No meio do ano de 1939, poucos meses depois de
tomar a Tchecoslováquia, Hitler já estava apresentando exigências à Polônia em
relação à cidade portuária de Danzig e ao Corredor Polonês. Chamberlain
declarou que “se Hitler exigisse Danzig “de modo correto”, então “talvez se
pudessem arranjar as coisas”.
Ao mesmo tempo a pressão para que Churchill
fosse nomeado para um cargo chave no governo cresceu na imprensa e até mesmo
entre os ministros do governo. Lorde Halifax disse “em particular que era
necessário que Churchill fosse incluído”. Em agosto o Times “publicou um
apelo assinado por 375 membros das administrações das universidades britânicas
e que pedia a inclusão de Churchill no governo.” Veio sugestão neste
sentido até mesmo, pasmem, da Alemanha!
o ministro das Finanças de Hitler, conde Lutz Schwerin
von Krosigk, tinha dito a um general britânico que o visitara: Ponham Winston
Churchill no Gabinete. Churchill é o único inglês que Hitler teme. Ele não leva
a sério o primeiro-ministro ou Halifax, mas coloca Churchill no mesmo nível de
Roosevelt. O mero fato de darem a ele um importante lugar ministerial
convencerá Hitler de que estamos enfrentando-o. (<pg. 76-78)
Mas Chamberlain seguiu impávido e ainda fez
mais, apoiou férias de dois meses para o parlamento. Houve fortes protestos mas
o governo venceu a votação. Churchill então viajou para a França, onde foi-lhe
permitido visitar instalações secretas da Linha Maginot, ocasião na qual ele
fez mais uma de suas “profecias” advertindo os franceses para não deixarem de
fora a Floresta das Ardenas:
Lembrem-se de que estamos diante de uma nova arma, a
blindagem em larga escala, na qual os alemães sem dúvida se concentram, e que
essas florestas são particularmente tentadoras para essas forças, pois não são
vistas do ar (<pg. 77-78)
De volta a Inglaterra, Churchill soube que
estavam em andamento as negociações que resultariam no pacto de não agressão
entre a Alemanha e a URSS assinado em 23/08/1939, o chamado Pacto
Molotov-Ribbentrop.[3]
Então
Chamberlain não teve outra alternativa senão sair de seu marasmo. Ele “convocou o Parlamento e foram dadas ordens à armada
para que ocupasse suas posições de guerra.” (pg. 78-79)
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O Pacto Nazi-Soviético |
Uma aliança formal foi assinada com a Polônia que foi invadida pela Alemanha na madrugada de 01/09/1939. (pg. 78-79)
O Parlamento foi convocado para reunir-se às
18hs e Churchill foi convidado por Chamberlain para visitá-lo na sede do
governo, a Downing Street nº 10. Lá Winston foi convidado a compor o Gabinete
de Guerra, o que aceitou sem qualquer hesitação ou reprimenda.
Esta nomeação e nada foi a mesma coisa, pois
Churchill foi para casa após a reunião e não foi mais chamado nem para a
reunião do Gabinete do dia seguinte na qual os Ministros concordaram em enviar
um ultimato a Alemanha. Mas nem isso foi feito.
Quando falou no Parlamento, Chamberlain tinha
uma proposta de que “Se o governo alemão aceitar retirar suas forças, o
governo de Sua Majestade poderá considerar que a situação é a mesma que existia
antes da ruptura das fronteiras da Polônia pelas forças alemãs”. Uma piada.
Somente quando vários ministros ameaçaram
demitir-se caso não fosse enviado um ultimato a Hitler é que tal documento foi
feito e encaminhado. Isso ocorreu dia 03/09/1939. Nenhuma resposta veio da
Alemanha e, portanto, a II Guerra Mundial estava iniciada. (<<<pg.
79-80)
A declaração de guerra foi anunciada por
Chamberlain no rádio pouco depois de 11hs do dia 03/09/1939 e logo depois soou
um alarme falso de ataque aéreo que fez com que Churchill, Clementine e uma
garrafa de Brandy fossem para um abrigo anti-bombas próximo onde “Estavam
todos bem-dispostos e brincalhões, que é a maneira inglesa de lidar com o
desconhecido.” No mesmo dia o Rei George VI também fez seu famoso
pronunciamento.
Naquele mesmo dia, após a sessão parlamentar,
Chamberlain nomeou Winston para Primeiro Lorde do Almirantado, notícia que foi
anunciada a toda frota naval britânica com uma nota: “Winston voltou.”
Ele próprio não foi menos dramático na chegada e na reunião com os membros da
junta ordenou: “Meus senhores, aos seus lugares e deveres”.
De sua parte começou logo a enfrentar a
necessidade urgente de suprir as forças armadas, criar e estimular uma produção
de material militar e preencher as terríveis lacunas deixadas pelos anos de
despreparo que agora cobravam seu preço.
A despeito disso, em 09/09/1939 os primeiros
contingentes de soldados britânicos chegavam à França em segurança. Churchill
também propôs o envio de navios ao Mar do Norte, para ameaçar o litoral alemão,
ataques aéreos a depósitos de combustível e a espalhar minas no litoral da
Noruega, por onde a Alemanha escoava suas importações de minérios.
Nenhuma dessas ações foi tomada pela
incapacidade causada pelos anos de despreparo. As matilhas de submarinos
alemães, porém, não paravam de afundar os navios mercantes britânicos. Enquanto
isso, distante de qualquer ajuda, a Polônia agonizava e quando o exército
soviético, em atendimento aos dispositivos secretos do Pacto
Molotov-Ribbentrop, invadiu o país pelo leste, a capitulação tornou-se
inevitável.
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Hitler na Polônia |
Hitler, por seu lado, depois de ter “colocado o elefante na sala”,
começou a falar de um acordo de paz que lhe garantisse a posse da
Tchecoslováquia e da Polônia. (<<<<pg. 81-84)
Em visita à Base Naval de Scapa Flow,
Churchill percebeu mais uma vez o despreparo. Alertou ainda “que a esquadra
não ficasse amarrada, como ele a viu.” Mas essa recomendação também não foi
seguida.
Em 14 de outubro o submarino alemão U-47, sob
comando do Capitão-Tenente Günther
Prien, conseguiu furar todas as defesas subaquáticas, penetrar na base naval e
afundou o encouraçado HMS Royal Oak matando oitocentos homens.
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Representação do U-47 |
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HMS Royal Oak |
A notícia do ataque foi dada a Winston por um
de seus secretários: “Quando dei a notícia a Churchill, apareceram lágrimas
em seus olhos e ele murmurou: Pobres rapazes, pobres rapazes, apanhados nas
negras profundidades.”
Ao falar sobre o ocorrido no Parlamento, bem
como sobre o afundamento de navios mercantes, Churchill disse que durante a guerra
os mares não seriam seguros, mas que o transporte de cargas prosseguiria.
(<<<pg. 85)
CONTINUA