segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

ARACAJU - 162 ANOS

ARACAJU – 162 ANOS!
A MUDANÇA DA CAPITAL
Em um dia 17 de março, no ano de 1855, o Povoado de Santo Antônio do Aracaju era elevado à condição de Capital da Província de Sergipe, através da Resolução nº 413/1855, decisão tomada pelo Presidente Ignácio Joaquim Barboza e aprovada pela Assembléia Provincial por 18 votos a favor e 02 contra, dados por Martinho Garcez e o Vigário Barroso, de São Cristóvão, que também era deputado.
Ignácio Barboza era carioca, nascido no Rio de Janeiro em 10/10/1821, formado bacharel em ciências jurídicas e sociais, falava várias línguas, foi juiz municipal na cidade de Paraíba do Sul, RJ, secretário e vice-presidente da Província do Ceará, oficial da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e suplente de deputado pelo Ceará. Casou-se no Ceará, teve duas filhas e ficou viúvo muito cedo.
Em 07/10/1853 foi nomeado pelo Imperador D. Pedro II como Presidente da Província de Sergipe, posto que assumiu em 17/11/1853, em São Cristóvão. O Imperador escolheu Ignácio por ser alguém de fora de Sergipe e sua intenção era ter alguém isento para mediar as disputas terríveis entre os grupos políticos dos liberais e conservadores.
Como Presidente, Ignácio Barboza se dedicou à segurança pública e à melhora do sistema de exportações de açúcar da província, ação que está diretamente ligada à mudança da capital que foi planejada e posta em ação entre 1854 e 1855.
Ignácio Barboza percebeu a decadência de São Cristóvão, tanto por sua localização distante do oceâno e a dificuldade de acesso de barcos maiores ao Rio Paramopama, quanto pela queda nas exportações de açúcar através do Rio Vaza Barris que estava em terceiro lugar, perdendo para o Rio Real em Estância e o Rio Cotinguiba, de Laranjeiras e Maruim.
Vale do Rio Paramopama - São Cristóvão
Qualquer uma dessas três cidades acima citadas tinha chances de ser a escolhida como nova capital de Sergipe, mas o Presidente via mais longe e queria colocar a província nos caminhos da modernidade quando as cidades mais importantes possuíam grandes portos para exportação.
A escolha e a mudança, no entanto, não foram tão abruptas quanto se pode imaginar. Primeiro era preciso tornar nossas exportações independentes da Bahia, o que ocorreu com a publicação do regulamento, em 23/02/1854, que determinava que todo açúcar deveria passar pela Mesa de Rendas de Sergipe, onde os impostos seriam pagos.

No mesmo ano, a Mesa de Rendas de Sergipe foi transferida do Porto das Redes, atual cidade de Santo Amaro das Brotas, para a Barra dos Coqueiros. E logo depois, em 19/01/1855 foi transferida novamente, desta vez para Aracaju, o que já sinalizava que uma mudança estava por vir.
Assim, após a conclusão do canal de ligação entre os rios Pomonga e Japaratuba, que permitia o escoamento da produção do Vale do Japaratuba, as condições de crescimento econômico da região estavam dadas. A mudança era agora não apenas uma vontade, mas uma imposição econômica.
Em 25/02/1855 foi convocada uma reunião na casa do Barão de Maruim, onde os deputados foram convencidos da necessidade de mudar a capital, mas não para Laranjeiras e Maruim, que possuíam rios pequenos, nem para Estância, cuja produção era menor que a do Vale do Cotinguiba, mas para uma nova cidade, planejada e construída do nada. O local escolhido foi a área extremamente bem localizada, abaixo do povoado Santo Antônio do Aracaju.
Colina do Santo Antônio - aqui nasceu Aracaju!
Vencidas as resistências, foi convocada reunião da Assembléia para o dia 01/03/1855, realizada em uma das poucas casas da Colina do Santo Antônio onde Ignácio Barboza discursou defendendo seu projeto. Finalmente, em 17/03/1855 a Resolução foi aprovada.
O povo de São Cristóvão não ficou nada satisfeito com a mudança, mas a resistência não envolveu violência. A insatisfação tomou forma de protestos satíricos, com versinhos depreciativos contra as figuras do Barão de Maruim, do Presidente Ignácio e outros.
Praça São Francisco - São Cristóvão - Sergipe
Quem mais se destacou naquele momento foi a figura de João Bebe Água, ou João Nepomuceno Borges, que alguns dizem ter sido um comerciante falido que entregou-se ao vício da bebida, mas que mais recentemente descobriu-se ter sido vereador de São Cristóvão em mais de um mandato pelo Partido Liberal e que chegou a exercer o cargo de Juiz de Paz já em 1893, não sendo, portanto, nem louco e nem mendigo.
Há quem diga que ele pediu ao próprio D. Pedro II que desfizesse a mudança da capital. Obviamente não foi atendido, mas o Imperador com certeza lhe deu razão, pois escreveu em seu diário que considerava um desperdício abandonar aquela estrutura já existente em São Cristóvão: “Talvez tivesse sido melhor abrir canal reunindo o Vaza-Barris ao Cotinguiba do que mudar a capital, inutilizando-se quase tantos edifícios.” (D. Pedro II)

Feita, e tornada irreversível a mudança da capital, Ignácio Barboza não viveu muito mais para ver concretizada sua obra. Contraiu malária pouco tempo depois, foi transferido para Estância mas não resistiu e faleceu em 06/10/1855.
A missão de construir a capital, porém, prosseguiu através do planejamento feito pelo Engenheiro Sebastião Basílio Pirro, que projetou a cidade como um tabuleiro de xadrez. A cidade era limitada entre a atual Praça da Bandeira e o Rio Sergipe (à época ainda chamado de Cotinguiba) e entre a atual Avenida Barão de Maruim e a Praça General Valadão.
Assim nasceu nossa amada Aracaju!
Fontes:
http://anselmovieira.blogspot.com.br/2011/12/artigo-mudanca-da-capital-de-sergipe.html
http://sergipeemfotos.blogspot.com.br/2013/01/mudanca-da-capital-de-sao-cristovao.html
https://fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com.br/2010/03/aracaju-historia-da-mudanca-da-capital.html
http://www.infonet.com.br/noticias/cidade//ler.asp?id=183995
http://museuhsergipe.blogspot.com.br/2013/03/revisao-na-biografia-de-joao-bebe-agua.html
http://bainosilustres.blogspot.com.br/2015/01/32-joao-bebe-agua.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_Joaquim_Barbosa
Imagens:

http://reino-de-clio.com.br/Aracaju%20160%20Anos!.html
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