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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O PUTSCH DA CERVEJARIA



O PUTSCH DA CERVEJARIA
A Alemanha pós Grande Guerra
Após a Primeira Guerra Mundial, e a derrota que teve um gosto amargo, principalmente por conta das obrigações impostas pelo Tratado de Versalhes, setores políticos moderados assumiram o poder na Alemanha e constituíram um governo social-democrata, instalado na cidade de Weimar.
Este foi o período que ficou conhecido como República de Weimar, com um governo democrático, liberal e parlamentarista no qual o Presidente era eleito para um mandato de 07 anos, mas a chefia do governo cabia a um Chanceler, referendado pelo Parlamento. Vários partidos eram reconhecidos e disputavam o poder.
A crise social do pós-guerra porém, aos poucos foi minando a confiança da população nas instituições democráticas e na capacidade do novo sistema de governo em oferecer soluções.
Tal crise levou ao radicalismo pois, se de um lado a aristocracia rural e os grandes industriais eram os mais beneficiados pelo novo sistema, do outro camponeses e trabalhadores eram prejudicados, tornando-se massa de manobra para o radicalismo de esquerda ou de direita.
Na extrema direita desse espectro político estava um pequeno mas crescente grupo de ex combatentes descontentes. Radicais, antissemitas, anticomunistas, defensores de um estado totalitário e comandados por um cabo austríaco, herói de guerra condecorado, eloquente, estranho e possuidor de um suposto carisma que a muitos conquistava e a outros causava repulsa: Adolf Hitler.
O Golpe de Munique, ou Putsch de Munique, ou ainda Putsch da Cervejaria, foi pensado como o primeiro passo para a tomada do poder no país inteiro, ou seja, seria derrubado o governo da Baviera (cuja capital era Munique) e então, dali, partiria a Marcha para Berlim, onde os golpistas instalariam o poder central dominando todo país.
Hitler - Erich von Ludendorff - Gustav Ritter von Kahr
O planejamento de Hitler usava a participação de Erich von Ludendorff (General Alemão, herói da Batalha de Tannenberg e comandante do exército ao final da Grande Guerra) como chamariz de apoio ao golpe, no que foi inicialmente bem sucedido.
A princípio, em ambiente de grande agitação política e social na Baviera, Hitler angariou o apoio de Gustav Ritter von Kahr, Comissário de Estado nomeado pelo Primeiro Ministro da Baviera Eugen von Knilling, que decretou Lei Marcial. Esses atos tornaram Gustav Ritter von Kahr o governante de fato, junto com o Chefe de Polícia Hans Ritter von Seisser e o Oficial do Exército na Baviera Otto Hermann von Lossow.
Mas, na noite de 08/11/1923, quando os nazistas invadiram uma reunião na Cervejaria Burgebräukeller, Kahr e seus companheiros recuaram do apoio ao golpe e acabaram presos por ordem de Hitler que decidiu seguir com o plano de tomar o governo da Baviera mesmo assim.
Contudo, o General Ludendorff, sem o conhecimento de Hitler, ordenou a libertação dos presos que se comprometeram a não interferir. Promessa de políticos, pois assim que foram soltos, passaram a organizar o contra golpe.
Na manhã de 09/11/1923, quando Hitler e muitos nazistas partiram da cervejaria para derrubar o governo bávaro, foram interrompidos à bala pela resistência militar.
Hitler fugiu e se escondeu, mas acabou preso depois, Ludendorff foi ferido e dezesseis nazistas foram mortos.
Mas, o que poderia ser uma derrota definitiva, transformou-se em triunfo pela complacência dos juízes que julgaram Hitler. Fazendo a própria defesa, ele conseguiu convencer a justiça a condená-lo por breves cinco anos, dos quais só cumpriu nove meses, sendo tratado com regalias na Prisão de Landsberg. Lá ele refez seus planos e escreveu sua autobiografia Mein Kampf, que viria a se tornar a Bíblia dos nazistas.
Como se vê, com apoio da justiça, os golpes acabam dando certo. A desgraça da conta, porém, só é cobrada depois. Do povo, é claro...


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