O encontro com Stalin começou tenso, com este chateado, pois Churchill
não podia atender a solicitação de um desembarque aliado na Europa que desviasse
forças alemãs da URSS.
Mas Stalin ficou mais satisfeito com a promessa de que os bombardeios
às cidades e instalações militares alemãs prosse-guiriam. E ainda mais feliz
quando Winston detalhou os planos para um desembarque na África.
Na verdade, comentário nosso, naquele momento Stalin estava na difícil
situação de defender-se do avanço alemão no Cáucaso onde a Batalha de
Stalingrado já havia começado e a cidade parecia prester a cair, o que seria
uma catástrofe de relações públicas considerando ser ela a Cidade de Stalin. E
nada mais haveria no caminho para tomada dos campos petrolíferos de Maikop, o
que garantiria abaste-cimento para a máquina de guerra alemã.
No dia 15/08/1942 ambos os líderes se encontraram novamente e
Churchill avisou que haveria um “sério” ataque de reconhecimento em Dieppe
(Normandia) em 17/08, o que deixaria a Alemanha “mais ansiosa acerca de um
ataque através do canal”. Stalin ficou satisfeito e convidou Churchill ao
seu aparta- mento no Kremlin para um drink que acabou se transformando em um
banquete de seis horas. Despediram-se quase amigos, por assim dizer.
O ataque a Dieppe foi um sucesso, assim como a resistência das defesas
de Stalin no Cáucaso seguiam resistindo. Churchill voltou ao Egito onde ficou
mais alguns dias inspecionando as tropas nas quais sentiu o espírito revigorado
após a posse de Montgomery.
Mensagens secretas deci- fradas em Bletchley permitiram o afundamento de
mais navios que levavam combustível a Rommel, obrigando-o a antecipar o ataque
visando El-Alamein. Mas ele fracassou justamente pela falta de combustível. Não
havia mais como chegar ao Cairo ou Alexandria.
(<<<<<<<<<<<<pg. 155-162)
Um ataque fracassado estimulava um contra-ataque e foi o que
Montgomery fez em 23/10/1942. De posse de informações precisas sobre a
localização e as deficiências das tropas de Rommel, que estava na Alemanha, os
britânicos avançaram capturando milhares de soldados alemães e italianos.
Quando Rommel voltou e tentou um contra-ataque, suas posições de reunião de
forças foram bombardeadas pelo ar fazendo com que sequer pudessem começar.
A mensagem enviada por Rommel a Berlim, devidamente decifrada em
Bletchley, informava o alto comando alemão de que as tropas italo-germânicas
não tinham mais como resistir aos tanques britânicos e nem poderiam se retirar
combatendo pela “falta de veículos motorizados e baixas reservas de
combustível.”.
Saber dessa informação levou os britânicos a desencadear o ataque
final. No dia 08/11/1942 “soldados britânicos e americanos desembarca- ram em
força em Argel, Orã e Casablanca.”. Essas cidades, e portos, que eram
possessões da França sob governo de Vichy, foram defendidas pelos franceses,
mas o Almirante Darlan, francês, que estava em visita ao filho em Argel ordenou
a entrega das armas aos aliados. Foi uma vitória extremamente importante.
A maré da guerra começava a virar pois também em Stalingrado, pouco
mais de dez dias depois, seria desencadeada a Operação Urano, que cercaria o VI
Exército alemão dentro de Stalingrado, isolando-o do restante das forças no
Cáucaso.
A iminente derrota de Rommel na África abria a possibilidade de um
desembarque aliado na Europa já em 1943, o que abriria a segunda frente
europeia pela qual Stalin tanto pedira. Espirituoso como sempre, Churchil
definiu aquele momento da seguinte forma: “Não é o fim. Não é sequer o
princípio do fim. Mas é, talvez, o fim do princípio.”
Em 13/11/1942 as tropas de Montgomery entraram em Tobruk e dois dias
depois, por ordem de Churchill, todos os sinos da Inglaterra repicaram para
celebrar a vitória. Por seu lado, as forças alemãs ocuparam o restante da
França e o governo fantoche de Vichy deixou de existir na prática.
(<<<<<pg. 162-165)
Em 22/11/1942 o Exército Vermelho completou o cerco ao VI Exército
alemão, sob comando do General Von Paulus. Ele solicitou permissão para forçar
uma retirada, o que Hitler negou, ordenando que resistisse e garantindo, com a
palavra de Göring, que a Luftwaffe manteria o abastecimento. Contudo, Churchill
soube que 400 dos aviões que fariam esse abastecimento (eram necessárias 800
toneladas periódicas de suprimentos) foram desviados para ajudar Rommel no
deserto.
Este, por sua vez, concentrava muitas tropas na Tunísia, o que,
certamente, adiaria a vitória final dos aliados na África, fato que também
colocaria em suspense o desembarque aliado previsto para 1943. Os ataques de
submarinos a comboios de suprimentos aliados para Inglaterra e a URSS seguiam aumentan- do chegando à astronômica cifra de quase 722 mil toneladas de navios
afundados apenas em Novembro.
Somente em meados de Dezembro a cifra secreta alemã foi decodificada e
os comboios puderam evitar as rotas dos submarinos. Em 17/12/1942 foi
emitida uma declaração conjunta dos aliados denunciando o massacre de judeus e
avisando que os perpetradores desses crimes seriam caçados depois da guerra.
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
Nenhum comentário:
Postar um comentário