Embora não seja algo
que façamos corriqueiramente, na verdade esta é apenas a segunda
crítica de filme que escrevemos, abrimos uma “exceção de
ausência”, por assim dizer, para o filme sobre o Queen, ou Freddie
Mercury, dada a dimensão gigantesca de sua figura face aos demais
membros do grupo.
Não creio que seja
possível entregar spoilers sobre o filme, pois a vida do artista é
suficientemente conhecida para que haja mistérios a serem revelados.
Se podemos considerar spoilers, eles estarão nos detalhes que
ampliam nossa visão sobre aquilo que já sabíamos e sobre isso
tentaremos não escrever.
Também não se pode
considerar que esses detalhes sejam a expressão pura da verdade,
considerando que a influência dos demais membros da banda, todos
felizmente ainda vivos e atuantes, foi determinante sobre a produção
e o roteiro. Prova disso é a substituição do ator Sasha Baron
Cohen (Borat) por Rami Malek, por divergências com a banda
justamente nestes aspectos. Clique aqui para saber mais.
O filme
Sobre o filme em si,
atende nossa expectativa e quase 100% do que se espera está
realmente lá, ainda que suavizado ao ponto de a maior parte das
representações serem quase simbólicas, como o uso das drogas, as
orgias, os conflitos dentro da banda e da família de Freddie e os
fracassos. Não acho ruim que assim seja, pois não há como mostrar
tudo e dar destaque a um aspecto seria reduzir outro e Freddie
Mercury era tudo aquilo junto, e intensamente, para o bem e para o
mal.
Concordo com o destaque
dado à importância de Mary Austin durante toda a vida do artista,
pois ele mesmo destacou essa importância ao torná-la sua principal herdeira.
Em outras palavras, segundo Bohemian Rhapsody, o grande amor da vida de Freddie Mercury foi
fruto de uma relação heterossexual. Clique aqui para saber mais.
Contudo o
bissexualismo do artista não é escondido como alguns gostariam, nem
está destacado a um ponto que hipoteticamente justificasse as vaias
que o filme tem recebido no Brasil, talvez por parte das mesmas
pessoas que tentaram explicar as músicas do Pink Floyd para Roger
Waters. Clique aqui para saber mais. Se você é um destes, por favor, nos favoreça com sua
ausência.
Não é um
filme para crianças, e os pais devem estar atentos a isso. Nem para
ser exibido na Sessão da Tarde, e isso é assunto para o governo e
as emissoras. Mas também não é um filme pornográfico.
Ninguém é
obrigado a assistir, mas se pagar o ingresso para ver uma
cinebiografia sobre Freddie Mercury é preciso admitir que ele era
bissexual e que isso deve estar no filme se houver alguma pretensão
de fidelidade à realidade.
Pode-se
discutir a forma de abordagem desse aspecto, mas querer apagar é
absurdo, como seria absurdo fazer um filme sobre Churchill sem
mostrá-lo fumando e bebendo como só ele conseguia.
No aspecto técnico, do
qual entendo pouco, posso dizer que o elenco foi escolhido a dedo
para ter a aparência das pessoas retratadas, mas isso não quer
dizer que o talento de representar tenha sido esquecido. Eles se saem
muitíssimo bem.
A exceção na
aparência é justamente o ator principal, Rami Malek. Entretanto a
caracterização muito bem feita e sua performance interpretativa
excelente nos fazem relevar isso. Em outras palavras, não é Gary
Oldman como Churchill, mas dá conta do recado.
Os efeitos especiais
nos fazem esquecer que não estamos vendo performances ao vivo da
banda e isso é ótimo.
E é surpreendente
conhecer o processo pelo qual a voz de Freddie Mercury nos diálogos
normais foi construída. Clique aqui para saber mais.
Detalhes
Dos detalhes, o que
podemos dizer sem entregar spoilers é que foi muito bom ver o
processo de criação de algumas músicas icônicas e as disputas com
as gravadoras. E emocionantes os momentos em que a doença de Freddie
é abordada.
Identificamos dois
erros, um grande e um menor. O grande erro foi misturar as
apresentações no Brasil, a saber os shows de 1981 (Morumbi) e 1985
(Rock in Rio), ambos de importância capital na História da banda. E
em ambos Freddie já usava o visual com cabelo curto e bigode.
A apresentação do Live Aid não foi um retorno do Queen aos palcos após anos de ausência, considerando que poucos meses antes haviam feito um show na África do Sul do Apartheid, sendo muito criticados por isso, passagem solenemente esquecida no filme.
A meu ver o filme
poderia ter mais 30 minutos sem problema. Para incluir de forma
correta as apresentações icônicas no Brasil, bem como na África
do Sul, na Hungria, em Wembley e em Knebworth Park, todas de
importância histórica dentro do contexto da banda. Não defendo que
se mostrasse a decadência física do cantor, mas que se mostrasse
pelo menos uns 90% da apresentação no Live Aid, e poderia ser com
imagens reais mesmo. Pra gente ter em dvd com qualidade digital.
Sobre a mencionada
apresentação no Live Aid, eleita em algumas pesquisas como a melhor
performance da História do Rock, o filme tem seu ponto alto, desde o
enfoque nos momentos antecedentes daquele dia até o arrebatamento
que foram aqueles 20 minutos eletrizantes.
Prepare-se para ser
colocado no meio dos mais de 70 mil felizardos presentes em Wembley
naquele histórico 13/07/1985, prepare-se para estar ombro a ombro
com eles e sentir o poder avassalador daquela apresentação. O filme
é vitorioso nesse intento deliberado.
E agora, se me permitem o domínio da emoção, é por ai que as lágrimas afloram e o mesmo sentimento de perda que senti em 1991 volta à tona e permanece por horas, mesmo após o filme já ter acabado. Que pena Freddie... Por que não se cuidou cara? Droga cara...
Eu e minha esposa
voltamos para casa praticamente em silêncio. Nesta volta não liguei
o som do carro pois qualquer música que não fosse do Queen seria
inadequada. E ouvir o próprio Queen poderia atrapalhar a necessária
atenção ao volante.
Long Live The Queen!
PS.
Outro dia, quando a emoção diminuir, assista a apresentação
completa do Queen no Live Aid clicando aqui.
Imagens
https://brasil.estadao.com.br/blogs/arquivo/o-inesquecivel-show-do-queen-no-morumbi/
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=lSwncBS2Yl4
http://wnilsen.blogspot.com/2016/11/25-anos-sem-freddie-mercury-relembre-o.html
https://www.biography.com/news/freddie-mercury-mary-austin
http://wnilsen.blogspot.com/2016/06/live-aid-em-20-minutos-queen-mudou.html
http://wnilsen.blogspot.com/2013/02/por-lucas-em-050911-edicoes-passadas-se.html
http://www.virgula.com.br/musica/dia-mundial-do-rock-foi-criado-por-radios-e-so-e-comemorado-no-brasil/
http://www.queenvenezuela.com/2016/08/el-inesperado-adios-de-freddie-mercury.html
Perdoe a demora Ingrid! Não recebi aviso deste comentário. Agradeço suas palavras gentis. Convido vc a conhecer nosso site www.reino-de-clio.com.br e nossas redes sociais:
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