A
intenção do Presidente Hindenburg e dos demais políticos membros de seu governo
ao apoiar Hitler para o cargo de Chanceler era cercá-lo, envolvê-lo em um
governo de coalizão mantendo o controle. Mas pouco tempo depois, a imprensa de
oposição já estava sob censura e milhares de adversários presos.
Enquanto
isso a Inglaterra concluia ter dificuldades financeiras que impediam seu
rearmamento. Churchill passou a alertar sistematicamente contra as intenções de
Hitler e a denunciar a perseguição aos judeus que já se verificava na Alemanha.
(<pg. 558-561)
Neste
período a questão da autonomia da Índia voltou à tona. O governo insistia em
seus planos e Churchill proclamava sua visão sobre a incapacidade de os
indianos, divididos entre hindus e muçulmanos, de se auto governarem.
Uma
comissão foi formada e ele convidado a participar, mas a maioria dos membros
era indicada por já concordar com o governo, de modo que Winston se retirou. (<pg.
561-564)
Enquanto
isso, na Alemanha, Hitler consolidava seu poder e a perseguição aos judeus.
Churchill lembrou que, após a guerra, era consenso que a democracia na Alemanha
era uma questão de segurança para os britânicos, e que essa democracia deixara
de existir e que a inferioridade bélica agora era o único fator de alívio:
Não posso deixar de me regozijar com o fato de os
alemães não terem os canhões pesados, os milhares de aviões militares e os
tanques de vários tamanhos que têm pedido para que sua situação seja similar à
de outros países. (<pg. 566)
Mas
até relatórios secretos do próprio governo britânico denunciavam que a Alemanha
já estava reconstruindo seu poder militar, começando pelos aviões. Mas o
governo britânico insistiu no desarmamento mesmo após Hitler retirar a Alemanha
da Conferência!
Churchill
seguiu fazendo seus discursos de alerta e defendendo o imediato reforço da
Força Aérea, considerando o que a Alemanha já vinha fazendo: “Temo o dia em
que os meios de ameaça ao coração do império britânico estarão nas mãos dos
atuais governantes da Alemanha” (<pg. 567-574)
Em
02/08/1934 o Presidente da Alemanha Hindenburg morreu. Poucas semanas antes ele
havia ordenado a morte de seus opositores dentro do partido, dentre eles Ernst
Röhm, comandante das SA, a maior das tropas nazistas naquele momento.
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
Ernst Röhm e Paul von Hindenburg |
No
dia seguinte Hitler acumulou seu cargo tornando-se simplesmente Führer e as
Forças Armadas Alemãs “fizeram um juramento pessoal de obediência
incondicional a Hitler como seu novo comandante-chefe.”
Churchill
seguiu denunciando a situação alemã e conclamando pelo imediato rearmamento
britânico, mas era ridicularizado e sendo obrigado a ouvir pérolas de imbecilidade
como essa de Clement Atlee sobre hitler: “Acho que podemos dizer que sua
ditadura está gradualmente se desfazendo.” (<<pg. 576-577)
Negociadores do "Desarmamento" |
Neste
momento, como ficou claro anteriormente, a nosso ver três questões opunham
Churchill ao governo: a questão do desarmamento das potências europeias, já
abandonada pela Alemanha; o rearmamento britânico, que Winston via como uma
eficaz arma para dissuadir Hitler de seus sonhos de expansão; e a autonomia da
Índia, que Churchill via com maus olhos pelas divisões internas daquele país
mas, também, como uma questão de salvaguarda futura em uma eventual guerra.
Ele
não queria deixar sem controle um território que poderia abastecer o império.
Logo, essas questões aparentemente distintas, estavam entrelaçadas na mente
dele, e todas eram pensadas sempre sob o ponto de vista da defesa do país.
Em
uma transmissão radiofônica ele fez mais um daqueles pronunciamentos que soam
como profecias tal a precisão com que se cumpriram vários anos depois:
Receio
que, se olharmos bem para o que se move contra a Grã-Bretanha, veremos que a
única escolha possível é a escolha que nossos antepassados tiveram de
enfrentar, a saber, submeter ou preparar o país. Ou submetemos o país à vontade
de uma nação mais poderosa ou preparamos o povo para defender nossos direitos,
nossas liberdades e sem dúvida nossas vidas. Se nos submetermos, nossa
submissão deve ser oportuna. Se nos prepararmos, não o devemos fazer tarde
demais. A submissão trará consigo pelo menos a entrega e a distribuição do
império britânico e a aceitação pelo nosso povo do que quer que o futuro
prepare para pequenos países como Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica
e Suíça numa dominação teutônica da Europa. (<<<pg. 581-582)
Termina
aqui o primeiro volume. Aguarde a continuidade da série.
Imagens
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Winston_Churchill
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https://en.wikipedia.org/wiki/Agadir_Crisis
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Fernando_da_%C3%81ustria-Hungria
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https://en.wikipedia.org/wiki/Cuban_War_of_Independence
https://www.magnoliabox.com/products/elizabeth-ann-everest-nanny-to-winston-churchill-xjf265582
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