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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O CÓDIGO DRÁCULA

O CÓDIGO DRÁCULA – I
Este texto nasceu a partir da pesquisa feita para um seminário de História Moderna II da UFS, apresentado em grupo no ano de 20101.
Revisitando velhos arquivos, descobri os slides daquela apresentação que, agora, transformo em um artigo.
Não quero entregar logo a conclusão a que chegamos no decorrer da pesquisa, mas posso dizer, de saída, que acreditamos na hipótese de que Bram Stoker escreveu sua obra fantástica como uma metáfora um pouco diferente das teorias já levantadas.
Assim sendo, claramente nosso primeiro foco deve ser o autor da obra. Quem foi Bram Stoker?
Abraham Stoker2 nasceu em 08/11/1847 em Dublin, Irlanda. Em 1863, aos 16 anos, ingressou no Trinity College, também em Dublin e três anos depois foi trabalhar no Castelo de Dublin, onde escreveu sua primeira obra, “Deveres dos Amanuenses e Escrivães nas Audiências para Julgamento de Pequenas Causas e Delitos na Irlanda”, um manual.
Em 1870 formou-se em Matemática, casou-se oito anos depois com Florence Balcombe, mesmo ano em que se tornou administrador do Royal Lyceum Theater.
No ano seguinte, 1879, nasceu seu único filho, Noel, e foi publicado seu primeiro livro, “The Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland”3.
Em 1882 publicou os contos Under the Sunset e somente oito anos depois, em 1890, começou a explorar o tema que o tornaria famoso: o vampirismo.
No ano seguinte publicou “O Castelo da Serpente”, em 1894 lançou The Watter´s Mou e Croken Sands e um ano depois foi a vez de The Shoulder of Shasta.
Finalmente, em 26/05/1897, foi publicada sua obra prima “Drácula”. Nos anos seguintes foram lançados “Miss Betty” (1898), “Os Sete Dedos da Morte” (1903), The Man (1904), “ Personal Reminiscences of Henry Irving” (1906), “ O Caixão da Mulher-Vampiro” (1909) e “O Monstro Branco” (1911).
Em 1905 Bram Stoker sofreu um derrame cerebral que, contudo, não impediu sua produção. No ano seguinte ao lançamento de “O Monstro Branco” porém, o autor faleceu, em 20/04/1912.
Assim, temos as primeiras pistas de nossa demanda: Bram Stoker nasceu na Irlanda, durante o período em que o país fazia parte do Reino Unido da Gran Bretanha e Irlanda, mais especificamente na época da Grande Fome, (1845-1849), período em que a população diminuiu 30%.
Foi educado em um colégio tradicionalíssimo, de origem inglesa. Muito jovem ingressou no ambiente politizado do funcionalismo público.
Na fase adulta, certamente pôde observar a atuação de Charles Stewart Parnell, político irlandês que foi membro do Parlamento Britânico, e organizou a resistência irlandesa contra o tratamento dispensado ao país pela Inglaterra.
Portanto, de posse dos primeiros indícios do nosso quebra-cabeças, vamos em frente, na busca da solução deste enigma. Esperamos ainda ter sangue correndo nas veias ao fim da jornada!
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O CÓDIGO DRÁCULA – II
Seguimos em nossa jornada para desvendar o Código Drácula. Conhecemos o autor e agora nossos caminhos vão nos levar das agitadas ruas de Dublin, passando pela enevoada Londres, até as misteriosas montanhas dos Cárpatos.
A Inglaterra, a quem a maioria dos irlandeses via como opressora, vivia sob o reinado da Rainha Vitória, na chamada Era Vitoriana, um período de expansão e enriquecimento do Império, aumento da população, sucesso da Revolução Industrial e grandes avanços tecnológicos.
Assumindo a posição de superpotência global, a Inglaterra regulava e influenciava o mundo levando sua cultura, seus produtos e seus interesses a todos os continentes.
Dentro do círculo vermelho a Inglaterra. Do outro lado da Europa, a Romênia.
A Romênia, por outro lado, era uma terra ainda semi medieval, desconhecida da maioria dos europeus, mas que provavelmente chamara a atenção dos meios mais bem informados, no qual Bram Stoker estava certamente inserido, ao conquistar o reconhecimento de sua independência em 1878, nos tratados de San Stefano4 e de Berlim5, após a guerra Russo-Turca.
É possível imaginar que foram esses eventos que chamaram a atenção de Bram Stoker sobre a Romênia e não é absurdo imaginar que este tenha tido a curiosidade de saber mais a respeito do misterioso novo país.
É, portanto, plausível crer que foi nessa pesquisa despretensiosa que os dois personagens mais importantes de nossa investigação se cruzaram. Bram Stoker finalmente encontrou o Drácula!
Mas quem era esse desconhecido príncipe valaquio que chamou a atenção do irlandês Stoker?
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O CÓDIGO STOKER – III
Vlad Draculea (Filho do Dragão), também conhecido como Vlad III ou Vlad Tepes (empalador), era filho de Vlad II Dracul e da Princesa Cneajna da Moldávia.
Nasceu em Sighisoara – Transilvânia, no ano de 1431. Como herdeiro de seu pai, foi o Voivoda (Príncipe) da Valáquia em três ocasiões: 1448, de 1456 a 1462 e em 1476.
Seu caminho até o trono, porém, foi tortuoso. Seu pai se tornou governante em 1436, quando o menino Vlad contava com cinco anos.
Oito anos depois foi entregue aos turcos como refém, passando a ser criado na corte do sultão, mas como uma espécie mais branda de prisioneiro.
Seu pai e seu irmão (Mircea) foram mortos em 1447 e no ano seguinte, com apoio turco, Vlad assumiu o trono.

