COMO O CRISTIANISMO TRIUNFOU EM ROMA – IX
Segundo Paul Veyne13,
não foi Constantino que encerrou com a perseguição aos cristãos, já encerrada
antes, mas que coube a ele “...fazer com que o cristianismo, transformado em
sua religião, fosse uma religião amplamente favorecida, diferentemente do
paganismo.”(pg.7).
O autor informa que havia um ambiente de
virada da situação dos cristãos pois, no ano seguinte à tomada de Roma por
Constantino, o Augusto do Oriente, Licínio, que era pagão mas não perseguia os
cristãos, venceu seu rival perseguidor, Daia.
Com esta vitória, Roma voltava a ser uma
diarquia, com um Augusto para o Ocidente, Constantino, e outro para o Oriente,
Licínio. Ambos já haviam entrado “...em acordo em Milão para que seus
assuntos pagãos e cristãos fossem tratados em pé de igualdade...” (pg.8)
A união dos dois homens mais poderosos da
terra fora sacramentada através do casamento. Não entre eles, claro, mas entre
Constância, filha de Constantino, e Licínio. No acordo foi disposto que o
cristianismo seria tolerado e que “...os bens espoliados, os lugares de
reunião dos cristãos deviam ser restituídos, as diversas comunidades cristãs
reconhecidas.”(LISSNER, pg.491).
Paul Veyne chama a atenção para a
diferença fundamental existente entre os cultos pagão e cristão que foram
autorizados a conviver no império. Enquanto o fiel pagão tinha uma relação
ocasional e de interesse com seus deuses, a quem recorria para o suprimento de
suas necessidades, os cristãos agiam como submissos a Deus, vivendo em função
de agradá-Lo. (pg.8)
E, se por um lado, Constantino não
pretendesse, segundo Veyne, impor a crença cristã aos pagãos, por outro não
aceitaria mais qualquer perseguição pagã aos cristãos.
Assim, foi por uma legítima proteção da
fé, ou usando-a como pretexto, que Constantino entrou em guerra contra Licínio em
324 d.C. quando este expulsou os cristãos de seu convívio e impediu a passagem
das tropas ocidentais pelas terras do Oriente para combater na Sarmátia14.
Vamos, contudo, por partes.
Continua...
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