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terça-feira, 2 de agosto de 2022

CHURCHILL - Parte 41

CHURCHILL – Parte XLI [1] [2]
Em meados de Maio/1943 Winston já estava melhor e de volta ao velho vigor no empurrar a preparação para a Luta. Os decifradores de Bletchley seguiam municiando-o das ultra secretas comunicações alemãs, de sorte que ele sabia que Hitler não deslocaria para a França um número de divisões que pudesse por em risco a Operação Overlord.
Ele sabia que os alemães tinham 25 divisões retidas na Iugoslávia, onde combatiam os guerrilheiros de Tito, mais 23 divisões retidas na Itália lutando contra a invasão do país e mais divisões retidas nas áreas onde Hitler pensava que seria o desembarque.
Em 04/06/1944 as tropas aliadas entraram em Roma sem encontrar resistência, pois fora declarada cidade aberta pelos alemães em retirada. Neste momento, Churchill já voltara a sofrer de fadiga pois seguia trabalhando até altas horas da madrugada como observou sua assistente Marian Holmes: “Fui ao encontro do primeiro-ministro às 22h30 e só saí às 3h45. Ele trabalha demais e quase adormeceu sobre os documentos.
A expectativa pela invasão da Normandia cresceu, pois esta teve de ser adiada por conta do mau tempo. No entanto foi justamente o mau tempo que proporcionou ainda mais sigilo ao Dia-D pois mensagens secretas decifadas davam conta de que Hitler não esperava nenhum ataque pelos próximos 5 dias, tanto que Rommel, comandante das defesas litorâneas, a Muralha do Atlântico, recebeu licença para se deslocar a Berlim.
Eisenhower aproveitou esse descuido e decidiu que o Dia-D seria o seguinte, 06/06/1944, com ou sem bom tempo. A invasão foi um sucesso enquanto contou com o efeito surpresa, mas depois teve seu ritmo muito reduzido quando as defesas alemãs se reorganizaram.
Em discursos na Câmara dos Comuns Churchill avisou que a situação era boa mas advertindo contra o excesso de otimismo pois, segundo ele, “enormes esforços se estendem diante de nós”.
Em 12/06/1944 ele embarcou em um contra-torpedeiro e atravessou o canal para visitar a Normandia, encontrou-se com Montgomery e navegou ao longo da costa observando as diversas operações.
No retorno pediu que sua embarcação também disparasse contra os alemães: “Já que estamos tão perto, por que não damos uns tiros nos alemães antes de irmos embora para casa?” Depois dos disparos, como se encontravam ao alcance da artilharia alemã, logo deram meia volta e voltaram a Inglaterra. A despeito das boas notícias, porém, no dia seguinte começava o suplício das bombas voadoras V-1.
Foram lançadas 27 bombas das quais 4 atingiram Londres. No dia seguinte foram 50 e ao final da primeira semana de bombardeios mais de 500 civis já tinham sido mortos. A despeito disso o Exército Vermelho seguia obliterando as forças alemãs em recuo e “numa única batalha perto de Bobruisk, matado 16 mil soldados alemães e feito 18 mil prisioneiros.”.
Na França o número de soldados desembarcados já ultrapassava os 750 mil e a quantidade de prisioneiros alemães já chegava a 50 mil. Winston telegrafou empolgado a Stalin: “O inimigo está sangrando em todas as frentes simultaneamente e concordo quando diz que isso tem de ir até o fim.
Para desgosto de Churchill, porém, a ampliação do avanço na Itália (que Hitler temia por ameaçar a fronteira da Áustria) foi descartada em favor de outro desembarque no Sul da França. Com o passar das semanas e a continuidade dos ataques das bombas voadoras Winston passou a pensar em uma retaliação tão ou mais cruel:
Tenho, evidentemente, de pedir-lhes que me apoiem no uso de gás venenoso. Temos de inundar as cidades do Ruhr e muitas outras cidades da Alemanha de tal modo que a maior parte da população precise de cuidados médicos permanentes. Podemos impedir a atividade nos locais de lançamento das bombas voadoras. Churchill tinha em mente gás mostarda, “do qual quase todas as pessoas se recuperam”. Usariam apenas se “for uma questão de vida ou de morte” ou se isso “encurtar a guerra em um ano”. (<<<<<<<<<<<<<pg. 192-201)
Ironicamente, nestes dias chegou a notícia de que os nazistas estavam utilizando câmaras de gás para assassinar judeus e que meio milhão de judeus-húngaros estavam para serem deportados rumo a Auschwitz.
Churchill apoiou o pedido do “líder sionista dr. Chaim Weizmann” por um bombardeio ao sistema ferroviário húngaro bem como por um protesto público: “Consiga tudo o que puder da Força Aérea e mencione meu nome, se necessário. Estou totalmente de acordo com o maior protesto possível”.
Uma intensa cobertura jornalística foi feita e os trabalhadores ferroviários da Hungria foram alertados “de que podiam ser considerados criminosos de guerra se continuassem a participar das deportações.”. Dois dias depois as deportações foram interrompidas e cem mil judeus escaparam da morte certa. A disposição de Churchill contra os genocidas nazistas era a pior possível:
Não há dúvida de que isso é provavelmente o maior e mais horrível crime alguma vez cometido na história do mundo e que foi feito com equipamentos científicos e por homens nominalmente civilizados em nome de um grande Estado e uma das raças líderes da Europa. É perfeitamente claro que todos aqueles que estão envolvidos nesse crime, que agora cai em nossas mãos, inclusive aqueles que apenas cumpriram ordens levando a cabo as chacinas, devem ser condenados à morte após ser provada sua associação com os assassinos.(<<<pg. 201-202)
Em 10/07/1944 chegou a informação de que 10 mil casas haviam sido destruidas em apenas um mês de ataques das bombas voadoras e oito dias depois soube-se que estava em fase final de preparação uma bomba foguete (a V-2) que voava a 6500 km/h, atingindo Londres 4 minutos após lançada, virtualmente impossível de interceptação.
Coronel Claus von Stauffenberg
À esquerda, uniforme claro
Por outro lado, os aliados chegavam a Caen. Em 20/07/1944 Hitler escapava milagrosamente do atentado a bomba executado pelo Coronel Claus von Stauffenberg na Toca do Lobo, QG de guerra do líder nazista. Era o último atentado contra a vida do Führer, a fracassada Operação Valquíria.[3]
Neste mesmo dia Churchill voou para Cherbourg e foi visitar as tropas em diversos pontos da frente. No início de Agosto/1944 os poloneses iniciaram o Levante de Varsóvia,[4] pois pretendiam que houvesse um governo polonês instalado na capital quando o Exército Vermelho chegasse. Stalin suspendeu os bombardeios aéreos sobre a cidade mas recusou-se a prestar auxílio aos revoltosos.
Levante de Varsóvia
Deslocando tropas da França os alemães conseguiram derrotar a rebelião mais de dois meses depois. 
Churchill com o General Tito
Ainda em agosto Churchill viajou para Argel e depois para Nápoles na Itália onde encontrou-se com o General Tito, depois visitou Capri e a Córsega.
CONTINUA 




