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quinta-feira, 21 de abril de 2016

VISÕES DA INCONFIDÊNCIA - 6

A DEVASSA DA DEVASSA – A VISÃO DE KENNETH MAXWELL
Assim como a obra anteriormente analisada, Maxwell(1) vai focar os antecedentes do movimento na atuação de Pombal e as relações entre Portugal e a Inglaterra dando, também, um panorama geral sobre a situação no Brasil da época.
A crise do ouro vai gerar desenvolvimento tanto na metrópole quanto em sua colônia num movimento de busca da substituição das importações e o surgimento de uma burguesia que vai se fortalecendo.
Com a morte do Rei, a queda de Pombal e a mudança na política econômica, o autor coloca que a Inconfidência Mineira era só questão de tempo e a década de 1780 era a época quase obrigatória para que se desse, considerando o desastre da política e os novos interesses coloniais.
Neste contexto Maxwell apresenta Vila Rica como centro de economia dinâmica e de intelectuais, mas desmistifica os inconfidentes mostrando que eram apenas pessoas da elite, cheias de dívidas e, por conseguinte, em conflito com o governo.
O autor é bem detalhista nas descrições de horários, cenários e dívidas, apresentando a tese de que as motivações eram pessoais, de que o povo e o nacionalismo eram invocados, somente, como justificativa em que a mudança de forma de governo e a independência seriam apenas o caminho para libertarem-se de seus próprios problemas.
Inovando, Maxwell ainda apresenta a tese de que a denúncia de Joaquim Silvério dos Reis é posterior à suspensão da derrama e que este teria apresentado sua denúncia prenunciando o fracasso do movimento tentando, portanto, conseguir o perdão de suas dívidas.
Quanto à abolição dos escravos Maxwell discorda da tese de que não seriam libertados, ele defende que escravos nascidos no país seriam livres embora comente que “apesar da disposição para emancipar os escravos nascidos no país, em si uma proposição estarrecedora para 1789, (...) as repercussões deste gesto eram subestimadas.”(MAXWELL, 2001: 155)
Outra tese levantada pelo autor é de que Cláudio Manoel da Costa foi assassinado e não suicidou-se e, por fim, ele apresenta Tiradentes como o bode expiatório por excelência, que buscava ascenção social, que era mantido de fora das principais decisões, servindo apenas para o exercício de funções práticas e que apenas a sua morte espetacular reuniu as condições de fazer dele um símbolo.
Contudo, Maxwell louva a coragem do personagem ao defender a República e a Independência em seus depoimentos, que, somadas às circunstâncias puderam contribuir para mitificá-lo.
Kenneth Maxwell parece definir a Inconfidência como paradigmática pois, em meio a outras revoltas que deram até mais resultado, ou pelo menos conseguiram ser deflagradas, a de Minas Gerais é que teve como resultado permitir que nada mais fosse como antes. 
Continua... 
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(1) MAXWELL, Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira, Brasil - Portugal, 1750-1808. (1ª. ed. 1973). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
 

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