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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

SETEMBRO NA HISTÓRIA



  DOIS DE SETEMBRO
BATALHA DE ACTIUM
A Batalha Naval de Actium, na qual as forças de Otavio César, sob comando de Marcus Vipsanius Agripa, enfrentaram a frota de Marco Antônio e Cleópatra, aconteceu em 02/09/31 a.C.
Ocorrida no contexto da guerra civil romana que encerrou a aliança política conhecida como Segundo Triunvirato, ela foi o combate decisivo, que selou a sorte dos contendores e mudou a História do mundo antigo ocidental.
À época, o Segundo Triunvirato não existia mais na prática, pois Lépido, que estava na África, fora paulatinamente afastado das decisões importantes e apenas os demais membros, Otávio e Antônio, dividiam o poder de fato, com este governando as províncias do Oriente e aquele governando Roma.
Marco Antônio - Lépido - Otávio César - Cleopatra
Os inimigos de ambos estavam mortos ou exilados e a aliança fora selada com o casamento de Antônio com a irmã de seu parceiro, Otávia. Quando Marco Antonio se aliou a Cleópatra porém, a situação começou a mudar. Ele abandonou a esposa, irmã de Otávio, e passou a viver com a Rainha do Egito em Alexandria.
A crise política romana chegou ao ponto sem retorno quando Marco Antônio fez as chamadas Doações de Alexandria, na qual o general cedia territórios de Roma a seus filhos com Cleópatra:
O filho de Cleópatra e Antônio, Alexandre Hélio, foi proclamado rei da Armênia e da Pártia (por conquistar).
O outro filho do casal, Ptolomeu Filadelfo, recebeu a Síria e a Cilícia.
A filha, Cleópatra Selene, obteve a Cirenaica e a Líbia.1
Acima a divisão proposta por Antônio.
A loucura de Marco Antônio denunciada no Senado.
Quando a notícia deste ato chegou a Roma, Otávio denunciou Antônio no Senado e conseguiu a aprovação dos Senadores para uma declaração de guerra contra o Egito. A batalha estava prestes a começar!
Marco Antônio se dirigiu à Grécia. Lá ele reuniu, com apoio de Cleópatra, entre 300 e 400 barcos, sendo naus de guerra e de transporte. Seu plano era invadir a Itália, levando suas tropas em direção a Roma.
Otávio, por seu lado, construiu uma frota nova, contando com 250 navios. Ele não queria travar combate em solo italiano e agiu de forma a manter as tropas de Antônio em território grego, bloqueando a seus navios o acesso à península italiana.
Acima e abaixo, vistas aéreas atuais do local da batalha.
Quando Antônio estabeleceu sua base no promontório de Actium, no atual Golfo de Arta, Grécia, Otávio desembarcou suas tropas, sob o comando de Marcus Vipsanius Agripa, ao Norte, avançando depois rumo ao Sul, para atacar os adversários por terra.
Mas o movimento que deu início às hostilidades foi naval: o afundamento da frota de transporte de Antônio, quando transportavam suprimentos para Actium. Quando a frota de Otávio chegou, bloqueou as rotas marítimas de seu adversário.
Acima e abaixo, vistas atuais do local da batalha.
Percebendo as dificuldades que teriam pela frente, muitos soldados de Antônio desertaram, obrigando-o a incendiar vários de seus navios que ficaram sem tripulação.
A situação deixou Marco Antônio com apenas duas alternativas: lutar em terra, opção preferida pelas tropas devido a maior experiência, ou atacar a frota de Otávio, na esperança de romper o bloqueio.
Esta última, que era a opção preferida por Cleópatra, foi a escolhida. Ela e Antônio acreditavam que seus navios, mais pesados e armados com disparadores de projéteis (balistras), levariam vantagem sobre as embarcações mais leves de Otávio.
Mas a leveza também garantia melhor margem de manobra e logo a frota de Otávio estava em vantagem. Na primeira oportunidade, Cleópatra fugiu com seus navios, sendo rapidamente seguida por Marco Antônio.
Diante da fuga de seu comandante, as tropas navais e terrestres de Antônio sucumbiram ou renderam-se naquele dia ou logo nos dias seguintes.
Algum tempo depois, Otávio desembarcou em Alexandria, capital do Egito, para terminar de vez o assunto com Antônio. Mas este cometeu suicídio.
Quando teve uma proposta de aliança recusada, seu filho Cesarion morto e na iminência de ser exibida em um desfile romano, Cleópatra também se suicidou.
Com o fim de seus inimigos, Otávio César anexou o Egito ao império e retornou a Roma como líder incontestável. Contudo, se na prática detinha o poder absoluto, também soube manter as aparências, preservando as instituições republicanas mas reservando-lhes um papel cada vez mais meramente decorativo.
Quando anunciou que renunciaria aos cargos que detinha, o Senado implorou que os mantivesse e outorgou-lhe o título de Augusto. Roma, que era um império, tinha agora um Imperador.
Começava um dos governos mais exitosos de toda a História!
AVE CÉSAR! AVE AUGUSTUS!


