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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

CHURCHILL - Parte 21

CHURCHILL – Parte XXI [1] [2]
A partir daqui, caro leitor, já adentramos o segundo volume da obra Winston Churchill – Uma Vida, de Martin Gilbert [3] (edição eletrônica – dois volumes).
Em 28/11/1934 Churchill fez um grandioso discurso na Câmara dos Comuns sobre o rearmamento aeronáutico clandestino da Alemanha e a necessidade de a Inglaterra manter sua superioridade aérea sobre o eventual adversário. Segundo ele, não se podia fugir dos aviões somente deslocando fábricas, pois cidades não podiam ser mudadas de lugar. Para Winston era preciso começar a investir pesadamente logo, pois depois seria tarde:
Acelerar a preparação da defesa não é afirmar a iminência da guerra. Pelo contrário, se a guerra estivesse iminente, seria muito tarde para preparar a defesa. […] Não se pode fugir do perigo aéreo. É necessário encará-lo no local onde estamos. Não podemos bater em retirada. Não podemos deslocar Londres. Não podemos deslocar a vasta população que depende do estuário do Tâmisa. (<pg. 14-15)
Stanley Baldwin, Lorde Presidente do Conselho, porém, declarou que havia exagero nos números apresentados por Churchill e que era muito difícil saber o real alcance do rearmamento aéreo alemão. Mas se comprometeu a não permitir que o poderio britânico fosse superado: “O governo de Sua Majestade está determinado a não aceitar em condição nenhuma qualquer posição de inferioridade em relação ao poderio aéreo que possa surgir na Alemanha.” (pg. 15)
Neste período, o projeto de autonomia governativa para a Índia seguia tramitando e Churchill continuava denunciando que conceder à Índia “um autogoverno significava apenas liberdade para que uma parte dos indianos explorasse a outra”. Contudo, nem mesmo a oposição de príncipes indianos foi suficiente para demover o governo Ramsay MacDonald de seu intento. O projeto foi aprovado. (pg.  15-16)
Quando recebeu a visita de um dos maiores amigos de Gandhi,[4] Ghanshyam Das Birla, Churchill enviou mensagem ao líder indiano: “Diga ao sr. Gandhi que use os poderes que são oferecidos e que tenha sucesso. [...]Tenha sucesso, e, se tiver, tentarei fazer com que tenha muito mais.”(pg. 16-17)
Churchill, que liderava um grupo de cerca de 50 parlamentares de oposição, e que nas votações conseguia obter mais uma média de 30 votos de governistas, tinha a percepção de que o governo ia muito mal, desmoronando:
O valor do governo é muito baixo. É como um grande iceberg que entrou em águas quentes e cuja base se derrete rapidamente, deixando-o prestes a desmoronar. É de fato um mau governo, apesar de contar com alguns membros capazes. A razão é que não há cabeça e mentalidade de comando em todo o campo dos assuntos públicos. Não se pode dirigir o sistema de governo britânico sem um primeiro-ministro efetivo. O maldito Ramsey é quase um caso mental — e “estaria muito melhor num asilo”. Baldwin é astuto e paciente, mas é também espantosamente preguiçoso, estéril e ineficaz no que diz respeito aos assuntos públicos. Fazem besteira em praticamente qualquer lugar em que ponham o pé. (<pg. 16)
Em 1935 finalmente o governo britânico parece ter acordado para o problema do rearmamento alemão, reconhecendo as deficiências das suas forças armadas e anunciando o aumento dos investimentos. Churchill via a situação com extrema gravidade:
A situação germânica é cada vez mais sombria. O governo informou que o aumento de 10 milhões de libras para a Defesa se deve ao rearmamento alemão, deixando Hitler furioso. Ele se recusou a receber Simon, que o visitaria em breve em Berlim. […] Todas as nações temerosas finalmente começam a juntar-se. Anthony Eden vai a Moscou, e eu não discordo. Os russos, à semelhança dos franceses e de nós próprios, querem ser deixados em paz, e as nações que querem estar tranquilas e viver em paz devem juntar-se para garantir uma segurança mútua. A união faz a força. Só a união faz a força. Se houver outra Grande Guerra — dentro de dois ou três anos ou mesmo antes — será o fim do mundo. (<pg. 17)
Mas Hitler não parecia incomodado com tais reações. Em 16/03/1935 “anunciou a reintrodução do serviço militar obrigatório em toda a Alemanha.” declarando já possuir 500 mil soldados. Esse anúncio deixava antever uma possibilidade de um número muito maior, “ser duplicado ou mesmo triplicado sem dificuldade.”.  (pg. 17)
CONTINUA

[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

[3]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[4]    Mohandas Karamchand Gandhi (Porbandar, 02/10/1869 — Nova Déli, 30/01/1948), mais conhecido como Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não agressão, forma não violenta de protesto) como um meio de revolução.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi


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