A partir daqui, caro leitor, já adentramos o segundo volume da obra Winston
Churchill – Uma Vida, de Martin Gilbert
[3]
(edição eletrônica – dois volumes).
Em 28/11/1934 Churchill fez um grandioso discurso na Câmara dos Comuns
sobre o rearmamento aeronáutico clandestino da Alemanha e a necessidade de a
Inglaterra manter sua superioridade aérea sobre o eventual adversário.
Segundo ele, não se podia fugir dos aviões somente deslocando fábricas, pois
cidades não podiam ser mudadas de lugar. Para Winston era preciso começar a
investir pesadamente logo, pois depois seria tarde:
Acelerar a preparação da defesa não é afirmar a iminência da guerra. Pelo
contrário, se a guerra estivesse iminente, seria muito tarde para preparar
a defesa. […] Não se pode fugir do perigo aéreo. É necessário encará-lo no
local onde estamos. Não podemos bater
em retirada. Não
podemos deslocar Londres. Não podemos deslocar a vasta população que
depende do estuário do Tâmisa. (<pg. 14-15)
Stanley Baldwin, Lorde Presidente do Conselho, porém, declarou que havia
exagero nos números apresentados por Churchill e que era muito difícil saber
o real alcance do rearmamento aéreo alemão. Mas se comprometeu a não
permitir que o poderio britânico fosse superado: “O governo de Sua Majestade está determinado a não aceitar em condição
nenhuma qualquer posição de inferioridade em relação ao poderio aéreo que
possa surgir na Alemanha.” (pg. 15)
Neste período, o projeto de autonomia governativa para a Índia seguia
tramitando e Churchill continuava denunciando que conceder à Índia “um autogoverno significava apenas liberdade para que uma parte dos
indianos explorasse a outra”. Contudo, nem mesmo a oposição de príncipes indianos foi suficiente para
demover o governo Ramsay MacDonald de seu intento. O projeto foi aprovado.
(pg. 15-16)
Quando recebeu a visita de um dos maiores amigos de Gandhi,[4]
Ghanshyam Das Birla, Churchill enviou mensagem ao líder indiano: “Diga ao sr. Gandhi que use os poderes que são oferecidos e que tenha
sucesso. [...]Tenha sucesso, e, se tiver, tentarei fazer com que tenha
muito mais.”(pg. 16-17)
Churchill, que liderava um grupo de cerca de 50 parlamentares de oposição,
e que nas votações conseguia obter mais uma média de 30 votos de
governistas, tinha a percepção de que o governo ia muito mal,
desmoronando:
O valor do governo é muito baixo. É como um grande iceberg que entrou em
águas quentes e cuja base se derrete rapidamente, deixando-o prestes a
desmoronar. É de fato um mau governo, apesar de contar com alguns membros
capazes. A razão é que não há cabeça e mentalidade de comando em todo o
campo dos assuntos públicos. Não se pode dirigir o sistema de governo
britânico sem um primeiro-ministro efetivo. O maldito Ramsey é quase um
caso mental — e “estaria muito melhor num asilo”. Baldwin é astuto e
paciente, mas é também espantosamente preguiçoso, estéril e ineficaz no
que diz respeito aos assuntos públicos. Fazem besteira em praticamente
qualquer lugar em que ponham o pé. (<pg. 16)
Em 1935 finalmente o governo britânico parece ter acordado para o problema
do rearmamento alemão, reconhecendo as deficiências das suas forças armadas
e anunciando o aumento dos investimentos. Churchill via a situação com
extrema gravidade:
A situação germânica é cada vez mais sombria. O governo informou que o
aumento de 10 milhões de libras para a Defesa se deve ao rearmamento
alemão, deixando Hitler furioso. Ele se recusou a receber Simon, que o
visitaria em breve em Berlim. […] Todas as nações temerosas finalmente
começam a juntar-se. Anthony Eden vai a Moscou, e eu não discordo. Os
russos, à semelhança dos franceses e de nós próprios, querem ser deixados
em paz, e as nações que querem estar tranquilas e viver em paz devem
juntar-se para garantir uma segurança mútua. A união faz a força. Só a
união faz a força. Se houver outra Grande Guerra — dentro de dois ou três
anos ou mesmo antes — será o fim do mundo. (<pg. 17)
Mas Hitler não parecia incomodado com tais reações. Em 16/03/1935 “anunciou a reintrodução do serviço militar obrigatório em toda a
Alemanha.” declarando já possuir 500 mil soldados. Esse anúncio deixava antever uma
possibilidade de um número muito maior, “ser duplicado ou mesmo triplicado sem dificuldade.”. (pg. 17)
CONTINUA
[1] GILBERT, Martin.
Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de
tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às referências das páginas, que fazemos
ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar
sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua
quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos
anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere
ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores
(<<pg.200-202).
[3] GILBERT, Martin.
Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de
tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[4] Mohandas Karamchand Gandhi (Porbandar, 02/10/1869 —
Nova Déli, 30/01/1948), mais conhecido como Mahatma Gandhi (do sânscrito
"Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno
Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não
agressão, forma não violenta de protesto) como um meio de revolução.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mahatma_Gandhi
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