/05 o clima esquentou na Câmara dos Comuns.
Chamberlain foi vaiado e teve de ouvir, de um de seus maiores aliados o
seguinte pedido: “O senhor esteve sentado por tempo demais, qualquer que
tenha sido o bem que fez. Retire-se, digo-lhe, e permita-nos que não tenhamos
mais nada a ver com o senhor. Em nome de Deus, retire-se!” Essa frase era
histórica e fora proferida 300 anos antes por Cromwell.
Chamberlain só encontrou defesa vinda da mais
improvável fonte. Em 08/05, na continuidade dos debates no Parlamento, quando
chegou o momento de falar, Churchill defendeu as ações do governo no caso da
Noruega e criticou aqueles que agora atacavam o Primeiro-Ministro: “Ele
pensa ter alguns amigos, e eu espero que sim. Tinha muitos quando as coisas
corriam bem.”
Ele sabia que a situação poderia mudar pois
novos planos estavam em preparo e eles já tinham acesso às mensagens secretas
dos alemães, pois a equipe de especialistas da Escola Governamental de Códigos
e Cifras em Bletchley, chefiados por Alan Turing,[3] tinha quebrado o
código das máquinas Enigma.
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Escola Governamental de Códigos e Cifras em Bletchley |
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Máquinas Enigma Nazistas |
Mas nem mesmo os dotes oratórios de Winston
poderiam servir para tornar o indefensável algo aceito. A pressão sobre
Chamberlain aumentava e ele propôs às lideranças dos Partidos Trabalhista e
Liberal a formação de um novo governo, sob a liderança de um Conservador, que
poderia ser ele ou outro. Pessoalmente ele preferia Halifax, mas este não se
julgava capaz de liderar a Câmara. Sobrava Churchill.
Tudo parecia certo neste sentido, mas quando
Hitler invadiu a Holanda e a Bélgica no rumo da França, Chamberlain desistiu de
desistir do cargo. O Parlamento, porém, já havia desistido dele e a resposta dos
Partidos Trabalhista e Liberal foi que não aceitavam participar de nenhum
governo presidido por ele.
Era o dia 10/05/1940 e logo Chamberlain
se dirigiu ao Palácio de Buckingham onde apresentou sua demissão ao Rei George
VI que escreveu em seu diário “Pedi um conselho a Chamberlain, e ele me
disse que devia mandar chamar Churchill.” Foi o que o Rei fez, convocando
Churchill logo a seguir:
No começo da tarde de 10 de maio, Churchill
deslocou-se ao palácio de Buckingham. — Suponho que não saiba por que lhe pedi
que viesse aqui — disse o rei com um sorriso. — Sequer imagino, Majestade —
respondeu Churchill. O rei deu uma gargalhada e disse a Churchill: — Queria
pedir-lhe que formasse o governo. (<<<<<<<pg. 90-96)
CONTINUA