O CÓDIGO DRÁCULA – I
Este texto nasceu a partir da
pesquisa feita para um seminário de História Moderna II da UFS,
apresentado em grupo no ano de 20101.
Revisitando velhos arquivos,
descobri os slides daquela apresentação que, agora, transformo em
um artigo.
Não quero entregar logo a conclusão
a que chegamos no decorrer da pesquisa, mas posso dizer, de saída,
que acreditamos na hipótese de que Bram Stoker escreveu sua obra
fantástica como uma metáfora um pouco diferente das teorias já levantadas.
Assim sendo, claramente nosso
primeiro foco deve ser o autor da obra. Quem foi Bram Stoker?
Abraham Stoker2
nasceu em 08/11/1847 em Dublin, Irlanda. Em 1863, aos 16 anos,
ingressou no Trinity College, também em Dublin e três anos depois
foi trabalhar no Castelo de Dublin, onde escreveu sua primeira obra,
“Deveres dos Amanuenses e Escrivães nas Audiências para
Julgamento de Pequenas Causas e Delitos na Irlanda”, um manual.
Em 1870 formou-se em Matemática,
casou-se oito anos depois com Florence Balcombe, mesmo ano em que se
tornou administrador do Royal Lyceum Theater.
No ano seguinte, 1879, nasceu seu
único filho, Noel, e foi publicado seu primeiro livro, “The
Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland”3.
Em 1882 publicou os contos Under the
Sunset e somente oito anos depois, em 1890, começou a explorar o
tema que o tornaria famoso: o vampirismo.
No ano seguinte publicou “O
Castelo da Serpente”, em 1894 lançou The Watter´s Mou e Croken
Sands e um ano depois foi a vez de The Shoulder of Shasta.
Finalmente, em 26/05/1897, foi
publicada sua obra prima “Drácula”. Nos anos seguintes foram
lançados “Miss Betty” (1898), “Os Sete Dedos da Morte”
(1903), The Man (1904), “ Personal Reminiscences of Henry Irving”
(1906), “ O Caixão da Mulher-Vampiro” (1909) e “O Monstro
Branco” (1911).
Em 1905 Bram Stoker sofreu um
derrame cerebral que, contudo, não impediu sua produção. No ano
seguinte ao lançamento de “O Monstro Branco” porém, o autor
faleceu, em 20/04/1912.
Assim, temos as primeiras pistas de
nossa demanda: Bram Stoker nasceu na Irlanda, durante o período em
que o país fazia parte do Reino Unido da Gran Bretanha e Irlanda,
mais especificamente na época da Grande Fome, (1845-1849), período em
que a população diminuiu 30%.
Foi educado em um colégio
tradicionalíssimo, de origem inglesa. Muito jovem ingressou no
ambiente politizado do funcionalismo público.
Na fase adulta, certamente pôde
observar a atuação de Charles Stewart Parnell, político irlandês
que foi membro do Parlamento Britânico, e organizou a resistência
irlandesa contra o tratamento dispensado ao país pela Inglaterra.
Portanto, de posse dos primeiros
indícios do nosso quebra-cabeças, vamos em frente, na busca da
solução deste enigma. Esperamos ainda ter sangue correndo nas veias
ao fim da jornada!
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O CÓDIGO DRÁCULA – II
Seguimos em nossa jornada para
desvendar o Código Drácula. Conhecemos o autor e agora nossos
caminhos vão nos levar das agitadas ruas de Dublin, passando pela
enevoada Londres, até as misteriosas montanhas dos Cárpatos.
A Inglaterra, a quem a maioria dos
irlandeses via como opressora, vivia sob o reinado da Rainha
Vitória, na chamada Era Vitoriana, um período de expansão e
enriquecimento do Império, aumento da população, sucesso da
Revolução Industrial e grandes avanços tecnológicos.
Assumindo a posição de
superpotência global, a Inglaterra regulava e influenciava o mundo
levando sua cultura, seus produtos e seus interesses a todos os
continentes.
