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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A NAÇÃO ENVERGONHADA



Causa-me indignação ler as pessoas escrevendo, principalmente nas redes sociais, e por qualquer motivo, que têm vergonha de serem brasileiras. Indignação porque o país não tem culpa das situações imputadas pelos “envergonhados”.
Se um político rouba, se a polícia se excede, se um juíz liberta um culpado ou condena um inocente, se há filas nos hospitais, se alguém se comporta mal no trânsito, o que o país tem de culpa nisso? O país não é um ente consciente, com vontade própria. As pessoas são. E são, também, responsáveis por aquilo que fazem e deixam de fazer dentro do país.
Por conta disso publiquei, no Facebook, uma série de imagens e motivos que me fazem ter orgulho de ser brasileiro. Para mim é impossível ter vergonha de ser brasileiro, é impossível ter vergonha do Brasil.
Também não tenho vergonha de meu povo. Alegre, extrovertido, solidário, amigo, receptivo, criativo. Contudo, de uns tempos para cá, tenho percebido a mudança (ou inexistência) dessas características em uma parcela da população, justamente dentro da faixa que possui maior acesso à educação, saúde, informação, lazer, esporte, etc.
Essa percepção começou a surgir em 2010 quando, após a eleição de Dilma Roussef à Presidência, a internet encheu-se de mensagens preconceituosas contra os nordestinos[1], mesmo caso registrado na eleição de 2012, após a vitória de Haddad para Prefeitura de São Paulo[2]. Ganhou corpo em 2011, quando foi anunciado o câncer do ex-Presidente Lula[3] e a rede recebeu uma avalanche de mensagens de ódio contra ele. Finalmente, e infelizmente, a percepção consolidou-se em certeza ao saber do episódio das hostilidades praticadas contra os médicos cubanos.
Em seu blog o jornalista Ricardo Noblat[4], que não pode ser acusado de linha editorial pró-governo federal, informa que “Médicos cubanos foram vaiados, humilhados e ouviram impropérios quando deixavam ontem à noite uma sessão de treinamento em Fortaleza.” e  pergunta “Que geração egoísta, mesquinha, rude e desinformada é essa que estamos criando? Onde ela guarda valores como solidariedade, respeito, ética e compaixão?
E, na sequência, Noblat define o momento: “Vergonhoso! E imperdoável!”. Nos comentários que a postagem recebeu[5] vários de seus leitores o criticaram dizendo, inclusive, que estava virando “chapa branca[6].
Em relação ao mesmo episódio, a postagem de uma jornalista do Rio Grande do Norte[7] faz com que as palavras faltem: "Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma Cara de empregada doméstica.
Os médicos cubanos em questão chegaram ao Brasil para o Programa Mais Médicos do Governo Federal. Vieram atuar onde a maioria dos médicos brasileiros não quer ir, nas cidades do interior e nas periferias das regiões metropolitanas. Pelo visto, alguns dos nossos médicos não querem ir a esses lugares e nem querem que ninguém vá.
É natural e salutar que existam questionamentos a qualquer programa do governo. É compreensivel que a oposição e seus eleitores não apoiem entusiasticamente qualquer medida governamental, principalmente se vai minimizar uma grande carência e converter-se, depois, em imã de votos. Apesar de, em 1999, o governo da atual oposição ter adotado a mesma medida e recebido elogios[8]. E apesar, também, da falta de interesse dos médicos em deslocar-se para as áreas remotas (algumas nem tão remotas assim), como nos casos registrados em Açailândia, Imperatriz do Maranhão e outros lugares em que salários de R$ 35.000,00 não serviram de atrativo[9].
Os argumentos contrários vêm sendo sistematicamente refutados pelos fatos. Os médicos cubanos, que imaginamos possuir excelente formação, compatível com os extraordinários indicadores de saúde da tão mal falada ilha de Fidel Castro, prestam serviços em diversos países do mundo, inclusive Portugal, onde o fim dos contratos levou preocupação às autoridades[10]. Mas não é esta a questão.
Nosso foco neste caso é que nenhum argumento, por mais bem embasado que seja, justifica as vaias e impropérios eventualmente lançados contra os médicos cubanos por médicos brasileiros. Não é culto, não é civilizado, não é educado, não é alegre, nem solidário, enfim, não é brasileiro.
Registro aqui o meu lamento e a minha vergonha. Não é vergonha de meu país e nem de meu povo, mas de uma pequena minoria que esqueceu a brasilidade e demonstrou tão pouca solidariedade com aqueles que não possuem acesso a um único médico da família.
Esses desamparados não estão pedindo por hospitais bem equipados ou máquinas de radioterapia para tratamentos complexos em suas pequenas cidades. Estão precisando de um médico que trate as doenças básicas que ainda assolam as periferias. As verminoses, gripes, diarréias, etc.
Entendo que os recém-formados filhos da elite prefiram ficar nas capitais, em hospitais e consultórios bem equipados. É compreensivel. O que não é compreensível, aceitável ou desculpável é não querer ir e não querer que ninguém vá. Não é solidário, nem humano, não é brasileiro.
Assim sendo, bem vindos médicos de Cuba, da Rússia ou da Espanha. O verdadeiro Brasil lhes agradece a presença, a boa-vontade, a solidariedade. Em troca lhes oferece trabalho, alegria, receptividade e criatividade. E desculpas por alguns que, eventualmente, esqueceram o que é serem brasileiros.
Marcello Eduardo


[1]    http://eleicoesnarede.blog.terra.com.br/2010/11/01/votos-do-nordeste-viram-polemica-no-twitter/
[2]    http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/de-novo-o-preconceito-contra-nordestinos-nas-eleicoes
[3]    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/999070-o-cancer-de-lula-me-envergonhou.shtml
[4]    http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/08/27/que-geracao-de-jovens-esta-por-ricardo-noblat-508333.asp
[5]    131 até 11:40hs de 28/08
[6]    http://oglobo.globo.com/servicos/blog/comentarios.asp?cod_Post=508333
[7]    http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/08/jornalista-diz-que-medicas-cubanas-parecem-empregadas-domesticas.html
[8]    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/08/revista-aplaudiu-medicos-cubanos-epoca-fhc.html
[9]    http://planetanoticias.com.br/nem-salario-de-r-35-mil-atrai-medico-no-interior/
[10]  http://tijolaco.com.br/index.php/em-portugal-medicos-cubanos-sao-um-problema-ninguem-quer-que-eles-se-vao/

terça-feira, 20 de agosto de 2013

D. PEDRO II EM SERGIPE - II

Esta é, muito provavelmente, a foto mais antiga de Aracaju, datando, aproximadamente, de 1860

O ESTADO DA PROVÍNCIA

Hoje trazemos o segundo artigo sobre a passagem de S.M. O Imperador D. Pedro II por nosso Estado de Sergipe. 

No artigo anterior buscamos conhecer o homem por trás do monarca e neste episódio veremos como era a Província de Sergipe quando da visita imperial. 

Veremos como estava a saúde, a educação, a segurança e, também, quem eram os sergipanos daquele tempo. 

Esperamos que seja uma leitura bem agradável e instrutiva. 

Tudo de bom a todos e obrigado pela visita! 

Acesse o artigo clicando aqui.