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terça-feira, 27 de outubro de 2020

CHURCHILL - Parte 23

CHURCHILL – Parte XXIII [1] [2]
Quando as previsões de Churchill começaram a se mostrar verídicas, o governo britânico começou a pensar que ele tinha fontes secretas especiais e chegou a lhe indagar sobre isso através de Maurice Hankey.[3] Winston respondeu que suas afirmações eram “fruto do meu julgamento”.
Quando o alerta veio de dentro do próprio governo e começou a encontrar eco no parlamento e na imprensa, o Gabinete aceitou, por fim, aumentar o pedido de aviões para 1939(!) e pensar na nomeação de um Ministro da Defesa que Sir Warren Fisher,[4] um dos funcionários mais graduados, definiu que deveria “...ser um homem desinteressado. Sem um machado para destruir e sem o desejo de conseguir um lugar para si.”.
Austen - Fisher - Halifax
Em outras palavras, não poderia ser Churchill. Fisher queria Lorde Halifax[5] no posto. No entanto, Austen Chamberlain,[6] setores da imprensa e do Parlamento acreditavam que só poderia ser Churchill. Enquanto eles discutiam, Hitler remilitarizou a Renânia em 07/03/1936.[7] (<<pg.24-26)  
Inativo quanto aos movimentos de Hitler na Renânia, o governo finalmente criou o Ministério da Coordenação da Defesa, mas o nomeado para o posto foi “o procurador-geral Sir Thomas Inskip”, nomeação bem ao gosto de Sir Fisher e classificada como “a coisa mais cínica desde que Calígula nomeou seu cavalo como cônsul”.  
Remilitarização da Renânia
Enquanto isso Hitler colocou em prática sua tática de negociar após ter colocado o elefante na sala, ou seja, depois de invadir a Renânia, se ofereceu para negociar, ao que o governo de Baldwin prontamente respondeu de forma bastante encantada: “nossa atitude baseou-se no desejo do governo de utilizar as ofertas de Herr Hitler para conseguir um acordo permanente”.
Por seu turno, Churchill “O Profeta” começou a denunciar que após retomar a Renânia, Hitler poderia atacar “a França pela Bélgica e pela Holanda” e denunciou também o risco em que se encontrariam a “Polônia, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia, a Romênia, a Áustria e os países bálticos”. (<<pg. 27-28)
Apesar da inação do governo, crescia na sociedade o apoio às ideias de Churchill, em especial entre dissidentes das posições dos partidos políticos. E ele seguia sua pregação quase profética:
Se prevejo corretamente o futuro, o governo de Hitler confrontará a Europa com uma série de acontecimentos ultrajantes e um poderio militar crescente. São acontecimentos que mostrarão os perigos que nos ameaçam, mas para alguns a lição virá tarde demais. (<pg. 28-29)
Mas a morosidade, ou inação mesmo, do governo começava a preocupar os próprios membros do governo que passaram a se aconselhar com quem? Sim, ele mesmo, Winston Churchill. E ele lhes escrevia com conselhos precisos. Mas mantinha a pressão sobre o governo através de artigos publicados quinzenalmente no jornal Evening Standard “que só em Londres tinha uma circulação de mais de 3 milhões de exemplares.” (pg. 31-34)
Basicamente Churchill, como falou na reunião de 28/07/1936 em que “Baldwin concordou em receber um grupo de conservadores seniores, incluindo Churchill, Austen Chamberlain e Amery, para discutir secretamente a política de defesa.”, advogava pela preparação de parte da indústria civil nacional em indústria de guerra, com as fábricas prontas a serem transformadas para produzir armamentos. Pregava, ainda, a necessidade das seguintes providências:
a necessidade de acelerar e melhorar o treinamento de pilotos, de tomar mais providências para a defesa de Londres e outras cidades, de proteger contra ataques aéreos germânicos os depósitos das reservas britânicas de petróleo e de prosseguir mais vigorosamente do que até então o desenvolvimento do sistema de radar, essa “poderosa descoberta”. (<pg. 32)
Mas o Primeiro-Ministro Stanley Baldwin, com apoio de Neville Chamberlain, eram contra essas medidas pois “perturbar a produção em tempo de paz poderá prejudicar o comércio normal do país, talvez durante muitos anos, e prejudicá-lo seriamente numa altura em que temos de ter todo o crédito do país”. 
Baldwin acreditava no livro de Hitler, Mein Kampf, no qual o ditador alemão falava de expansão territorial para o Leste, não ao Oeste e declarou: “Não conduzirei este país para a guerra pela Liga das Nações ou por alguém ou por qualquer coisa. [...] Se houver uma guerra na Europa, quero ver os bolcheviques e os nazistas a fazê-la.
Mas já naquele momento, até relatórios do Ministério da Guerra já concordavam com Churchill:
o sr. Churchill acredita que a enorme preparação para a guerra por parte da Alemanha permitirá que desencadeiem uma primeira ofensiva numa escala equivalente às ações de 1918, que isso pode evitar o beco sem saída da guerra de trincheiras e que, por isso, teremos muito pouco tempo para organizar a nação, como sucedeu em 1915. Apesar de ninguém saber se essa profecia vai ou não se concretizar, o perigo de que possa concretizar-se é suficientemente grande para levá-la seriamente em conta. (<<<pg. 33-34)
CONTINUA