Dentro do círculo vermelho a Inglaterra. Do outro lado da Europa, a Romênia. |
É possível imaginar que foram
esses eventos que chamaram a atenção de Bram Stoker sobre a Romênia
e não é absurdo imaginar que este tenha tido a curiosidade de saber
mais a respeito do misterioso novo país.
É, portanto, plausível crer que
foi nessa pesquisa despretensiosa que os dois personagens mais
importantes de nossa investigação se cruzaram. Bram Stoker
finalmente encontrou o Drácula!
Mas quem era esse desconhecido
príncipe valaquio que chamou a atenção do irlandês Stoker?
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Vlad Draculea (Filho do Dragão),
também conhecido como Vlad III ou Vlad Tepes (empalador), era filho
de Vlad II Dracul e da Princesa Cneajna da Moldávia.
Nasceu em Sighisoara –
Transilvânia, no ano de 1431. Como herdeiro de seu pai, foi o
Voivoda (Príncipe) da Valáquia em três ocasiões: 1448, de 1456 a
1462 e em 1476.
Seu caminho até o trono, porém,
foi tortuoso. Seu pai se tornou governante em 1436, quando o menino
Vlad contava com cinco anos.
Oito anos depois foi entregue aos
turcos como refém, passando a ser criado na corte do sultão, mas
como uma espécie mais branda de prisioneiro.
Seu pai e seu irmão (Mircea) foram
mortos em 1447 e no ano seguinte, com apoio turco, Vlad assumiu o
trono.
Seu governo, contudo, foi curto pois no mesmo ano (1448), os húngaros o obrigaram a renunciar e fugir. Três anos depois ele aceitou se tornar um duque vassalo.
Em 1456 conseguiu reunir forças para
invadir e dominar a Valaquia, passando a governar com apoio turco.
As ruínas do castelo de Tirgoviste e o Rio Arges. |
Vlad estabeleceu sua sede em Tirgoviste, em um castelo às margens do Rio Arges, local onde cometia terríveis atrocidades como ferver as pessoas ou empalá-las vivas.
Em 1462 os aliados turcos
tornaram-se inimigos e a guerra começou, obrigando Vlad a fugir para
Transilvânia onde acabou sendo preso. Sua esposa cometeu suicídio.
Após oito anos, novamente casado,
Vlad foi libertado. Dois anos depois conseguiu voltar ao poder
novamente, mas terminou morto, em combate contra os turcos.
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O CÓDIGO DRÁCULA – IV
Após o “encontro”,
Bram Stoker se apossou da fugira histórica de Vlad Draculea e passou
a moldá-la, transformando-a em um ser sobrenatural maléfico.
Muitos teóricos concordam, e nós também, que essa
transformação criou um personagem metafórico, cercado por outros
de semelhante importância na representação do tempo vivido pelo
autor. As supostas metáforas são variadas, diferentes, assim como a que estamos tentando demonstrar.
Entretanto, para essa
demonstração, precisamos analisar a obra em busca das pistas necessárias à nossa demanda.
O livro “Drácula”
é um romance da chamada Literatura Gótica6,
apresentado em forma de fictícias correspondências e transcrições
dos diários dos personagens.
Destes, os que
nos interessam mais detidamente, e em ordem de importância, são:
CONDE DRÁCULA –
Vampiro da Transilvânia que compra terras em Londres.
QUINCEY P. MORRIS –
Milionário Texano, pretendente de Lucy.
MINA MURRAY HARKER –
Noiva/esposa de Jonathan, vítima de Dracula.
LUCY WESTENRA –
Vítima do vampiro em Londres, amiga de Mina.
ABRAHAM VAN HELSING –
Medico chamado para ajudar Lucy.
JONATHAN HARKER –
Advogado, noivo/esposo de Mina, vai à Romênia vender terras à
Dracula e torna-se seu prisioneiro.
ARTHUR HOLMWOOD –
Milionário, escolhido noivo por Lucy.
