O CÓDIGO DRÁCULA –
FINAL
Chegou o momento de
apresentar nossas conclusões. Não descartamos as outras teorias
existentes, como as questões da sociedade da Era Moderna, a
importância do sangue no imaginário do XIX, as transformações
culturais e científicas, etc.
Mas acreditamos na
plausibilidade de nossa conclusão, ao mesmo tempo em que não
encontramos visão semelhante, com exceção do que já foi mencionado.
Vimos que Bram Stoker
era um irlandês que nasceu e cresceu durante movimentos que opunham
os interesses de seu povo aos ingleses, senhores das ilhas
britânicas, o opressor Império onde o Sol jamais se punha.
A fala de Drácula,
impregnada de nacionalismo, reivindica seu direito à conquista e à
dominação. Sua escolha como personagem demonstra, a nosso ver, que
ele não é apenas o “cara mau” desta obra, mas é o grande vilão
da vida do irlandês Bram Stoker.
Drácula vampiriza,
escraviza com seu sangue, conquista, domina, em cada lugar que vai
sua terra impregnada de sangue vai com ele. Por quê?
Porque ele não é apenas uma representação do nacionalismo inglês, ele é a
própria Inglaterra, a nação guerreira, conquistadora e opressora, que
vampiriza a Irlanda, que a dominava quando esta definhava de fome,
que virou as costas à Igreja, que engana, conspira, que faz uso dos
mares e dos ventos que impelem sua força naval!
Drácula/Inglaterra
miscigena seu sangue em suas colônias, tornando-as suas escravas.
Esses domínios jamais vêem o pôr-do-Sol, o que Stoker subverte,
fazendo do vampiro um inimigo da Luz.
As mulheres da obra de
Stoker são as vítimas preferidas de Drácula. Ele quer sangue e
escravas.
Mina, enquanto mocinha
virtuosa, trabalhadora e pobre, é a Irlanda de Bram Stoker. As
demais mulheres, tão diferenciadas entre si, são as outras colônias
inglesas.
O
ato de contaminar
essas mulheres, tornando-as suas escravas, representa a miscigenação, já
mencionada, mas também a influência cultural inglesa que se espalha
corrompendo os valores caros ao autor.
Mina, que resiste,
auxiliando os amigos, é a esperança de Stoker. O autor coloca seu
país na vanguarda da luta contra o “mal”.
A fé católica,
mostrando sua força perante o anglicanismo, age como força de
salvação, como ponto de união dos irlandeses contra a vampirização
inglesa, contra aqueles que adotaram uma nova religião.
Do irlandês Stoker,
não poderíamos esperar nada diferente, embora possamos notar seus
desejos de uma união com a ciência, o que certamente demonstra seu
encanto e cuidado com os avanços de seu tempo.
O cowboy americano é
jovem, viril, ainda puro e destemido. Suas andanças fazem dele um
cidadão do mundo que não teme oferecer o próprio sangue em auxílio
às mulheres.
É ele quem transpassa
o coração do vampiro e liberta o mundo do opressor. É o herói de
Bram Stoker.
Rezende defende que Stoker percebe a "...crescente relevância dos Estados Unidos no cenário mundial..."7 (pg. 42), e concordamos com ele. Para nós o cowboy é os Estados
Unidos, que venceu os ingleses, terra da liberdade para onde acorrem
levas de irlandeses em busca de paz, em quem Stoker deposita a fé em
uma contraposição aos ingleses no mundo. Fé na Liberdade.
Sua morte, ao final,
para nós representa apenas um desfecho heroico. O que importa, contudo, é a
projeção dos EUA como uma nação poderosa no futuro, já citada
antes.
Esta é, portanto,
nossa visão a respeito do que pode estar por trás da obra de Bram
Stoker.
Discordamos de Rezende
quando coloca a obra como um estímulo aos “...irlandeses de
todas as partes do mundo, principalmente os da América, para lutar
pela libertação de sua terra natal.”7(pg. 42)
Seria uma linguagem tão
cifrada que a maioria de seus compatriotas não conseguiria decifrar.
A nosso ver a obra é
uma crítica refinada e muito camuflada à superpotência britânica.
