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sábado, 25 de fevereiro de 2017

NAPOLEÃO ESCAPA DE ELBA


Em um dia 26/02, no ano de 1815, Napoleão escapava da Ilha de Elba onde se encontrava exilado desde 04/05/1814 em cumprimento ao Tratado de Fontainebleau.
O Tratado fora imposto pelos comandantes da coalizão de países que derrotara a França na Batalha de Paris. 
Recolhido no Palácio de Fontainebleau, Napoleão foi intimado a abdicar. Ele ainda tentou deixar seu filho como herdeiro do trono e sua esposa, Maria Luísa da Áustria, como regente, mas sem sucesso.
Encenação da chegada de Napoleão a Elba
O tratado, porém, permitia que mantivesse o título de Imperador e foi-lhe concedido governar a Ilha de Elba, para onde poderia levar uma pequena corte, 400 soldados, manter alguns navios e receber do governo da França, anualmente, uma quantia de dois milhões de francos.
Nos primeiros meses de exílio o gênio de Napoleão promoveu uma verdadeira revolução administrativa na ilha com a "...construção de estradas e drenagem dos pântanos, impulsionar a agricultura e desenvolvimento de minas, bem como reformar as escolas da ilha e todo o seu sistema legal."(1)
E também consta que o soberano se tornou praticamente uma atração turística!
Conforme afirma Katharine Macdonogh em “A Sympathetic Ear: Napoleon, Elba And The British – From History Today (1994)” (2), no porto de Elba passaram a desembarcar inúmeros oficiais ingleses para conhecer o maior de todos os rivais da Inglaterra. E, segundo os relatos que a autora apresenta, Napoleão os encantou a ponto de torná-los admiradores dali em diante.
Segundo Lord John Russell, Napoleão se mostrou “extremamente bondoso ... sua maneira parece estudada para por a pessoa à vontade por sua familiaridade; Seu sorriso e riso são muito agradáveis (2)
Outro relato, de Hugh Fortescue, Visconde Ebrington, diz que:
Sua maneira me deixou quase à vontade desde o início, e pareceu incentivar minhas perguntas, que ele respondeu sobre todos os assuntos sem a menor hesitação, e com uma rapidez de compreensão e clareza de expressão além do que eu já vi em qualquer outro homem. (2)
Mas, segundo Shannon Selin em seu blog “Imagining the Bounds of History” (3), logo a consciência do mundo diminuto ao seu redor, em contraste com as memórias do grande comando que exercera, parecem ter feito "cair a ficha" do grande homem. Some-se a isso o descumprimento do tratado pela França, que não efetuou o pagamento que fora prometido.
Este também parece ser o entendimento do Coronel Neil Campbell - comissário britânico na ilha – que escreveu diversas vezes aos seus superiores na Inglaterra informando sobre o declínio financeiro do Imperador, demonstrado nos cortes de obras e despesas gerais e alertando que a falta de pagamento a Napoleão poderia causar sua fuga.(3)
Mas, embora não estivesse totalmente errado, o coronel inglês não sabia que Napoleão já pensava em sair de Elba quando ainda estava em Fontainebleau!
Mantendo-se bem informado sobre o que ocorria na França, Napoleão soube de três fatos que podem tê-lo estimulado a deixar a ilha: a impopularidade de Luis XVIII; as conversas no Congresso de Viena sobre retirá-lo de Elba para outro local bem mais distante; a movimentação para coroar o Duque de Orleans governante da França, o que traria uma situação nova e de difícil reversão.(3)
Assim sendo, já em junho de 1814 havia boatos de que Napoleão pretendia deixar a ilha. Entretanto o acontecimento só foi se concretizar mesmo no ano seguinte quando o Coronel Neil Campbell viajou para Londres em 16/02.
Napoleão imediatamente deu ordens para que suas embarcações fossem preparadas. A partir dai os acontecimentos são como um fantástico roteiro de filme de ação e espionagem!
Portoferraio - Ilha de Elba
Segundo Selin, Napoleão ordenou que o navio Inconstant fosse pintado como um navio inglês e abastecido com mantimentos.
Quando uma embarcação britânica aportou em Elba ele ordenou que seu navio fosse escondido para não ser visto e colocou seus soldados para executar serviços corriqueiros de jardinagem! Pouco depois decretou bloqueio do porto evitando a partida de qualquer barco que pudesse alertar o exterior sobre sua fuga.
Em 25/02 ele avisou às autoridades da ilha que partiria e ordenou a impressão de cartas a serem divulgadas na França. No dia 26/02 a frota partiu levando 600 membros da Velha Guarda, 100 lanceiros poloneses desmontados, 300 membros do Batalhão Corso, 50 membros da gendarmeria (guarda) e 100 civis, incluindo empregados. (3)
No mar, a frota chegou a ser abordada por um navio inglês, mas o capitão deste foi enganado pelo capitão a serviço de Napoleão. Em 01/03 a pequena tropa do Imperador desembarcou em “Golfe-Juan, entre Cannes e Antibes”.
Golfe-Juan - França

Napoleão saudado pelo 5º Regimento
Algum tempo depois, as tropas do Quinto Regimento, enviadas para deter a marcha de Napoleão rumo a Paris o interceptaram. O soberano se postou sozinho, em frente aos soldados e os conclamou a atirar no próprio Imperador. Como lhes era impossível fazer isso, aderiram a ele e, assim, a marcha se transformou em um cortejo triunfal que chegou a Paris sem disparar nenhum tiro.
Mas isso é uma outra História! Vive L'Empereur!

(1) https://widescience.wordpress.com/2015/03/02/por-que-napoleao-provavelmente-deveria-ter-ficado-no-exilio-na-primeira-vez/

(2) https://www.napoleon.org/en/history-of-the-two-empires/articles/a-sympathetic-ear-napoleon-elba-and-the-british-from-history-today-1994-vol-44/

(3) http://shannonselin.com/2016/02/how-did-napoleon-escape-from-elba/

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Fontes e Imagens:

https://widescience.wordpress.com/2015/03/02/por-que-napoleao-provavelmente-deveria-ter-ficado-no-exilio-na-primeira-vez/
https://www.napoleon.org/en/history-of-the-two-empires/articles/a-sympathetic-ear-napoleon-elba-and-the-british-from-history-today-1994-vol-44/
http://shannonselin.com/2016/02/how-did-napoleon-escape-from-elba/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Governo_dos_Cem_Dias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte
https://en.wikipedia.org/wiki/Treaty_of_Fontainebleau_(1814)
http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2016/03/20-de-marco-de-1815-napoleao-bonaparte.html
http://edition.cnn.com/2014/05/06/travel/napoleon-elba/
http://www.lefigaro.fr/livres/2014/11/13/03005-20141113ARTFIG00041-napoleon-sa-relation-intime-avec-le-christianisme.php
https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Paris_(1814)
https://en.wikipedia.org/wiki/File:Montfort_-_Adieux_de_Napoleon_a_la_Garde_imperiale.jpg
https://sonofskye.wordpress.com/2014/05/10/marshal-etienne-jacques-macdonald-of-france-1765-1814/

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

ARACAJU - 162 ANOS

ARACAJU – 162 ANOS!
A MUDANÇA DA CAPITAL
Em um dia 17 de março, no ano de 1855, o Povoado de Santo Antônio do Aracaju era elevado à condição de Capital da Província de Sergipe, através da Resolução nº 413/1855, decisão tomada pelo Presidente Ignácio Joaquim Barboza e aprovada pela Assembléia Provincial por 18 votos a favor e 02 contra, dados por Martinho Garcez e o Vigário Barroso, de São Cristóvão, que também era deputado.
Ignácio Barboza era carioca, nascido no Rio de Janeiro em 10/10/1821, formado bacharel em ciências jurídicas e sociais, falava várias línguas, foi juiz municipal na cidade de Paraíba do Sul, RJ, secretário e vice-presidente da Província do Ceará, oficial da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e suplente de deputado pelo Ceará. Casou-se no Ceará, teve duas filhas e ficou viúvo muito cedo.
Em 07/10/1853 foi nomeado pelo Imperador D. Pedro II como Presidente da Província de Sergipe, posto que assumiu em 17/11/1853, em São Cristóvão. O Imperador escolheu Ignácio por ser alguém de fora de Sergipe e sua intenção era ter alguém isento para mediar as disputas terríveis entre os grupos políticos dos liberais e conservadores.
Como Presidente, Ignácio Barboza se dedicou à segurança pública e à melhora do sistema de exportações de açúcar da província, ação que está diretamente ligada à mudança da capital que foi planejada e posta em ação entre 1854 e 1855.
Ignácio Barboza percebeu a decadência de São Cristóvão, tanto por sua localização distante do oceâno e a dificuldade de acesso de barcos maiores ao Rio Paramopama, quanto pela queda nas exportações de açúcar através do Rio Vaza Barris que estava em terceiro lugar, perdendo para o Rio Real em Estância e o Rio Cotinguiba, de Laranjeiras e Maruim.
Vale do Rio Paramopama - São Cristóvão
Qualquer uma dessas três cidades acima citadas tinha chances de ser a escolhida como nova capital de Sergipe, mas o Presidente via mais longe e queria colocar a província nos caminhos da modernidade quando as cidades mais importantes possuíam grandes portos para exportação.
A escolha e a mudança, no entanto, não foram tão abruptas quanto se pode imaginar. Primeiro era preciso tornar nossas exportações independentes da Bahia, o que ocorreu com a publicação do regulamento, em 23/02/1854, que determinava que todo açúcar deveria passar pela Mesa de Rendas de Sergipe, onde os impostos seriam pagos.

No mesmo ano, a Mesa de Rendas de Sergipe foi transferida do Porto das Redes, atual cidade de Santo Amaro das Brotas, para a Barra dos Coqueiros. E logo depois, em 19/01/1855 foi transferida novamente, desta vez para Aracaju, o que já sinalizava que uma mudança estava por vir.
Assim, após a conclusão do canal de ligação entre os rios Pomonga e Japaratuba, que permitia o escoamento da produção do Vale do Japaratuba, as condições de crescimento econômico da região estavam dadas. A mudança era agora não apenas uma vontade, mas uma imposição econômica.
Em 25/02/1855 foi convocada uma reunião na casa do Barão de Maruim, onde os deputados foram convencidos da necessidade de mudar a capital, mas não para Laranjeiras e Maruim, que possuíam rios pequenos, nem para Estância, cuja produção era menor que a do Vale do Cotinguiba, mas para uma nova cidade, planejada e construída do nada. O local escolhido foi a área extremamente bem localizada, abaixo do povoado Santo Antônio do Aracaju.
Colina do Santo Antônio - aqui nasceu Aracaju!
Vencidas as resistências, foi convocada reunião da Assembléia para o dia 01/03/1855, realizada em uma das poucas casas da Colina do Santo Antônio onde Ignácio Barboza discursou defendendo seu projeto. Finalmente, em 17/03/1855 a Resolução foi aprovada.
O povo de São Cristóvão não ficou nada satisfeito com a mudança, mas a resistência não envolveu violência. A insatisfação tomou forma de protestos satíricos, com versinhos depreciativos contra as figuras do Barão de Maruim, do Presidente Ignácio e outros.
Praça São Francisco - São Cristóvão - Sergipe
Quem mais se destacou naquele momento foi a figura de João Bebe Água, ou João Nepomuceno Borges, que alguns dizem ter sido um comerciante falido que entregou-se ao vício da bebida, mas que mais recentemente descobriu-se ter sido vereador de São Cristóvão em mais de um mandato pelo Partido Liberal e que chegou a exercer o cargo de Juiz de Paz já em 1893, não sendo, portanto, nem louco e nem mendigo.
Há quem diga que ele pediu ao próprio D. Pedro II que desfizesse a mudança da capital. Obviamente não foi atendido, mas o Imperador com certeza lhe deu razão, pois escreveu em seu diário que considerava um desperdício abandonar aquela estrutura já existente em São Cristóvão: “Talvez tivesse sido melhor abrir canal reunindo o Vaza-Barris ao Cotinguiba do que mudar a capital, inutilizando-se quase tantos edifícios.” (D. Pedro II)

Feita, e tornada irreversível a mudança da capital, Ignácio Barboza não viveu muito mais para ver concretizada sua obra. Contraiu malária pouco tempo depois, foi transferido para Estância mas não resistiu e faleceu em 06/10/1855.
A missão de construir a capital, porém, prosseguiu através do planejamento feito pelo Engenheiro Sebastião Basílio Pirro, que projetou a cidade como um tabuleiro de xadrez. A cidade era limitada entre a atual Praça da Bandeira e o Rio Sergipe (à época ainda chamado de Cotinguiba) e entre a atual Avenida Barão de Maruim e a Praça General Valadão.
Assim nasceu nossa amada Aracaju!
Fontes:
http://anselmovieira.blogspot.com.br/2011/12/artigo-mudanca-da-capital-de-sergipe.html
http://sergipeemfotos.blogspot.com.br/2013/01/mudanca-da-capital-de-sao-cristovao.html
https://fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com.br/2010/03/aracaju-historia-da-mudanca-da-capital.html
http://www.infonet.com.br/noticias/cidade//ler.asp?id=183995
http://museuhsergipe.blogspot.com.br/2013/03/revisao-na-biografia-de-joao-bebe-agua.html
http://bainosilustres.blogspot.com.br/2015/01/32-joao-bebe-agua.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_Joaquim_Barbosa
Imagens:

http://reino-de-clio.com.br/Aracaju%20160%20Anos!.html
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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

IMPERATRIZ LEOPOLDINA - Parte VI


IMPERATRIZ LEOPOLDINA – MATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – Parte VI

Em fevereiro de 1817 o Marquês de Marialva chegou a Viena para o casamento trazendo riquíssimos presentes e, dentre eles, um retrato de D. Pedro, em forma de medalhão. Ao recebê-lo, Leopoldina parece ter-se apaixonado, pois declarou que “...as feições do noivo coincidiam com a ideia que ela fazia das virtudes morais possuídas pelo augusto original delas.” (pg. 78).

Também revelou à Duquesa de Parma que achou o noivo “extraordinariamente belo”, com “olhos magníficos e um belo nariz”, que “passava o dia inteiro olhando seu retrato”, que ele “a enlouquecia”. (pg. 81).

Por outro lado, a noiva escreveu diretrizes para si mesma, visando a convivência futura com o marido. Essas “normas” auto impostas permitem perceber quais defeitos a moça acreditava ter, e queria combater:

Reprimir minha veemência, ser boa com minha criadagem com a finalidade de me acostumar à brandura e condescendência […] Evitar todo pensamento menos casto […] Trabalhar com zelo para meu aperfeiçoamento […] Aplicar todos os meus esforços para dizer sempre a verdade […] Proibir-me algum prato da refeição, manter silêncio durante algum tempo, falar nas conversas com muita prudência e nunca demais em minha posição. (pg. 86)

Assim, foi uma Leopoldina enamorada, esperançosa e auto-controlada que embarcou (em 15/08/1817) para enfrentar nada menos que 85 dias de viagem de navio rumo ao Brasil após uma espera escruciante pelos navios que a transportariam.

Depois da espera, era hora de enfrentar os dissabores da viagem que Leopoldina registrou, como por exemplo, a tempestade que a frota atravessou: “Minha cama subia como um balão, e para não cair eu me amarrei com uma corda, mas mantive a coragem e o bom humor.” (pg. 102)

A chegada, porém (05/11/1817), parece ter compensado qualquer dissabor, conforme se depreende do que a moça escreveu: “A entrada do porto não tem comparação […] a primeira impressão que o paradisíaco Brasil dá a todo estrangeiro é impossível de descrever com qualquer pluma ou pincel” (pg. 103)

A recepção da família real foi feita ainda antes do desembarque, quando abordaram o navio em uma galeota. Na apresentação Leopoldina ajoelhou-se perante o Rei D. João VI e recebeu de D. Pedro uma caixa de ouro contendo diamantes.

O relato dá conta de certa timidez entre os noivos neste primeiro contato, olhares furtivos de ambas as partes. Leopoldina certamente procurava no moço os traços que vira no retrato, enquanto D. Pedro, que não consta ter visto qualquer representação da noiva, talvez procurasse ver mais de seu rosto, por trás do véu fino que usava.

Em 06/11/1817 ocorreu o desembarque, o percurso de carruagem até a Capela Real onde a cerimônia religiosa foi realizada. A residência do casal foi estabelecida na Quinta da Boa Vista, mesma morada da família real.

Na noite de núpcias a cerimônia que a corte portuguesa mantinha fez com que os pombinhos fossem conduzidos ao leito e despidos3 na presença dos familiares e cortesãos que só abandonaram o quarto quando o casal já estava deitado na cama.

Do que veio depois, Leopoldina escreveu que D. Pedro não a “...deixou dormir a noite toda.” e que era “...não somente belo, mas também bom e sensato.” (pg. 109)

Continua...
1Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015
3À época ser despido não significava ficar completamente nu. D. Pedro deve ter ficado de camisa e ceroulas, enquanto Leopoldina deve ter ficado de camisolão.
Se perdeu alguma parte anterior desta série, clique aqui e na imagem correspondente.
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A ENIGMÁTICA MATA HARI

CEM ANOS DA PRISÃO DE MATA HARI
"Prostituta sim, traidora jamais!"
Em um dia 13/02, na cidade de Paris em 1917, ocorria a prisão da suposta espiã Mata Hari, suspeita de ser agente dupla para França e Alemanha durante a I Guerra Mundial.
Margaretha Geertruida Zelle, depois MacLeod, nasceu a 07/08/1876 em Leeuwarden – Friesland – Holanda, filha de Adam Zelle e Antje van der Meulen, que lhe deram mais três irmãos e uma infância abastada e de excelente instrução até os 13 anos, por conta dos investimentos bem sucedidos do pai em petróleo.
Em 1889 Adam faliu, em 1891 Antje morreu e em 1893 Margaretha ganhou uma madrasta. Quando a família original se desfez, ela se mudou para a casa do padrinho em Sneek, onde tentou formação para lecionar. Mas o diretor da escola a assediou e ela foi retirada da escola, indo morar com um tio em Haia.
Em 11/07/1895, já com 18 anos, Margaretha se casou com Rudolf MacLeod, Capitão do Exército Colonial Holandês, a quem conhecera através de um anúncio de jornal (!).
Após o enlace, que catapultou a moça para a alta sociedade holandesa, e o nascimento do primeiro filho Norman-John MacLeod (30/01/1897), o casal se mudou para Malang, na Ilha de Java, onde nasceu a menina Louise Jeanne MacLeod (02/05/1898).
O comportamento errático e violento do Capitão Rudolf, e a morte por envenenamento do pequeno Norman, levou o casal à separação e a uma dolorosa disputa judicial por bens e pela guarda da menina Louise.
Louise, Norman e o Capitão Rudolf
Neste período Margaretha aprendeu costumes e danças malaios, tornando-se dançarina e adotando o nome artístico de Mata Hari, que significa Olho do Dia (Sol). Em 1906 foi concretizado o divórcio do casal e à mãe coube a guarda de Louise, cabendo ao pai o pagamento de pensão, o que não fez.
Nesta época Mata Hari já estava morando em Paris e fazendo algum sucesso como dançarina exótica devido às suas habilidades de dança e à sua beleza que foi descrita assim:
Grande, esbelta, ela exibe sobre seu maravilhoso pescoço, flexível e cor de âmbar, uma face fascinante, perfeitamente ovalada, cuja expressão sibilina e tentadora impressiona. A boca, vigorosamente desenhada, traça uma linha móvel, desdenhosa, muito carnuda, sob um nariz reto e fino cujas asas palpitam sobre duas covinhas sombreadas nos limites de seus lábios. Os magníficos olhos, ligeiramente puxados, aveludados e melancólicos, são envoltos por longos cílios encurvados e têm qualquer coisa de hindu. Seu olhar é enigmático: perde-se no vazio. Os cabelos, muito pretos, repartidos ao meio, montam em sua face um quadro de impenetráveis ondulações. (1)
Em pouco tempo Mata Hari já estava se apresentando para príncipes em casas badaladas como o Museu Guimet, onde começou, e o Olympia de Paris. Entre os anos de 1910 e 1911, porém, ela se afastou dos palcos para viver como amante do banqueiro Félix Rousseau.
Mata Hari em apresentação no Museu Guimet
Quando o romance terminou Mata Hari conseguiu, através do ex amante Albert Kiepert, agendar apresentações para 1914 no Metropol de Berlim, planos que a deflagração da I Guerra Mundial interromperam.
Por conta da guerra, Mata tentou voltar a Paris através da Suiça, mas foi impedida após interrogatório na fronteira. Só conseguiu permissão para retornar à Holanda. Em 1916 tentou novamente viajar para França através da Inglaterra, sem sucesso de novo, pois os ingleses já desconfiavam que fosse espiã alemã, alertados que foram pela equivocada inteligência italiana.
Quando finalmente conseguiu viajar, passou a ser seguida por policiais franceses que, até 1917, não encontraram nada realmente suspeito.
Na França Mata Hari conheceu e se apaixonou pelo Oficial russo Vladimir de Masloff, que foi ferido no olho, sendo internado no hospital militar de Vittel onde, para visitá-lo, Mata Hari precisava de autorização do Capitão Georges Ladoux.
Crente de que Mata Hari era espiã alemã, Ladoux tentou "cooptar" a inimiga condicionando a autorização de visita a que Mata espionasse os alemães. E ela aceitou, interessada no dinheiro!
Enviada à Espanha, Mata Hari se hospedou no Hotel Ritz de Madrid e logo fez contato com o "Capitão Hauptmann Kalle, adido militar da embaixada alemã" em busca de informações.
Mas Kalle percebeu logo que a mulher era uma espiã, muito fraca por sinal, e começou a abastecê-la de informações falsas, ao mesmo tempo que transmitia para Berlim informações fúteis que Mata Hari lhe passava, mas usando um código antigo que, ele sabia, os ingleses e franceses conseguiriam facilmente decifrar. Esse detalhe, que poderia ter salvo Mata Hari em seu julgamento, não foi informado ao tribunal.
Quando voltou a Paris, certa de que fizera um excelente trabalho, Mata Hari foi presa, acusada de ser agente dupla, dentro do contexto de caça a bodes expiatórios que as derrotas francesas ensejavam.
Mata Hari presa
Em seu julgamento, Mata Hari confessou que fora procurada na Holanda pelo Cônsul Alemão Karl Kroemer que lhe ofertou dinheiro para espionar os franceses, o que ela aceitou, mas jamais cumpriu. O juri, juntando essa confissão ao conhecimento das informações passadas na Espanha, condenou Mata Hari à morte.
Diz a lenda que, a 15/10/1917 em Vincennes – Paris, diante do pelotão de fuzilamento, Mata Hari soprou um beijo para os soldados perfilados.
No centro da página a notícia do fuzilamento.
Segundo Philippe Collas, autor de Mata Hari – Sa Véritable Histoire: “Mata Hari é culpada porque era imoral. Uma mulher liberada, um símbolo sexual, uma mulher livre.(2)
Livro de recortes de Mata Hari
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Fontes e Imagens:
(1) http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/mata_hari.html
(2) http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/mata-hari-seu-pecado-amar-demais-436037.shtml
Fontes e Imagens:
https://en.wikipedia.org/wiki/Mata_Hari
http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/mata-hari-seu-pecado-amar-demais-436037.shtml
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/mata_hari.html
http://seuhistory.com/noticias/mata-hari-espia-mais-famosa-do-inicio-do-seculo-xx-prostituta-sim-mas-traidora-jamais
http://alunosonline.uol.com.br/historia/mata-hari.html
http://brasileiros.com.br/2017/01/o-fuzilamento-de-mata-hari-mais-famosa-espia/
http://neinordin.com.br/mata-hari-2/