Seu governo, contudo, foi curto pois no mesmo ano (1448), os húngaros o obrigaram a renunciar e fugir. Três anos depois ele aceitou se tornar um duque vassalo.
Em 1456 conseguiu reunir forças para invadir e dominar a Valaquia, passando a governar com apoio turco.
As ruínas do castelo de Tirgoviste e o Rio Arges.

Vlad estabeleceu sua sede em Tirgoviste, em um castelo às margens do Rio Arges, local onde cometia terríveis atrocidades como ferver as pessoas ou empalá-las vivas.
Em 1462 os aliados turcos tornaram-se inimigos e a guerra começou, obrigando Vlad a fugir para Transilvânia onde acabou sendo preso. Sua esposa cometeu suicídio.
Após oito anos, novamente casado, Vlad foi libertado. Dois anos depois conseguiu voltar ao poder novamente, mas terminou morto, em combate contra os turcos.
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O CÓDIGO DRÁCULA – IV
Após o “encontro”, Bram Stoker se apossou da fugira histórica de Vlad Draculea e passou a moldá-la, transformando-a em um ser sobrenatural maléfico.
Muitos teóricos concordam, e nós também, que essa transformação criou um personagem metafórico, cercado por outros de semelhante importância na representação do tempo vivido pelo autor. As supostas metáforas são variadas, diferentes, assim como a que estamos tentando demonstrar.
Entretanto, para essa demonstração, precisamos analisar a obra em busca das pistas necessárias à nossa demanda.
O livro “Drácula” é um romance da chamada Literatura Gótica6, apresentado em forma de fictícias correspondências e transcrições dos diários dos personagens.
Destes, os que nos interessam mais detidamente, e em ordem de importância, são:
CONDE DRÁCULA – Vampiro da Transilvânia que compra terras em Londres.
QUINCEY P. MORRIS – Milionário Texano, pretendente de Lucy.
MINA MURRAY HARKER – Noiva/esposa de Jonathan, vítima de Dracula.
Os demais são:
LUCY WESTENRA – Vítima do vampiro em Londres, amiga de Mina.
ABRAHAM VAN HELSING – Medico chamado para ajudar Lucy.
JONATHAN HARKER – Advogado, noivo/esposo de Mina, vai à Romênia vender terras à Dracula e torna-se seu prisioneiro.
ARTHUR HOLMWOOD – Milionário, escolhido noivo por Lucy.
JOHN SEWARD – Psiquiatra de Carfax, pretendente de Lucy.
RENFIELD – Primeiro advogado a visitar Dracula na Romênia, ele enlouquece à espera de seu mestre em Londres.
No enredo, bem resumidamente, o Conde Drácula compra terras em Londres, começa a atacar pessoas e dá o próprio sangue para Mina, a quem deseja como companheira, iniciando um processo de transformação desta em vampira.
Para combatê-lo e auxiliar o casal Mina/Jonathan Harker, unem-se os amigos John Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood, auxiliados pelo Dr. Abraham Van Helsing.
A leitura da obra vai suscitar algumas perguntas cruciais para nossas investigações:
