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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

CHURCHILL - Parte 42

CHURCHILL – Parte XLII [1] [2]
Em 15/08/1944 começou a invasão do Sul da França, chamada Operação Dragão,[3] com pouca resistência alemã. Como esse ataque, que desfalcou as tropas em luta na Itália, os aliados não conseguiram que Hitler deslocasse divisões do Norte, onde ocorria a invasão principal.
Melhor teria sido, como Churchill queria, ampliar a invasão italiana, pois já se sabia que Hitler faria tudo para defender a fronteira da Áustria. Winston assistiu ao desembarque que relatou a Clementine por carta: “Esperava-se que o bombardeio continuasse durante todo o dia, mas os aviões e os navios tinham praticamente silenciado as armas inimigas às 8h. Isso tornou os acontecimentos muito entediantes.” 
Depois de assistir ao desembarque ele voou para a Itália onde visitou Cassino, Siena, Livorno, Nápoles e depois Roma, onde defendeu que a Itália “já não deveria ser considerado um Estado inimigo, mas um amigo beligerante”.
De volta a Siena, Churchill autorizou a criação de uma brigada de soldados judeus a ser incorporada às tropas que lutavam na Itália. Aproveitou para visitar a frente de batalha onde pode assistir aos combates de uma posição muito próxima. Neste mesmo dia, 25/08/1944 as tropas aliadas entraram em Paris, libertando a capital da França.
Depois de tantas andanças, no regresso à Inglaterra foi constatado que a pneumonia retornara e isso deixou Winston “de molho”, muito a contragosto, em Downing Street. Mas em 05/09/1944 ele já estava viajando de novo com destino a Halifax no Canadá.
Enquanto ele viajava os soviéticos tomaram a Bulgária e avançavam rumo a Hungria. Os britânicos entraram em Bruxelas, mas os alemães ofereciam feroz resistência em outros setores da Bélgica praticamente imobilizando o avanço aliado. 
Ao chegar a Halifax Winston viajou de trem para Quebec onde Roosevelt o aguardava. Lá eles concordaram com a ampliação do avanço na Itália com o intuito de chegar a Viena, mas discordaram com a ideia de desindustrializar a Alemanha proposta por Henry Morgenthau, secretário do Tesouro estadunidense. Churchill declarou: “Sou totalmente a favor do desarmamento da Alemanha, mas não podemos impedir que vivam decentemente”.
No entanto pareceu mudar de ideia quando percebeu que a indústria britânica poderia ser beneficiada por uma Alemanha que precisasse importar tudo que fosse industrializado e assinou com Roosevelt um acordo “que tinha como objetivo transformar a Alemanha num país essencialmente agrícola e com caráter pastoral”. Felizmente esse acordo infeliz foi rejeitado pelo Departamento de Estado dos EUA e não foi a frente.
De Quebec os líderes seguiram para Hyde Park onde discutiram o uso da bomba atômica, concordando em não usá-la na Alemanha, mas sim no Japão. Logo depois Churchill voltou a Londres onde não demorou muito e já estava voando com destino a Moscou para se encontrar com Stalin e tentar convencê-lo a declarar guerra ao Japão.
Seu objetivo era apressar a derrota japonesa e poupar a Inglaterra dos gastos frente a uma prolongada guerra no Pacífico. “Queria também discutir o futuro político da Iugoslávia e da Grécia, que gostaria de excluir do controle comunista, e da Polônia, [...] empenhado em que se estabelecesse um governo eleito livremente.
No encontro Winston e Stalin concordaram em deixar Romênia, Hungria e Bulgária sob a influência soviética, a Grécia sob influência britânica, a Iugoslávia e a Albânia sob influência dividida. Stalin concordou em não estimular o comunismo na Grécia e nem na Itália. E Churchill concordou em que a URSS tivesse acesso livre ao Mediterrâneo através do estreito de Dardanelos.
Nos dias seguintes as conversas giraram em torno do destino da Polônia no pós-guerra. Stalin queria um governo indicado por ele e ganhos territoriais conquistados em 1939. O governo paralelo polonês sediado em Londres não aceitava tal exigência.
Churchill tentava mediar um acordo mas nenhum dos lados cedeu o que resultou na posterior exclusão dos poloneses de Londres das negociações sobre seu país. Sobre a Alemanha, os líderes concordaram que grande parte da indústria seria desativada e proibidas as atividades aeronáuticas civis e principalmente militares. Stalin concordou em declarar guerra ao Japão tão logo a Alemanha estivesse derrotada.
Sobre Stalin, com quem chegou a ir ao ballet Bolshoi, Churchill escreveu a Clementine: “Quanto mais estou com ele, mais gosto dele. Agora eles nos respeitam, e tenho certeza de que querem trabalhar conosco.” Em 27/10/1944 ele já estava de volta a Londres falando na Câmara dos Comuns onde foi assim avaliado: “Há uns meses, parecia doente e cansado e não encontrava as palavras com a facilidade habitual, mas hoje esteve soberbo. Angelical, rosado, sólido e vociferante.” (<<<<<<<<<<<<<<<<pg. 202-215)
A questão da Palestina esperava por Churchill em seu regresso de Moscou. Em conversa com o líder sionista Dr. Chaim Weizmann, Winston defendeu a visão de que o ideal seria a Palestina só para os judeus, mas que se isso não fosse factível, deveria-se aceitar uma Palestina dividida com os árabes.
Ele aconselhou o Dr. Weismann a discutir o assunto com o novo ministro de Estado no Oriente Médio, lorde Moyne. Mas este foi assassinado por extremistas judeus, o que chocou Churchill profundamente, embora tenha rejeitado qualquer represália contra o povo em geral, mas conclamando uma rápida puniçao aos culpados:
Se nossos sonhos para o sionismo estão destinados a terminar na fumaça das pistolas de assassinos e nossos esforços para seu futuro apenas criarão um novo grupo de violência digno da Alemanha nazista, muitos, como eu mesmo, devem reconsiderar a posição que temos mantido tão consistentemente e por tanto tempo. Se quisermos que haja alguma esperança de um futuro de paz para o sionismo, essas ações maléficas devem cessar e os responsáveis por elas devem ser destruídos pela raiz.(<<pg. 216)
CONTINUA 




[1]   GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2]   Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
[3]  Operação Dragão foi a invasão aliada no sul da França, em 15 de agosto de 1944, como parte da Segunda Guerra Mundial. Com a seguridade da Normandia e os alemães em retirada para a linha Siegfried, estes não conseguiram evitar a derrota. Não foi difícil derrotar as divisões alemãs na fronteira com a Itália, despachando divisões americanas e inglesas. A Resistência Francesa foi de grande ajuda contra o 2º exercito alemão de infantaria e o exército inglês destruiu essa linha de defesa, acabando com a defesa alemã e terminando com a resistência no sul da França.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Drag%C3%A3o