[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]    Maurice Pascal Alers Hankey, 1º Barão Hankey (01/04/1877 - 26/01/1963) foi um funcionário público britânico que ganhou destaque como o primeiro Secretário de Gabinete e que mais tarde fez a rara transição do serviço civil ao gabinete ministerial. Ele é mais conhecido como o assessor altamente eficiente do primeiro-ministro David Lloyd George e do Gabinete de Guerra que dirigiu a Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Maurice_Hankey,_1st_Baron_Hankey

[4]    Sir Norman Fenwick Warren Fisher KCB (22 de setembro de 1879 - 1948) foi um funcionário público britânico. Fisher deu ao Serviço Civil uma coesão que antes não tinha e fez mais para reformá-lo do que qualquer homem nos cinquenta anos anteriores. Ele aumentou a importância do Tesouro. Ele avançou os interesses das mulheres no serviço civil e em um ponto descreveu-se como uma feminista. No entanto, ele também era uma figura controversa: seu colega Maurice Hankey , com quem ele às vezes cooperava e às vezes competia em questões de política de defesa imperial, certa vez o descreveu como "bastante louco", e foi criticado por suas tentativas de controlar Nomeações de altos funcionários públicos em Whitehall.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Warren_Fisher

[5]    Edward Frederick Lindley Wood, 1º Conde de Halifax, (16/04/1881 - 23/12/1959), denominado Lord Irwin de 1925 até 1934 e Visconde Halifax de 1934 até 1944, foi um dos mais altos políticos conservadores britânicos dos anos 1930. Ele ocupou vários cargos ministeriais durante esse período, mais notavelmente os do vice-rei da Índia de 1925 a 1931 e do secretário de Relações Exteriores entre 1938 e 1940. Ele foi um dos arquitetos da política de apaziguamento de Adolf Hitler em 1936-38, trabalhando em estreita colaboração com o primeiro-ministro Neville Chamberlain . No entanto, após a ocupação alemã da Tchecoslováquia em março de 1939, ele foi um dos que pressionaram por uma nova política de tentar impedir mais agressões alemãs, prometendo ir à guerra para defender a Polônia.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Wood,_1st_Earl_of_Halifax

[6]    Joseph Austen Chamberlain (Birmingham, 16/10/1863 — Londres, 17/03/1937) foi um político britânico. Foi agraciado com a ordem da jarreteira e o Nobel da Paz em 1925, pelos Tratados de Locarno. Irmão de Neville Chamberlain. O filho mais velho do estadista Joseph Chamberlain. 
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Austen_Chamberlain

[7]    A Crise da Renânia (ou também remilitarização Renânia ou ocupação da Renânia) foi uma crise diplomática provocada pela remilitarização dessa região da Alemanha, por ordem de Adolf Hitler em 7 de março de 1936. A Renânia é composta de parte da Alemanha principalmente a oeste do Rio Reno, mas também partes na margem direita. Em 1919 com o Tratado de Versalhes, a região foi desmilitarizada. Durante o governo de Hitler, o tratado foi violado e o exército alemão voltou à região. Não houve reação imediata por parte da França e do Reino Unido. Em resposta à ratificação do apoio franco-soviético, em 27 de fevereiro de 1936, Hitler reocupa a zona desmilitarizada da Renânia para restaurar a soberania do III Reich na fronteira ocidental da Alemanha, continuando a violar as disposições do Tratado de Versalhes. O destacamento militar foi escasso, médio e até mesmo ridículo, mas o fato consistia numa violação do Tratado de Versalhes e do mais recente Tratados de Locarno. A área da Renânia, a leste do Rio Reno, era de importância estratégica diante de qualquer possível invasão da França pela Alemanha (e vice-versa) ao constituir uma barreira natural do rio dentro do território da Alemanha.[2] A região foi ocupada pelas tropas aliadas no final da Primeira Guerra Mundial, que se retiraram em 1930, cinco anos antes do acordo, em uma demonstração de reconciliação para a República de Weimar, não sem deixar um ressentimento na população local que saudou com entusiasmo a remilitarização de Hitler.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Remilitariza%C3%A7%C3%A3o_da_Ren%C3%A2nia

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