Entre os meses de fevereiro e março
de 1945 as esperanças de vida ou morte de uma nação inteira se concentraram em
um pequeno e árido pedaço de terra, uma ilha, que tornara-se alvo estratégico
militar de importância vital. Referimo-nos à ilha de Iwo Jima, a última linha
defensiva entre as forças navais americanas e o solo sagrado do Japão.
Referimo-nos à célebre Batalha
de Iwo Jima!
Defendida por cerca de 22.000
soldados, comandados pelo Tenente-general Tadamichi
Kuribayashi, Iwo Jima deveria ser mantida até o último homem e sua tomada
deveria custar tantas vidas de soldados americanos que desencorajasse uma
invasão ao Japão.
Para os americanos a importância da
ilha estava em seus 3 campos de pouso e em eliminar o último bastião de defesa
fora do próprio Japão, de onde ataques poderiam ser lançados contra as forças americanas e de onde os
japoneses monitoravam a passagem das esquadrilhas de bombardeios, alertando as
defesas anti-aéreas para ataques iminentes.
Acima
o único aeroporto da ilha atual, fica sobre o Campo de Pouso 02, da
Época da guerra. Abaixo os restos do Campo 03 e, mais abaixo,
construções que foram feitas sobre o local onde ficava o Campo 01.
Entre Julho de 1944 e fevereiro de 1945 o comandante
Kuribayashi transferiu as linhas defensivas das praias para uma complexa rede
de túneis, planejados por engenheiros especializados em minas, vindos do Japão,
escavados no Monte Suribachi, um vulcão inativo de pouco mais de 150m de
altura no extremo sul da ilha. Abaixo uma visão geral da área do desembarque e closes mais próximos do Monte Suribachi e da praia.
Outras
posições defensivas foram
construídas ou escavadas de modo a deixar os invasores sob um intenso
fogo
cruzado. Abaixo uma visão geral da área do desembarque americano e na
sequência, planos mais restritos do monte, da praia e, por fim, a região
Norte da ilha, onde ficou o QG da defesa japonesa.
Após três dias de intensos
bombardeios navais, os americanos chegaram. Na madrugada de 19 de fevereiro,
furiosos bombardeios aéreos e navais só obtiveram silêncio como resposta das
defesas japonesas. Por volta das 9 da manhã 30 mil fuzileiros chegaram às
praias, mas somente após avançarem cerca de 500 metros terra adentro é que a
artilharia japonesa atacou.
O Monte Suribachi foi tomado apenas
em 23 de fevereiro. Em seu cume foi feita a famosa foto de Joe Rosenthal,
a "Raising the Flag on Iwo Jima". A conquista da ilha foi consolidada
apenas em 26 de março.
Os americanos contabilizaram cerca
de 7.000 mortos dentre 26.000 atingidos. Dos japoneses foram feitos apenas 200
prisioneiros dentre os quase 22.000 defensores da ilha. Em 22 de março o
comandante Kuribayashi transmitiu uma última mensagem, por rádio, onde
reconhecia a derrota iminente, o valor de seus soldados e pedia perdão ao
Imperador:
Estou satisfeito
em poder relatar que tenazmente lutamos bem contra a superioridade material
esmagadora do inimigo. Todos os meu oficiais e soldados merecem a mais alta
recomendação. Todavia humildemente peço perdão a Sua Majestade de não ter
correspondido às expectativas e tenha que ceder a ilha ao inimigo, depois de
ter visto morrer tantos oficiais e soldados.1
Tomo a liberdade de comparar a
Batalha de Iwo Jima à Batalha das Termópilas. Reconheço, logicamente, que nesta
esteve em jogo a sobrevivência da democracia grega frente aos conquistadores e
agressores Persas, enquanto naquela os cruéis conquistadores e agressores eram
os japoneses, agora em retirada. E aqui não vai qualquer absolvição aos
japoneses. Mas comparo os homens de ambos os tempos, em seu inacreditável desapego à vida frente a
um senso de dever para com sua Pátria. E, também, a coragem, embora suicida
(portanto reprovável), diante da diferença de poderio militar.
Tanto os gregos quanto os japoneses
terminaram derrotados pelas forças imensamente superiores que combateram, mas,
a nossa simpatia, especialmente após assistir ao filme “Cartas de Iwo Jima”, de
Clint Eastwood, fica com os que caíram vencidos, assim como com seu comandante.
É difícil pensar em Tadamichi Kuribayashi sem lembrar de Leônidas...
Vale
lembrar, contudo, que, se a resistência feroz dos japoneses de Iwo Jima
de fato fez com que os americanos repensassem uma invasão ao Japão, por
outro lado serviu para justificar o ataque nuclear a Hiroshima e
Nagazaki...