1https://pt.wikipedia.org/wiki/Doa%C3%A7%C3%B5es_de_Alexandria

http://corvobranco.tripod.com/ArtigosHT/ht_batalhaActium.htm


https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_%C3%81ccio




Imagens:



Area of the Battle of Actium, Preveza. Harry Gouvas http://prevezamuseum.spaces.live.com

http://www.mlahanas.de/Greece/Cities/PrevezaActium01.html



Actium Battlefield – Aerial View

http://www.colorado.edu/classics/clas1061/Text/RFHO14.htm



The Donations of Alexandria Map

http://questgarden.com/72/85/5/081109184839/process.htm



Battle of Actium

http://ximene.net/home/research-topics/history/roman-empire/the-super-power/the-principate/



Anthony and Cleopatra. Painting by Agnes Pringle - photo credit: Laing Art Gallery

http://www.bbc.co.uk/arts/yourpaintings/paintings/the-flight-of-antony-and-cleopatra-from-the-battle-of-acti37069 
 



SETE DE SETEMBRO
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Quando as movimentações separatistas começaram, a princesa escreveu ao seu pai, o Imperador da Áustria, que no Brasil “...todos os dias há novas cenas de revolta; os verdadeiros brasileiros são cabeças boas e tranquilas; as tropas portuguesas estão animadas pelo pior espírito, e meu esposo […] não dá exemplo de firmeza...” (pg. 163)
Essa indecisão de D. Pedro, que chegou a se entusiasmar com a ordem de retornar a Portugal, começou a mudar em fins de 1821, mostrando a crescente influência dos irmãos Andrada, e resultando no Dia do Fico (09/01/1822).

Dia do Fico
A partir de então os acontecimentos foram se precipitando com a ordem de retenção de todas as determinações vindas de Portugal até a vistoria de D. Pedro (21/01/1822), a não admissão de oficiais portugueses no beija-mão do aniversário da princesa (22/01) e a partida do regente para o Sul em março.
Em 13/08/1822, a fim de viajar para pacificar a província de São Paulo, D. Pedro nomeou Leopoldina presidente dos negócios do governo. Este curto período serviu para estreitar a colaboração da princesa com José Bonifácio de Andrada, com quem compartilhava “...ideias monárquicas e liberalismo moderado […] ideia do Brasil relativamente independente...” (pg. 178)
Infelizmente, 15 dias após deixar o Rio de Janeiro, D. Pedro conheceu a mulher que destruiria seu casamento e seu governo: Domitila de Castro.
Alheia a mais uma traição, Leopoldina escrevia constantemente sem receber resposta do marido. Estava preocupada, em especial com o desembarque de 600 homens chegados em embarcações militares na Bahia.
Sob a ameaça de ataque que pairava sobre a capital, o Conselho de Estado foi reunido em 02/09/1822 e decidiu, por sugestão de Bonifácio e aprovação unânime de todos os membros, escrever ao regente rogando-lhe a proclamação da independência.


Reunião do Conselho de Estado no qual a Independência de fato foi decidida.
O documento foi assinado e, junto com ele, seguiram cartas de Leopoldina e Bonifácio. D. Pedro as recebeu por volta das 16hs do dia 07 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga.
Segundo Laurentino Gomes (1822), "...do ponto de vista formal, a Independência foi feita por Leopoldina e Bonifácio, cabendo ao príncipe apenas o papel teatral de proclamá-la na colina do Ipiranga.
Ali o príncipe leu também uma carta de seu pai, o Rei D. João VI, que o conclamava a obedecer às cortes de Lisboa, e outra do Cônsul-Geral da Grã-Bretanha, informando que havia a possibilidade de que fosse destituído em favor do irmão Miguel, “...medida extrema que, ao que parece, contava com o aval de […] Metternich...” (pg. 182)
A carta de Leopoldina, que segundo Cassotti, tocou profundamente o orgulho masculino do marido, terminava com uma daquelas frases capazes de inflamar ainda hoje qualquer coração minimamente patriota:
O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação. O pomo está maduro, colheio-o já, senão apodrecerá […] Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. (pg. 183)

