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sexta-feira, 9 de julho de 2021

CHURCHILL - Parte 32

CHURCHILL – Parte XXXII [1] [2]
Os franceses aceitaram tudo que Hitler impôs, inclusive a entrega da frota, o que Churchill não tinha a menor intenção de permitir.
Parte da frota francesa estava em Alexandria, no Egito, onde poderia ser facilmente capturada pelos britânicos de lá. Parte estava em Toulon e em Dacar, fora de alcance. Mas havia outra parte que estava em Mers-el-Kebir, em Orã.
Churchill enviou emissários a essa última base propondo algumas alternativas ao comandante local:
levar os navios para um porto inglês e juntarem-se à Marinha britânica como aliados contra a Alemanha; levar os navios para um porto britânico e entregá-los a tripulações britânicas ou irem para um porto das Índias Ocidentais Francesas e aceitarem a desmilitarização, com imediata repatriação das tripulações para a França, se assim desejassem. Foi acrescentada uma quarta possibilidade quando se provou que as três primeiras eram inaceitáveis: afundar voluntariamente os navios no porto de Mers-el-Kebir. (<<<<pg. 113)
Os comandantes franceses, entretanto, recusaram todas as alternativas em honra dos termos do armistício e, no dia 03/07/1940, Sir James Somerville ordenou a seus navios que abrissem fogo contra os navios franceses. Ao final do ataque “1.200 marinheiros franceses estavam mortos.

Para Churchill esse gesto terrível mostrou ao mundo o tamanho da determinação britânica. Por outro lado ele já atuava na preparação das ações a serem tomadas em caso de invasão. “Londres seria defendida rua por rua, bairro por bairro...” Os depósitos de combustível na costa leste deveriam ser destruídos, policiais, soldados e membros da guarda não deveriam prestar qualquer ajuda ao inimigo, somente à população civil e até as mulheres deveriam ser autorizadas a combater.
E um ataque maciço ao território da Alemanha deveria ser planejado pois seria o único caminho para derrotar Hitler, tornando inúteis suas conquistas: “Mesmo que Aquele Homem atinja o mar Cáspio, terá fogo em seu quintal quando regressar. Não adiantará nada atingir nem mesmo a Grande Muralha da China.” (<<pg. 114)
No dia 19/07/1940 veio o ultimato de Hitler: “Acabem com a guerra ou pereçam![3] 
E ele falava sério pois os bombardeios aéreos alemães prosseguiam e o número de mortos nos ataques cresciam, embora raramente fossem divulgados. Churchill admitiu estar odiando os alemães: “Nunca odiei os hunos durante a última guerra, mas agora os odeio como a uma barata.” 
Porém os pilotos da RAF já vinham se destacando na defesa aérea. Winston, porém, prosseguia procurando manter a moral elevada sem descuidar do alerta:
Esperamos sem medo o ataque iminente. Talvez chegue essa noite. Talvez chegue na próxima semana. Talvez nunca chegue. Devemos estar preparados tanto para sofrer um súbito e violento choque quanto — o que é talvez o teste mais difícil — para uma prolongada vigília. Seja a provação aguda ou prolongada, não aceitaremos condições e não toleraremos negociações; poderemos mostrar clemência, mas não a pediremos. Não apenas na Inglaterra, mas por todos os lados havia muitas pessoas “que prestarão serviços úteis nessa guerra, mas cujos nomes nunca serão recordados. Essa é uma Guerra do Soldado Desconhecido, mas esforcemo-nos sem desfalecimentos na fé ou no dever e veremos o sombrio percurso de Hitler ser banido dos nossos tempos”. (<pg. 114-115)
A ajuda americana continuava extremamente lenta, levando Churchill a ceder cada vez mais a Roosevelt como, por exemplo, o uso das bases britânicas em Terra Nova, Bermudas, Bahamas  Índias ocidentais em troca daqueles malfadados contratorpedeiros.
Mas era uma necessidade urgente pois no mar as alcateias de submarinos nazistas continuavam infligindo pesadas baixas militares e civis. No ar, porém, a despeito da perda de 526 pilotos em dois meses, a RAF estava causando, algumas vezes, o triplo de baixas à Luftwaffe:
Em 16 de agosto, Churchill acompanhou a batalha da sala de operações do 11o Comando de Caça em Uxbridge. Nesse dia, quase todas as esquadrilhas de caças estavam no ar, em combate, mas os alemães destruíram 47 aviões britânicos ainda no solo. Ao sair da sala de operações, Churchill voltou-se para Ismay: “Não fale comigo; nunca me senti tão comovido.” Depois de cerca de cinco minutos, inclinou-se para Ismay e disse-lhe: “Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos.” (<<pg. 116)
Churchill repetiu essa última frase em seu discurso no Parlamento. Concordamos com a filha do falecido Ex Primeiro-Ministro Asquith, Violet: “são palavras que viverão por todo o tempo que houver palavras”, (pg. 116)
CONTINUA 




[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]   Journal New York and American – 19/07/1940

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