Por que Vlad Tepes foi a figura escolhida para encarnar o Vampiro, considerando que Stoker jamais esteve na Romênia?
Por que um cientista como Van Helsing valoriza tanto o poder religioso?
Por que somente as mulheres são transformadas em vampiras?
O que faz um típico cowboy americano neste romance gótico da Era Vitoriana?
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O CÓDIGO DRÁCULA – V
Apesar das modificações, a essência do personagem histórico Vlad Tepes é mantida por Bram Stoker: alguém que persegue seu direito de governar, sanguinário, conquistador.
Isso demonstra, a nosso ver, que essas características eram buscadas especificamente pelo autor. A peculiaridade excêntrica do personagem, assim como a distância espaço temporal da realidade vitoriana também serviriam para camuflar a natureza metafórica do vampiro.
Selecionamos alguns trechos nos quais o autor define seu personagem pela “voz” do próprio:
"Anseio por percorrer as populosas ruas de sua fabulosa metrópole (…) compartilhar sua vida, suas mudanças, também sua morte…” (pg. 28)

Por acaso é de causar surpresa o fato de termos sido uma raça de conquistadores e sabido sempre exibir todo o nosso orgulho?” (pg. 37)
nós, os szekes, temos toda a razão de ser orgulhosos, pois em nossas veias corre o sangue de muitas raças audazes, que souberam lutar com fúria de leões na conquista da supremacia.” (L&PM. 2009. pg. 47)
E também porque ali dificilmente poderá haver um único metro quadrado de terreno que não tenha sido profusamente regado com o mais heterogêneo sangue humano” (pg. 37)
Um desses trechos contém, a nosso ver, uma tentativa de despiste sobre a verdadeira identidade do Vampiro:
...minha terra não é a Inglaterra. Os caminhos de nossos respectivos países nunca foram sequer semelhantes.” (Nova Cultural. 2003. pg. 29)
A presença do vampiro também insere a dicotomia Bem x Mal na obra, uma vez que representa o mal total. Por outro lado seus adversários, cheios de virtudes, seriam o bem.
Diversos autores também identificam várias outras dicotomias no decorrer da obra tais como Cristianismo x Paganismo, Anglicanismo x Catolicismo, Ciência x Superstição, Racional x Irracional, Modernidade x Tradição, Moralidade x Imoralidade, etc.
As duas principais personagens femininas são, a nosso ver, os pilares opostos da dicotomia Moralidade x Imoralidade.
A noiva/esposa de Jonathan Harker, Wilhelmina Murray Harker, é apresentada como a personificação da moral e da virtude. Professora, trabalhadora empenhada e estudiosa, planeja ser uma esposa útil para o marido.
João Bosco de Almeida Rezende, em seu TCC7, também identifica as dicotomias do Nacionalismo Inglês x Nacionalismo Irlandês no vampiro e a Emancipação Feminina x Resistência Masculina a ela em Mina, a virtuosa e avançada.

