Em 15/08/1944 começou a invasão do Sul da França, chamada Operação
Dragão,[3]
com pouca resistência alemã. Como esse ataque, que desfalcou as tropas em luta
na Itália, os aliados não conseguiram que Hitler deslocasse divisões do Norte,
onde ocorria a invasão principal.
Melhor teria sido, como Churchill queria, ampliar a invasão italiana,
pois já se sabia que Hitler faria tudo para defender a fronteira da Áustria.
Winston assistiu ao desembarque que relatou a Clementine por carta: “Esperava-se
que o bombardeio continuasse durante todo o dia, mas os aviões e os navios
tinham praticamente silenciado as armas inimigas às 8h. Isso tornou os
acontecimentos muito entediantes.”
Depois de assistir ao desembarque ele voou para a Itália onde visitou
Cassino, Siena, Livorno, Nápoles e depois Roma, onde defendeu que a Itália “já
não deveria ser considerado um Estado inimigo, mas um amigo beligerante”.
De volta a Siena, Churchill autorizou a criação de uma brigada de
soldados judeus a ser incorporada às tropas que lutavam na Itália. Aproveitou
para visitar a frente de batalha onde pode assistir aos combates de uma posição
muito próxima. Neste mesmo dia, 25/08/1944 as tropas aliadas entraram em Paris,
libertando a capital da França.
Depois de tantas andanças, no regresso à Inglaterra foi constatado que
a pneumonia retornara e isso deixou Winston “de molho”, muito a contragosto, em Downing Street. Mas
em 05/09/1944 ele já estava viajando de novo com destino a Halifax no Canadá.
Enquanto ele viajava os soviéticos tomaram a Bulgária e avançavam rumo
a Hungria. Os britânicos entraram em Bruxelas, mas os alemães ofereciam feroz
resistência em outros setores da Bélgica praticamente imobilizando o avanço
aliado.
Ao chegar a Halifax Winston viajou de trem para Quebec onde Roosevelt
o aguardava. Lá eles concordaram com a ampliação do avanço na Itália com o
intuito de chegar a Viena, mas discordaram com a ideia de desindustrializar a
Alemanha proposta por Henry Morgenthau, secretário do Tesouro estadunidense.
Churchill declarou: “Sou totalmente a favor do desarmamento da Alemanha, mas
não podemos impedir que vivam decentemente”.
No entanto pareceu mudar de ideia quando percebeu que a indústria
britânica poderia ser beneficiada por uma Alemanha que precisasse importar tudo
que fosse industrializado e assinou com Roosevelt um acordo “que tinha como
objetivo transformar a Alemanha num país essencialmente agrícola e com caráter pastoral”.
Felizmente esse acordo infeliz foi rejeitado pelo Departamento de Estado dos
EUA e não foi a frente.
De Quebec os líderes seguiram para Hyde Park onde discutiram o uso da
bomba atômica, concordando em não usá-la na Alemanha, mas sim no Japão. Logo
depois Churchill voltou a Londres onde não demorou muito e já estava voando com
destino a Moscou para se encontrar com Stalin e tentar convencê-lo a declarar
guerra ao Japão.
Seu objetivo era apressar a derrota japonesa e poupar a Inglaterra dos
gastos frente a uma prolongada guerra no Pacífico. “Queria também discutir o
futuro político da Iugoslávia e da Grécia, que gostaria de excluir do controle
comunista, e da Polônia, [...] empenhado em que se estabelecesse um governo
eleito livremente.”
No encontro Winston e Stalin concordaram em deixar Romênia ,
Hungria e Bulgária sob a influência soviética, a Grécia sob influência
britânica, a Iugoslávia e a Albânia sob influência dividida. Stalin concordou
em não estimular o comunismo na Grécia e nem na Itália. E Churchill concordou
em que a URSS tivesse acesso livre ao Mediterrâneo através do estreito de
Dardanelos.
Nos dias seguintes as conversas giraram em torno do destino da Polônia
no pós-guerra. Stalin queria um governo indicado por ele e ganhos territoriais
conquistados em 1939. O governo paralelo polonês sediado em Londres não
aceitava tal exigência.
Churchill tentava mediar um acordo mas nenhum dos lados cedeu o que
resultou na posterior exclusão dos poloneses de Londres das negociações sobre
seu país. Sobre a Alemanha, os líderes concordaram que grande parte da
indústria seria desativada e proibidas as atividades aeronáuticas civis e
principalmente militares. Stalin concordou em declarar guerra ao Japão tão logo
a Alemanha estivesse derrotada.
Sobre Stalin, com quem chegou a ir ao ballet Bolshoi, Churchill
escreveu a Clementine: “Quanto mais estou com ele, mais gosto dele. Agora
eles nos respeitam, e tenho certeza de que querem trabalhar conosco.” Em
27/10/1944 ele já estava de volta a Londres falando na Câmara dos Comuns onde
foi assim avaliado: “Há uns meses, parecia doente e cansado e não encontrava
as palavras com a facilidade habitual, mas hoje esteve soberbo. Angelical,
rosado, sólido e vociferante.”
(<<<<<<<<<<<<<<<<pg. 202-215)
A questão da Palestina esperava por Churchill em seu regresso de
Moscou. Em conversa com o líder sionista Dr. Chaim Weizmann, Winston defendeu a
visão de que o ideal seria a Palestina só para os judeus, mas que se isso não
fosse factível, deveria-se aceitar uma Palestina dividida com os árabes.
Ele aconselhou o Dr. Weismann a discutir o assunto com o novo ministro
de Estado no Oriente Médio, lorde Moyne. Mas este foi assassinado por
extremistas judeus, o que chocou Churchill profundamente, embora tenha
rejeitado qualquer represália contra o povo em geral, mas conclamando uma
rápida puniçao aos culpados:
Se
nossos sonhos para o sionismo estão destinados a terminar na fumaça das
pistolas de assassinos e nossos esforços para seu futuro apenas criarão um novo
grupo de violência digno da Alemanha nazista, muitos, como eu mesmo, devem
reconsiderar a posição que temos mantido tão consistentemente e por tanto
tempo. Se quisermos que haja alguma esperança de um futuro de paz para o
sionismo, essas ações maléficas devem cessar e os responsáveis por elas devem
ser destruídos pela raiz.(<<pg. 216)
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em
relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos,
por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código
simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página
indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A
referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois
anteriores (<<pg.200-202).
[3] Operação
Dragão foi a invasão aliada no sul da França, em 15 de agosto de 1944, como
parte da Segunda Guerra Mundial. Com a seguridade da Normandia e os alemães em
retirada para a linha Siegfried, estes não conseguiram evitar a derrota. Não
foi difícil derrotar as divisões alemãs na fronteira com a Itália, despachando
divisões americanas e inglesas. A Resistência Francesa foi de grande ajuda
contra o 2º exercito alemão de infantaria e o exército inglês destruiu essa
linha de defesa, acabando com a defesa alemã e terminando com a resistência no
sul da França.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Drag%C3%A3o
Nenhum comentário:
Postar um comentário