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quarta-feira, 6 de março de 2024

A PRISÃO DOS TEMPLÁRIOS

A PRISÃO DOS TEMPLÁRIOS1
No dia 13 de outubro do ano da graça de 1307, parte dos cristãos da ordem religiosa mais rica do mundo eram presos em várias partes da França, em uma operação orquestrada digna dos filmes de espionagem atuais.
Estamos falando dos Cavaleiros Templários, ou Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão.
A Ordem dos Templários foi fundada após a Primeira Cruzada (1096), em 1118 ou 1119, na cidade de Jerusalém e seu objetivo original era proteger os lugares sagrados do cristianismo, bem como os peregrinos que vinham de toda Europa para visitar a cidade, comumente pela estrada de Jafa. 
Seu fundador foi Hugue de Payens, junto com outros 8 cavaleiros. Eles foram acolhidos no palácio de Andrew de Montbard, um dos nove fundadores, e que ficava na esplanada do que restara do Templo de Salomão (dai o nome, Templários), perto da Mesquita de Al Aksa. As regras da ordem eram extensas mas, basicamente, envolviam os votos de “pobreza, castidade, devoção e obediência”.
Os Papas Honório II e Inocêncio II reconheceram oficialmente a Ordem, este último chegando a fazê-lo na Bula Papal “Omne datum optimum, emitida em 29 de março de 1139” concedendo aos Templários isenções de taxas e impostos, concedendo privilégios e o direito a que o Mestre do Templo (ou grão-mestre) respondesse apenas ao Papa e a mais ninguém, colocando a ordem fora do alcance do poder dos reis.
Com o tempo, tornou-se uma ordem de grande reputação militar e passou a se envolver nas guerras religiosas e políticas do Crescente Fértil e também na Europa.
Também passou a amealhar muito dinheiro tanto de doações quanto de depósitos feitos em seus quarteis, depois castelos, mosteiros e abadias, que recebiam o dinheiro dos viajantes para que ficassem seguros, longe do alcance de assaltantes. O atual sistema bancário teve seu embrião criado pelos Templários. 
Toda essa riqueza era destinada a financiar as atividades dos cavaleiros na Terra Santa, mas também foi utilizada na construção de inúmeras fortalezas, igrejas e quarteis que se espalharam pela Europa.

O dinheiro também serviu para conceder enormes empréstimos a reis endividados e esse pode ter sido o verdadeiro motivo que levou ao fim da ordem.

É bem verdade que corriam muitos boatos e acusações contra os Templários, principalmente em relação aos rituais secretos da ordem, cuja simbologia não era compreendida pelos leigos que faziam acusações de envolvimento com o diabo.

Também é verdade que o prestígio da ordem caiu bastante, e a finalidade básica para existência dela se perdeu, após a derrota para as forças de Saladino, que retomaram Jerusalém.

Mas a dívida imensa do Rei da França Felipe IV, o Belo, para com a ordem, parece ter sido o principal motivo da pressão que este fez sobre o Papa para que ordenasse a prisão dos cavaleiros e o confisco de seus bens. Assim o Felipe não teria mais que quitar as dívidas e ainda ficaria com todas as riquezas e propriedades da ordem na França. 
Felipe, o Belo, era pai da Rainha da Inglaterra, lindamente representada por Sophie Marceau no filme Coração Valente. Ela é a princesa enviada para negociar com William Wallace (Mel Gibson). E se esta lhe pareceu uma informação irrelevante, saiba que é mesmo.
A pressão do rei sobre o Papa fez efeito, de modo que no dia 14/09/1307 a ordem de prisão e confisco foi emitida e executada, como já dissemos, em 13/10/1307, uma sinistra sexta-feira 13!
Foram presos 138 cavaleiros, dentre eles o Mestre do Templo, Jackes de Molay. No documento papal os Templários foram acusados de “heresia, imoralidade, sodomia e diversos outros crimes.” e permaneceram presos a espera de julgamento. 
Todos foram interrogados e torturados de tal maneira que o próprio Papa questionou o rei por isso e ordenou a instauração de uma investigação própria, bem como recomendou a transferência dos presos para outros países.
O resultado dessa investigação foi a absolvição dos acusados. A despeito disso o papa ordenou a distribuição dos bens dos Templários para a Ordem dos Hospitalários, com exceção dos bens contidos em “Portugal, de Castela, de Aragão e de Maiorca”.
Ainda presos na França, os cavaleiros Jacques de Molay, Hughes de Pairaud, Geoffroy de Charnay e Geoffroy de Gonneville forma condenados a prisão perpétua, pena que cumpririam sob os cuidados da Igreja.
Mas Felipe, o Belo, ordenou que Jacques de Molay e Geoffrey de Charnay fossem raptados e queimados vivos na Île de la Cité, uma das ilhas do Rio Sena, em Paris no dia 18/03/1314. 
Consta que, já com a fogueira acesa, Jacques de Molay amaldiçoou os que o condenavam e teria gritado em direção ao camarote do Rei: “Todos vocês serão amaldiçoados até a 13ª geração”.
Se a maldição foi verdadeira ou não, o Papa Clemente V morreu em 20/04/1314 e Felipe, o Belo, morreu em 29/11/1314. 



Fontes e Imagens

DOMINGUES, Joelza Ester. A queda dos Templários e a maldição de Jacques de Molay. Blog: Ensinar História. Disp.: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/a-queda-dos-templarios-e-a-maldicao-de-jacques-de-molay/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_dos_Templ%C3%A1rios

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_Molay#A_pris%C3%A3o_e_o_processo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_IV_de_Fran%C3%A7a