Sua melhor amiga, Lucy Westenra, porém, é retratada como uma rica fútil, dedicada às diversões, namoricos e mexericos da alta sociedade.
As demais personagens femininas de interesse são as noivas do vampiro, que vivem em seu castelo e são descritas como fisicamente diferentes:
Duas delas tinham a tez de um moreno dourado, narizes aquilinos (…) olhos grandes, profundos e penetrantes…” (pg. 45 – Nova Cultural 2003)
Mas a terceira era dotada de rara beleza (...) cabeleira de cachos dourados e olhos magníficos, da cor e com o brilho das safiras.” (Idem. pg. 45)
Em resumo, os personagens femininos são etnicamente variados, o que demonstra diferentes nacionalidades, apresentam comportamentos que vão do pudico ao devasso mas são, a despeito de tudo isso, as únicas a serem realmente transformadas em servas do vampiro.
Essa transformação se dá pela inoculação do sangue do vampiro nas vítimas.
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O CÓDIGO DRÁCULA – VI
As dicotomias são presentes em toda obra, como vimos anteriormente. Esses limites ficam tênues, porém, na figura do Dr. Van Helsing, um cientista apresentado por Stoker como “...um dos mais destacados cientistas da atualidade.8 que pesquisa o ocultismo e acredita no poder dos símbolos religiosos católicos, como a cruz, a hóstia, e no poder do alho, o que não deixaria de ser um conflito do próprio autor e isso não é novidade, já foi aventado por muitos autores, Rezende7 entre eles.
Também temos o exemplo bem explorado por Rezende, do anglicano Harker, que inicialmente não sabe o que fazer com o crucifixo que lhe foi presenteado para, algum tempo depois, encontrar nele o conforto de um católico devoto:
Ela então levantou-se e, enxugando as lágrimas dos olhos, retirou um crucifixo que trazia no pescoço e estendeu-o em minha direção. De pronto, eu não soube o que fazer, pois como adepto da Igreja Anglicana fora instruído a considerar tais objetos de certa forma como símbolo de um credo da idolatria.” (p. 13 - L&PM 2009)
Que Deus abençoe aquela boa, boníssima mulher que pendurou o crucifixo sobre o meu pescoço, pois sua simples presença material já é para mim um consolo e um refúgio de segurança...” (p. 46 - L&PM 2009)
Contudo, o que surpreende mesmo é, como já foi escrito antes, a presença de um texano, um legítimo cowboy, pretendente à mão de Lucy, no conto gótico vitoriano de Stoker.
O autor lhe atribui virtudes como força e determinação, disposição para ajudar as mulheres e presença em vários lugares do mundo, ao mesmo tempo que relaciona sua postura ao futuro de seu país de origem, os EUA:
Sou um sujeito duro na queda e, mesmo sendo derrubado, sempre caio de pé (...) Sua coragem e sua honestidade fizeram de mim um amigo seu...” (pg. 66 – Nova Cultural 2003)
Que bom sujeito é o Quincey! (...) suportou tudo como um grande herói. Se a América continuar a produzir homens assim, tornar-se-á certamente muito poderosa...” (Martin Claret, pg. 200)
É um sujeito muito bonzinho, um americano do texas, e parece tão jovem e inexperiente que mal podemos acreditar que já conhece tantos lugares. ” (pg. 75 – Martin Claret)
Creio que cheguei exatamente na hora. Basta apenas me dizerem o que terei de fazer ... O sangue de um homem bravo é a melhor coisa na terra para uma mulher em dificuldade.” (Idem, pg. 175)
E, a nosso ver o mais significativo: é o americano quem corta o pescoço do vampiro!
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O CÓDIGO DRÁCULA – FINAL