Ao vacilante Pedro só cabia um caminho e ele, sob o peso das Irradiações da Pureza de um daqueles raros momentos em que se percebe a roda da História girar, proclamou a nossa Independência, cumprindo, assim, sua missão. Nascia então, por pressão da princesa Austríaca e de vários outros, o Brasil!
Apesar de importar pouco, é sabido que aquele momento histórico não foi como representado por Pedro Américo no famoso quadro "O Grito do Ipiranga".
D. Pedro não montava o belo cavalo branco, mas uma boa mula baia. A viagem, de Santos a São Paulo, resultaria em roupas amarrotadas e sujas de lama, sem contar as constantes paradas por conta do desarranjo intestinal do príncipe.
O testemunho presencial do Padre Belchior, que leu as cartas para D. Pedro, conta que este tremeu de raiva, tomou-lhe os papéis das mãos, amassou e pisou. Perguntada sua opinião, Belchior sugeriu a proclamação da independência como único caminho.
O Padre conta que D. Pedro parou depois, ainda desmontado no meio da estrada, e declarou, conforme descreve Laurentino Gomes (1822):
Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal.


Assim, este momento Histórico da primeira declaração do príncipe não incluiu o famoso grito “Independência ou Morte!” e nem estavam ao redor dele os soldados.
A frase célebre só seria proferida depois, já na presença dos Dragões da Independência quando, depois de retirar de seu chapéu os símbolos de Portugal e atirá-los ao chão, D. Pedro gritou “E viva o Brasil livre e independente!”, acrescentando, só então e logo após “Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!
O gesto histórico da Proclamação da Independência foi jubilosamente aclamado pelo povo, agora brasileiro, mas foi mal visto na maioria das cortes europeias, em especial na Áustria, impressão que Leopoldina tratou logo de combater, em cartas escritas ao pai.
Coroação de D. Pedro I - Leopoldina está no alto à esquerda.
Quando D. Pedro foi coroado Imperador, D. Leopoldina estava à sua frente, vestindo “...um longo manto de cetim verde e amarelo bordado de ouro...”, ocupando um lugar de destaque que, certamente, fizera por merecer.
1Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015

2GOMES, Laurentino. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo para dar errado. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.


17 DE SETEMBRO
ASSINATURA DA CONSTITUIÇÃO DOS EUA
A primeira e única constituição dos EUA até hoje foi discutida entre os dias 25 de maio e 17 de setembro de 1787 na Filadélfia-Pensilvânia, sendo sinal da estabilidade política daquela nação, onde quase não há espaço para golpes e afrontas à democracia.
O documento original é composto por sete artigos que dão as linhas básicas da divisão dos três poderes, os direitos dos estados dentro do sistema federalista adotado e o formato de ratificação pelos mesmos.
A Carta Magna americana recebeu 27 alterações ao longo dos séculos e as dez primeiras emendas estabeleceram os direitos civis, ampliados por emendas posteriores.
A nosso ver, a emenda mais significativa foi a XIII, aprovada durante a Guerra Civil, no governo de Abraham Lincoln, que aboliu a escravatura:
Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado.
É a segunda Carta Magna mais antiga do mundo ainda em vigor e a mais curta delas. O povo americano aprende, desde a mais tenra idade, o valor de suas leis e o juramento de defesa da Constituição é presente até mesmo em muitas escolas.
Neste ponto, os EUA são um bom exemplo que o Brasil deveria seguir, em especial nossa classe política. Mas, olhando o governo que temos hoje isso seria, nos parece, esperar demais.

