quinta-feira, 26 de setembro de 2019

CHURCHILL - Parte 12


CHURCHILL – Parte XII [1] [2]
Uma vez na frente de batalha Churchill alternava, como todos, dias nas trincheiras intercalados por dias na retaguarda. No início se empolgou com as novidades e chegou a ser nomeado comandante de batalhão. Era comum que fosse recebido com desconfiança pelos veteranos da frente, mas depois de algum tempo seu carisma e sua coragem conquistavam a todos.
Enquanto comandante de batalhão, sua prioridade foi a segurança dos homens, garantir que não ficassem sob disciplina rígida demais e tivessem momentos de lazer quando na reserva.
Mas os acontecimentos em Londres não deixavam de atrair sua atenção e ele queria retornar ao centro das decisões tanto quanto se via cada vez mais um opositor da forma como o governo Asquith conduzia a guerra.
Neste período sua esposa, Clementine, teve papel fundamental em representá-lo junto a todos os contatos políticos. Mas ela tentava demovê-lo da ideia de retornar logo pois temia que seu pouco tempo na frente de batalha fosse visto como um mero oportunismo. (<<<pg. 359-390)




[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
Churchill chegou à França para combater em 18/11/1915 e retornou definitivamente a Londres em 07/05/1916. Quando partiu, sobre a despedida de seus comandados, um deles escreveu: “acredito que cada homem naquela sala sentiu sua partida como uma verdadeira perda pessoal”. (pg. 393)

Em seu regresso, como não possuísse qualquer cargo no governo, Churchill só podia fazer discursos na Câmara dos Comuns e lá ele passou a defender o recrutamento de irlandeses bem como o fim de operações inúteis, que só serviam para levar milhares de soldados à morte. 
Também trabalhou em sua defesa tentando publicar todos os documentos referentes ao planejamento e execução da Batalha de Galipoli, mas o Primeiro Ministro Asquith impediu a publicação pois eles apontavam sua própria culpa no episódio.
Sem poder se defender corretamente Winston não podia limpar seu nome e sem limpar seu nome não tinha condições políticas de ser nomeado para qualquer cargo importante. (<<pg. 393-396)
No início de dezembro de 1916 Asquith deixou o governo e em seu lugar assumiu, dois dias depois, Lloyd George,[1] amigo de Churchill. Entretanto, essa amizade não rendeu, de início, a nomeação de Winston para qualquer cargo, embora ele aceitasse qualquer nomeação, desde que pudesse ajudar no esforço de guerra.



[1]   David Lloyd George, 1.º Conde Lloyd-George de Dwyfor (Chorlton-upon-Medlock, 17/01/1863 — Llanystumdwy, 26/03/1945) foi um estadista britânico e o último membro do Partido Liberal a ser Primeiro-ministro do Reino Unido. Ele está enterrado na Abadia de Westminster.  Embora nascido em Manchester em 1863, David Lloyd George falava galês, e foi o único galês a ocupar o cargo de Primeiro Ministro no governo britânico. Substituiu Asquith como primeiro-ministro de um novo governo de coalizão em tempo de guerra entre os liberais e os conservadores. Este foi um movimento que dividiu seu Partido Liberal em duas facções; os que apoiavam Asquith e os que apoiavam o governo de coalizão. Apesar desta oposição, Lloyd George guiou o país politicamente pela guerra, e representou a Inglaterra na Conferência de Paz de Versalhes, não concordando com o Premier francês Georges Clemenceau e com o Presidente americano Woodrow Wilson. Lloyd George queria punir a Alemanha politicamente e economicamente pela devastação da Europa durante a guerra, mas não queria destruir totalmente o sistema econômico e político alemão do modo que Clemenceau e muitas outras pessoas da França queriam fazer.
https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Lloyd_George
O Ex Asquith e o novo Primeiro Ministro Lloyd George
O Partido Liberal estava dividido entre os partidários do ex Primeiro-ministro Asquith e os apoiadores do novo governo.
O grupo de Asquith era frontalmente contra a nomeação de Churchill para qualquer cargo, assim como o Partido Conservador e a imprensa a esse ligada. Assim Winston foi sendo escanteado com a desculpa de que deveria esperar a publicação do relatório da Comissão de Dardanelos, que investigava a Batalha de Galipoli, a qual ele já apresentara um monte de documentos. (<pg. 400-403)
Quando o relatório da Comissão de Dardanelos finalmente saiu, não respondia a muitas das acusações que vinham sendo feitas contra Churchill de forma sistemática. Ele se defendeu perante o parlamento quando do debate sobre o relatório e como a verdade mostrasse que Asquith fora um entusiasta do ataque, seus correligionários passaram a apoiar a operação. A situação começava a mudar. (pg. 403-404)
Livre das acusações, Churchill passou a advogar, junto às autoridades e no Parlamento, que nenhuma ofensiva nova fosse posta em prática em 1917, aguardando a chegada das tropas estadunidenses cujo pais tinha entrado na guerra.
Ele queria evitar um novo banho de sangue como a Batalha do Somme, na qual dezenas de milhares haviam morrido sem qualquer avanço. Ao mesmo tempo começou a colaborar extra-oficialmente com o Primeiro Ministro Lloyd George que o enviou para visitar as tropas na linha de frente. 
A oposição à nomeação de Winston para qualquer cargo, contudo, crescia e agora contava com pessoas muito próximas a Lloyd George. Este, no entanto, contra tudo e contra todos, nomeou Churchill para Ministro das Munições. E silenciou os opositores próximos com a ameaça de demitir-se. (<<pg. 405-408)
Nem mesmo os funcionários do Ministério da Guerra estavam satisfeitos com o novo ministro, e pareciam dispostos a demonstrar isso quando este fosse apresentado em seu primeiro dia de trabalho. Mas, como observou um dos presentes, em seu discurso Churchill:

iniciou suas observações mencionando que “sabia que estava partindo ‘da estaca zero em questão de popularidade’. Continuou afoitamente, mencionando sua política para uma produção ainda mais rápida de munições. À medida que elaborava seus planos, a atmosfera foi mudando perceptivelmente. Aquilo não era um pedido de desculpas, e sim um desafio. Aqueles que tinham vindo para insultá-lo ficaram para aplaudi-lo”. (<pg. 409)
Poucos dias depois, Churchill já tinha negociado o encerramento de uma greve no setor de produção de munições e esboçado um projeto de Lei das Munições de Guerra, que beneficiava e protegia os trabalhadores deste setor, como parte importante do esforço de guerra.
Embora fosse criticado pelo acordo que costurou, os trabalhadores que deixaram a greve logo tinham subido a produção para o nível mais alto do país. (<pg. 410-411)
Sempre em movimento, Churchill reestruturou internamente seu ministério, criando equipes de trabalho na qual empresários do ramo da produção bélica também colaboravam, viajou à França para coordenar a produção, inclusive com os EUA, e atender melhor as necessidades da frente de combate, ouviu e abraçou as reivindicações das mulheres que trabalhavam nas fábricas, preparou a instalação de uma fábrica de munições na França, articulou a implantação de uma fábrica de tanques perto de Paris e iniciou a compra dos materiais de que precisariam as tropas americanas ao chegar na Europa. (pg. 410-415)

CONTINUA

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