TIRADENTES
NO CINEMA
“OS
INCONFIDENTES – 1972”
Dirigido
por Joaquim Pedro de Andrade o filme Os Inconfidentes (1972), com
José Wilker no papel de Tiradentes, faz uso, em seu roteiro, dos
Autos da Devassa, A Poesia dos Inconfidentes - Alvarenga Peixoto,
Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga - e o Romanceiro
da Inconfidência, de Cecília Meireles. O roteiro foi escrito pelo
próprio diretor em parceria com Eduardo Escorel e embora um
documento oficial figure entre as fontes, a obra não pode ser vista
como um filme histórico comum.
No
ano de seu lançamento, em que se comemoravam os 150 anos da
Independência, com o Governo Médici fazendo uso do AI-5 com muito
empenho, podemos notar que a figura de Tiradentes e seus parceiros é
meticulosamente destruída. O alferes é motivo de piada e
desconfiança por parte de todos, gabolice e covardia, interesses e
ingenuidade são a tônica dos “heróicos” encontros dos
rebeldes, alguns deles mostrados como donos de escravos.
A
figura de Tiradentes é demolida e arrastada pelo chão, tentando, a
princípio, negar suas atitudes, para depois surgir assumindo a culpa
de tudo. O filme é conduzido para a cena da execução que se faz
como uma representação teatral e os últimos momentos trazem
imagens de desfiles e eventos cívicos em Minas Gerais, com a
narrativa de um locutor típico do regime militar, aparente tentativa
de ser irônico e, ao mesmo tempo, satisfazer aos censores do
governo.
Assim
sendo notamos, por todas estas visões, que Tiradentes é um mito
construído atendendo a interesses específicos de um grupo e de uma
época. Notamos ainda que este mito vem sendo desconstruído por
todos os historiadores que se debruçam sobre o tema, mesmo que suas
visões sejam, muitas vezes, divergentes. Os grupos agora são
outros, novos interesses de uma nova época.
FIM
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
ANDRADE,
Joaquim Pedro de. Os Inconfidentes. Filmes do Cerro. 1972
CARVALHO,
José Murilo de. Tiradentes: Um Herói para a República in: A
Formação das Almas. Cia. das Letras.
FAUSTO,
Boris. História do Brasil. (6ª ed.) São Paulo: Edusp, 1998
FURTADO,
João P. O manto de Penélope; História, mito e memória da
Inconfidência Mineira de 1788-9. (1ª ed.) São Paulo: Cia das
Letras, 2002
_________________.
Verbete Inconfidência Mineira. Disponível em:
http://www.fafich.ufmg.br/pae/apoio/verbeteinconfidenciamineira.pdf
Cap.
em: 13/10/2009
GANCHO,
Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Vilhena de. Inconfidência mineira.
São Paulo: Ática, 1991.
MAXWELL,
Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira, Brasil -
Portugal, 1750-1808. (1ª. ed. 1973). Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1985.
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