O PUTSCH DA CERVEJARIA
A Alemanha pós Grande Guerra
Após a Primeira Guerra Mundial, e
a derrota que teve um gosto amargo, principalmente por conta das obrigações
impostas pelo Tratado de Versalhes, setores políticos moderados assumiram o
poder na Alemanha e constituíram um governo social-democrata, instalado na
cidade de Weimar.
Este foi o período que ficou
conhecido como República de Weimar, com um governo democrático, liberal e
parlamentarista no qual o Presidente era eleito para um mandato de 07 anos, mas
a chefia do governo cabia a um Chanceler, referendado pelo Parlamento. Vários
partidos eram reconhecidos e disputavam o poder.
A crise social do pós-guerra
porém, aos poucos foi minando a confiança da população nas instituições
democráticas e na capacidade do novo sistema de governo em oferecer soluções.
Tal crise levou ao radicalismo
pois, se de um lado a aristocracia rural e os grandes industriais eram os mais
beneficiados pelo novo sistema, do outro camponeses e trabalhadores eram
prejudicados, tornando-se massa de manobra para o radicalismo de esquerda ou de
direita.
Na extrema direita desse espectro
político estava um pequeno mas crescente grupo de ex combatentes descontentes.
Radicais, antissemitas, anticomunistas, defensores de um estado totalitário e
comandados por um cabo austríaco, herói de guerra condecorado, eloquente,
estranho e possuidor de um suposto carisma que a muitos conquistava e a outros
causava repulsa: Adolf Hitler.
O Golpe de Munique, ou Putsch de
Munique, ou ainda Putsch da Cervejaria, foi pensado como o primeiro passo para
a tomada do poder no país inteiro, ou seja, seria derrubado o governo da Baviera
(cuja capital era Munique) e então, dali, partiria a Marcha para Berlim, onde os
golpistas instalariam o poder central dominando todo país.
Hitler - Erich von Ludendorff - Gustav Ritter von Kahr |
O planejamento de Hitler usava a
participação de Erich von Ludendorff (General Alemão, herói da Batalha de
Tannenberg e comandante do exército ao final da Grande Guerra) como chamariz de
apoio ao golpe, no que foi inicialmente bem sucedido.
A princípio, em ambiente de grande
agitação política e social na Baviera, Hitler angariou o apoio de Gustav Ritter
von Kahr, Comissário de Estado nomeado pelo Primeiro Ministro da Baviera Eugen
von Knilling, que decretou Lei Marcial. Esses atos tornaram Gustav Ritter von
Kahr o governante de fato, junto com o Chefe de Polícia Hans Ritter von Seisser
e o Oficial do Exército na Baviera Otto Hermann von Lossow.
Mas, na noite de 08/11/1923,
quando os nazistas invadiram uma reunião na Cervejaria
Burgebräukeller, Kahr e seus companheiros recuaram do apoio ao golpe e acabaram
presos por ordem de Hitler que decidiu seguir com o plano de tomar o governo da
Baviera mesmo assim.
Contudo, o General Ludendorff, sem
o conhecimento de Hitler, ordenou a libertação dos presos que se comprometeram
a não interferir. Promessa de políticos, pois assim que foram soltos, passaram
a organizar o contra golpe.
Na manhã de 09/11/1923, quando
Hitler e muitos nazistas partiram da cervejaria para derrubar o governo bávaro,
foram interrompidos à bala pela resistência militar.
Hitler fugiu e se escondeu, mas
acabou preso depois, Ludendorff foi ferido e dezesseis nazistas foram mortos.
Mas, o que poderia ser uma derrota
definitiva, transformou-se em triunfo pela complacência dos juízes que julgaram
Hitler. Fazendo a própria defesa, ele conseguiu convencer a justiça a
condená-lo por breves cinco anos, dos quais só cumpriu nove meses, sendo tratado com
regalias na Prisão de Landsberg. Lá ele refez seus planos e escreveu sua
autobiografia Mein Kampf, que viria a se tornar a Bíblia dos nazistas.
Como se vê, com apoio da justiça,
os golpes acabam dando certo. A desgraça da conta, porém, só é cobrada depois.
Do povo, é claro...
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