terça-feira, 2 de julho de 2019

PRINCESA ISABEL DO BRASIL - Parte X


PRINCESA ISABEL DO BRASIL – Parte X
São injustas as críticas contra a Princesa Isabel que afirmam que ela foi levada de roldão pelos fatos já estabelecidos e só assinou a Lei Áurea quando já havia poucos escravos. Em 1887 ainda havia mais de 700 mil deles no país.
Para nós, do Reino de Clio, poderia ser apenas um único escravo, e o gesto da assinatura seria digno de louvor. Mas também a criticam por não ter promovido a inserção dos negros na sociedade.
Como foi exposto anteriormente, a Princesa tinha um longo histórico abolicionista chegando a atuar pessoalmente pela causa, abrigando escravos fugitivos.
Seu avô, D. Pedro I, já tentara encontrar uma forma de abolir a escravidão e sua concepção a respeito da diferença entre seres humanos é digna dos melhores humanistas:
...aflijo-me de ver os meus semelhantes dando, a um homem, tributos próprios à Divindade. Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros. [1]



[1]   REZZUTTI, Paulo. D. Pedro : a história não contada : o homem por cartas e documentos inéditos. Rio de Janeiro : Leya, 2015.

A avó paterna de Isabel, a Imperatriz Leopoldina, também se espantara com o tratamento dado aos escravos quando “...constatara [...] que eram concebidos perante aquela sociedade não como pessoas, mas como coisas.[1]
Essa ojeriza do primeiro casal imperial à escravidão se refletiu no filho, herdeiro do trono e pai de Isabel, D. Pedro II[2]. Ele já abordava a questão com preocupação em 1864[3], embora agisse com extrema cautela[4] e incentivava a libertação de escravos[5], agindo, por vezes, pessoalmente. 
Em viagem ao Nordeste, em 16/10/1859 na Cidade de Propriá – Sergipe, D. Pedro II doou 50 mil réis para ajudar a comprar a alforria de uma escrava.[6]
Assim, é injusto dizer que a Princesa Isabel estava ali por acaso, assinando a Lei Áurea. Assim como é injusto falar de abandono dos libertos à própria sorte.
No próximo e último capítulo desta série vamos provar como os detratores da Princesa são injustos.

CONTINUA
[1]   NETO, Renato Drummond T. D. Leopoldina, a mãe do Império brasileiro – Parte II. Disp.:
     https://rainhastragicas.com/2012/10/22/d-leopoldina-a-mae-do-imperio-brasileiro-parte-ii/
[2]   http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=175#_ftn14
[3]   SALLES, R. E o vale era escravo. Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no coração do Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 89.
[4]   HOLANDA, S. B. Capítulos de História do Império.São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2010. p. 142.
[5]   CARVALHO, J. M. A construção da ordem:a elite política imperial. Teatro de sombras:a política imperial. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 319

[6]   SANTOS, Luiz Álvares. Viagem Imperial à Província de Sergipe, Salvador: Tipografia do Diário, 1860.


[1]    SILVA, Eduardo - As camélias do leblon e a Abolição da Escravatura

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