sábado, 2 de novembro de 2019

CHURCHILL - Parte 13

CHURCHILL – Parte XIII [1] [2]
Em oposição a esta atividade frenética os adversários de Churchill gastavam o tempo em atacá-lo. Os Conservadores e a imprensa atacavam publicamente. Os liberais e até mesmo membros do governo procuravam o Primeiro Ministro Lloyd George com reclamações e picuinhas.
Alguns reclamavam por Winston falar nas reuniões do Gabinete, das quais ele só participava quando eram tratados assuntos relativos ao seu Ministério das Munições. (<pg. 421)
Enquanto isso os alemães planejavam ganhar a guerra depois da saída da Rússia do conflito, por decisão do novo governo bolchevique, após a Revolução de 1917.
Os alemães planejaram vencer na primavera-verão de 1918 com uma grande ofensiva que visava romper as linhas defensivas dos aliados e tomar o rumo de Paris.
Essa ofensiva foi dividida em etapas que levaram a batalhas menores, fruto de partes específicas do plano geral, e que foram travadas ao longo da frente ocidental.
Entre 21/03 a 05/04/1918 o Plano Michael deslocou 700 mil soldados, “...6.600 canhões e quase 1.100 aeronaves, contra um setor de 113 km entre Arras e o rio Oise.[3]  para enfrentar um terço disso na Segunda Batalha do Somme.
Utilizando apenas um bombardeio prévio, e  aproveitando-se do nevoeiro, os alemães conseguiram expulsar os britânicos e avançar “...até 50km em seis dias...[4].
Diante da catástrofe iminente, os comandantes ingleses e franceses se reuniram em 26/03 e mudaram o comandante geral, nomeando o General Foch para o posto. E ele logo começou a agir.
Foch deslocou tropas francesas e da reserva para reforçar a linha. Os alemães, contudo, seguiam avançando e haviam conquistado, até 05/04, mais terreno, chegando a apenas 110km de Paris.
O custo desse avanço foi que “...eles sofreram 239 mil baixas, mas infligiram 248 mil (178 mil à Grã-Bretanha e seu império, 70 mil à França), enquanto faziam 90 mil prisioneiros...[5]. O butim veio na forma de nada menos que “1.300 canhões.”.
Na sequência do Plano Michael, os alemães colocaram em ação o Plano Georgette, que levou à Quarta Batalha de Ypres, entre 09 e 29/04/1918.
Também se valendo da concentração de efetivos muito superiores em um local específico, as forças do Kaiser conseguiram avançar 20km em cinco dias. A linha defensiva aliada não foi rompida, mas Passchendaele e Ypres foram retomadas.
Menos de um mês depois nova etapa do plano alemão começou. Entre 27/05 e 06/06/1918 foi executado o Plano Blücher-Yorck, com a Terceira Batalha do Aisne.
Desta vez não houve segredo e os alemães pulverizaram as defesas aliadas quando nada menos que “...3.700 canhões dispararam dois milhões de projéteis em apenas quatro horas e meia...[6]. O avanço foi de espetaculares 20km em um único dia, crescendo para 50km oito dias depois. Estavam novamente no Marne e, agora, a 90km de Paris.
A desesperada resposta do comando aliado foi colocar boa parte da capacidade de navegação aliada na tarefa de transportar tropas americanas para a Europa e no final de junho“...mais de 250.000 soldados estadonidenses […] haviam chegado...[7].
Cada vez mais divisões norte-americanas começavam a participar dos combates retomando áreas conquistadas pelos alemães.
Em 09/06 começou a quarta etapa do avanço alemão, o Plano Gneisenau que conseguiu avançar 10 km no primeiro dia. Mas desta vez os defensores franceses conseguiram bloquear o avanço e contra-atacar. A batalha decisiva estava prestes a começar.
A Segunda Batalha do Marne foi o ponto culminante da tentativa alemã de obter a vitória final na guerra. Quando o momento finalmente chegou, porém, as condições das forças opositoras eram bem diferentes das iniciais.
Do lado aliado, o General Foch deslocara tropas de várias frentes para reforçar a região do Marne, contando também com as divisões norte-americanas, que possuiam muito mais soldados que o usual na Europa.
Do lado alemão, a Gripe Espanhola dizimava as tropas, exaustas e mal alimentadas. A despeito disso o comandante alemão, Ludendorff, ordenou novo ataque.
Em 15/07 tropas alemãs avançaram em Champagne, enfrentando os franceses e os americanos. Também avançaram em Reims, onde atacaram tropas francesas.
Na Quarta Batalha de Champagne os aliados conseguiram barrar o avanço, mas em Reims os alemães conseguiram cruzar o Rio Marne em vários pontos utilizando barcos e conquistaram várias áreas, iniciando a construção de pontes.
Somente em 17/07 as forças francesas e americanas combinadas conseguiram deter o ataque. Em 18/07 os aliados contra-atacaram pesadamente.
O General Foch mobilizou “...quatro exércitos franceses [...] reforçados por oito grandes divisões da AEF (americanos – inserção nossa), quatro divisões britânicas e duas italianas.[8] e mais 350 tanques que avançaram sobre os alemães em Château-Thierry,  obrigando-os a recuar.
A retirada alemã começou em 20/07 e uma linha defensiva foi estabelecida entre Ourcq e Marfaux. Novo recuo, em 27/07 trouxe a frente até Fère-en-Tardenois. Em 06/08 o contra-ataque foi detido e os alemães se estabeleceram entre Soissons e Reims.
A batalha terminou em 08/08/1918 e as perdas dos aliados, embora muito superiores às alemãs, bloquearam o último grande avanço inimigo e salvaram Paris. Em números, “...os franceses tiveram mais baixas, com 433 mil, seguidos pelas forças britânicas e seu império, com 418 mil...[9].
A despeito disso, o lado aliado comemorou uma grande vitória, apesar de não decisiva. O General Foch foi promovido a Marechal da França.

