quinta-feira, 10 de setembro de 2015

ÊXODO x HISTÓRIA - Parte II

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O ÊXODO E A HISTÓRIA - II

O Êxodo ocorreu? Muitos negam. Outros acreditam piamente no relato bíblico. Não nos encaixamos em nenhuma das duas vertentes. Também não acreditamos na subversão da Natureza.

Para nós, aqueles eventos ocorreram milimetricamente dentro das Leis Naturais, que são Leis de Deus. E todos possuem uma explicação totalmente lógica. Pois a Verdade não se afasta da lógica.

Isso não significa uma acusação de falsidade ao texto, pois dois fatores devem ser considerados logo de início: (1) o pensamento do homem da antiguidade atribuia os acontecimentos naturais às suas divindades; (2) o Livro do Êxodo foi compilado (e ampliado) somente vários séculos depois do acontecimento, durante ou depois do cativeiro na Babilônia.

Apesar disso, admite-se que um grupo de antigos semitas (que só foram chamados hebreus muito tempo depois) teria se estabelecido no Egito sob dominação dos Hicsos, durante a XV Dinastia.

O Faraó dessa época seria Apopi I 2, sendo ele, portanto, quem nomeou José como seu ministro. Os Hicsos, que de fato conquistaram o Egito, foram expulsos, mas os descentendes de Israel teriam permanecido.

A Bíblia informa que os supostos escravos israelitas teriam construído as “cidades-celeiros de Pitom e Ramessés.” (Êxodo 1: 11), o que posiciona o fim de sua permanência no Egito, de fato, à época dos Faraós Seti I e Ramsés II.

E sabe-se que a cidade de Ramessés, ou Pi Ramessés, ou ainda Per-Ramessés, realmente existiu, tendo sido capital do Egito durante o reinado de Ramsés II.

São constatações interessantes, que fornecem uma localização espaço-temporal para os confrontos de Moisés com o Faraó, o que é muito bom.

Contudo, para cumprir nossa tarefa auto-imposta de desmistificar o acontecimento, é preciso enfrentar as contradições existentes no relato bíblico. Quais são elas?

A tradição coloca os israelitas como escravos, embora a Bíblia3 não use a palavra “escravidão”: Assim que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os obrigavam com dureza.” (Êxodo 1:14)

Quando se fala em escravidão as pessoas comumente pensam na prática lastimável que existiu no Brasil. Mas aquele tipo de exploração não existia no Egito Antigo. Lá as pessoas não eram consideradas objetos sem vontade, situação que só surgiu na Grécia séculos depois.

A servidão sim, existia. Mas ela era aplicada a quase todos os trabalhadores egípcios, em especial os camponeses que, depois da época da colheita, até o plantio seguinte, trabalhavam para o Faraó nas grandes obras que erguiam desde os templos, túmulos e palácios, até os projetos de irrigação.

Para os egípcios, que acreditavam na necessidade de agradar os deuses e auxiliar o Faraó em sua tarefa de manter a Ma'at (ordem cósmica - Natureza em equilíbrio), esse trabalho talvez fosse aceitável.

Se e quando os israelitas foram incluídos nessa prática, obviamente não se agradaram, considerando que sua crença era bem diferente e sua cultura era pastoril e não agrícola nem servil.

Continua...

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2Apopi (Ipepi na língua egípcia antiga) foi um faraó pertencente à linhagem dos hicsos que governou o Baixo Egito durante a dinastia XV e o final do segundo período intermediário. Apopi I governou o norte do Egito por 40 anos. Embora Apopi I tenha governado o Alto Egito, este faraó era dominante em quase todo o Egito. Apopi I como era de origem hicsa mantinha relações pacíficas com os nativos do Egito. Outro fato importante acontecido no reinado de Apopi I foi a vinda de José (filho de Jacob) para o Egito como escravo. Apopi I teve dois filhos: Príncipe Apopi e Princesa Herit. Após sua morte os hicsos foram expulsos do Egito.
CONTEÚDO aberto. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Apopi_I - 04/09/15

3Bíblia versão Almeida, Corrigida e Revisada Fiel. Em todas as versões de Língua Portuguesa que pesquisamos não é usado o termo “escravidão”, com exceção da Nova Versão Internacional. Todas as versões tradicionais pesquisadas, inclusive a versão do Rei James, usam a palavra “servidão” ou “servir”.

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