A Wehrmacht avançava mais lentamente que o previsto. A resistência soviética aumentava muito além do previsto. Apesar de tudo, em meados de Julho, após a tomada de Smolensk, o Grupo de Exércitos do Centro, comandados por Fedor von Bock, estava pronto para iniciar o avanço final rumo a Moscou, se recebesse os reforços que deveriam vir do Norte e do Sul, concentrando forças para derrubar a cabeça da URSS.
Mas
então Hitler deu uma força para seu colega ditador Stalin: exitou
por cerca de 3 semanas expedindo diretivas para consolidar as
operações em Leningrado, em Kiev e no Cáucaso. As ordens para Bock
eram de assumir posição de defesa!
Apenas
em setembro veio a ordem do avanço a Moscou. E mais uma vez os
soviéticos levaram uma desvantagem terrível. Em Vyasma as forças
vermelhas foram cercadas e aniquiladas em quase 100%. No início de
outubro tanques alemães já estavam a cerca de 150km de Moscou. Mas,
também nesta época caiu a primeira neve e na metade do mês as
chuvas já ameaçavam o avanço alemão. Além disso, dois novos
generais estavam para entrar em ação: Zhukov e o Inverno.
Kiev - Capital da Ucrânia - bombardeada. |
Vyasma sob a invasão nazista. |
Vyasma nos dias atuais. |
O
General Soviético Georgy Zhukov, responsável pela resistência de
Leningrado, fora nomeado por Stalin para a defesa da capital e tentou,
com apenas 90 mil homens, atrasar o máximo possível o avanço
alemão até Moscou. O objetivo era ganhar tempo para fortalecer as
defesas da cidade, obras para as quais todos os cidadãos foram
convocados.
Mas
em 16 de outubro, apesar de todo o preparo, da chuva e da neve que
chegaram, a aproximação dos alemães fez com que Moscou sucumbisse
ao pânico. Setores inteiros do governo, o corpo diplomático,
fábricas inteiras eram evacuados e o que não podia ser transportado
foi minado de explosivos.
Os
serviços públicos deixaram de funcionar e a ausência da polícia
representava o fim da ordem e a chegada do caos e da lei do mais
forte. Os saques se espalharam das lojas de alimentos para todas as
outras e, depois, para as residências abandonadas.
Nas
estações ferroviárias lotadas a maioria dos que conseguiam
embarcar deixavam quase todos os pertences para trás e quem tinha
carro era, muitas vezes, arrancado de seus volantes, espancado e
abandonado à própria sorte.
Por
outro lado, também havia muitos que se juntavam às forças de
defesa para lutar contra os alemães em proteção ao pais.
Stalin,
após dias de exitação, decidiu permanecer em Moscou. Ele reassumiu
as rédeas do governo da forma como sabia fazer melhor: instalou mais
terror decretando a Lei Marcial em 19 de outubro. E logo o caos
amainou e os saques pararam. E a construção das defesas da cidade
se acelerou pois “...equipes de mulheres, ao lado de rapazes
jovens demais para servir, construíam enormes redes de trincheiras,
armadilhas antitanque e barreiras feitas de árvores derrubadas,
entrelaçadas por arame farpado que, consideradas em conjunto,
estendiam-se por milhares de quilômetros nas estradas que levavam à
cidade.” (pg. 154).
Vítimas do terror de Stalin. |
Mulheres de Moscou trabalhando nas defesas da cidade. |
Ao
mesmo tempo os soviéticos se prepararam para a eventual perda da
capital. A maior parte dos edifícios mais importantes, inclusive o
Teatro Bolshoi, foi preparada para demolição com explosivos quando
os alemães estivessem instalados e agentes da NKVD (que depois viria
a ser a KGB) receberam a missão de sabotar o inimigo e matar
nazistas sempre que possível.
As
defesas anti-aéreas da cidade eram fabulosas e causaram pesados
danos aos alemães chegando a uma taxa estratosférica de 50% de
abatimentos em um relato. Entre Dezembro/41 e Janeiro/42, 250 mil
soldados foram deslocados da Sibéria (onde aguardavam um eventual
ataque japonês que, descobriu-se pela espionagem, não viria), para
defender a capital.
Mas
o que elevou mesmo o moral das tropas vermelhas foi a parada de 07 de
Novembro de 1941, 24º aniversário da Revolução Russa.
07/11/1941 - As tropas soviéticas desfilam na Praça Vermelha, diante do "Camarada" Stalin. |
Sob nevasca
os soldados desfilaram na Praça Vermelha e os boatos sobre a fuga de
Stalin chegaram ao fim, pois os soldados viram que o líder estava
ali e marchavam diante dele. A notícia logo espalhou-se pelas
frentes de combate, reavivando os ânimos.
1Todas
as informações desta série são baseadas na obra “A Batalha de
Moscou” de Andrew Nagorski, tradução de Paulo Castanheira,
Editora Contexto.
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