Chegou o momento de apresentar nossas conclusões. Não descartamos as outras teorias existentes, como as questões da sociedade da Era Moderna, a importância do sangue no imaginário do XIX, as transformações culturais e científicas, etc.
Mas acreditamos na plausibilidade de nossa conclusão, ao mesmo tempo em que não encontramos visão semelhante, com exceção do que já foi mencionado.
Vimos que Bram Stoker era um irlandês que nasceu e cresceu durante movimentos que opunham os interesses de seu povo aos ingleses, senhores das ilhas britânicas, o opressor Império onde o Sol jamais se punha.
A fala de Drácula, impregnada de nacionalismo, reivindica seu direito à conquista e à dominação. Sua escolha como personagem demonstra, a nosso ver, que ele não é apenas o “cara mau” desta obra, mas é o grande vilão da vida do irlandês Bram Stoker.
Drácula vampiriza, escraviza com seu sangue, conquista, domina, em cada lugar que vai sua terra impregnada de sangue vai com ele. Por quê?
Porque ele não é apenas uma representação do nacionalismo inglês, ele é a própria Inglaterra, a nação guerreira, conquistadora e opressora, que vampiriza a Irlanda, que a dominava quando esta definhava de fome, que virou as costas à Igreja, que engana, conspira, que faz uso dos mares e dos ventos que impelem sua força naval!
Drácula/Inglaterra miscigena seu sangue em suas colônias, tornando-as suas escravas. Esses domínios jamais vêem o pôr-do-Sol, o que Stoker subverte, fazendo do vampiro um inimigo da Luz.
As mulheres da obra de Stoker são as vítimas preferidas de Drácula. Ele quer sangue e escravas.
Mina, enquanto mocinha virtuosa, trabalhadora e pobre, é a Irlanda de Bram Stoker. As demais mulheres, tão diferenciadas entre si, são as outras colônias inglesas.
O ato de contaminar essas mulheres, tornando-as suas escravas, representa a miscigenação, já mencionada, mas também a influência cultural inglesa que se espalha corrompendo os valores caros ao autor.
Mina, que resiste, auxiliando os amigos, é a esperança de Stoker. O autor coloca seu país na vanguarda da luta contra o “mal”.
A fé católica, mostrando sua força perante o anglicanismo, age como força de salvação, como ponto de união dos irlandeses contra a vampirização inglesa, contra aqueles que adotaram uma nova religião.
Do irlandês Stoker, não poderíamos esperar nada diferente, embora possamos notar seus desejos de uma união com a ciência, o que certamente demonstra seu encanto e cuidado com os avanços de seu tempo.
O cowboy americano é jovem, viril, ainda puro e destemido. Suas andanças fazem dele um cidadão do mundo que não teme oferecer o próprio sangue em auxílio às mulheres.
É ele quem transpassa o coração do vampiro e liberta o mundo do opressor. É o herói de Bram Stoker.
Rezende defende que Stoker percebe a "...crescente relevância dos Estados Unidos no cenário mundial..."7 (pg. 42), e concordamos com ele. Para nós o cowboy é os Estados Unidos, que venceu os ingleses, terra da liberdade para onde acorrem levas de irlandeses em busca de paz, em quem Stoker deposita a fé em uma contraposição aos ingleses no mundo. Fé na Liberdade.
Sua morte, ao final, para nós representa apenas um desfecho heroico. O que importa, contudo, é a projeção dos EUA como uma nação poderosa no futuro, já citada antes.
Esta é, portanto, nossa visão a respeito do que pode estar por trás da obra de Bram Stoker.
Discordamos de Rezende quando coloca a obra como um estímulo aos “...irlandeses de todas as partes do mundo, principalmente os da América, para lutar pela libertação de sua terra natal.7(pg. 42)

