22 DE OUTUBRO
INVESTIMENTO, DESPREZO E MISÉRIA
No
início do Séc XX os estados de SC e PR disputavam uma faixa de terra de quase
50000m2 em suas fronteiras.
Nesta
mesma área um empresário americano estava construindo uma ferrovia ligando São
Paulo ao Rio Grande do Sul e ganhou da União 15km de terra de cada lado da
ferrovia.
Nestas
terras ele implantou uma área para colonos europeus viverem e uma serraria.
As
pessoas que já moravam nas terras antes foram expulsas e os madeireiros viram
seus negócios fracassarem diante da concorrência do americano.
Sem
ter a quem recorrer os prejudicados viram-se na necessidade de recorrer aos
céus.
MISÉRIA E MESSIANISMO
A Inglaterra
aguarda a volta do Rei Arthur, assim como Portugal aguarda a volta do Rei D.
Sebastião. São mitos que sobrevivem na cultura popular daqueles países.
Na
região do Contestado também havia um mito semelhante pois, em 1844, o monge João
Maria supostamente realizou milagres e desapareceu. Em 1894 outro monge de nome
igual fez o mesmo, reuniu muitos adeptos mas depois de algum tempo, sumiu
também.
Logo,
fixou-se no imaginário o mito do retorno do monge milagreiro. E ele “voltou”.
Em
1898 outro monge surgiu, dessa vez chamado José Maria, e quando a situação econômica
piorou muito, aumentou na mesma proporção o número das pessoas que começaram a
dar ouvidos à sua pregação.
MONARQUIA SEBASTIANISTA
As
pessoas começaram a acreditar que José Maria era o João Maria que retornava e
formaram uma comunidade sob suas ordens.
Na
comunidade “Monarquia Celeste” José Maria pregava que D. Sebastião voltaria
para lutar em favor do povo, que a República era a lei do diabo e que o fim do
mundo estava próximo.
O
comércio foi substituído por trocas, pequenos fazendeiros se juntaram a eles e
uma milícia foi formada e armada.
Esse
movimento inquietou os coronéis da área que pediram socorro ao governo,
afirmando que seria preciso combater a Monarquia de Taquaruçu, local onde
estava o monge.
Sabendo
disso o grupo deslocou-se ao Paraná.
EQUÍVOCOS E COMBATES
Quando
os seguidores do monge chegaram aos limites de Palmas no Paraná, o governo de
lá pensou que Santa Catarina estava invadindo sua área, isso por conta da
antiga disputa sobre a região.
Tropas
foram enviadas para expulsar os invasores. Estes venceram o primeiro combate,
mas perderam o monge. Os fiéis o enterraram sob madeira para facilitar a
ressurreição dele e do exército de D. Sebastião.
Logo
os governos de Santa Catarina e Paraná formaram uma nova tropa com 700 homens
que conseguiu expulsar os fiéis e queimar a comunidade, fazendo com que os
moradores se refugiassem em Caraguatá, local de difícil acesso. E agora os
fiéis tinham nova liderança.
JOANA D'ARC BRASILEIRA
Como José
Maria estava demorando a voltar do túmulo com seu exército, a jovem Maria Rosa,
com 15 anos, tornou-se líder ao afirmar que recebia ordens do monge morto.
Ela
foi chamada de Joana d'Arc, pois usava cavalo e roupas brancas e flores no
cabelo.
O
ataque do governo a Caraguatá terminou em fuga desordenada dos soldados e, com
esta vitória, os rebeldes passaram a receber muitos adeptos. Mas o governo não
queria reviver as derrotas de Canudos e logo voltou a atacar.
Adotando
táticas de guerrilha como defesa, os rebeldes passaram ao contra ataque
saqueando fazendas e cidades e destruindo cartórios. Caraguatá, sob epidemia de
tifo, foi abandonada.
CALMARIA E GUERRA TOTAL
As
tropas do governo pensaram que a guerra terminara, mas os rebeldes fugidos de Caraguatá
se reagruparam em Santa
Maria e de lá partiam para atacar as cidades vizinhas.
Com o
domínio de cerca de 250km2 de terras, os rebeldes assustaram o
governo que nomeou o General Setembrino de Carvalho para chefiar 7000 soldados
contra os “inimigos do estado”.
O
exército restabeleceu as ferrovias e construiu o Campo de Aviação do Caçador,
inaugurando o uso de aviões pelas Forças Armadas.
Setembrino
enviou mensagem aos rebeldes prometendo devolução de terras a quem se
entregasse e tratamento severo a quem não depusesse as armas.
CERCO, FOME E MASSACRE
Mudando
de tática, Setembrino evitou o confronto direto e cercou Santa Maria fazendo
com que houvesse fome no local. Velhos, mulheres e crianças foram se rendendo,
dando mais tempo de comida aos rebeldes.
Deodato
Manuel Ramos, o “Adeodato” assumiu a liderança dos rebeldes, mudou o núcleo do
povoado para o vale e começou a executar quem queria se render ao Exército.
O
ataque final se iniciou em 08/02/1915 e a devastação e massacre dos redutos
rebeldes terminou em 05/04/16.
O
último líder, Adeodato fugiu mas acabou se entregando após longa perseguição. Morreu
na prisão em tentativa de fuga.
Fonte e Imagens:
http://reino-de-clio.com.br/Hist-Brasil.html
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