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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS TERMÓPILAS DO JAPÃO



Entre os meses de fevereiro e março de 1945 as esperanças de vida ou morte de uma nação inteira se concentraram em um pequeno e árido pedaço de terra, uma ilha, que tornara-se alvo estratégico militar de importância vital. Referimo-nos à ilha de Iwo Jima, a última linha defensiva entre as forças navais americanas e o solo sagrado do Japão. Referimo-nos à célebre Batalha de Iwo Jima!

Defendida por cerca de 22.000 soldados, comandados pelo Tenente-general Tadamichi Kuribayashi, Iwo Jima deveria ser mantida até o último homem e sua tomada deveria custar tantas vidas de soldados americanos que desencorajasse uma invasão ao Japão. 

Para os americanos a importância da ilha estava em seus 3 campos de pouso e em eliminar o último bastião de defesa fora do próprio Japão, de onde ataques poderiam ser lançados contra as forças americanas e de onde os japoneses monitoravam a passagem das esquadrilhas de bombardeios, alertando as defesas anti-aéreas para ataques iminentes.
   
Acima o único aeroporto da ilha atual, fica sobre o Campo de Pouso 02, da Época da guerra. Abaixo os restos do Campo 03 e, mais abaixo, construções que foram feitas sobre o local onde ficava o Campo 01.



 Entre Julho de 1944 e fevereiro de 1945 o comandante Kuribayashi transferiu as linhas defensivas das praias para uma complexa rede de túneis, planejados por engenheiros especializados em minas, vindos do Japão, escavados no Monte Suribachi, um vulcão inativo de pouco mais de 150m de altura no extremo sul da ilha. Abaixo uma visão geral da área do desembarque e closes mais próximos do Monte Suribachi e da praia.
Outras posições defensivas foram construídas ou escavadas de modo a deixar os invasores sob um intenso fogo cruzado. Abaixo uma visão geral da área do desembarque americano e na sequência, planos mais restritos do monte, da praia e, por fim, a região Norte da ilha, onde ficou o QG da defesa japonesa.



 
Após três dias de intensos bombardeios navais, os americanos chegaram. Na madrugada de 19 de fevereiro, furiosos bombardeios aéreos e navais só obtiveram silêncio como resposta das defesas japonesas. Por volta das 9 da manhã 30 mil fuzileiros chegaram às praias, mas somente após avançarem cerca de 500 metros terra adentro é que a artilharia japonesa atacou.

O Monte Suribachi foi tomado apenas em 23 de fevereiro. Em seu cume foi feita a famosa foto de Joe Rosenthal, a "Raising the Flag on Iwo Jima". A conquista da ilha foi consolidada apenas em 26 de março.


Os americanos contabilizaram cerca de 7.000 mortos dentre 26.000 atingidos. Dos japoneses foram feitos apenas 200 prisioneiros dentre os quase 22.000 defensores da ilha. Em 22 de março o comandante Kuribayashi transmitiu uma última mensagem, por rádio, onde reconhecia a derrota iminente, o valor de seus soldados e pedia perdão ao Imperador:
Estou satisfeito em poder relatar que tenazmente lutamos bem contra a superioridade material esmagadora do inimigo. Todos os meu oficiais e soldados merecem a mais alta recomendação. Todavia humildemente peço perdão a Sua Majestade de não ter correspondido às expectativas e tenha que ceder a ilha ao inimigo, depois de ter visto morrer tantos oficiais e soldados.1

Tomo a liberdade de comparar a Batalha de Iwo Jima à Batalha das Termópilas. Reconheço, logicamente, que nesta esteve em jogo a sobrevivência da democracia grega frente aos conquistadores e agressores Persas, enquanto naquela os cruéis conquistadores e agressores eram os japoneses, agora em retirada. E aqui não vai qualquer absolvição aos japoneses. Mas comparo os homens de ambos os tempos, em seu inacreditável desapego à vida frente a um senso de dever para com sua Pátria. E, também, a coragem, embora suicida (portanto reprovável), diante da diferença de poderio militar.
Tanto os gregos quanto os japoneses terminaram derrotados pelas forças imensamente superiores que combateram, mas, a nossa simpatia, especialmente após assistir ao filme “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood, fica com os que caíram vencidos, assim como com seu comandante. É difícil pensar em Tadamichi Kuribayashi sem lembrar de Leônidas...
Vale lembrar, contudo, que, se a resistência feroz dos japoneses de Iwo Jima de fato fez com que os americanos repensassem uma invasão ao Japão, por outro lado serviu para justificar o ataque nuclear a Hiroshima e Nagazaki...