JOHN SEWARD –
Psiquiatra de Carfax, pretendente de Lucy.
RENFIELD – Primeiro
advogado a visitar Dracula na Romênia, ele enlouquece à espera de
seu mestre em Londres.
No enredo, bem resumidamente, o Conde
Drácula compra terras em Londres, começa a atacar pessoas e dá o
próprio sangue para Mina, a quem deseja como companheira,
iniciando um processo de transformação desta em vampira.
Para combatê-lo e
auxiliar o casal Mina/Jonathan Harker, unem-se os amigos John
Seward, Quincey Morris e Arthur Holmwood, auxiliados pelo Dr.
Abraham Van Helsing.
A leitura da obra vai
suscitar algumas perguntas cruciais para nossas investigações:
Por que Vlad Tepes foi
a figura escolhida para encarnar o Vampiro, considerando que Stoker
jamais esteve na Romênia?
Por que um cientista
como Van Helsing valoriza tanto o poder religioso?
Por que somente as
mulheres são transformadas em vampiras?
O que faz um típico
cowboy americano neste romance gótico da Era Vitoriana?
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O CÓDIGO DRÁCULA – V
Apesar das
modificações, a essência do personagem histórico Vlad Tepes é
mantida por Bram Stoker: alguém que persegue seu direito de
governar, sanguinário, conquistador.
Isso demonstra, a nosso
ver, que essas características eram buscadas especificamente pelo
autor. A peculiaridade excêntrica do personagem, assim como a
distância espaço temporal da realidade vitoriana também serviriam
para camuflar a natureza metafórica do vampiro.
Selecionamos alguns
trechos nos quais o autor define seu personagem pela “voz” do
próprio:
"Anseio por
percorrer as populosas ruas de sua fabulosa metrópole (…)
compartilhar sua vida, suas mudanças, também sua morte…”
(pg. 28)
“Por acaso é de
causar surpresa o fato de termos sido uma raça de conquistadores e
sabido sempre exibir todo o nosso orgulho?”
(pg. 37)
“nós, os szekes,
temos toda a razão de ser orgulhosos, pois em nossas veias corre o
sangue de muitas raças audazes, que souberam lutar com fúria de
leões na conquista da supremacia.”
(L&PM. 2009. pg. 47)
“E também porque
ali dificilmente poderá haver um único metro quadrado de terreno
que não tenha sido profusamente regado com o mais heterogêneo
sangue humano”
(pg. 37)
Um desses trechos
contém, a nosso ver, uma tentativa de despiste sobre a verdadeira
identidade do Vampiro:
“...minha terra
não é a Inglaterra. Os caminhos de nossos respectivos países nunca
foram sequer semelhantes.”
(Nova Cultural. 2003. pg. 29)
A presença do vampiro
também insere a dicotomia Bem x Mal na obra, uma vez que representa
o mal total. Por outro lado seus adversários, cheios de virtudes,
seriam o bem.
Diversos autores também identificam várias outras dicotomias no decorrer da obra tais como Cristianismo
x Paganismo, Anglicanismo x Catolicismo, Ciência x Superstição,
Racional x Irracional, Modernidade x Tradição, Moralidade x
Imoralidade, etc.
As duas principais
personagens femininas são, a nosso ver, os pilares opostos da dicotomia
Moralidade x Imoralidade.
A noiva/esposa de
Jonathan Harker, Wilhelmina Murray Harker, é apresentada como a
personificação da moral e da virtude. Professora, trabalhadora
empenhada e estudiosa, planeja ser uma esposa útil para o marido.
João Bosco de Almeida Rezende, em
seu TCC7,
também identifica as dicotomias do Nacionalismo Inglês x
Nacionalismo Irlandês no vampiro e a Emancipação Feminina x Resistência
Masculina a ela em Mina, a virtuosa e avançada.
Sua melhor amiga, Lucy Westenra,
porém, é retratada como uma rica fútil, dedicada às diversões,
namoricos e mexericos da alta sociedade.