[1]   GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 2. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2]   Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
[3]  A Operação Valquíria (em alemão: Unternehmen Walküre) era um plano alemão criado durante a Segunda Guerra Mundial com o propósito de manter o governo do país funcionando em caso de uma emergência, através da mobilização do exército reserva da Alemanha para assumir o controle da situação caso houvesse algum tipo de levante entre a população civil alemã ou uma revolta de trabalhadores estrangeiros (a esmagadora maioria escravos trazidos dos territórios ocupados) em fábricas dentro do país. Os generais do exército alemão (Heer) Friedrich Olbricht, Henning von Tresckow e o coronel Claus von Stauffenberg modificaram o plano com a intenção de usar a força de reserva alemã para tomar o controle das cidades do país, desarmar a SS e prender a liderança nazista após o assassinato do ditador Adolf Hitler no Atentado de 20 de Julho. A morte de Hitler (ao invés de simplesmente prende-lo) era necessária para desprender os soldados e oficiais alemães do seu juramento de lealdade pessoal a ele (Führereid). Em julho de 1944, a operação foi executada mas terminou em fracasso, com os conspiradores sendo presos e muitos deles executados.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Valqu%C3%ADria
[4]  A Revolta, Levante ou Insurreição de Varsóvia (em polaco powstanie warszawskie) foi uma luta armada durante a Segunda Guerra Mundial na qual o Armia Krajowa (Exército Clandestino Polaco) tentou libertar Varsóvia do controle da Alemanha Nazi. Teve início em 1 de agosto de 1944, às 17 horas, como parte de uma revolta nacional, a "Operação Tempestade", e deveria durar apenas alguns dias, até que o Exército Soviético chegasse à cidade. O avanço soviético no entanto foi interrompido, mas a resistência polaca continuou por 63 dias, até sua rendição às forças alemãs em 2 de outubro.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Vars%C3%B3via

Um comentário:

  1. Boa tarde, sou leitor de seu blog, e parabenizo-o pela iniciativa, sou apaixonado por História, e li cada artigo seu aqui publicado, contudo me vejo no dever de fazer uma crítica construtiva.
    Há muitas repetições de artigos e isso torna cansativo para os leitores.
    Uma sugestão é que se faça um índice de seus artigos e os leitores busquem o que deseja ler para não ser repetitivo, no mais eu o parabenizo pois são artigos muito bem escritos e embasados.
    Espero que essa crítica contribua para seu blog

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