20 DE SETEMBRO
ALEXANDRE CRUZA O RIO TIGRE
Em um dia como este, no ano de 331 a.C., Alexandre cruzava o Rio Tigre (atual Iraque) com suas tropas e iniciava a última etapa da conquista do Império Aquemênida (Persa).
Alexandre III da Macedônia, mais conhecido como Alexandre – O Grande, nasceu em Pela em 20 ou 21 de julho de 356 a.C. Ele era filho de Filipe II e Olímpia de Épiro, foi instruído por Aristóteles e tornou-se rei dos macedônios após a morte por assassinato de seu pai em 336 a.C.
Uma vez no trono, Alexandre gastou a maior parte de seu tempo em conquistas militares que levaram à construção de um dos maiores impérios de todos os tempos.
Em 334 a.C., após pacificar rebeliões entre os gregos, Alexandre cruzou o Helesponto (Estreito de Dardanelos na atual Turquia). Suas tropas contavam com 48 mil soldados, 6100 cavaleiros e 120 navios com tripulação de 38 mil marinheiros.
Uma a uma as cidades e principais portos da Ásia Menor foram caindo sob domínio de Alexandre que esmagava a resistência Persa. Foi nesta primeira etapa que, na cidade de Górdio, Alexandre cortou o famoso Nó Górdio com sua espada.
Representação da Batalha de Isso
Quando o Rei Dario III contra atacou em 333 a.C., forçou Alexandre a recuar, mas este venceu a Batalha de Isso, na qual Dario III foi obrigado a fugir, deixando para trás seus tesouros, sua esposa, suas filhas e até a própria mãe.
A família de Dario III perante Alexandre
Em 332 a.C. Alexandre conquistou a região da Síria, Egito, o Levante e Israel. Após todas essas conquistas, em 331 a.C. Alexandre retornou sua atenção para Dario III.
Alexandre cruzou o Rio Eufrates após o qual esperava ser confrontado pelas forças de Dario III, mas este não se apresentou, de modo que o macedônio subiu para o Norte em busca de pasto e suprimentos. 
Quando informações deram conta que as defesas de Dario III seriam montadas ao longo do Rio Tigre, Alexandre o cruzou em local não defendido. Neste dia, um eclipse lunar foi tido como presságio da vitória sobre os persas.
Quando a ocasião do confronto chegou, os exércitos se defrontaram na planície de Gaugamela. 
As forças de Dario eram em número bem maior que as de Alexandre, embora o tradicional exagero que ocorre sempre que se conta soldados persas não permita sequer um número aproximado.
Mas é certo que Dario contava com muito mais soldados em seu multi-étnico exército. Ele tinha, ainda, carros de combate com lâminas nas rodas, que rodavam sob caminhos pré determinados e preparados, visando quebrar a linha da infantaria inimiga.
Esses carros laminados eram uma arma mortal, mas seu funcionamento estava condicionado a que as tropas adversárias viessem em formação ao seu encontro. E Alexandre era muito inteligente para conceder tal erro.
O macedônio marchara à noite e providenciara alimentação e repouso aos seus homens antes da batalha, enquanto os homens de Dario aguardavam em formação de combate por longo tempo.
As forças foram dispostas em linha reta, frente a frente, como queria Dario, mas quando a batalha começou as formações de Alexandre se moveram de forma totalmente inesperada, deslocando os flancos para a direita e esquerda, saindo do traçado dos carros laminados.
Quando estes avançavam em perseguição, os soldados de Alexandre abriam espaços para sua passagem, atingindo os condutores com lanças e flechas. Diante disso, Dario começou a mover suas forças de acordo com os movimentos dos macedônios, ao mesmo tempo em que ordenava um avanço geral.
Mas os lanceiros de Alexandre conseguiram prejudicar o movimento da cavalaria persa, abrindo uma brecha pela qual Alexandre penetrou com sua cavalaria e infantaria rumo à retaguarda das forças persas, em direção aonde estava o próprio Dario III.
Dario III foge novamente
Em risco de ser capturado o rei persa fugiu novamente. Até o final da noite as imensas tropas persas haviam sido derrotadas e estavam em fuga, seu acampamento fora tomado. Alexandre era, agora, o Rei da Ásia.
Túmulos dos Reis Persas, entre eles Dario I e Xerxes
Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre,_o_Grande
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_II_da_Maced%C3%B3nia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ol%C3%ADmpia_do_Epiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Aquem%C3%AAnida#A_queda_do_imp.C3.A9rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Isso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Gaugamela

http://orig12.deviantart.net/b7b8/f/2011/018/2/8/the_battle_of_gaugamela_by_jlluesma-d37hw6b.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Tigre

22 DE SETEMBRO
A BATALHA DE MARATONA
Antecedentes
Entre os anos de 500 e 494 a.C., as cidades de Atenas e Erétria apoiaram Mileto, cidade de origem grega da Ásia Menor[1], em sua revolta contra os persas.
Essa e outras cidades de origem grega da Ásia Menor “...há muito submetidas à Pérsia, eram igualmente os celeiros tanto das cidades jônicas como das do território central grego.[2]
Mas as relações entre os gregos e persas eram relativamente pacíficas até então. Quando partiu para conquista da Trácia, por exemplo, Dario I contou com apoio de uma grande frota naval grega, que “...navegou da Jônia até a foz do Ister (atual Danúbio).[3]
O confronto aconteceu por causas variadas. Uma delas teria sido o ressentimento dos gregos pelo domínio persa, apesar de que “Os costumes, as crenças e as próprias instituições de cada cidade foram respeitadas. Havia mesmo liberdade intelectual...[4]
Quando a Pérsia conquistou o Estreito de Bósforo, passando a dominar o comércio na região, o fez em prejuízo dos gregos e benefício dos fenícios, o que constituiu uma causa econômica do conflito.[5]
A situação se deteriorou completamente quando a Pérsia tentou interferir na política interna de Atenas, apoiando a volta da tirania de Hípias, que fora expulso da cidade. Quando a revolta surgiu em Mileto, Atenas se uniu à Erétria, enviando tropas para atacar Sardes. Foram derrotados pelos persas.[6]
Dario I fez concessões aos derrotados, “...o estabelecimento de um cadastro parece ter permitido uma distribuição mais equitativa do imposto e certas cidades foram autorizadas a conservar a constituição democrática que tinham promulgado desde 498. [7]
Mas Dario I, que vira o potencial destrutivo de uma revolta na Ásia Menor, apesar da falta de unidade dos gregos, parece ter percebido que a região estaria sempre em perigo enquanto as cidades da Grécia peninsular se mantivessem livres de sua autoridade.[8]  Quatro anos depois da vitória, ele enviou um exército para punir aquelas cidades gregas, iniciando a I Guerra Médica (Os gregos chamavam os persas de Medos, daí Médicas).
A PRIMEIRA GUERRA MÉDICA
A quantidade de soldados e navios empregados pelos persas é variável como o número de historiadores a escrever sobre ela, de modo que não há como cravar um número exato de soldados.
Os primeiros alvos da ofensiva persa foram as cidades de Naxos e Erétria, que foram tomadas. Em seguida o exército invasor se dirigiu à Ática (território grego) e desembarcou em Maratona.[9]
O local, indicado por Hipias, era importante por conta das vantagens estratégicas que proporcionava: “Uma praia de areia, abrigada dos ventos do Norte e do Oriente, fornecia um abrigo seguro à frota persa; a planície de Maratona oferecia casualmente o campo livre a manobras de cavalaria, contra as quais a infantaria ateniense seria impotente.[10]
Uma frota bem protegida, apoiando um exército numeroso, que escolhera o lugar ideal para lutar com seus melhores recursos. Tudo pendia para o lado persa em Maratona. A célebre batalha estava prestes a começar.
A BATALHA DE MARATONA
A Baia de Maratona, vista a partir do lado oposto ao ancoradouro persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View

Sob o comando de Dátis, os persas atracaram seus navios na baia de Maratona, na qual o Cabo Cinosura protegeria os navios dos ventos. O local parece ter sido escolhido também pela proximidade de um lago, hoje seco, que serviria de fonte de água ao exército.[11]
Apesar da distância, a notícia do desembarque logo chegou a Atenas onde Milcíades, um dos líderes atenienses, clamou pelo ataque imediato.[12]
Um emissário foi enviado a Esparta para solicitar ajuda, mas estes responderam que “não podiam fazê-lo imediatamente, pois não queriam infringir a lei que os proibia de se porem em marcha antes da lua cheia...[13], de modo que as forças que Milcíades conseguiu reunir partiram sem os reforços pretendidos.
Os atenienses teriam se deslocado pela rota que “...passa através de Palene, contorna o monte Pentélico por sudeste e acede a planície de Maratona também por sudeste.[14] e, acampados no santuário de Héracles, receberam o reforço de tropas de Plateia. As forças gregas tomaram posição por entre as árvores do santuário de Héracles, impedindo o uso da cavalaria persa.[15]
A Praia Schinias, local onde ancorou a frota persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View
O Monte Agrieliki nas imediações da provável localização do Santuário de Héracles, onde teriam acampado os gregos. Google Street View

