IMPERATRIZ LEOPOLDINA – MATRIARCA
DA INDEPENDÊNCIA
O casamento da irmã de Leopoldina com o
pior inimigo da Áustria, fez com que Metternich passasse a ser detestado no
restrito círculo das Arquiduquesas, Leopoldina entre elas. Esse malquerer durou
a vida inteira da futura imperatriz do Brasil.
Uma revelação de Metternich à sua esposa mostra que a recíproca era
verdadeira. Por ocasião da espera por embarcar ao Brasil, quando Leopoldina
adoeceu por algum exagero alimentar, o poderoso ministro disse que “Minha
pequena arquiduquesa, que, cá entre nós, é uma menina, e se eu fosse o pai
bateria nela...” 1 (pg. 96).
Durante a adolescência, Leopoldina
desenvolveu grande interesse por botânica e mineralogia, passando muito tempo a
explorar os arredores da cidade e as salas de minerais de instituições de
ensino ao dispor.
Em 1812 Napoleão invadiu a Rússia,
sofrendo a derrota que abalaria os alicerces de seu Império. No ano seguinte
foi derrotado novamente pela coligação de seus inimigos. Enquanto a Imperatriz
francesa se desesperava com a perspectiva de futuro, sua irmã Leopoldina
exultava pela queda do grande inimigo da família.
Em 1816 seu pai ficou viúvo pela terceira
vez. Também começaram as tratativas diplomáticas para encontrar um marido para
Leopoldina. Na primeira negociação ela fora preterida pelo noivo em favor da
irmã Clementina.
Nesta nova negociação, porém, um dos
pretendentes era o filho de D. João VI, Rei de Portugal-Brasil-Algarves. Na
verdade, D. Pedro nem sabia que estavam a negociar seu casamento e a reputação
da família do futuro noivo, em especial a futura sogra Carlota Joaquina, não
era das melhores.2
Mas, agora as negociações matrimoniais
conduzidas por Metternich eram feitas mais astuciosamente, de modo a deixar as
moças da família real acreditarem que possuíam a palavra final na escolha dos
maridos. Ele apresentava dois ou mais nomes dentro dos interesses da Áustria e
deixava as moças escolherem.
Não foi diferente com Leopoldina. No dia
do casamento de Clementina, o Imperador Francisco I apresentou à filha suas
“opções” de futuro esposo: o príncipe da Saxônia, que geraria uma espera de
dois anos e a concorrência de outras pretendentes, ou o príncipe de
Portugal-Brasil-Algarves, sem espera nem concorrência. Acreditando que seu pai
preferia o português, Leopoldina “escolheu” D. Pedro.
Continua...
1 Marsilio Cassotti. A biografia íntima de
Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São
Paulo: Planeta, 2015
2Carlota Joaquina espalhara um boato de que o marido sofria de doença
mental e tentara tomar o poder com apoio de alguns fidalgos portugueses.