A
BATALHA DE MOSCOU1
A
parada de 07 de Novembro de 1941, 24º aniversário da Revolução
Russa, elevou muito o moral do Exército Vermelho. Mas nos parece que
era mesmo o medo do terror stalinista o maior incentivador do soldado
soviético.
Só
isso explicaria o relato que Andrew Nagorski apresenta em sua obra,
coletado de um soldado alemão sobrevivente, sobre um avanço
soviético em ondas de soldados: “A 600 metros abrimos fogo e
seções inteiras da primeira onda simplesmente desapareceram,
deixando aqui e ali alguns sobreviventes caminhando resolutamente
para frente. Era estranho, inacreditável, desumano.” (pg. 183)
Mas,
o avanço alemão ainda tinha de enfrentar a lama que quase paralisou
o avanço e dificultou o reabastecimento. Quando a lama endureceu com
o frio, permitindo movimento mais rápido, os soldados passaram a
sofrer com o frio que chegava a congelar o lubrificante dos veículos.
Rasputitsia - A incontornável lama russa. |
O frio foi tão intenso que os alemães passaram a se vestir até
mesmo com roupas de mulher por sobre as fardas para se aquecer e
chegavam a ter estalactites de gelo formados no rosto.
Soldados alemães semi-congelados no inverno russo. |
Soldados alemães combatendo no inverno russo. |
O filho de Stalin, prisioneiro dos alemães. |
Muitos
morreram congelados, como se lê no relato do veterano russo Albert
Tsessarsky sobre o que viu nas margens do Rio Moscou, em Mozhaisk, e
que Nagorski apresenta: “Um alemão morto usava um sutiã
enrolado na cabeça, evidentemente para tentar proteger as orelhas do
congelamento. Os outros estavam enrolados em tudo que encontraram
para lutar contra o frio, e só usavam botas leves de couro.”
(pg. 202)
As tropas siberianas que mudaram o curso da guerra marchando rumo ao combate. |
Some-se
isso
tudo com a chegada dos tanques T-34 russos, bem superiores aos
Panzer, a chegada das tropas siberianas, bem mais resistentes ao
inverno, e entende-se como o pânico mudou de lado. A tomada de Moscou
pelos alemães estava afastada, o recuo tornou-se inevitável e logo
já estava entre 70 e 100km.
Rio Moscou - Mozhaisk - região de combates conhecida como "Vale da Morte". |
Khimki - Periferia de Moscou - região mais perto da capital soviética na qual os alemães chegaram. |
Em
nossa opinião, o que se viu na Batalha de Moscou foi um confronto de
ideologias mas, acima de tudo, um confronto entre dois sistemas de
terror que se auto-alimentaram. Ao final, triunfou aquele que teve
mais carne para enviar ao moedor.
Apesar
de todo o atraso na invasão alemã e no avanço final a Moscou,
causado por Hitler, do General Inverno e da capacidade militar do
General Zhukov em organizar as defesas da capital soviética, foi o
terror alemão que levou a população, inicialmente receptiva à
invasão, a voltar a apoiar a URSS. E foi o terror stalinista que
impulsionou soldados desarmados a lançarem-se ao ataque contra
tanques e metralhadoras e a preferirem a morte ao recuo.
Dois
monstros equivalentes se enfrentaram diante de Moscou. Infelizmente,
apenas um deles foi derrotado.
FIM...
A infame Diretiva 21 -as ordens de Hitler para invasão da URSS. |
1Todas
as informações desta série são baseadas na obra “A Batalha de
Moscou” de Andrew Nagorski, tradução de Paulo Castanheira,
Editora Contexto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário