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segunda-feira, 24 de junho de 2013

ESPECIAL 2






COMO O CRISTIANISMO TRIUNFOU EM ROMA – Final
A intermediação de Constância conseguiu de Constantino o perdão para seu marido Licínio e a autorização para viverem exilados em Tessalônica. Mas Lissner29 nos informa que logo ele estava novamente conspirando:
… o autocrata Licínio era incapaz de viver sem exercer seu poder temível e sem se entregar a nebulosas intrigas. Abriu conversações com os bárbaros das províncias danubianas. Essa violação da palavra dada, era uma traição e provocaram sua detenção. Condenado pelo Senado romano, Licínio foi executado. (pg. 495)
Com a morte de Licínio, e de seu filho, Licínio II um ano depois30, o Império Romano voltava a ter um único soberano.
Sozinho no poder, Constantino implementou seu desejo de, o mais suavemente possível, tornar Roma cristã. O imperador nomeou cristãos para alguns dos cargos mais importantes, inclusive o de Prefeito de Roma, e foi mais além:
As comunidades cristãs receberam subvenções imperiais para construir e restaurar igrejas. Num conselho supremo, os altos dignatários cristãos reuniram-se em torno do imperador. Constantino regulamentou e organizou os negócios da Igreja. (pg. 496)
Veyne31 também destaca a tolerância religiosa do imperador que:
Não força ninguém a se converter, nomeia pagãos para as mais altas funções do Estado, não cria nenhuma lei contra os cultos pagãos [...] e permite que o Senado de Roma insista em atribuir créditos aos sacerdotes oficiais e aos cultos públicos do Estado romano, que continuam como antes...(pg.11)
Podemos concluir nossa série constatando que, a despeito de o batismo de Constantino, e sua conversão oficial ao cristianismo, só ter ocorrido ao final de sua vida, não seria justo afirmar que não era cristão. 

O batismo do velho Constantino

Salta aos olhos, também, a maneira extremamente hábil como conduziu o processo, longo e lento, portanto seguro, de cristianizar o império, sem perseguições aos pagãos, porém mantendo sempre à vista do povo sua preferência.
Essa maneira pacífica de agir após a vitória guerreira, conseguida sob um signo cristão, o que sem dúvida lhe conferiu um status não assumido de escolhido pelo céu, também lhe permitiu autoridade para moldar a Igreja ao seu gosto e entendimento, conforme foi possível verificar no Concílio de Nicéia, no qual a Igreja unificou seus ritos e crenças.
Isso, porém, é uma outra História.
FIM.
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1 LISSNER, Ivar. Os Césares – Apogeu e Loucura: Tradução de Oscar Mendes. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964.
2Ibid
3Ibid
4Ibid
5Ibid
6Ibid
7Ibid

8Lucio Célio Firmiano Lactâncio foi um autor entre os primeiros cristãos que se tornou um conselheiro do primeiro imperador romano cristão, Constantino I, guiando sua política religiosa que começava a se desenvolver e sendo o tutor de seu filho.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lact%C3%A2ncio
9Eusébio de Cesareia foi bispo de Cesareia e é referido como o pai da história da Igreja porque nos seus escritos estão os primeiros relatos quanto à história do cristianismo primitivo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eus%C3%A9bio_de_Cesareia
10https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_da_Ponte_M%C3%ADlvia
11https://pt.wikipedia.org/wiki/Chi_Rho
12https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_da_Ponte_M%C3%ADlvia
13VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão [312-394]. Tradução de Marcos de Castro. Civilização Brasileira. 2011. Versão eletrônica disp. em:
http://portalconservador.com/livros/Paul-Veyne-Quando-Nosso-Mundo-Se-Tornou-Cristao.pdf
14https://pt.wikipedia.org/wiki/Constantino
15LISSNER, Ivar. Os Césares – Apogeu e Loucura: Tradução de Oscar Mendes. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964.
16VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão [312-394]. Tradução de Marcos de Castro. Civilização Brasileira. 2011. Versão eletrônica disp. em:
http://portalconservador.com/livros/Paul-Veyne-Quando-Nosso-Mundo-Se-Tornou-Cristao.pdf
17https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Adrian%C3%B3polis_%28324%29
18Idem
19Idem
20Idem
21Idem
22Idem
23Idem
24Idem
25https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Cris%C3%B3polis
26Idem
27Idem
28Idem
29LISSNER, Ivar. Os Césares – Apogeu e Loucura: Tradução de Oscar Mendes. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964.
30https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Cris%C3%B3polis
31VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão [312-394]. Tradução de Marcos de Castro. Civilização Brasileira. 2011. Versão eletrônica disp. em:
http://portalconservador.com/livros/Paul-Veyne-Quando-Nosso-Mundo-Se-Tornou-Cristao.pdf

