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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

VISÕES DA INCONFIDÊNCIA - Final

TIRADENTES NO CINEMA
OS INCONFIDENTES – 1972”
Dirigido por Joaquim Pedro de Andrade o filme Os Inconfidentes (1972), com José Wilker no papel de Tiradentes, faz uso, em seu roteiro, dos Autos da Devassa, A Poesia dos Inconfidentes - Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga - e o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. O roteiro foi escrito pelo próprio diretor em parceria com Eduardo Escorel e embora um documento oficial figure entre as fontes, a obra não pode ser vista como um filme histórico comum.
No ano de seu lançamento, em que se comemoravam os 150 anos da Independência, com o Governo Médici fazendo uso do AI-5 com muito empenho, podemos notar que a figura de Tiradentes e seus parceiros é meticulosamente destruída. O alferes é motivo de piada e desconfiança por parte de todos, gabolice e covardia, interesses e ingenuidade são a tônica dos “heróicos” encontros dos rebeldes, alguns deles mostrados como donos de escravos.
A figura de Tiradentes é demolida e arrastada pelo chão, tentando, a princípio, negar suas atitudes, para depois surgir assumindo a culpa de tudo. O filme é conduzido para a cena da execução que se faz como uma representação teatral e os últimos momentos trazem imagens de desfiles e eventos cívicos em Minas Gerais, com a narrativa de um locutor típico do regime militar, aparente tentativa de ser irônico e, ao mesmo tempo, satisfazer aos censores do governo.
Assim sendo notamos, por todas estas visões, que Tiradentes é um mito construído atendendo a interesses específicos de um grupo e de uma época. Notamos ainda que este mito vem sendo desconstruído por todos os historiadores que se debruçam sobre o tema, mesmo que suas visões sejam, muitas vezes, divergentes. Os grupos agora são outros, novos interesses de uma nova época.
FIM

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


ANDRADE, Joaquim Pedro de. Os Inconfidentes. Filmes do Cerro. 1972


CARVALHO, José Murilo de. Tiradentes: Um Herói para a República in: A Formação das Almas. Cia. das Letras.


FAUSTO, Boris. História do Brasil. (6ª ed.) São Paulo: Edusp, 1998


FURTADO, João P. O manto de Penélope; História, mito e memória da Inconfidência Mineira de 1788-9. (1ª ed.) São Paulo: Cia das Letras, 2002


_________________. Verbete Inconfidência Mineira. Disponível em:

http://www.fafich.ufmg.br/pae/apoio/verbeteinconfidenciamineira.pdf

Cap. em: 13/10/2009


GANCHO, Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Vilhena de. Inconfidência mineira. São Paulo: Ática, 1991.


MAXWELL, Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira, Brasil - Portugal, 1750-1808. (1ª. ed. 1973). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.


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