segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A ROMA DO GLADIADOR - II


A ROMA DO GLADIADOR
FICÇÃO E HISTÓRIA - II

Gladiador nasce como uma leitura da sociedade e da moral atual, feita pelos olhos de um império extinto, mas não porque seus autores quisessem ser filosóficos, mas para evitar o fracasso dos últimos filmes sobre Roma que foram feitos décadas atrás.

Para isso, roteiristas e diretor desprezam a História ou a moldam segundo os interesses comerciais, que significam fazer Roma ao gosto atual. Um realismo fictício, mas que é capaz de convencer e agradar.

É o próprio diretor que nos diz que a pesquisa é básica, que, uma vez identificadas as datas, épocas e personagens, o resto é dedução, no que é apoiado pelo roteirista William Nicholson, quando diz que a pesquisa fornece coisas que não se pode inventar, mas que um roteiro não é a própria História, mas uma história criada, que terá a preferência sobre a primeira.


Assim nós vamos ver que Marcus Aurélius e Cômodus são retratados de forma um pouco mais correta que os demais, pois a História oferece mais elementos sobre eles, ao contrário da filha de Marcus Aurelius, Lucila, sobre quem quase nada se sabe, apenas que participou de um golpe contra Comodus.

O personagem principal, Maximus, nunca existiu, embora o Making Off do filme afirme que a inspiração para sua criação vem de um general que teria desaparecido logo após a morte de Marcus Aurélius, porque faria parte de uma lista negra do novo imperador. E é só isso que se sabe sobre ele. Portanto, não houve um general que virou escravo, um escravo que virou gladiador e que desafiou um imperador matando-o na arena.

Vale acrescentar ainda, antes de adentrarmos o universo do filme em si, que este é sobre um homem e seu maior desejo: voltar para sua casa, para sua esposa, seu filho, sua família, pois é preciso, também, atrair o público feminino que não está muito interessado em lutas e sangue, mas que se comove com o pai de família que, tendo a glória a seu alcance, prefere voltar para os braços da esposa amada.

Vemos aqui a presença incontestável de um dos valores máximos da sociedade americana, sempre presente em filmes e discursos políticos, ao menos da boca para fora: um homem deve "proteger sua família". Ou vingá-la, quando isso não é mais possível. Sob este dogma, até mesmo as guerras americanas se sustentam.

Vamos, portanto, investigar como alguns aspectos da Roma antiga são apresentados pelo filme e compará-los com a História.
Vamos, portanto, investigar como alguns aspectos da Roma antiga são apresentados pelo filme e compará-los com a História.

Continua...

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