As demais personagens
femininas de interesse são as noivas do vampiro, que vivem em seu
castelo e são descritas como fisicamente diferentes:
“Duas delas tinham
a tez de um moreno dourado, narizes aquilinos (…) olhos grandes,
profundos e penetrantes…”
(pg. 45 – Nova Cultural 2003)
“Mas a terceira
era dotada de rara beleza (...) cabeleira de cachos dourados e olhos
magníficos, da cor e com o brilho das safiras.” (Idem.
pg. 45)
Em resumo, os
personagens femininos são etnicamente variados, o que demonstra
diferentes nacionalidades, apresentam comportamentos que vão do
pudico ao devasso mas são, a despeito de tudo isso, as únicas a
serem realmente transformadas em servas do vampiro.
Essa transformação se
dá pela inoculação do sangue do vampiro nas vítimas.
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O CÓDIGO DRÁCULA –
VI
As dicotomias são
presentes em toda obra, como vimos anteriormente. Esses limites ficam
tênues, porém, na figura do Dr. Van Helsing, um cientista
apresentado por Stoker como “...um
dos mais destacados cientistas da atualidade.”8
que pesquisa o ocultismo e acredita no poder dos símbolos religiosos
católicos, como a cruz, a hóstia, e no poder do alho, o que não deixaria de ser um conflito do próprio autor e isso não é novidade, já foi aventado por muitos autores, Rezende7 entre eles.
Também temos o exemplo
bem explorado por Rezende, do anglicano Harker, que inicialmente não sabe o que fazer com o
crucifixo que lhe foi presenteado para, algum tempo depois, encontrar
nele o conforto de um católico devoto:
“Ela então
levantou-se e, enxugando as lágrimas dos olhos, retirou um crucifixo
que trazia no pescoço e estendeu-o em minha direção. De pronto, eu
não soube o que fazer, pois como adepto da Igreja Anglicana fora
instruído a considerar tais objetos de certa forma como símbolo de
um credo da idolatria.”
(p. 13 - L&PM 2009)
“Que Deus abençoe
aquela boa, boníssima mulher que pendurou o crucifixo sobre o meu
pescoço, pois sua simples presença material já é para mim um
consolo e um refúgio de segurança...”
(p. 46 - L&PM 2009)
Contudo, o que surpreende mesmo é,
como já foi escrito antes, a presença de um texano, um legítimo
cowboy, pretendente à mão de Lucy, no conto gótico vitoriano de
Stoker.
O autor lhe atribui virtudes como
força e determinação, disposição para ajudar as mulheres e
presença em vários lugares do mundo, ao mesmo tempo que relaciona
sua postura ao futuro de seu país de origem, os EUA:
“Sou um sujeito duro na queda
e, mesmo sendo derrubado, sempre caio de pé (...) Sua coragem e sua
honestidade fizeram de mim um amigo seu...” (pg.
66 – Nova Cultural 2003)
“Que bom sujeito é o Quincey!
(...) suportou tudo como um grande herói. Se a América continuar a
produzir homens assim, tornar-se-á certamente muito poderosa...”
(Martin Claret, pg. 200)
“É um sujeito muito bonzinho,
um americano do texas, e parece tão jovem e inexperiente que mal
podemos acreditar que já conhece tantos lugares. ”
(pg. 75 – Martin Claret)
“Creio que cheguei exatamente
na hora. Basta apenas me dizerem o que terei de fazer ... O sangue de
um homem bravo é a melhor coisa na terra para uma mulher em
dificuldade.” (Idem,
pg. 175)
E, a nosso ver o mais significativo:
é o americano quem corta o pescoço do vampiro!
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O CÓDIGO DRÁCULA –
FINAL
Chegou o momento de
apresentar nossas conclusões. Não descartamos as outras teorias
existentes, como as questões da sociedade da Era Moderna, a
importância do sangue no imaginário do XIX, as transformações
culturais e científicas, etc.
Mas acreditamos na
plausibilidade de nossa conclusão, ao mesmo tempo em que não
encontramos visão semelhante, com exceção do que já foi mencionado.
