Os britânicos estavam na defensiva, resistindo
ao imenso poderio aéreo alemão contra o qual Churchill tanto alertara anos
antes. Mas os britânicos tinham uma vantagem de organização que já começava a
mostrar resultados. Churchill, com todo seu ímpeto a ação, não decidia tudo ao
seu bel prazer, por mais que fosse capacitado.
Havia uma estrutura ao seu redor a partir da
qual as coisas aconteciam. Primeiro vinha o Estado Maior “Todas as decisões
de política de guerra tinham de ser aprovadas pelos três chefes de
Estado-Maior; se eles não estivessem de acordo com uma proposta de Churchill,
ela não teria seguimento.” Eram eles que adequavam os planos aos recursos e
faziam isso com competência. Era um pequeno grupo no qual reinava o respeito
mútuo mesmo na discordância.
Depois foi criada a “Comissão Conjunta de
Planejamento, composta por oficiais superiores e chefes dos serviços de
informação, faria sugestões para operações militares, aéreas e navais.”
Cabia a eles, também, detalhar os planos apresentados por Churchill.
Depois de detalhados os planos eram
apresentados à Comissão de Chefes de Estado-Maior onde, se aprovados, iam à
prática e em caso de dúvidas, iam para exame da Comissão de Defesa do Gabinete
de Guerra, com participação dos chefes do Estado-Maior. É claro que isso não
impedia a frustração de Churchill muitas vezes: “São sempre apresentados
argumentos magníficos para não se fazer nada.”(<<<pg. 117-119)
Enquanto isso, pelo outro lado, os alemães
tinham apenas a vontade de Hitler, apesar de disporem de alguns dos melhores
generais do mundo, os quais tinham as mãos atadas se suas observações fossem
contrárias à soberana vontade do Führer.
Mas, no início, a guerra corria muito bem para
os alemães, apesar de Hitler. Em 07/09/1940 Londres sofreu o mais terrível dos
bombardeios até aquele momento. 200 aviões da Luftwaffe despejaram suas bombas
sobre a capital britânica. 300 pessoas morreram e Churchill ficou arrasado ao
visitar os locais devastados.
Mas esse era só o começo pois em pouco tempo o
número de mortos chegaria a cerca de 1000 por semana. Em 12/09/1940 o próprio
Palácio de Buckingham foi bombardeado.
No dia 15 de setembro a batalha chegou
ao auge. Nada menos que 230 bombardeiros e 700 caças alemães atravessaram o
Canal da Mancha para atacar a Inglaterra. Churcill acompanhou a batalha no “quartel-general
do 11º Comando de Caça, em Uxbridge” onde podia ver em quadros a disposição
das aeronaves e viu que, em dado momento, todos os aviões disponíveis estavam
empenhados no combate.
Ao final os alemães tinham perdido quase um
quarto de seus bombardeiros, 59 aviões. Mas em outubro o número de civis mortos
chegou a 10.000 e pressionado a fazer uma represália, Churchill respondeu:
Essa não é uma guerra civil, e, sim, militar. Talvez o
senhor e outros queiram matar mulheres e crianças. Nós queremos [...] destruir
objetivos militares alemães. Aprecio sem dúvida seu ponto de vista, mas meu
lema é ‘primeiro os negócios, depois o prazer. (<<<pg. 119-124)
Os ataques prosseguiram mas foram diminuindo
de intensidade até que em 06/11/1940 nenhum avião alemão sobrevoou Londres e
uma mensagem secreta foi decodificada pelos decifradores de Bletchley Park: “o
quartel-general do 16o Exército alemão enviou instruções ultrassecretas para os
comandos relevantes, ordenando que parte dos dispositivos que equipavam as
barcaças de invasão na Bélgica e no norte da França fossem armazenados”. Em
outras palavras, o perigo de invasão da ilha estava afastado indefinidamente.
Os ingleses tinham vencido a Batalha da Inglaterra e, finalmente, poderiam
deixar sua posição defensiva e tomar a iniciativa. (pg. 125)
O Egito e a Grécia estavam sob ataque italiano
pois Mussolini queria reviver as glórias do Império Romano. Com inveja dos
sucessos de Hitler, tomava iniciativas sem consultar ou combinar com os aliados
alemães e, geralmente sem levar em conta sua verdadeira capacidade militar,
atolava seus exércitos mal preparados em situações vexatórias.
Sem ter nada a ver com as diatribes do Duce,
Churchill tentava providenciar auxílio militar e de suprimentos para a Grécia e
o Egito. Ao mesmo tempo foi preparado e executado um ataque de torpedos aéreos
(lançados por aviões) contra a frota naval italiana ancorada em Taranto quando
metade dos couraçados presentes foi afundada.
Catedral de Coventry destruída |
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
Nenhum comentário:
Postar um comentário