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A BATALHA DE VERDUN - 1916

A BATALHA DE VERDUN - 1916
Verdun-sur-Meuse é uma cidade do nordeste da França com mais de mil anos de História tendo enfrentado e repelido nada menos que um cerco de Átila, o Huno, no século V.
Na época da Grande Guerra, Verdun estava dentro de uma linha fortificada, composta por dezoito fortes subterrâneos, a exemplo dos fortes Douaumont e Vaux, e mais doze instalações menores.
A capacidade de resistência dos fortes era diferenciada, pois enquanto alguns deles foram reforçados para resistir à artilharia pesada, outros não receberam a mesma atenção.
Para piorar, o comandante francês, General Joffre, não confiava mais na resistência de seus fortes, considerando que a artilharia alemã conseguira destruir construções semelhantes na Bélgica.
Assim, as guarnições de armamentos destas instalações foram reduzidos ao mínimo e algumas delas, como Douaumont e Vaux, estavam até selecionadas para demolição!
Do lado alemão, o novo comandante, Erich von Falkenhayn, com base em informes de seus serviços de inteligência, calculava que a perda de homens obrigaria a França a sair da guerra em 1916.
Nos cálculos alemães, “...a França teria 400 mil soldados a menos [...] em 1916 do que em 1914, e teria de enfrentar uma crise de quantidade de tropas em setembro de 1916 se suas perdas no próximo ano continuassem no ritmo de 1914 e 1915.1.
Assim, e considerando que as linhas de abastecimento francesas eram bem mais precárias do que as alemãs, Falkenhayn escolheu Verdun para um ataque que fosse desgastando ainda mais o efetivo de tropas francesas atraídas para defender uma cidade de alto poder simbólico.
Falkenhayn esperava apressar a saída francesa da guerra por falta de tropas. Mas ele estava muito enganado...
O plano de batalha previa um devastador ataque de artilharia pesada, seguido do avanço da infantaria sobre as defesas francesas que, acreditava-se, estariam destroçadas.
Em 21/02/1916 o ataque começou e foi, de fato, devastador. Os alemães utilizaram “...mais de 800 canhões pesados, quase 400 canhões leves e 200 morteiros martelando um setor da frente de apenas 16 km de largura, antes do avanço inicial de dez divisões de infantaria.2.
As trincheiras francesas, seus postos de metralhadoras e linhas de comunicação estavam pulverizados e os alemães avançaram com lança-chamas, espingardas e granadas.
Apesar disso, os soldados franceses sobreviventes resistiram bravamente e o avanço alemão era de apenas 5 quilômetros em 22/02, tomando Bois des Caures. Na sequência tomaram Haumont e foram repelidos em Bois de l'Herbebois.
No dia 24/02 se iniciou o assalto alemão ao Forte Douaumont, que foi tomado no dia seguinte. Esse movimento, contudo, colocou os alemães na mira da artilharia francesa.
Esse avanço, portanto, se deu ao custo de pesadas baixas pois, se os franceses perderam 24 mil homens, sendo, porém, 15 mil prisioneiros, “...dentro dos primeiros dez dias, os alemães perderam 26 mil.3.
Ao contrário do esperado, a linha de abastecimento dos franceses não foi interrompida e o General Joffre introduziu um rodízio de tropas na linha de frente, substituindo os soldados extenuados por outros, descansados.
O abastecimento, feito pela Voie Sacrée (Via Sacra), movimentava “...diariamente 3000 caminhões com uma carga de 4000 toneladas de apetrechos e 20000 homens.4.
No início de junto o Forte Vaux foi tomado e, depois, os alemães quase conseguiram romper a linha de defesa francesa. Esse movimento terminou junto ao Forte Souville.
O caminho para Verdun passava pela tomada de Souville, já bastante castigado pela artilharia, mas ainda defendido pelos franceses. Os ataques com gás fosgênio não produziram o resultado esperado, pois os soldados tinham máscaras.
O ataque devastador dos canhões permitiu o avanço alemão, contudo a resposta da artilharia francesa dizimou grande parte dos soldados invasores que foram obrigados a recuar.
Este foi o dia 12/07/1916 e os alemães haviam atingido o ponto mais próximo que conseguiriam chegar de seu objetivo.
A partir dali, ataques de russos e britânicos em outros locais impediram o exército alemão de ficar focado apenas nos franceses. As perdas eram equivalentes e a França não parecia à beira do colapso como Falkenhayn previra.
O comandante alemão “...se resignou em suspender o ataque, pois se esperava uma ofensiva francesa no Somme: reduziu, pois, os efetivos que havia alinhado frente a Verdun.5. Em 02/09, com o comando geral passando para os generais “...Hindenburg e Ludendorff, os ataques alemães terminaram.6.



No mês seguinte foi a vez contra-ataque francês. Utilizando a tática de enviar soldados pouco atrás de onde caiam as bombas da própria artilharia, os franceses avançavam antes que os alemães pudessem reagir.
Para retomar o Forte Douaumont foram disparados mais de 600 mil tiros de canhão de diversos calibres, inclusive alguns pesando 900 kg. A fortificação foi retomada em 24/10. Em 02/11 foi a vez do Forte Vaux. Em Dezembro os alemães haviam sido empurrados de volta ao ponto da partida. Verdun estava salva. Destruída, mas salva.
A posição alemã, depois de quase um ano de batalha, mostra a estupidez da guerra. Para não conseguir avançar um mísero quilômetro, os combates “...geraram 377 mil baixas francesas contra 337 mil alemãs. Oficialmente, os franceses reconheceram 162 mil mortes e os alemães, 82 mil, sendo provável que esta última cifra seja subestimada.7.
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1SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 270.
2Ibid. pg. 271.
3Ibid. pg. 271.
4PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 19. Tradução livre.
5RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
6SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 273.
7Ibid. pg. 274.