Vimos que Bram Stoker
era um irlandês que nasceu e cresceu durante movimentos que opunham
os interesses de seu povo aos ingleses, senhores das ilhas
britânicas, o opressor Império onde o Sol jamais se punha.
A fala de Drácula,
impregnada de nacionalismo, reivindica seu direito à conquista e à
dominação. Sua escolha como personagem demonstra, a nosso ver, que
ele não é apenas o “cara mau” desta obra, mas é o grande vilão
da vida do irlandês Bram Stoker.
Drácula vampiriza,
escraviza com seu sangue, conquista, domina, em cada lugar que vai
sua terra impregnada de sangue vai com ele. Por quê?
Porque ele não é apenas uma representação do nacionalismo inglês, ele é a
própria Inglaterra, a nação guerreira, conquistadora e opressora, que
vampiriza a Irlanda, que a dominava quando esta definhava de fome,
que virou as costas à Igreja, que engana, conspira, que faz uso dos
mares e dos ventos que impelem sua força naval!
Drácula/Inglaterra
miscigena seu sangue em suas colônias, tornando-as suas escravas.
Esses domínios jamais vêem o pôr-do-Sol, o que Stoker subverte,
fazendo do vampiro um inimigo da Luz.
As mulheres da obra de
Stoker são as vítimas preferidas de Drácula. Ele quer sangue e
escravas.
Mina, enquanto mocinha
virtuosa, trabalhadora e pobre, é a Irlanda de Bram Stoker. As
demais mulheres, tão diferenciadas entre si, são as outras colônias
inglesas.
O ato de contaminar
essas mulheres, tornando-as suas escravas, representa a miscigenação, já mencionada, mas também a influência cultural inglesa que se espalha
corrompendo os valores caros ao autor.
Mina, que resiste,
auxiliando os amigos, é a esperança de Stoker. O autor coloca seu
país na vanguarda da luta contra o “mal”.
A fé católica,
mostrando sua força perante o anglicanismo, age como força de
salvação, como ponto de união dos irlandeses contra a vampirização
inglesa, contra aqueles que adotaram uma nova religião.
Do irlandês Stoker,
não poderíamos esperar nada diferente, embora possamos notar seus
desejos de uma união com a ciência, o que certamente demonstra seu
encanto e cuidado com os avanços de seu tempo.
O cowboy americano é
jovem, viril, ainda puro e destemido. Suas andanças fazem dele um
cidadão do mundo que não teme oferecer o próprio sangue em auxílio
às mulheres.
É ele quem transpassa
o coração do vampiro e liberta o mundo do opressor. É o herói de
Bram Stoker.
Rezende defende que Stoker percebe a "...crescente relevância dos Estados Unidos no cenário mundial..."7 (pg. 42), e concordamos com ele. Para nós o cowboy é os Estados
Unidos, que venceu os ingleses, terra da liberdade para onde acorrem
levas de irlandeses em busca de paz, em quem Stoker deposita a fé em
uma contraposição aos ingleses no mundo. Fé na Liberdade.
Sua morte, ao final,
para nós representa apenas um desfecho heroico. O que importa, contudo, é a
projeção dos EUA como uma nação poderosa no futuro, já citada
antes.
Esta é, portanto,
nossa visão a respeito do que pode estar por trás da obra de Bram
Stoker.
Discordamos de Rezende
quando coloca a obra como um estímulo aos “...irlandeses de
todas as partes do mundo, principalmente os da América, para lutar
pela libertação de sua terra natal.”7(pg. 42)
Seria uma linguagem tão
cifrada que a maioria de seus compatriotas não conseguiria decifrar.
A nosso ver a obra é
uma crítica refinada e muito camuflada à superpotência britânica.
Como funcionário público Stoker talvez não tenha intentado ir tão
longe a ponto de se arriscar pessoalmente.
