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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O CÓDIGO DRÁCULA – VI


O CÓDIGO DRÁCULA – VI
As dicotomias são presentes em toda obra, como vimos anteriormente. Esses limites ficam tênues, porém, na figura do Dr. Van Helsing, um cientista apresentado por Stoker como “...um dos mais destacados cientistas da atualidade.8 que pesquisa o ocultismo e acredita no poder dos símbolos religiosos católicos, como a cruz, a hóstia, e no poder do alho, o que não deixaria de ser um conflito do próprio autor e isso não é novidade, já foi aventado por muitos autores, Rezende7 entre eles.
Também temos o exemplo bem explorado por Rezende, do anglicano Harker, que inicialmente não sabe o que fazer com o crucifixo que lhe foi presenteado para, algum tempo depois, encontrar nele o conforto de um católico devoto:
Ela então levantou-se e, enxugando as lágrimas dos olhos, retirou um crucifixo que trazia no pescoço e estendeu-o em minha direção. De pronto, eu não soube o que fazer, pois como adepto da Igreja Anglicana fora instruído a considerar tais objetos de certa forma como símbolo de um credo da idolatria.” (p. 13 - L&PM 2009)
Que Deus abençoe aquela boa, boníssima mulher que pendurou o crucifixo sobre o meu pescoço, pois sua simples presença material já é para mim um consolo e um refúgio de segurança...” (p. 46 - L&PM 2009)
Contudo, o que surpreende mesmo é, como já foi escrito antes, a presença de um texano, um legítimo cowboy, pretendente à mão de Lucy, no conto gótico vitoriano de Stoker.
O autor lhe atribui virtudes como força e determinação, disposição para ajudar as mulheres e presença em vários lugares do mundo, ao mesmo tempo que relaciona sua postura ao futuro de seu país de origem, os EUA:
Sou um sujeito duro na queda e, mesmo sendo derrubado, sempre caio de pé (...) Sua coragem e sua honestidade fizeram de mim um amigo seu...” (pg. 66 – Nova Cultural 2003)
Que bom sujeito é o Quincey! (...) suportou tudo como um grande herói. Se a América continuar a produzir homens assim, tornar-se-á certamente muito poderosa...” (Martin Claret, pg. 200)
É um sujeito muito bonzinho, um americano do texas, e parece tão jovem e inexperiente que mal podemos acreditar que já conhece tantos lugares. ” (pg. 75 – Martin Claret)
Creio que cheguei exatamente na hora. Basta apenas me dizerem o que terei de fazer ... O sangue de um homem bravo é a melhor coisa na terra para uma mulher em dificuldade.” (Idem, pg. 175)
E, a nosso ver o mais significativo: é o americano quem corta o pescoço do vampiro!
Continua...

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