sexta-feira, 30 de abril de 2021

CHURCHILL - Parte 30

CHURCHILL – Parte XXX [1] [2]
No dia 04/06/1940, dia do encerramento da Operação Dynamo, Churchill falou ao Parlamento pronunciando um discurso histórico e emocionante mesmo para quem lê suas palavras 81 anos depois:
Apesar de muitas partes da Europa e muitos antigos e famosos Estados terem caído ou poderem vir a cair nas garras da Gestapo e do odioso dispositivo do domínio nazista, não desanimaremos nem falharemos. Iremos até ao fim. Lutaremos na França, lutaremos nos mares e nos oceanos, lutaremos com crescente confiança e crescente força no ar, defenderemos nossa ilha, o que quer que isso custe. Lutaremos nas praias, lutaremos nos aeródromos, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nos montes, e nunca nos renderemos. E mesmo que, e nem por um momento acredito nisso, esta ilha ou grande parte dela for subjugada e passe fome, então nosso império para lá dos mares, armado e guardado pela Armada Britânica, continuará a luta, até que, se Deus o permitir, o Novo Mundo, com todo o seu poder e toda a sua força, caminhe para resgatar e libertar o Velho Mundo. (pg. 105)
O país foi inflamado pelo discurso. Aliás, inflamou a mim da primeira vez em que o li (e todas depois), imagine aos ingleses que viviam aqueles dias sombrios. Choveram felicitações e apoio de todos os lados: “Valeu por mil canhões e pelos discursos de mil anos”, escreveu o deputado trabalhista Josiah Wedgwood.
Churchill estava preocupado e confiante em semelhante medida: “Estamos atravessando tempos muito difíceis e creio que o pior está para vir, mas também estou certo de que melhores dias virão, embora seja mais difícil saber se estaremos vivos para vê-los.” E os tempos difíceis logo chegavam pois, em 05/06/1940 Hitler ordenou o início da ofensiva final até Paris. (<pg. 105)
Rommel na França
E essa ofensiva avançou tão rapidamente que nenhuma ajuda teve tempo sequer de ser planejada. Em 09/06/1940 Churchill recebeu a visita de Charles de Gaulle, recém-nomeado subsecretário de Defesa Nacional da França “para pedir que toda a Força Aérea britânica se envolvesse na batalha da França.”, pedido que era impossível a Winston atender, uma vez que todos os aviões seriam necessários na defesa da ilha contra o ataque que certamente viria.
As tropas britânicas, sob comando do General Fortune, foram empurradas para praia onde um nevoeiro impediu a evacuação.  Para piorar as coisas a Itália de Mussolini declarou guerra à Inglaterra e à França em uma atitude claramente oportunista.
Itália entra na Guerra
No dia 10/06 Churchill visitou a França para encorajar a resistência mas antes mesmo de partir o governo francês abandonou Paris diante da iminente chegada das tropas alemãs. O desespero já minava o alto comando: “Reynaud [3] e De Gaulle [4] eram os únicos que tentavam dar continuidade à luta, possivelmente a partir do oeste da França. Weygand [5] e Pétain [6] estavam convencidos de que a luta já estava perdida.” 
Reynald - DeGaulle - Weygand - Pétain
Churchill pediu mais algumas semanas de resistência informando que logo chegariam tropas britânicas do Canadá, de Narvik e da própria Inglaterra.
Mas a França não possuia mais reservas e a ideia de resistir em Paris e ver a cidade ser destruída horrorizava a todos. Neste caso não vejo como discordar. Quem em sã consciência iria arriscar a destruição de Paris? “Nessa noite, Reynaud disse a Churchill que Pétain já o tinha informado de que seria necessário buscar um armistício”.
Em 12/06 “o general Fortune foi obrigado, pelo poder da artilharia e pela aviação alemães, ambos superiores, a render-se em St. Valery-en-Caux.” A partir dai a situação degringolou rapidamente.
O Tsunami Alemão na França
Em 14/06 Weygand recusou-se a resistir na Bretanha (região no litoral da França) e Churchill suspendeu qualquer envio de novas tropas à França. Em 15/06 os EUA não aceitaram fazer nenhuma declaração beligerante contra a Alemanha.
No dia 16/06 o Gabinete de Guerra britânico concordou em permitir que a França negociasse a paz em separado “na condição, mas apenas nessa condição, de a armada francesa zarpar imediatamente para portos britânicos” o que foi recusado. Durante a noite Reynaud renunciou, Pétain assumiu o governo e pediu o armistício. A França estava fora da guerra e sob domínio alemão. (<<<<<<<pg. 106-110)
CONTINUA 



[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]    Paul Reynaud (Barcelonnette, Basses-Alpes, 15/10/1878 - Neuilly-sur-Seine, Seine, 21/09/1966) foi um político francês. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da França, entre 21/03/1940 e 16/09/1940.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Reynaud

[4]    Charles André Joseph Marie de Gaulle (Lille, 22/11/1890 – Colombey-les-Deux-Églises, 09/11/1970) foi um general, político e estadista francês que liderou as Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde fundou a Quinta República Francesa em 1958 e foi seu primeiro Presidente, de 1959 a 1969.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_de_Gaulle

[5]    Maxime Weygand (21/01/1867 - 28/01/1965) foi um comandante militar francês na Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial. Weygand serviu principalmente como um oficial no staff de Ferdinand Foch na Primeira Guerra Mundial. Ele lutou contra os alemães durante a invasão da França em 1940, mas depois se rendeu e parcialmente colaborou com os alemães como parte do regime de Vichy antes de ser preso pelos alemães por não colaborar totalmente com eles.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Maxime_Weygand

[6]   Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain (Cauchy-à-la-Tour, 24/04/1856 – Île d'Yeu, 23/07/1951), geralmente apelidado de Marechal Pétain, foi um oficial general francês que alcançou a distinção de Marechal da França e posteriormente atuou como chefe de estado da França de Vichy de 1940 a 1944. Pétain, que tinha 84 anos em 1940, classifica-se como o mais velho chefe de estado da França. Hoje, ele é considerado por muitos como um colaborador nazista, o equivalente francês de seu contemporâneo Vidkun Quisling na Noruega. Ele às vezes era apelidado de Leão de Verdun. 
     https://pt.wikipedia.org/wiki/Philippe_P%C3%A9tain

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