[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]   SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 522.

[4]   Ibidem.

[5]   Ibid. pg. 526.

[6]   SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 527.

[7]   PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 31. Tradução livre.

[8]   SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 529.


[9]   Ibid. pg. 530.

Do lado alemão o ânimo foi abatido e a derrota já era visível no horizonte. A partir do Marne, só haveria recuos para os Exércitos do Kaiser.
Neste período Churchill atuou vivamente na articulação com as forças aliadas onde passou a ser companhia constante do Primeiro Ministro Francês Clemenceau [10] bem como dos Marechais Foch [11] e Pétain.[12]
Quando em Londres ele passou a praticamente viver em seu gabinete no ministério, visando manter a produção de munições para suprir as necessidades das forças armadas, atuou contra as greves nas fábricas de armas por conta do constante envio de operários para lutar na frente de batalha, causando assim uma queda na produção.
A essa atividade ele intercalava seguidas viagens à França e visitas às frentes de combate. Também incentivava o uso de bombardeios aéreos sobre cidades alemãs como forma de forçar uma rendição.   (<<pg. 426-431)
CONTINUA

[10]   Georges Benjamin Clemenceau (Mouilleron-en-Pareds, 28/09/1841 — Paris, 24/11/1929) foi um estadista, jornalista e médico francês. Formado em medicina, ciência que cedo trocou pelas actividades políticas. Entre 1902 e 1920 Clemenceau foi eleito senador. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da França nos períodos 1906-1909 e 1917-1920. Neste último, chefiou o país durante a Primeira Guerra Mundial e foi um dos principais autores da conferência de paz de Paris, que resultou no tratado de Versalhes, dentre outros.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Georges_Clemenceau

[11]   Ferdinand Jean Marie Foch (Tarbes, 02/10/1851 – Paris, 20/03/1929) foi um General e Acadêmico francês, Marechal da França, da Grã-Bretanha e da Polônia. Ele foi o Comandante-em-Chefe das forças aliadas no fronte Oeste durante a Primeira Guerra Mundial. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferdinand_Foch

[12]   Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain (Cauchy-à-la-Tour, 24/04/1856 – Île d'Yeu, 23/07/1951), geralmente apelidado de Marechal Pétain, foi um oficial general francês que alcançou a distinção de Marechal da França e posteriormente atuou como chefe de estado da França de Vichy de 1940 a 1944. Pétain, que tinha 84 anos em 1940, classifica-se como o mais velho chefe de estado da França. Hoje, ele é considerado por muitos como um colaborador nazista, o equivalente francês de seu contemporâneo Vidkun Quisling na Noruega. Ele às vezes era apelidado de Leão de Verdun. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Philippe_P%C3%A9tain

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