PREPARANDO A VIAGEM AO PARAÍSO – A MUMIFICAÇÃO
O
Faraó e os ricos egípcios passavam a vida preparando-se para o pós
vida. Os túmulos eram construídos e decorados segundo os desejos do
futuro morto. Os pobres não tinham essa opção, de modo que eram
enterrados, geralmente, perto dos ricos, na esperança de que fossem
beneficiados de alguma forma, pela alma endinheirada.
Para
os egípcios, o espírito precisava manter seu corpo terreno intacto
para prosseguir na vida após a morte. O ser humano seria composto de
quatro partes:
...o ba, uma espécie
de alma; o ka, ou "duplo", réplica imaterial do corpo; o
khu, centelha do fogo divino; e o kat, ou seja, o corpo. Acreditando
numa vida após a morte, entendiam que esses quatro elementos
precisavam ser preservados depois do falecimento do indivíduo. O ba
e o khu, sendo elementos espirituais, precisavam apenas de orações.
O corpo, por ser a moradia do ka, tinha que ser preservado e
protegido. Em conseqüência, o túmulo, casa do morto, devia ser
mantido intacto para todo o sempre e permitir-lhe uma vida agradável
e semelhante à existência terrena.1
O
pior crime que poderia ser cometido a um egípcio seria a danificação
ou destruição de sua múmia, pois significava que seu espírito
ficaria sem sua casa material. Essa profanação ocorreu em diversos
casos, inclusive com a múmia que a Drª. Joann Fletcher suspeitava
ser de Nefertiti.
À esquerda a múmia danificada da suposta Nefertiti. No centro Seti I e, à direita, Ramsés II |
A
importância dada à vida após a morte era proporcional aos cuidados
dispensados à mumificação dos mortos. Os maiores museus do mundo
possuem múmias em exibição. Ramsés II, o Grande, pode ser
“encontrado em pessoa” no Museu do Cairo e seu pai, Seti I, tem
uma das múmias mais bem preservadas de todas.
O
processo de mumificação pode ter se iniciado por acaso nos tempos
mais remotos da História egípcia. Os corpos sepultados na areia do
deserto ficavam ressecados antes de se decompor e a mumificação
cerimoniosa pode ter sido apenas uma forma de imitar e garantir tal
resultado.
O falecido era assistido por um sacerdote especialista. Este removia o cérebro do morto pelas narinas, fazendo uso de um gancho. Os demais órgãos eram extraídos por um corte na virilha e guardados em vasos chamados canópicos. O coração era mantido intacto em seu lugar e, se retirado, era substituído por um amuleto em forma de escaravelho.
Vasos Canópicos |
Feita
essa extração, o corpo era coberto com natrão2
e deixado para secar entre 40 e 70 dias, quando a substância salina
ressecava o corpo e eliminava as bactérias, impedindo a
decomposição. Terminada a secagem e desinfecção:
as cavidades eram
cheias com linho e substâncias aromáticas, e enrolava-se o corpo
com ligaduras. Os olhos eram cheios com linho ou pedras pintadas de
branco. Faraós e pessoas ricas eram estofados com tecidos virgens.
Já os pobres eram forrados com as roupas que haviam usado em vida,
terra ou serragem. Depois disso, a incisão era fechada com uma placa
de ouro, para evitar a invasão do corpo por maus espíritos. Durante
cada uma dessas etapas da mumificação, eram lidas preces do Livro
dos Mortos, que ensinava como o ritual deveria ser feito.3
Instrumentos para retirada do cérebro: vaso de óleo, ganchos, faca do embalsamador e funil para o nariz. |
Materiais usados para mumificação: (1) linho. (2) serragem; (3) líquen. (4) cera de abelha. (5) resina. (6) natrão. (7) cebolas. (8) lama do Nilo. (9) almofadas de linho. (10) incenso. |
O
processo de enfaixar o falecido começava pelos pés ou mãos e
durante a operação eram colocados amuletos junto ao corpo e entre
as faixas, contendo fórmulas para ajudar a caminhada.
O
sepultamento era feito em procissão liderada pelo sacerdote até a
tumba. O corpo, já no sarcófago, era acompanhado pelos vasos
canópicos e por diversos pertences, dentre eles, a valiosa cópia do
Livro dos Mortos.
Quanto
mais rico o falecido, mais sofisticado seu túmulo. O Faraó
Tutancâmon, por exemplo, teve quatro capelas funerárias, encaixadas
umas nas outras, dentro delas um sarcófago e, dentro deste, três
caixões, um dentro do outro.
Na imagem superior esquerda os objetos encontrados na tumba de Tutancamon. À direita a capela funerária. Na imagem inferior esquerda os sarcófagos e, à direita, o esquema de encaixamento. |
Em
sua companhia, mais de 5000 objetos destinados a oferecer-lhe todo o
conforto na vida após a morte. Considerando-se a inexpressividade e
o curto período de seu reinado, não podemos nem imaginar que
riquezas não compuseram as tumbas de Faraós mais famosos, como
Ramsés II, por exemplo.
Continua...
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Imagem:
http://www.clccharter.org/euzine1/mummificationwebsite.html
http://elainn.deviantart.com/art/Mummification-3-292789386
http://hiddenchronicles.wikia.com/wiki/Mummification_Room?file=Scene_Mummification_Room-Screenshot.png
https://mcs-ancientcivs-2011.wikispaces.com/RA+Death+and+the+Afterlife+Mummification+Process
http://i-cias.com/e.o/mummy.htm
http://veehd.com/video/4556542_Digging-For-The-Truth-Nefertiti-The-Mummy-Returns
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Seti_I_memmy_head.png
http://www.prairiesmokepress.com/tutankhamuns-treasures-come-to-malmo/
http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Sarcophagi_of_Tutankhamun?uselang=pt
http://deadandwrapped.tumblr.com/
1http://www.geocities.ws/lumini_enigmas/LUMINI_ENIGMAS_E_MISTERIOS_ARQUIVOS/Crencas_Funerarias.html
2Natrão
é um mineral composto por carbonato de sódio hidratado, com
fórmula química Na2CO3·10H2O.
O natrão era uma das
substâncias utilizadas pelos antigos egípcios nos processos de
mumificação; na verdade o natrão era composto por carbonato de
sódio, bicarbonato de sódio, sal e sulfato de sódio - no qual as
múmias ficavam imersas por durante 70 dias; a substância natural
era encontrada em várias regiões do país, especialmente no uádi
el-Natrum. Seu uso, neste fim, destinava-se à desidratação das
células e combate às bactérias.
Na antiguidade egípcia
seu uso também era o de alvejante para roupas brancas, e misturado
com argila formava um tipo de sabão, com uso no preparo da lã.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Natr%C3%A3o
3http://www.geocities.ws/lumini_enigmas/LUMINI_ENIGMAS_E_MISTERIOS_ARQUIVOS/Crencas_Funerarias.html
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