Sem poder usar sua força principal e premido pela iminente chegada dos espartanos, Dátis foi obrigado a confiar no maior número de sua infantaria.[16] Então os gregos saíram do bosque e a batalha começou.[17]
Há divergências quanto ao posicionamento das tropas para a batalha e as versões são duas. Na primeira os persas teriam se posicionado de costas para o mar, entre dois rios que desaguavam na baia.[18]
Na segunda os persas se alinharam com o mar à sua esquerda, e os gregos avançaram com as águas à direita, hipótese defendida por Sekunda, considerando a informação de que muitos persas fugiram para a área de vegetação chamada Grande Marisma, já próxima à praia onde estava ancorada a frota.[19]
As duas hipóteses: à esquerda os gregos atacam em direção ao mar. À direita os gregos atacam com o mar à sua direita.

Quando o ataque começou os gregos avançaram por cerca de 1200m e correram outros 300m quando os persas dispararam as flechas. No choque inicial houve equilíbrio e os combates corpo a corpo prolongaram-se.[20]
Depois as tropas persas do centro conseguiram fazer recuar os gregos. Heródoto afirma que os atenienses ocuparam a ala direita e os plateus a esquerda, mas na parte central “...as fileiras não eram muito compactas, tendo aí o exército o seu ponto fraco;[21] e foi justamente no centro que os persas levaram vantagem, fazendo recuar as forças gregas.
Os persas poderiam ter vencido se as laterais gregas não rompessem suas linhas à esquerda e à direita, fazendo-as fugir em direção aos navios.[22]
Na perseguição, os gregos chegaram à praia de Schinias, onde os fugitivos persas da ala esquerda tentavam embarcar em seus navios que recuavam para águas mais profundas.[23]. Segundo Heródoto:
A batalha de Maratona foi longa e cheia de peripécias. Os bárbaros conseguiram desbaratar as fileiras do centro do exército ateniense, pondo em fuga os remanescentes; mas as duas alas compostas de Atenienses e Plateus atacaram as forças persas que haviam rompido o centro do exército, impondo-lhes uma derrota irreparável. Vendo-as fugir, lançaram-se em sua perseguição, matando e esquartejando quantos encontraram pela frente, até a beira-mar, onde se apoderaram de alguns dos navios inimigos. [24]
Área próxima ao provável centro dos combates (desconsiderando eventuais avanços ou recuos do mar). Google Street View
A Praia Schinias, local do acampamento persa, para onde os soldados fugiram em busca de seus navios. Google Street View

Não é difícil imaginar que soldados desesperados tentando embarcar a qualquer custo tenham se tornado alvos fáceis para os perseguidores gregos ao mesmo tempo em que prejudicavam a partida dos barcos. Sekunda afirma que os gregos capturaram sete deles.[25]
Área do Grande Marisma, região pantanosa na época da batalha, nas imediações da Praia Schinias, para onde os soldados persas fugiram e de onde poucos sairam. Google Street View
Menos sorte ainda tiveram os fugitivos da ala esquerda persa, refugiados no Grande Marisma pois, quase impossibilitados de chegar aos navios, coisa que poucos lograram fazer, tornaram-se alvos ainda mais fáceis para os gregos.[26]




[1]     Atual Turquia.

[2]     (CULICAN;1968)pg. 77

[3]     Idem

[4]     GIORDANI, Mario Curtis. Historia da Grecia. 2. ed. RJ: Vozes, 1967. pg. 118

[5]     (CULICAN;1968) pg. 78
      (GIORDANI; 1967) pg. 118

[6]     (CULICAN;1968) pg. 78-79

[7]     HATZFELD, Jean. Historia da Grecia antiga. Lisboa, Europa-América, S.d. pg. 119

[8]     (HATZFELD;s.d.) pg. 119

[9]     Ibid. pg. 120-121

[10]    (HATZFELD;s.d.) pg. 121

[11]    SEKUNDA, Nicholas. Maratona 490 a.C. Desafio Helênico à Pérsia. Barcelona, Osprey 2010. pg. 35

[12]    (HATZFELD;s.d.) pg. 120-121

[13]    HERÓDOTO. História - Érato-CVI. Trad. Pierre Henri Larcher (1726–1812). pg.493.

