No dia 22/06/1941, em transmissão pela BBC à
noite, Churchill disse que todos sabiam que ele havia feito oposição ao
bolchevismo durante muito tempo, mas que, naquele momento em que Hitler esperava
derrotar os russos antes do inverno e depois voltar toda sua força contra a
Inglaterra, “O perigo que a Rússia enfrenta é doravante nosso perigo...”
que “a causa de qualquer luta dos russos por sua terra e por seu lar é a
causa dos homens e dos povos livres em todos os cantos do mundo” e,
portanto, “devemos dar à Rússia toda a ajuda que pudermos”.
E Winston agiu rapidamente para transformar em
ações suas palavras ordenando uma série de grandes ataques às instalações
militares alemãs na França e na Alemanha com intuito de obrigar Hitler a
desviar recursos e tropas para defesa própria, aliviando assim o fardo russo.
Aos poucos o número de cidades alemãs
bombardeadas foi aumentando, “Frankfurt foi bombardeada na noite de 7 de
julho, Wilhelmshaven em 11 de julho e Hannover, em 14 de julho.”
Em pronunciamento, Churchill avisou: “Infligiremos
aos alemães o mesmo que, e mais ainda, do que eles infligiram a nós.” e
ainda desafiou Hitler: “Você faz seu pior, e nós faremos nosso melhor.”
Hamburgo foi o próximo alvo.
Ao mesmo tempo Winston enviava a Stalin todas
as informações sobre a URSS que eram decifradas em Bletchley e avisava que
daria toda ajuda possível: “...esperamos obrigar Hitler a devolver parte de
seu poderio aéreo ao ocidente e gradualmente aliviá-lo de algumas de suas
preocupações.”
Parece-nos que, finalmente, Churchill estava
planejando muito mais ataques do que operações defensivas. A isso soma-se a
queda considerável de ataques aéreos sobre a Grã-Bretanha e a redução
significativa da perda de comboios de suprimentos vindos da América pois agora
eles conseguiam desviar e se esconder dos submarinos graças, mais uma vez, à
decifração feita em Bletchley. (<<<<<<pg. 139-142)
No início de Agosto/1941 Churchill viajo a
Placentia, na Terra Nova e Labrador - Canadá, para se encontrar com Roosevelt.
Neste encontro foi decidido que os EUA ajudariam a URSS em coordenação com
Churchill, aumentariam os comboios de suprimentos e suas escoltas para a
Grã-Bretanha, também fariam entregas de aviões bombardeiros na África com
pilotos-treinadores americanos e fariam patrulhamento marítimo até a Islândia.
Os dois países também firmaram um tratado com
disposições sobre o pós-guerra que foi denominado Carta do Atlântico.[3]. Quando soube que os próprios alemães já não
acreditavam em uma vitória na URSS antes do inverno, Churchill reforçou o envio
de suprimentos, tanques e aviões para Stalin e os EUA fizeram o mesmo.
Clementine lançou uma campanha que arrecadou
medicamentos e um novo pacote de ajuda militar acertou o envio de “1.800
caças britânicos, novecentos caças americanos e novecentos bombardeiros para os
próximos nove meses, bem como canhões navais, equipamentos de detecção de
submarinos, armas antiaéreas e carros blindados.”
Winston ordenou, ainda, ataques anfíbios à
Noruega e a Sicília, operações que foram vetadas pelos chefes do Estado-Maior.
(<<<pg. 142-146)
As boas notícias se multiplicavam. A URSS
resistia muito além do que os mais pessimistas alemães poderiam ter previsto.
Na Líbia as mensagens secretas decifradas em Bletchley davam conta de que
Rommel enfrentava uma séria falta de recursos e até de combustível. Dois navios
que trariam alívio na falta desse material foram afundados. As tropas
britânicas romperam o cerco alemão e retornaram a Tobruk.
Em 07/12/1941 as forças navais do Império do
Japão atacaram a base americana de Pearl Harbour. Os EUA não poderiam mais se
esquivar de entrar na guerra. Contudo o ataque viera do Japão e o inimigo
principal era a Alemanha. Como os EUA fariam guerra contra a Alemanha se esta
não lhe atacara?
Quem solucionou a questão foi o próprio Hitler
quando, após a declaração de guerra dos estadunidenses contra o Japão, declarou
guerra da Alemanha contra os EUA.
Hitler tomou esta atitude fatal esperando que
o Japão declarasse guerra a URSS, o que não ocorreu. O Exército Vermelho não só
imperida a conquista de Moscou pelos nazistas, como contra-atacava fazendo
recuar a Werhmacht pela primeira vez na guerra. (<<<pg. 146-149) Sobre
esse tema, sugerimos uma pausa para leitura de nosso texto “A Mãe de Todas as
Batalhas” que pode ser acessado AQUI.
Após a entrada dos EUA na guerra Churchill
viajou a Washington onde foi hóspede de Roosevelt na Casa Branca.
Ele
permaneceu na capital estadunidense por três semanas e nas conversações ficou
decidida a invasão do Norte da África bem como a necessidade de derrotar
primeiro a Alemanha e depois o Japão que avançava sobre toda Ásia.
Também acordaram que os aviões americanos
usariam as bases britânicas para atacar a Alemanha, que enviariam tropas para a
Irlanda, substituindo os soldados do Reino Unido que poderiam ser enviados à
África. Tropas americanas seriam deslocadas das Filipinas para Cingapura e mais
tropas iriam compor a defesa da Austrália.
No dia 26/12/1941 Churchill discursou no
Congresso dos EUA e, à noite, sofreu um pequeno ataque cardíaco na Casa Branca
quando tentou abrir uma janela: “Tive de usar uma força considerável e, de
repente, notei que tinha dificuldade para respirar. Senti uma forte dor no
coração. Deixei de sentir meu braço esquerdo.”
Mas o médico, Dr. Charles Wilson não revelou
este fato nem mesmo ao paciente, recomendando apenas repouso e evitar esforço
físico ao invés das seis semanas na cama que seriam recomendáveis.
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
[3] A Carta do Atlântico (Atlantic Charter) foi
negociada na Conferência do Atlântico (codinome Riviera) pelo primeiro-ministro
britânico Winston Churchill e pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin
Roosevelt, a bordo do HMS Prince of Wales, na Argentia, em Terra Nova e foi
emitida como declaração no dia 14 de Agosto de 1941. A Carta do Atlântico
estabeleceu uma visão Pós-Segunda Guerra Mundial, apesar dos Estados Unidos
ainda não estarem na guerra. Os participantes esperaram, em vão, a adesão da
União Soviética, que tinha sido invadida pela Alemanha Nazista em 1941. Em
resumo, os oito pontos eram:
1. Nenhum
ganho territorial seria buscado pelos Estados Unidos ou pelo Reino Unido;
2. Os
ajustes territoriais devem estar de acordo com os desejos do pessoal interessado;
3. As
pessoas têm direito à auto-determinação;
4. Barreiras
comerciais devem ser excluídas;
5. Há
de ser uma cooperação econômica global e avanço do bem-estar social;
6. A
liberdade de desejo e medo seria executada;
7. Há
de ter a liberdade dos mares;
8. Desarmamento
das nações agressoras em comum após a guerra seria feito.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_do_Atl%C3%A2ntico
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