Imagens:
https://ourhifive.wordpress.com/2015/04/21/the-cristianism-in-mexico/
La resa di Zenobia ad Aureliano, da un dipinto di Giovanni Battista Tiepolo.
https://it.wikipedia.org/wiki/Campagne_orientali_di_Aureliano#/media/File:Giovanni_Battista_Tiepolo_-_Il_trionfo_di_Aureliano.jpg
http://www.reclaimingthemind.org/blog/2011/10/top-ten-theologians-4-athanasius/
Istanbul - Museo archeologico - Testa di statua dell'imperatore romano Diocleziano (284-305 d.C.)
https://en.wikipedia.org/wiki/Diocletian
Emperor Galerius' portrait head in porphyry, from his palace in Romuliana (Gamzigrad).
https://en.wikipedia.org/wiki/Galerius
Tête de Maximien Hercule au Musée Saint-Raymond de Toulouse.
https://en.wikipedia.org/wiki/Maximian
Emperor Constantius I Chlorus. Cast in Pushkin museum after original in Antik Sammlung, Berlin
https://en.wikipedia.org/wiki/Constantius_Chlorus
http://lightofdesert.blogspot.com.br/2014/04/the-spread-of-christianity-through.html
A Christian Dirce, by Henryk Siemiradzki.
https://en.wikipedia.org/wiki/Persecution_of_Christians
http://www.todayifoundout.com/index.php/2015/11/difference-bce-ce-bc-ad-come/
http://www.juditapalace.com/en-us/interesting-facts/prisca.aspx
http://www.snipview.com/q/Galeria_Valeria
http://truttafario.com/2013/09/03/severo-ii/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maximino_Daia
Reconstruction of the Palace of the Roman Emperor Diocletian in its original appearance upon completion in 305, by Ernest Hébrard
https://en.wikipedia.org/wiki/Diocletian
Palácio de Diocleciano – dias atuais
https://en.wikipedia.org/wiki/Diocletian
http://www.euratlas.net/photos/time/3rd_century/tetrarchy.html
Termas de Carnuto
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carnuntum_thermae_2011b.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/File:MMA_bust_02.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Maxentius02_pushkin.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Ponte_Milvio-side_view-antmoose.jpg
The Battle of the Milvian Bridge (1520–24) by Giulio Romano.
https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_the_Milvian_Bridge
http://galatiansfour.blogspot.com.br/2012/07/why-do-they-use-chi-rho.html
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?683605-Proposal-Chi-Rho-Shields-for-Romans
http://www.beyond-the-pale.org.uk/SantAntounin3.htm
Statue of Constantine the Great outside York Minster
http://www.travelsignposts.com/destination/EnglandWales/York/Statue-of-Constantine-the-Great-York_DSC9445
Sculptural portraits of Licinius (left) and his rival Constantine I (right).
https://en.wikipedia.org/wiki/Licinius
The description from 28th October 312, 'A cross centered on the Sun" fits with modern day photographs of Sun dogs.
https://en.wikipedia.org/wiki/Constantine_the_Great
Tapestry showing the Sea Battle between the Fleets of Constantine and Licinius-cropped
https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_the_Hellespont


