sexta-feira, 10 de abril de 2015

EGITO – ADMINISTRAÇÃO E SOCIEDADE

EGITO – ADMINISTRAÇÃO E SOCIEDADE

O Faraó governava o Egito com poder absoluto e divino, sem ter, aparentemente, um código legal rígido ao estilo Hamurabi que o apoiasse, ou limitasse. Era ele quem fazia a intermediação entre os homens e os deuses e as dádivas da natureza chegavam ou faltavam conforme fosse sua atuação.

Hoje isso nos parece absurdo, porém devemos olhar aquele período como as pessoas da época o viam. Não havia os recursos científicos e os estudos que temos agora, portanto, quando Menés (ou Narmer), o primeiro Faraó, construiu uma barragem que livrou a capital das cheias do Nilo, não é de admirar que o povo visse nele um ser com poderes divinos, uma vez que foi capaz de vencer o poderoso Nilo!

A ausência de uma constituição fixa não significa a inexistência de leis. Os decretos que garantiam a ordem dentro da sociedade egípcia, que manifestavam a autoridade do Faraó, permitiam a manutenção da Ma'at (ordem, justiça) aparentemente solucionando conflitos na medida em que surgiam, aplicando penalidades quando era o caso.

Casos de menor proporção eram solucionados nos Kenbet, Conselhos de Anciãos locais. Casos maiores eram encaminhados ao Grande Kenbet, onde as sentenças eram proferidas pelo Vizir ou pelo próprio Faraó.

O capítulo das Confissões Negativas, do Livro dos Mortos, permite observar o que a sociedade egípcia considerava crime, a ponto de impedir a vida após a morte de uma alma. Trataremos desse tópico na série específica, mas podemos destacar que o assassinato, roubo, difamação e o comportamento violento figuravam entre os principais pecados na consciência moral no Egito.

O Faraó possuía, ainda, a maior parte das melhores terras e a maioria dos camponeses, artesãos e eventuais escravos trabalhavam para ele ou para os templos em torno dos quais a vida egípcia se desenrolava.

Abaixo do Faraó, na pirâmide social, vinham os sacerdotes, que serviam aos deuses e assessoravam o soberano em suas funções nos templos, representando-o devido à impossibilidade de este ir a todos os eventos religiosos.

A economia do Egito, como já dissemos, girava em torno dos templos, que eram o destino da riqueza produzida, já que tinham a responsabilidade de guardar e distribuir os alimentos e isso era uma imensa fonte de poder para os sacerdotes e seus funcionários. Em determinados momentos da História do Egito, eles acumularam poder político, econômico e militar que rivalizavam com o do Faraó.


Abaixo destes vinham os funcionários públicos, que serviam ao Faraó ou aos templos, e formavam a elite dominante do Egito. Apesar do status social inferior ao dos sacerdotes, era um funcionário público, o Vizir, o segundo em comando, abaixo apenas do soberano. O personagem bíblico José é apresentado como uma espécie de Vizir. A serviço dos templos temos o exemplo do escriba Ani, sobre quem escreveremos posteriormente.

Os militares mais graduados também tinham posição social de destaque, o mesmo não se podendo dizer dos soldados, recrutados dentre a população ou contratados (mercenários) embora vivessem em situação bem melhor que os camponeses.
Apesar da unificação do país, os Nomarcas continuaram a existir como governantes dos 42 nomos existentes, onde governavam como representantes do Vizir.

Depois vinham os comerciantes e artesãos, que confeccionavam e vendiam praticamente todos os produtos consumidos por aqueles que podiam pagar. Se pudermos cometer um anacronismo, diríamos que estes, junto com os funcionários públicos de menor escalão, eram a classe média.

A força que sustentava todo o país vinha dos camponeses. Eram eles que cultivavam a terra e, nos períodos da entre-safra, trabalhavam nas obras públicas. A imensa maioria vivia de forma muito miserável, em casebres de apenas um compartimento, geralmente sem janelas, onde humanos e animais dividiam o espaço.

A base da pirâmide, os escravos, eram fruto das conquistas militares e poderiam ser empregados em vários tipos de atividades. Mas o status social dos escravos no Egito antigo era diferente do que nós conhecemos. Eles não eram tidos como objetos sem vontade, conceito que surgiu na Grécia e foi aprofundado em Roma.



Continua!


Imagem:


http://pasoazulblog.com/2014/01/22/faraon-y-meiamen-realeza-egipcia/
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/especial_egito_cativos_sim_escravos_nao.html
http://www.geocities.ws/athens/Marble/4341/egpcio.htm
http://www.cervejasdomundo.com/Na_antiguidade.htm
http://vivianebolosdecorados.blogspot.com.br/2011/03/genesis-do-bolo.html
http://egitorevelado.blogspot.com.br/2011/09/agricultura.html
http://antigoegito.org/agricultura-egipcia/
http://cultura.culturamix.com/historia/economia-no-antigo-egito
https://cpantiguidade.wordpress.com/2010/08/25/o-modo-de-vida-nas-aldeias-camponesas-do-egito-faraonico/
http://historiageneral.com/2011/10/26/los-escribas-en-el-antiguo-egipto/

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