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sexta-feira, 30 de abril de 2021

CHURCHILL - Parte 29

CHURCHILL – Parte XXIX [1] [2]
Enfim, após ser por tanto tempo preterido, Churchill era o Primeiro-Ministro, justamente no momento de maior fragilidade e necessidade, perante o inimigo mais tenaz, forte, preparado e determinado.
Mais tarde ele escreveu: “Finalmente tinha autoridade para dar diretivas sem restrições. Eu me senti caminhando junto com o destino, como se toda a minha vida passada tivesse sido apenas uma preparação para essa hora e essa prova.” (pg. 97)
Para o Ministério Churchil fez as seguintes nomeações:
nomeou lorde Beaverbrook ministro da Produção de Aviões; Eden foi para o Ministério da Guerra e Sinclair, para o Ministério da Aviação. Eram amigos em quem ele sabia que podia confiar para executar suas tarefas sem a necessidade de constantes sobressaltos. [...] Attlee tornou-se o representante de Churchill no Gabinete de Guerra. Ernest Bevin tornou-se ministro do Trabalho e Serviço Nacional e Herbert Morrison, ministro dos Abastecimentos. (<pg. 97)

No dia 13/05/1940, na Câmara dos Comuns, em seu primeiro pronunciamento como Primeiro-Ministro, Churchill fez um de seus discursos mais memoráveis:
Perguntam-nos qual é a nossa política. Eu respondo. Fazer a guerra, por mar, terra e ar, com toda a nossa energia e com todas as forças que Deus nos der; fazer a guerra contra uma monstruosa tirania, nunca ultrapassada no negro e lamentável catálogo dos crimes humanos. Essa é a nossa política. Perguntam-nos qual é o nosso objetivo. Posso responder com uma só palavra: vitória. Vitória a todo o custo, vitória a despeito do terror, vitória por mais longo e difícil que seja o caminho, pois sem vitória não há sobrevivência, não há sobrevivência para o império britânico, não há sobrevivência para tudo o que o império britânico significou, não há sobrevivência para o desejo e o impulso das eras, para que a humanidade vá em frente a caminho de seus objetivos. Eu me dedicarei à minha tarefa com atenção e esperança. Tenho certeza de que nossa causa não fracassará. Neste momento, sinto-me autorizado a exigir a ajuda de todos e digo-lhes: Venham, vamos juntos em frente, com nossa unida firmeza. (<pg. 97-98)

Mas discursos não ganham guerras e as tropas alemãs avançavam pela Bélgica e já travessavam a Linha Maginot fazendo recuar os franceses cujo governo estava em desespero pedindo mais aviões que a Inglaterra não podia fornecer pois precisaria deles para a própria sobrevivência pouco depois.
Ao mesmo tempo em que tentava animar os franceses à luta Churchill solicitava, sem sucesso, a Franklin Delano Roosevelt, Presidente dos EUA, que enviasse “cinquenta contratorpedeiros da Primeira Guerra Mundial que estavam estacionados, inúteis, em depósitos navais americanos, mas Roosevelt não concordou em enviá-los.”.
Também enviou, por sugestão de Halifax, mensagem a Mussolini: “Será tarde demais para evitar que escorra um rio de sangue entre os povos inglês e italiano?” Ordenou o reforço na segurança dos aeródromos vulneráveis com voluntários locais bem como um preparo acelerado de tiro para os soldados em treinamento.
E ordenou, ainda, que as tropas em Calais agissem no sentido de manter as praias de Dunquerque operacionais tanto para receber materiais quanto para evacuar as tropas britânicas, em resumo, deveriam resistir à avalanche alemã. (<<<pg. 99-100)
No final de maio as tropas britânicas, francesas e polonesas na Noruega tomavam Narvik que abandonariam logo depois “devido à urgente necessidade de homens para defenderem a Grã-Bretanha”. Ao mesmo tempo começava a evacuação das tropas em Dunquerque. Em 27/05/1940 “foram postos a salvo 11.400 soldados britânicos; 200 mil ainda estavam cercados, juntamente com 160 mil soldados franceses.” (pg. 101)
No Gabinete de Guerra, composto por Halifax, Chamberlain, Attlee, Greenwood, além do próprio Winston, Churchill ouviu furioso a proposta de Mussolini, apresentada e apoiada por Halifax, de “que a Inglaterra devia aceitar uma proposta de Mussolini para negociar uma paz generalizada.”.
Chamberlain também se mostrou favorável uma vez que “mesmo lutando até o fim para preservarmos nossa independência, estamos preparados para considerar termos decentes, se nos forem propostos”. Aparentemente, para ele tudo poderia ser aceito se fosse apresentado da maneira correta.
Mas Churchill rechaçou de forma veemente tal ideia: “Nações que foram destruídas na luta estão a erguer-se, mas aqueles que se renderam docilmente, acabaram.” Mais tarde, em reunião com o Gabinete completo, ele disse que refletira sobre a proposta de negociar com Hitler, mas como os alemães estariam em posição de força, “exigiriam a armada britânica, suas bases navais e muito mais.”, o que tornaria a Grã-Bretanha um estado escravo ou fantoche. E concluiu:
Tenho certeza de que qualquer um dos senhores se levantaria e me tiraria do meu lugar se por um momento eu considerasse a possibilidade de negociações ou rendição. Se a longa história da nossa ilha finalmente acabará, deixem que acabe apenas quando cada um de nós estiver caído e sufocado em seu próprio sangue. (<<<pg. 101)
Em 04/06/1940 a Operação Dynamo, a evacuação de Dunquerque teve que ser encerrada com um excelente resultado: “tinham sido evacuados 224.318 soldados britânicos e 111.172 soldados franceses.” (pg. 104)

Churchill temia que a invasão da Inglaterra fosse começar imediatamente mas os decifradores de códigos de  Bletchley descobriram que os alemães não fariam isso, preferindo completar a conquista da França. (pg. 104)
Após o sucesso da Operação Dynamo, Churchill queria deixar a posição defensiva e partir para a ofensiva, atacando o território da Alemanha, porém a inferioridade britânica no ar, frente à Luftwaffe era preocupante pois, embora a produção de aviões na Inglaterra já estivesse ao ritmo de 35 por dia, durante os combates sobre a França a produção fora de “453 aviões, mas 436 tinham sido abatidos.”, um ritmo que a Luftwaffe poderia suportar pelo dobro do tempo que a RAF. A única notícia realmente boa é que a superioridade dos pilotos britânicos no ar já dera os primeiros sinais “com 394 aviões alemães destruídos sobre as praias de Dunquerque contra 114 aviões britânicos.” Sem dúvida fora uma retirada de grande sucesso mas Winston não estava satisfeito pois “precisamos ser muito cuidadosos para não atribuir a essa salvação o caráter de uma vitória. As guerras não são ganhas com retiradas”. (pg. 104-105)
CONTINUA 



[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

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