[14]    (SEKUNDA;2010) pg.41

[15]    (SEKUNDA;2010)  pg. 42

[16]    Ibid. pg.52

[17]    Idem

[18]    CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:
      http://it.wikipedia.org/wiki/Battaglia_di_Maratona. Acesso: 16/05/15

[19]    CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:
      http://it.wikipedia.org/wiki/Battaglia_di_Maratona. Acesso: 16/05/15

[20]    (SEKUNDA;2010) pg. 64-65

[21]    HERÓDOTO. História - Érato-CXIpg.496

[22]    (SEKUNDA;2010) pg.70

[23]    Ibid. pg. 71

[24]    HERÓDOTO. História - Érato-CXIII. pg.497              

[25]    (SEKUNDA;2010) pg. 72


[26]    (SEKUNDA;2010)  pg. 70



24 DE SETEMBRO
COMEÇA O II CONCÍLIO DE NICEIA
O Segundo Concílio de Niceia (atual Iznik - Turquia), que começou em 24 de setembro de 787 d.C. e terminou em 23 de outubro do mesmo ano, foi o 7º Concílio Ecumênico da Igreja Cristã.
Concílios Ecumênicos eram ocasiões em que se reuniam todos os bispos da igreja para discutir e decidir questões relativas à doutrina e à disciplina dentro da igreja.
No caso em tela, o encontro foi convocado por uma questão doutrinária: discutir e abolir ou não a proibição da adoração de imagens de santos.
A adoração de ícones tinha sido proibida a partir do Concílio de Hieria (realizado em 754 d.C. em Hieria, a atual Fenerbahçe-Turquia) e da ação dos Imperadores Leão III, Constantino V e Leão IV.
A destruição de imagens por Leão III
Mas o Concílio de Hieria não contara com a participação dos bispos do Ocidente e nem de qualquer patriarca, de modo que não foi aceito e desqualificado trinta anos depois, quando Tarásio, Patriarca de Constantinopla, assumiu seu posto e demonstrou interesse em uma reaproximação com a Igreja do Ocidente.
A igreja onde foi realizado o Concílio
A convocação do Concílio ocorreu após a morte de Leão IV pois sua esposa, Irene, tornou-se regente por conta da pouca idade do herdeiro do trono, Constantino VI. Irene desejava a volta da adoração de imagens.
Tarásio, com apoio de Irene, convocou o concílio que contaria com a presença do Papa Adriano I.
O encontro começou em Constantinopla, mas distúrbios fizeram com que fosse transferido para Niceia. Ao final, a adoração de imagens foi restabelecida.
Interior da igreja em Niceia-Iznik
O Segundo Concílio de Niceia contou com a participação de 350 pessoas, sendo 308 bispos ou seus representantes. Na cidade ocorreram sete seções e o fragilíssimo embasamento bíblico da decisão de permitir a adoração de imagens foi dado “...a partir das passagens bíblicas de Êxodo 25:19, Números 7:89, Hebreus 9:5, Ezequiel 41:18 e Gênesis 31:34.”

Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo_Conc%C3%ADlio_de_Niceia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_Hieria
https://en.wikipedia.org/wiki/Second_Council_of_Nicaea