A despeito disso,
porém, admitindo a veracidade de nossa tese, isso faria de nosso
autor um nacionalista irlandês criticando a Inglaterra de dentro da
própria sociedade inglesa e, ironia fina, sendo aplaudido por ela!
FIM
REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO
FIGUEIRA, Divalte
Garcia. História. São Paulo: Editora Ática,2002
STOKER, Bram. Drácula.
Trad. Vera M. Renoldi. São Paulo: Nova Cultural, 2002.
_____________. Drácula.
In: Os três maiores clássicos da literatura de terros. Org. Stephen
King. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
_____________. Drácula.
Trad. Theobaldo de Souza. Porto Alegre: L&PM Editora, 2009.
_____________. Drácula.
Martin Claret.
1Componentes:
Carla Oliveira, Valéria Maria, Antônio Éverton, Gerson Alves,
Robson Castro e Marcello Eduardo.
2https://pt.wikipedia.org/wiki/Bram_Stoker
3Os
Deveres dos Oficiais de Seções Petty na Irlanda (tradução
livre).
4O
Tratado Preliminar de Santo Estêvão (3 de março de 1878) foi o
acordo que o Império Russo impôs ao Império Otomano após vencer
os turcos na guerra russo-turca de 1877-1878. Foi assinado em Santo
Estêvão (grego: Agios Stephanos, atualmente Yeşilköy), vilarejo
ao oeste de Istambul, na Turquia, pelo conde Nicolau Pavlovitch
Ignatiev e Alexandre Nelidov por parte do Império Russo e pelo
ministro de assuntos exteriores Safvet Paxá e o embaixador na
Alemanha Sadullah Bey por parte do Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Santo_Est%C3%AAv%C3%A3o
5O
Tratado de Berlim, concluído em 13 de julho de 1878, foi acordado
entre as principais potências da Europa e o Império Otomano, e
determinou o estabelecimento de um verdadeiro regime de controle
permanente sobre a administração interna do império, de maneira a
garantir o que os europeus invocavam como um mínimo aceitável de
direitos, em particular a "liberdade religiosa" para os
cidadãos submetidos à lei turca[1] .
Assinado no final do
Congresso de Berlim, modificou o Tratado de Santo Estêvão, ao qual
se opunham o Reino Unido e o Império Austro-Húngaro, e que
instituía a "Bulgária Maior".
Tratado de Berlim
reconheceu a independência dos reinos da Roménia, em 1881, da
Sérvia, em 1882, de Montenegro, em 1910 e a autonomia da Bulgária,
embora esta última permanecesse sob tutela formal do Império
Otomano e fosse dividida em três partes: o Principado da Bulgária,
a província autónoma da Rumélia Oriental e a Macedónia,
devolvida aos otomanos, impedindo os planos russos para uma Bulgária
Maior russófila[2] . A província otomana da Bósnia e Herzegovina,
bem como o antigo Sanjak de Novi Pazar, foram colocados sob ocupação
austro-húngara, embora formalmente continuassem a integrar o
Império Otomano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Berlim_%281878%29
6A
literatura gótica inicia-se no século XVIII, na Inglaterra, com a
obra O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole. Costuma-se
destacar, como algumas das principais características desse tipo de
literatura, os cenários medievais (castelos, igrejas, florestas,
ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros,
vilões, os criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do
passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições).
Outras leituras
possíveis da literatura gótica envolvem destacar nos romances o
uso da psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão
sexual, a deformação do corpo), do imaginário sobrenatural
(fantasmas, demônios, espectros, monstros), das reflexões sobre o
Poder (colonialismo, o papel da mulher, sexualidade), da discussão
política (monarquismo, republicanismo, as Revoluções, a
industrialização), dos aspectos religiosos (catolicismo,
protestantismo, a Inquisição, as Cruzadas), das concepções
estéticas (neoclassicismo, romantismo, o Sublime) e filosóficas (a
Natureza, Platão, Aristóteles, Rousseau), além de outras
possíveis chaves interpretativas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_g%C3%B3tica
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