Seria uma linguagem tão cifrada que a maioria de seus compatriotas não conseguiria decifrar.

A nosso ver a obra é uma crítica refinada e muito camuflada à superpotência britânica. Como funcionário público Stoker talvez não tenha intentado ir tão longe a ponto de se arriscar pessoalmente.

A despeito disso, porém, admitindo a veracidade de nossa tese, isso faria de nosso autor um nacionalista irlandês criticando a Inglaterra de dentro da própria sociedade inglesa e, ironia fina, sendo aplaudido por ela!
FIM

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Editora Ática,2002
STOKER, Bram. Drácula. Trad. Vera M. Renoldi. São Paulo: Nova Cultural, 2002.
_____________. Drácula. In: Os três maiores clássicos da literatura de terros. Org. Stephen King. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
_____________. Drácula. Trad. Theobaldo de Souza. Porto Alegre: L&PM Editora, 2009.
_____________. Drácula. Martin Claret.
1Componentes: Carla Oliveira, Valéria Maria, Antônio Éverton, Gerson Alves, Robson Castro e Marcello Eduardo.
2https://pt.wikipedia.org/wiki/Bram_Stoker
3Os Deveres dos Oficiais de Seções Petty na Irlanda (tradução livre).
4O Tratado Preliminar de Santo Estêvão (3 de março de 1878) foi o acordo que o Império Russo impôs ao Império Otomano após vencer os turcos na guerra russo-turca de 1877-1878. Foi assinado em Santo Estêvão (grego: Agios Stephanos, atualmente Yeşilköy), vilarejo ao oeste de Istambul, na Turquia, pelo conde Nicolau Pavlovitch Ignatiev e Alexandre Nelidov por parte do Império Russo e pelo ministro de assuntos exteriores Safvet Paxá e o embaixador na Alemanha Sadullah Bey por parte do Império Otomano.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Santo_Est%C3%AAv%C3%A3o

5O Tratado de Berlim, concluído em 13 de julho de 1878, foi acordado entre as principais potências da Europa e o Império Otomano, e determinou o estabelecimento de um verdadeiro regime de controle permanente sobre a administração interna do império, de maneira a garantir o que os europeus invocavam como um mínimo aceitável de direitos, em particular a "liberdade religiosa" para os cidadãos submetidos à lei turca[1] .

Assinado no final do Congresso de Berlim, modificou o Tratado de Santo Estêvão, ao qual se opunham o Reino Unido e o Império Austro-Húngaro, e que instituía a "Bulgária Maior".

Tratado de Berlim reconheceu a independência dos reinos da Roménia, em 1881, da Sérvia, em 1882, de Montenegro, em 1910 e a autonomia da Bulgária, embora esta última permanecesse sob tutela formal do Império Otomano e fosse dividida em três partes: o Principado da Bulgária, a província autónoma da Rumélia Oriental e a Macedónia, devolvida aos otomanos, impedindo os planos russos para uma Bulgária Maior russófila[2] . A província otomana da Bósnia e Herzegovina, bem como o antigo Sanjak de Novi Pazar, foram colocados sob ocupação austro-húngara, embora formalmente continuassem a integrar o Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Berlim_%281878%29

6A literatura gótica inicia-se no século XVIII, na Inglaterra, com a obra O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole. Costuma-se destacar, como algumas das principais características desse tipo de literatura, os cenários medievais (castelos, igrejas, florestas, ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros, vilões, os criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições).

Outras leituras possíveis da literatura gótica envolvem destacar nos romances o uso da psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão sexual, a deformação do corpo), do imaginário sobrenatural (fantasmas, demônios, espectros, monstros), das reflexões sobre o Poder (colonialismo, o papel da mulher, sexualidade), da discussão política (monarquismo, republicanismo, as Revoluções, a industrialização), dos aspectos religiosos (catolicismo, protestantismo, a Inquisição, as Cruzadas), das concepções estéticas (neoclassicismo, romantismo, o Sublime) e filosóficas (a Natureza, Platão, Aristóteles, Rousseau), além de outras possíveis chaves interpretativas.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_g%C3%B3tica

7(p. 119 – L&PM 2009)

8REZENDE, João Bosco de Almeida. Por trás das sombras: uma análise das representações em Drácula. UFS, São Cristóvão, 2007


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