A DEVASSA DA DEVASSA – A VISÃO DE KENNETH MAXWELL
Assim como a obra anteriormente
analisada, Maxwell(1) vai focar os antecedentes do movimento na atuação de Pombal
e as relações entre Portugal e a Inglaterra dando, também, um panorama geral
sobre a situação no Brasil da época.
A crise do ouro vai gerar
desenvolvimento tanto na metrópole quanto em sua colônia num movimento de busca
da substituição das importações e o surgimento de uma burguesia que vai se
fortalecendo.
Com a morte do Rei, a queda de Pombal
e a mudança na política econômica, o autor coloca que a Inconfidência Mineira
era só questão de tempo e a década de 1780 era a época quase obrigatória para
que se desse, considerando o desastre da política e os novos interesses
coloniais.
Neste contexto Maxwell apresenta Vila
Rica como centro de economia dinâmica e de intelectuais, mas desmistifica os
inconfidentes mostrando que eram apenas pessoas da elite, cheias de dívidas e,
por conseguinte, em conflito com o governo.
O autor é bem detalhista nas descrições
de horários, cenários e dívidas, apresentando a tese de que as motivações eram
pessoais, de que o povo e o nacionalismo eram invocados, somente, como
justificativa em que a mudança de forma de governo e a independência seriam
apenas o caminho para libertarem-se de seus próprios problemas.
Inovando, Maxwell ainda apresenta a
tese de que a denúncia de Joaquim Silvério dos Reis é posterior à suspensão da
derrama e que este teria apresentado sua denúncia prenunciando o fracasso do
movimento tentando, portanto, conseguir o perdão de suas dívidas.
Quanto à abolição dos escravos Maxwell
discorda da tese de que não seriam libertados, ele defende que escravos
nascidos no país seriam livres embora comente que “apesar da disposição para emancipar os escravos nascidos
no país, em si uma proposição estarrecedora para 1789, (...) as repercussões
deste gesto eram subestimadas.”(MAXWELL,
2001: 155)
Outra tese levantada pelo autor é de
que Cláudio Manoel da Costa foi assassinado e não suicidou-se e, por fim, ele
apresenta Tiradentes como o bode expiatório por excelência, que buscava
ascenção social, que era mantido de fora das principais decisões, servindo
apenas para o exercício de funções práticas e que apenas a sua morte
espetacular reuniu as condições de fazer dele um símbolo.
Contudo, Maxwell louva a coragem do
personagem ao defender a República e a Independência em seus depoimentos, que,
somadas às circunstâncias puderam contribuir para mitificá-lo.
Kenneth Maxwell parece definir a
Inconfidência como paradigmática pois, em meio a outras revoltas que deram até
mais resultado, ou pelo menos conseguiram ser deflagradas, a de Minas Gerais é
que teve como resultado permitir que nada mais fosse como antes.
Continua...
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(1)
MAXWELL, Kenneth. A Devassa da Devassa: A Inconfidência Mineira,
Brasil - Portugal, 1750-1808. (1ª. ed. 1973). Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1985.
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