Em 14/11/1940, após o funeral de Neville
Chamberlain, Winston recebeu o informe de que um grande ataque era iminente e,
segundo Martin Gilbert, havia informações anteriores de que o alvo
provavelmente seria Londres, para onde Churchill retornou apressadamente.
Essas informações também apontavam outros
possíveis alvos como “o vale do Tâmisa, as costas de Kent e de Essex,
Coventry e Birmingham”, de modo que não se podia ter certeza de onde seria
o ataque.
Somente às 15:50hs houve informação de que o
alvo era Coventry, para onde foram deslocados cem caças ao mesmo tempo em que
bombardeiros foram enviados para bombardear os campos de onde decolariam os
aviões alemães. Apesar disso, Coventry foi atacada com o resultado de 568 civis
mortos.
Nos dias seguintes os ataques prosseguiram “tendo
sido mortos 484 civis em Londres e 228 civis em Birmingham.” A retaliação
britânica foi rápida: “Berlim foi bombardeada em 16 de novembro e
Hamburgo foi atingida dois dias depois, matando 233 civis alemães.”
(<<<<pg. 126-127)
Em 08/12/1940 outro ataque destruiu parte da
Câmara dos Comuns e mais 85 pessoas morreram.
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Câmara dos Comuns atingida |
Dois dias depois, finalmente,
mais uma boa notícia: as tropas britânicas estavam arrasando os italianos no
deserto e “o número de prisioneiros tinha subido para sete mil, entre eles
três generais.” Os italianos também não estavam se dando bem na Grécia e,
em ambos os casos, logo receberiam ajuda alemã.
Mas a situação financeira da Inglaterra estava
rapidamente se transformando em um problema quase tão ruim quanto os aviões de
Hitler. Roosevelt estava negando quase todos os pedidos de armas e suprimentos
de Churchill e estava exigindo praticamente pagamento à vista.
Porém, “As compras de armas em dezembro,
janeiro e fevereiro ascendiam a 1 bilhão de dólares, mas as reservas de ouro e
dólares tinham sido tão esvaziadas por um ano de despesas de guerra que o total
era de apenas 574 milhões de dólares.” Desse total, Roosevelt queria a
metade pagos adiantados para poder seguir as entregas e chegou “ao ponto de
enviar um navio de guerra à base naval de Simonstown, perto da Cidade do Cabo,
para recolher 50 milhões de dólares de reservas de ouro britânicas guardadas na
África do Sul.”
A despeito disso as tropas britânicas no Egito
avançaram até Tobruk, na Líbia. Esses avanços tinham data para acabar, pois com
o conhecimento prévio (adquirido pelos decifradores de Bletchley) de que Hitler
enviaria tropas para ajudar os italianos na Grécia, Churchill decidira que o
exército na Líbia seria desfalcado para reforçar a resistência grega.
(<<<pg. 128-129)
No início de Janeiro/1941 uma solução para o
comércio de guerra entre os EUA e a Inglaterra
finalmente foi desenhada pelo Presidente estadunidense. O contrato
chamado Acordo de Empréstimo e Arrendamento (Lend-Leasing) previa que “os
Estados Unidos fabricariam o que a Grã-Bretanha necessitava e alugariam esse
material, numa base de arrendamento, sendo o pagamento efetuado no final da
guerra.”.
Antes, porém, “a Grã-Bretanha tinha de
pagar todas as dívidas que pudesse em ouro e por meio da venda dos bens
comerciais britânicos nos Estados Unidos.” o que significaria praticamente
zerar os cofres britânicos.
Contudo, significava também que os problemas
de suprimentos estavam solucionados. Isso, somado à notícia decifrada em
Bletchley de que Hitler não planejava mais invadir a Grã-Bretanha,
representaram um grande alívio para Churchill.
A partir dai a cooperação entre os dois países
tornou-se também militar com a formação de um grupo que reunia os Estados
Maiores na preparação de planos para o caso de os EUA entrarem na guerra. Aqui
sugerimos ao leitor outra pausa em nossa série para ler um texto paralelo
relacionado. Trata-se de “Bastidores da II Guerra”, que conta a participação de
heróis quase esquecidos e também sobre os dias sombrios da Inglaterra sob
ataque nazista. Para ler clique AQUI.
E aqui vai um indício a mais que alimenta
teorias de conspiração de que os EUA sabiam que seriam atacados pelo Japão: “mesmo
na eventualidade de uma guerra no Pacífico, o teatro de operações
Atlântico-Europa continuará a ser o decisivo, se a Alemanha e os Estados Unidos
entrarem diretamente em guerra.” (<<<<pg. 129-130)
No início de fevereiro as tropas britânicas seguiam
avançando sobre os italianos no deserto da Líbia e fazendo prisioneiros às
dezenas de milhares. No dia 12, porém, desembarcou em Trípoli o homem que se
tornaria um pesadelo para os britânicos: Erwin Rommel. Em abril ele já havia
feito os britânicos recuarem de volta ao Egito.
Na Grécia a situação era semelhante, os
alemães avançavam rapidamente e a Iugoslávia também se tornara um alvo levando
toda região dos balcãs a cair sob domínio de Hitler. Ao mesmo tempo, no
Atlântico, os submarinos alemães causavam uma devastação sem precedentes no já
minguado fornecimento de suprimentos vindos da América, os ataques aéreos às
cidades inglesas seguiam e o número de civis mortos chegou à casa dos 30 mil.
Churchill atuava, com base nas informações
decifradas em Bletchley, tentando convencer o Japão a não atacar as possessões
britânicas na Ásia, bem como municiar Stalin de informações sobre as
concentrações de tropas alemãs na fronteira com a URSS.
Em 10/05/1941 ocorreu o pior ataque a Londres
até aquele momento, 1400 civis morreram e a cidade ardeu por três dias. O
prédio da Câmara dos Comuns foi atingido novamente e Churchill disse ao filho
que “Os hunos, amavelmente, escolheram um momento em que nenhum de nós
estaria lá”.
Em meio a esse tsunami de más notícias, o afundamento do
encouraçado alemão Bismarck foi um pequeno bálsamo nas inúmeras feridas
britânicas. As retiradas sangrentas da Grécia e da África, porém, trouxeram a
dura realidade de volta. Mas, em 22/06/1941 as forças alemãs invadiram a URSS.
(<<<<pg. 130-138)
Todos os conselheiros e amigos com quem
Churchill conversou eram da opinião de que a URSS não resistiria nem por dois
meses à invasão alemã. Então Winston fez mais uma de suas “profecias”: “Aposto
um monkey contra uma mousetrap em como os russos ainda estarão lutando
vitoriosamente daqui a dois anos.” o que significava 500 libras contra 1 na
linguagem das corridas de cavalos.
CONTINUA