Reconstituição de Cartago |
HANNIBAL AD PORTAS –
A BATALHA DO LAGO TRASÍMENO1
Após a devastadora
vitória nas margens do Rio Trebia, e do inverno, Hannibal tinha duas
rotas a seguir rumo ao Sul da Itália, onde planejava conseguir apoio
sublevando as províncias romanas. Ele escolheu seguir pelo Vale do
Rio Arno, rumo a Etrúria, apesar das inundações de fim de inverno,
pois na rota do Vale do Rio Pó, as tropas romanas estavam
aquarteladas, predominantemente em Ariminum.
Ao sair do lamaçal do
Vale do Arno, nas imediações de Fiesole, Hannibal passou a provocar
os romanos visando um combate decisivo. Essa provocação consistiu
em atacar a região da Etrúria promovendo saques e destruição. Mas
o novo Cônsul Romano, Caio Flamínio, sediado em Arretium (atual
Arezzo), não aceitou a provocação para um combate direto, passando
apenas a seguir as tropas de Hannibal à uma distância razoável.
Segundo Healy, ele aguardava a chegada das tropas do Cônsul Gemino
para, então, cercar os cartagineses entre dois exércitos romanos.
Rio Arno - imediações de Fiesole |
Ciente dos planos
romanos e do risco que corria, Hannibal buscava logo uma chance de
derrotar as tropas de Flamínio antes da reunião das forças deste
com Gemino. Então, surgiu, na margem do Lago Trasimeno, um terreno
propício a uma emboscada. De um lado, colinas e desfiladeiros, e do
outro, o lago. Para completar, a neblina da madrugada, ajudando a
ocultar a presença dos cartagineses. Sem imaginar (e sem investigar)
que o inimigo estivesse tão perto, as tropas romanas marcharam para
dentro do cerco de Hannibal.
Lago Trasímeno |
Região da batalha. O curso da estrada demarca mais ou menos a posição das tropas romanas que foram surpreendidas. |
O Mapa da Batalha. Note-se como a marcha romana foi barrada pela infantaria de Hannibal (5) |
O leitor veja as
imagens do local na atualidade e imagine as legiões marchando na
margem do lago em meio à neblina para, de repente, deparar-se com a
infantaria cartaginesa barrando o caminho. E agora imagine o terror
de ouvir (ainda sem ver) o tropel da cavalaria chegando pela lateral.
Horror e morte.
Trecho da região do combate. Ao fundo as colinas onde Hannibal escondeu suas tropas. |
Margem norte do Lago Trasímeno, onde ocorreu a batalha. Ao
fundo as colinas onde Hannibal escondeu suas tropas.
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Após cerca de três
horas de combate 15 mil romanos estavam mortos, pelas armas ou
afogados no lago, e 10 mil foram feitos prisioneiros. Apenas a tropa
de vanguarda, cerca de 6 mil homens, conseguiram romper o cerco e
escapar, para se render no dia seguinte. O próprio Cônsul Flamínio,
morreu em combate recebendo, depois, toda a culpa, por parte de
Políbio e Tito Lívio, historiadores que narraram a acachapante
derrota.
Ao fim do dia Roma não
tinha mais um exército efetivo e a cidade encontrava-se quase
indefesa, com exceção das 4 legiões de Gemino que, contudo, estava
impedido de vir em socorro da cidade por ter o caminho cortado por
Hannibal.
Healy escreve que
alguns estudiosos dizem que o general cartaginês poderia tê-la
tomado, mas lembra que o plano era “dissolver a
confederação romana” na Itália.
Em nossa opinião, não
é correto acreditar nisso, pois não haveria melhor forma de
“dissolver a confederação romana” do que tomar a própria
Roma. Acreditamos que Hannibal não tinha consciência da fragilidade
do inimigo naquele momento, e calculou que deveria continuar
enfraquecendo Roma até ter condições de assaltá-la.
Não cremos que se
possa ver essa circunstância como um erro, mas o fato é que logo
depois Hannibal tomou a primeira decisão que fez com que hoje
estudássemos a História de Roma, e não a de Cartago. Ao invés de
tomar o caminho da cidade eterna, ele foi para o Sul.
Continua...
1Relembrando,
todas as informações deste texto provém da obra “Canas 216 a.C.
- Aníbal dizima as legiões” (da série Grandes Batalhas da
Osprey), de autoria de Mark Healy. As imagens são de vários sites
da internet e do Google Street View.
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