Como funcionário público Stoker talvez não tenha intentado ir tão
longe a ponto de se arriscar pessoalmente.
A despeito disso,
porém, admitindo a veracidade de nossa tese, isso faria de nosso
autor um nacionalista irlandês criticando a Inglaterra de dentro da
própria sociedade inglesa e, ironia fina, sendo aplaudido por ela!
FIM
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FIGUEIRA, Divalte
Garcia. História. São Paulo: Editora Ática,2002
STOKER, Bram. Drácula.
Trad. Vera M. Renoldi. São Paulo: Nova Cultural, 2002.
_____________. Drácula.
In: Os três maiores clássicos da literatura de terros. Org. Stephen
King. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
_____________. Drácula.
Trad. Theobaldo de Souza. Porto Alegre: L&PM Editora, 2009.
_____________. Drácula.
Martin Claret.
1Componentes:
Carla Oliveira, Valéria Maria, Antônio Éverton, Gerson Alves,
Robson Castro e Marcello Eduardo.
2https://pt.wikipedia.org/wiki/Bram_Stoker
3Os
Deveres dos Oficiais de Seções Petty na Irlanda (tradução
livre).
4O
Tratado Preliminar de Santo Estêvão (3 de março de 1878) foi o
acordo que o Império Russo impôs ao Império Otomano após vencer
os turcos na guerra russo-turca de 1877-1878. Foi assinado em Santo
Estêvão (grego: Agios Stephanos, atualmente Yeşilköy), vilarejo
ao oeste de Istambul, na Turquia, pelo conde Nicolau Pavlovitch
Ignatiev e Alexandre Nelidov por parte do Império Russo e pelo
ministro de assuntos exteriores Safvet Paxá e o embaixador na
Alemanha Sadullah Bey por parte do Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Santo_Est%C3%AAv%C3%A3o
5O
Tratado de Berlim, concluído em 13 de julho de 1878, foi acordado
entre as principais potências da Europa e o Império Otomano, e
determinou o estabelecimento de um verdadeiro regime de controle
permanente sobre a administração interna do império, de maneira a
garantir o que os europeus invocavam como um mínimo aceitável de
direitos, em particular a "liberdade religiosa" para os
cidadãos submetidos à lei turca[1] .
Assinado no final do
Congresso de Berlim, modificou o Tratado de Santo Estêvão, ao qual
se opunham o Reino Unido e o Império Austro-Húngaro, e que
instituía a "Bulgária Maior".
Tratado de Berlim
reconheceu a independência dos reinos da Roménia, em 1881, da
Sérvia, em 1882, de Montenegro, em 1910 e a autonomia da Bulgária,
embora esta última permanecesse sob tutela formal do Império
Otomano e fosse dividida em três partes: o Principado da Bulgária,
a província autónoma da Rumélia Oriental e a Macedónia,
devolvida aos otomanos, impedindo os planos russos para uma Bulgária
Maior russófila[2] . A província otomana da Bósnia e Herzegovina,
bem como o antigo Sanjak de Novi Pazar, foram colocados sob ocupação
austro-húngara, embora formalmente continuassem a integrar o
Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Berlim_%281878%29
6A
literatura gótica inicia-se no século XVIII, na Inglaterra, com a
obra O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole. Costuma-se
destacar, como algumas das principais características desse tipo de
literatura, os cenários medievais (castelos, igrejas, florestas,
ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros,
vilões, os criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do
passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições).
Outras leituras
possíveis da literatura gótica envolvem destacar nos romances o
uso da psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão
sexual, a deformação do corpo), do imaginário sobrenatural
(fantasmas, demônios, espectros, monstros), das reflexões sobre o
Poder (colonialismo, o papel da mulher, sexualidade), da discussão
política (monarquismo, republicanismo, as Revoluções, a
industrialização), dos aspectos religiosos (catolicismo,
protestantismo, a Inquisição, as Cruzadas), das concepções
estéticas (neoclassicismo, romantismo, o Sublime) e filosóficas (a
Natureza, Platão, Aristóteles, Rousseau), além de outras
possíveis chaves interpretativas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_g%C3%B3tica
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