No dia 04/06/1940, dia do encerramento da
Operação Dynamo, Churchill falou ao Parlamento pronunciando um discurso
histórico e emocionante mesmo para quem lê suas palavras 81 anos depois:
Apesar de muitas partes da Europa e muitos antigos e
famosos Estados terem caído ou poderem vir a cair nas garras da Gestapo e do
odioso dispositivo do domínio nazista, não desanimaremos nem falharemos. Iremos
até ao fim. Lutaremos na França, lutaremos nos mares e nos oceanos, lutaremos
com crescente confiança e crescente força no ar, defenderemos nossa ilha, o que
quer que isso custe. Lutaremos nas praias, lutaremos nos aeródromos, lutaremos
nos campos e nas ruas, lutaremos nos montes, e nunca nos renderemos. E mesmo
que, e nem por um momento acredito nisso, esta ilha ou grande parte dela for
subjugada e passe fome, então nosso império para lá dos mares, armado e
guardado pela Armada Britânica, continuará a luta, até que, se Deus o permitir,
o Novo Mundo, com todo o seu poder e toda a sua força, caminhe para resgatar e
libertar o Velho Mundo. (pg. 105)
O país foi inflamado pelo discurso. Aliás,
inflamou a mim da primeira vez em que o li (e todas depois), imagine aos
ingleses que viviam aqueles dias sombrios. Choveram felicitações e apoio de
todos os lados: “Valeu por mil canhões e pelos discursos de mil anos”,
escreveu o deputado trabalhista Josiah Wedgwood.”
Churchill estava preocupado e confiante em
semelhante medida: “Estamos atravessando tempos muito difíceis e creio que o
pior está para vir, mas também estou certo de que melhores dias virão, embora
seja mais difícil saber se estaremos vivos para vê-los.” E os tempos
difíceis logo chegavam pois, em 05/06/1940 Hitler ordenou o início da ofensiva
final até Paris. (<pg. 105)
Rommel na França |
E essa ofensiva avançou tão rapidamente que
nenhuma ajuda teve tempo sequer de ser planejada. Em 09/06/1940 Churchill
recebeu a visita de Charles de Gaulle, recém-nomeado subsecretário de Defesa
Nacional da França “para pedir que toda a Força Aérea britânica se
envolvesse na batalha da França.”, pedido que era impossível a Winston
atender, uma vez que todos os aviões seriam necessários na defesa da ilha
contra o ataque que certamente viria.
As tropas britânicas, sob comando do General
Fortune, foram empurradas para praia onde um nevoeiro impediu a evacuação. Para piorar as coisas a Itália de Mussolini
declarou guerra à Inglaterra e à França em uma atitude claramente oportunista.
Itália entra na Guerra |
No dia 10/06 Churchill visitou a França para
encorajar a resistência mas antes mesmo de partir o governo francês abandonou
Paris diante da iminente chegada das tropas alemãs. O desespero já minava o
alto comando: “Reynaud [3] e De Gaulle [4] eram os únicos que tentavam dar continuidade à luta,
possivelmente a partir do oeste da França. Weygand [5]
e Pétain [6] estavam convencidos de que a luta já estava perdida.”
Reynald - DeGaulle - Weygand - Pétain |
Churchill pediu mais algumas semanas de resistência
informando que logo chegariam tropas britânicas do Canadá, de Narvik e da
própria Inglaterra.
Mas a França não possuia mais reservas e a
ideia de resistir em Paris e ver a cidade ser destruída horrorizava a todos.
Neste caso não vejo como discordar. Quem em sã consciência iria arriscar a
destruição de Paris? “Nessa noite, Reynaud disse a Churchill que Pétain já o
tinha informado de que seria necessário buscar um armistício”.
Em 12/06 “o general Fortune foi obrigado,
pelo poder da artilharia e pela aviação alemães, ambos superiores, a render-se em St. Valery-en -Caux.”
A partir dai a situação degringolou rapidamente.
O Tsunami Alemão na França |
Em 14/06 Weygand recusou-se a resistir na
Bretanha (região no litoral da França) e Churchill suspendeu qualquer envio de
novas tropas à França. Em 15/06 os EUA não aceitaram fazer nenhuma declaração
beligerante contra a Alemanha.
No dia 16/06 o Gabinete de Guerra britânico
concordou em permitir que a França negociasse a paz em separado “na
condição, mas apenas nessa condição, de a armada francesa zarpar imediatamente
para portos britânicos” o que foi recusado. Durante a noite Reynaud
renunciou, Pétain assumiu o governo e pediu o armistício. A França estava fora
da guerra e sob domínio alemão. (<<<<<<<pg. 106-110)
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
[3] Paul Reynaud
(Barcelonnette, Basses-Alpes, 15/10/1878 - Neuilly-sur-Seine, Seine,
21/09/1966) foi um político francês. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da
França, entre 21/03/1940 e 16/09/1940.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Reynaud
[4] Charles André
Joseph Marie de Gaulle (Lille, 22/11/1890 – Colombey-les-Deux-Églises,
09/11/1970) foi um general, político e estadista francês que liderou as Forças
Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde fundou a Quinta
República Francesa em 1958 e foi seu primeiro Presidente, de 1959 a 1969.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_de_Gaulle
[5] Maxime Weygand
(21/01/1867 - 28/01/1965) foi um comandante militar francês na Primeira Guerra
Mundial e a Segunda Guerra Mundial. Weygand serviu principalmente como um
oficial no staff de Ferdinand Foch na Primeira Guerra Mundial. Ele lutou contra
os alemães durante a invasão da França em 1940, mas depois se rendeu e
parcialmente colaborou com os alemães como parte do regime de Vichy antes de
ser preso pelos alemães por não colaborar totalmente com eles.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maxime_Weygand
[6] Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain
(Cauchy-à-la-Tour, 24/04/1856 – Île d'Yeu, 23/07/1951), geralmente apelidado de
Marechal Pétain, foi um oficial general francês que alcançou a distinção de
Marechal da França e posteriormente atuou como chefe de estado da França de Vichy
de 1940 a
1944. Pétain, que tinha 84 anos em 1940, classifica-se como o mais velho chefe
de estado da França. Hoje, ele é considerado por muitos como um colaborador
nazista, o equivalente francês de seu contemporâneo Vidkun Quisling na Noruega.
Ele às vezes era apelidado de Leão de Verdun.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Philippe_P%C3%A9tain
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