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terça-feira, 31 de agosto de 2021

CHURCHILL - Parte 34

CHURCHILL – Parte XXXIV [1] [2]
Em 14/11/1940, após o funeral de Neville Chamberlain, Winston recebeu o informe de que um grande ataque era iminente e, segundo Martin Gilbert, havia informações anteriores de que o alvo provavelmente seria Londres, para onde Churchill retornou apressadamente.
Essas informações também apontavam outros possíveis alvos como “o vale do Tâmisa, as costas de Kent e de Essex, Coventry e Birmingham”, de modo que não se podia ter certeza de onde seria o ataque.
Somente às 15:50hs houve informação de que o alvo era Coventry, para onde foram deslocados cem caças ao mesmo tempo em que bombardeiros foram enviados para bombardear os campos de onde decolariam os aviões alemães. Apesar disso, Coventry foi atacada com o resultado de 568 civis mortos.
Nos dias seguintes os ataques prosseguiram “tendo sido mortos 484 civis em Londres e 228 civis em Birmingham.” A retaliação britânica foi rápida: “Berlim foi bombardeada em 16 de novembro e Hamburgo foi atingida dois dias depois, matando 233 civis alemães.” (<<<<pg. 126-127)
Em 08/12/1940 outro ataque destruiu parte da Câmara dos Comuns e mais 85 pessoas morreram. 
Câmara dos Comuns atingida
Dois dias depois, finalmente, mais uma boa notícia: as tropas britânicas estavam arrasando os italianos no deserto e “o número de prisioneiros tinha subido para sete mil, entre eles três generais.” Os italianos também não estavam se dando bem na Grécia e, em ambos os casos, logo receberiam ajuda alemã.
Mas a situação financeira da Inglaterra estava rapidamente se transformando em um problema quase tão ruim quanto os aviões de Hitler. Roosevelt estava negando quase todos os pedidos de armas e suprimentos de Churchill e estava exigindo praticamente pagamento à vista.
Porém, “As compras de armas em dezembro, janeiro e fevereiro ascendiam a 1 bilhão de dólares, mas as reservas de ouro e dólares tinham sido tão esvaziadas por um ano de despesas de guerra que o total era de apenas 574 milhões de dólares.” Desse total, Roosevelt queria a metade pagos adiantados para poder seguir as entregas e chegou “ao ponto de enviar um navio de guerra à base naval de Simonstown, perto da Cidade do Cabo, para recolher 50 milhões de dólares de reservas de ouro britânicas guardadas na África do Sul.
A despeito disso as tropas britânicas no Egito avançaram até Tobruk, na Líbia. Esses avanços tinham data para acabar, pois com o conhecimento prévio (adquirido pelos decifradores de Bletchley) de que Hitler enviaria tropas para ajudar os italianos na Grécia, Churchill decidira que o exército na Líbia seria desfalcado para reforçar a resistência grega. (<<<pg. 128-129)
No início de Janeiro/1941 uma solução para o comércio de guerra entre os EUA e a Inglaterra  finalmente foi desenhada pelo Presidente estadunidense. O contrato chamado Acordo de Empréstimo e Arrendamento (Lend-Leasing) previa que “os Estados Unidos fabricariam o que a Grã-Bretanha necessitava e alugariam esse material, numa base de arrendamento, sendo o pagamento efetuado no final da guerra.”.
Antes, porém, “a Grã-Bretanha tinha de pagar todas as dívidas que pudesse em ouro e por meio da venda dos bens comerciais britânicos nos Estados Unidos.” o que significaria praticamente zerar os cofres britânicos.
Contudo, significava também que os problemas de suprimentos estavam solucionados. Isso, somado à notícia decifrada em Bletchley de que Hitler não planejava mais invadir a Grã-Bretanha, representaram um grande alívio para Churchill.
A partir dai a cooperação entre os dois países tornou-se também militar com a formação de um grupo que reunia os Estados Maiores na preparação de planos para o caso de os EUA entrarem na guerra. Aqui sugerimos ao leitor outra pausa em nossa série para ler um texto paralelo relacionado. Trata-se de “Bastidores da II Guerra”, que conta a participação de heróis quase esquecidos e também sobre os dias sombrios da Inglaterra sob ataque nazista. Para ler clique AQUI.
E aqui vai um indício a mais que alimenta teorias de conspiração de que os EUA sabiam que seriam atacados pelo Japão: “mesmo na eventualidade de uma guerra no Pacífico, o teatro de operações Atlântico-Europa continuará a ser o decisivo, se a Alemanha e os Estados Unidos entrarem diretamente em guerra.” (<<<<pg. 129-130)
No início de fevereiro as tropas britânicas seguiam avançando sobre os italianos no deserto da Líbia e fazendo prisioneiros às dezenas de milhares. No dia 12, porém, desembarcou em Trípoli o homem que se tornaria um pesadelo para os britânicos: Erwin Rommel. Em abril ele já havia feito os britânicos recuarem de volta ao Egito.
Na Grécia a situação era semelhante, os alemães avançavam rapidamente e a Iugoslávia também se tornara um alvo levando toda região dos balcãs a cair sob domínio de Hitler. Ao mesmo tempo, no Atlântico, os submarinos alemães causavam uma devastação sem precedentes no já minguado fornecimento de suprimentos vindos da América, os ataques aéreos às cidades inglesas seguiam e o número de civis mortos chegou à casa dos 30 mil.
Churchill atuava, com base nas informações decifradas em Bletchley, tentando convencer o Japão a não atacar as possessões britânicas na Ásia, bem como municiar Stalin de informações sobre as concentrações de tropas alemãs na fronteira com a URSS.
Em 10/05/1941 ocorreu o pior ataque a Londres até aquele momento, 1400 civis morreram e a cidade ardeu por três dias. O prédio da Câmara dos Comuns foi atingido novamente e Churchill disse ao filho que “Os hunos, amavelmente, escolheram um momento em que nenhum de nós estaria lá”. 
Em meio a esse tsunami de más notícias, o afundamento do encouraçado alemão Bismarck foi um pequeno bálsamo nas inúmeras feridas britânicas. As retiradas sangrentas da Grécia e da África, porém, trouxeram a dura realidade de volta. Mas, em 22/06/1941 as forças alemãs invadiram a URSS. (<<<<pg. 130-138)
Todos os conselheiros e amigos com quem Churchill conversou eram da opinião de que a URSS não resistiria nem por dois meses à invasão alemã. Então Winston fez mais uma de suas “profecias”: “Aposto um monkey contra uma mousetrap em como os russos ainda estarão lutando vitoriosamente daqui a dois anos.” o que significava 500 libras contra 1 na linguagem das corridas de cavalos.
CONTINUA


[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).