quinta-feira, 20 de junho de 2013

LEMBRANÇAS UNIVERSITÁRIAS


HERÓI DA REPÚBLICA – A VISÃO DE JOSÉ M. DE CARVALHO
José Murilo de Carvalho9 fala da dificuldade em se construir um herói para a República. Deodoro, que poderia encarnar o papel, tinha contra si a aparência com o Imperador, um duvidoso republicanismo e sua fama era restrita ao meio militar. Benjamin Constant também não atendia ao perfil desejado.
Floriano Peixoto não unificava, ao contrário, dividia Militares e Civis, uns contra os outros e entre si mesmos, pela forma como se conduziu nas Revoltas da Armada e Federalista. Por fim o próprio movimento da proclamação carecia de participação popular e seus líderes eram ilustres desconhecidos do povo.
Apela-se então à figura cuja história se vinha tentando resgatar nos círculos republicanos desde a década de 1870: Tiradentes!
Carvalho comenta que a disputa historiográfica sobre Tiradentes foi e continua intensa, contudo esta não é sua meta, mas, antes, como se dá a construção do mito e como sua simbologia é apropriada.
Para o autor há poucas informações sobre quem foi e como vivia Tiradentes, embora se saiba que foi grande a comoção popular causada pela condenação dos inconfidentes, que o povo ficou aliviado com o perdão concedido à maioria, embora condoído pela execução do único réu não perdoado. Cita ainda que o delator, Joaquim Silvério dos Reis, foi amplamente rejeitado em Minas e no Rio de Janeiro, trocando de nome e tendo, por fim, de se refugiar no Maranhão.
Mas a luta pela memória de Tiradentes se arrastou por toda a vigência do império, pois resgatar sua figura consistia em condenar a avó do proclamador da Independência, D, Pedro I e da bisavó do Imperador da época, D.Pedro II.
Para Carvalho, apenas a obra de Robert Southey, publicada em 1810, é neutra, embora sua fonte sobre o tema fosse bem limitada. As demais publicações, para o autor, estavam todas contaminadas de ideologia, ou monarquista, ou republicana, embora reconheça o caráter inédito e mais bem embasado da obra de Joaquim Norberto de Souza Silva, História da Conjuração Mineira, feita a partir dos Autos da Devassa, guardados nos arquivos imperiais, entre outras fontes.
A obra nos permite conhecer o Tiradentes que passou os últimos anos de vida no cárcere, onde entrou como um revolucionário e de onde teria saído convertido em fervoroso cristão, obra dos franciscanos que buscaram catequizá-lo. Para Carvalho, Norberto diminui a importância de Tiradentes e aumenta a de Gonzaga, tira o foco de um representante humilde e passa para um membro da elite.
A transformação de Tiradentes em religioso, que sai das páginas de Norberto, irritou os republicanos, mas para Carvalho é justamente isso que vai contribuir para a mitificação do homem.
A associação religiosa, a figura aproximada da imagem de Cristo, tudo isso esta nas representações artísticas e vai crescer até a proclamação, embora jamais tenha existido nenhum retratista que tenha representado Tiradentes enquanto este vivia, nenhum que o tenha conhecido pessoalmente, mas, antes, uma descrição sua como "feio e espantado", nas palavras de Alvarenga Peixoto. Bem diferente daquela figura cristianizada e serena que povoa os livros de História e os bustos espalhados pelo país.
O autor identifica ainda a não-concretização da revolta, o não-derramamento de sangue, o auto-imposto comportamento de mártir de Tiradentes, a forma de sua execução como contributos para que permanecesse no imaginário popular como um herói corajoso que enfrentou a morte por acreditar em seus ideais, logo, figura passível de ser reivindicada por qualquer ideal, até mesmo abolicionista, operário, socialista ou anarquista.
Isso servia aos interesses do novo regime político que o queria como herói nacional unificador de todos os interesses e não apenas os republicanos, o que sempre geraria críticas dos adversários do regime.
A apropriação que todos fizeram de sua imagem, contribuiu para que se tornasse o símbolo procurado, aceito por todos, servindo aos interesses de todos.
Continua...
9CARVALHO, José Murilo de. Tiradentes: Um Herói para a República in: A Formação das Almas. Cia. das Letras.

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terça-feira, 18 de junho de 2013

REINO DE CLIO - PORQUE TUDO É HISTÓRIA!


O REINO DE CLIO ESTÁ DE VOLTA!
Olá! Seja bem vindo!
Iniciamos nossa trajetória em 2008 como um fotoblog, destinado a publicar as nossas aventuras no curso de História. Publicamos 1000 fotos e atingimos 20.000 visualizações.
Agora estamos de volta como um blog onde, já como professor, vamos publicar textos diversos sobre o que considerarmos relevante escrever.
Vamos procurar dar atenção a análises históricas do que ocorreu ou ocorre no mundo buscando sempre uma visão plural.
Este procedimento é, para nós, um dever de toda pessoa que abraça o sacerdócio do ensino ao qual ninguém nos obriga mas que, se o queremos bem exercido, obrigamo-nos voluntariamente.
Melhor esclarecendo: ao professor, principalmente de História, não é dado o direito de “ir na onda” sem analisar criteriosamente o que, porque, como, quando, onde e, principalmente, pelo interesse de quem, as coisas ocorreram ou estão ocorrendo.
Isso se dá desta forma pois um dia os alunos poderão perguntar a respeito e o professor deverá saber responder sem paixões ou parcialidades, mas de forma plural, para que os alunos possam conhecer e escolher por si mesmos.
Assim vejo o sacerdócio do ensino. Essa é a meta a ser sempre perseguida.
Espero que goste e volte sempre. Agradeço sua visita!
Marcello Eduardo