28 DE SETEMBRO
NO CAMINHO DA ABOLIÇÃO
Nesta data, no ano de 1871, era promulgada a Lei do Ventre Livre, que libertava todos os filhos de escravos nascido a partir daquele dia. Catorze anos depois (1885), na mesma data, era aprovada a Lei dos Sexagenários, que libertava todos os escravos que atingissem a idade de 65 anos.
A Lei do Ventre Livre foi fruto de uma antiga pressão diplomática da Inglaterra, que pretendia fazer surgir um mercado consumidor bem maior para seus produtos através da criação de uma grande classe assalariada no Brasil. Claro que isso não era mencionado, preferindo-se o argumento de que a escravidão era uma abominação desumana.
A pressão inglesa veio também pela força das armas pois, com a aprovação do Slave Trade Suppression Act (Ato de Supressão do Comércio de Escravos), mais conhecido como Lei Bill Aberdeen (08/08/1845), a marinha real britânica passou a abordar os navios negreiros.
Essa medida, vista como uma intromissão indevida na soberania nacional, levou à aprovação da Lei Eusébio de Queirós em 04/09/1850, que proibia o tráfico internacional de escravos para o Brasil.
A lei, apesar de conter uma intenção mais de aparência do que de efetividade, logrou reduzir bastante a entrada de escravos vindos da África. Mas isso fez aumentar o comércio interno de escravos, entre as províncias, o que não satisfazia as intenções inglesas.
Por longos anos o país se bateu no dilema entre a questão humana e econômica até que a libertação dos filhos de escravos foi visto como uma forma lenta e segura de caminhar para o fim da escravidão sem grandes prejuízos econômicos para os donos de escravos.
A Lei nº 2040 foi, após meses de discussões e aprovação da Câmara, aprovada no Senado por 65 votos contra 45, a maioria destes últimos dados por representantes dos produtores de café de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A Lei do Ventre Livre desagradou aos escravagistas, pela perda de patrimônio futuro, e aos abolicionistas mais radicais, pois não resolvia o problema de imediato.
O passo seguinte só foi dado catorze anos depois, quando foi aprovada a lei que libertava os escravos de 60 anos (após mais três anos de trabalho compensatório a seus proprietários) e imediatamente os escravos com 65 anos.
O projeto foi apresentado por Souza Dantas do Partido Liberal em 15/07/1884 e a oposição a ele foi tamanha que gerou uma crise que acabou com a dissolução da Câmara.
Quem recolocou a ideia novamente em pauta foi o novo Presidente do Conselho de Ministros, o Barão de Cotegipe (João Maurício Wanderley). Ele negociou um novo projeto, apresentado pelo Senador José Antônio Saraiva, com as mudanças de idade e indenização. Ambos eram membros do Partido Conservador.
A estratégia de Cotegipe para conseguir os votos conservadores necessários ao novo projeto foi fazer-lhes ver a aprovação sob aquelas bases menos desfavoráveis como uma forma de calar a propaganda abolicionista. A lei foi aprovada e promulgada em 28/09/1885.
Na prática, a nova lei, somada a anterior, colocava um marco temporal para o fim da escravidão no Brasil: quando o último escravo completasse 65 anos, o que se daria, no mais tardar, em 1936, sem contar as eventuais (e muitas) fraudes. Mas, felizmente, os abolicionistas queriam mais. E conseguiram! Menos de três anos depois era aprovada a Lei Áurea.
Para conhecer o texto da Lei do Ventre Livre clique aqui.
Para conhecer o texto da Lei dos Sexagenários clique aqui.

Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_do_Ventre_Livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_Aberdeen
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/08/31/lei-dos-sexagenarios-completa-130-anos
http://www.historia.uff.br/curias/modules/tinyd0/index.php?id=14
http://blackpagesbrazil.com.br/?p=2119
http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Escravos&lang=3





30 DE SETEMBRO


A BÍBLIA DE GUTENBERG
(do site Biblioteca Digital Mundial)[1]



A Bíblia de Gutenberg é o primeiro grande livro impresso na Europa Ocidental a partir de tipos móveis de metal. Ela é um monumento que marca uma virada na arte da produção de livros e na transição da Idade Média para o mundo moderno.
A Bíblia foi concluída em Mainz, Alemanha, provavelmente no final de 1455. Johann Gutenberg, que viveu por volta de 1397-1468, é geralmente creditado como o inventor do processo de produção de um tipo de metal uniforme e intercambiável e de desenvolver os materiais e os métodos para tornar a impressão possível.
Esta Bíblia, com o seu tipo gótico nobre ricamente impresso na página, é reconhecido como uma obra-prima da impressão e do artesanato refinados. O texto é a tradução latina conhecida como Vulgata, feita por São Jerônimo no século IV.
A Bíblia foi toda impressa em colunas duplas, em sua maior parte com 42 linhas por página. As letras maiúsculas e os títulos são ornamentados à mão e coloridos. Os três volumes, que datam do século XVI, estão encadernados em pele branca de porco.
A cópia da Biblioteca do Congresso foi totalmente impressa em velino, um fino pergaminho feito de pele de animal e é uma das somente três cópias perfeitas em pergaminho conhecidas. As outras encontram-se na Biblioteca Nacional da França e na Biblioteca Britânica.
Por quase cinco séculos a Bíblia esteve em posse da Ordem Beneditina e foi mantida na Abadia de São Brás, na Floresta Negra na Alemanha e, após 1809, na Abadia de São Paulo, na Caríntia, Áustria.
O ex libris da Abadia de São Brás aparece em cada volume. Juntamente com outros livros do século XV, a Bíblia foi adquirida da coleção do Dr. Otto H.F. Vollbehr pela Biblioteca do Congresso, por um ato adicional do Congresso em 1930.
[1] https://www.wdl.org/pt/item/7782/


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