PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Final
Carta recém-descoberta, e já autenticada, da Princesa
Isabel para o Barão de Mauá, atesta que havia, no âmbito da família imperial, a
disposição de indenizar os escravos pelos anos de escravidão e assentá-los em
terras nas quais poderiam viver e produzir para si mesmos.
Trechos
da carta da Princesa são bem reveladores, inclusive da participação
ativa de seu pai no processo, na amizade da princesa com os mais
notórios abolicionistas e pistas do motivo pelo qual, após o golpe de
1889, os negros foram abandonados pelos republicanos:
Fui informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos
fundos de seo Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos
libertos em 13 de maio do anno passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao
prezidente do gabinete para não provocar maior reacção violenta dos
escravocratas. [1]
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
A Princesa, o Barão e o Imperador |
Deos nos proteja si os escravocratas e militares saibam deste nosso
negócio pois seria o fim do actual governo e mesmo do Império e da caza de
Bragança no Brazil. [2]
Nosso amigo Nabuco, além dos snres. Rebouças, Patrocínio e Dantas,
poderam dar auxílio a partir do dia 20 de Novembro quando as Camaras se
reunirem para a posse da nova Legislatura. [...] Com o apoio dos novos deputados
e os amigos fiéis de papai no Senado será possível realizar as mudanças que
sonho para o Brazil![3]
Com os fundos doados teremos oportunidade de collocar estes ex-escravos,
agora livres, em terras suas próprias trabalhando na agricultura e na pecuária
e dellas tirando seos próprios proventos. [4]
Assim, a descoberta de tal carta, que tem a condição de
acrescentar fatores importantíssimos ao processo da abolição, que se pensava já
esgotado, também revela uma princesa ativa junto com alguns dos principais
abolicionistas, planejando um futuro bem diferente daquilo que veio a ser a
realidade pós golpe de 1889.
A carta também permite perceber quem teriam sido os
verdadeiros culpados pela marginalização dos negros na sociedade brasileira: o
novo governo republicano estava cheio de escravocratas...
Permite
ainda verificar, com muito orgulho, que eles sabiam dos riscos para
continuidade do Império, mas prosseguiram mesmo assim.
Portanto,
para aqueles que, todo dia 13 de Maio, ficam postando memes negando à
Princesa Isabel a maternidade da Abolição, shame on you!
E nossos aplausos e gratidão à Princesa
Imperial Regente D. Isabel, a Redentora – o Reino de Clio a saúda!
FIM
1BARMAN,
Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no século
XIX. Tradução de Luis Antônio Oliveira Araújo. São Paulo:
UNESP, 2005.
2O
nome Doninha pode-se referir a vários pequenos mamíferos
carnívoros das famílias dos mustelídeos e dos mefitídeos.
Disp.:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doninha
3A
palavra "aio" vem de uma palavra grega que quer dizer,
literalmente, "uma pessoa que conduz uma criança".
Disp.:
http://www.dicionarioinformal.com.br/aio/
4SILVA,
Eduardo - As camélias
do leblon e a Abolição da Escravatura
5SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 457
6https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Augusto_da_Silva
7SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 468
8https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
9https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
10SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 468
11https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%ADcio_Wanderley
12REZZUTTI,
Paulo. D.
Pedro : a história não contada : o homem por cartas e documentos
inéditos. Rio
de Janeiro : Leya, 2015.
13NETO,
Renato Drummond T. D. Leopoldina, a mãe do Império brasileiro –
Parte II. Disp.:
https://rainhastragicas.com/2012/10/22/d-leopoldina-a-mae-do-imperio-brasileiro-parte-ii/
14http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=175#_ftn14
15SALLES,
R. E
o vale era escravo. Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no
coração do Império.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 89.
16HOLANDA,
S. B. Capítulos
de História do Império.São
Paulo, SP: Companhia das Letras, 2010. p. 142.
17CARVALHO,
J. M. A
construção da ordem:a elite política imperial. Teatro de
sombras:a política imperial.
3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 319
18SANTOS,
Luiz Álvares. Viagem
Imperial à Província de Sergipe,
Salvador: Tipografia do Diário, 1860.
19O
LADO REBELDE DA PRINCESA ISABEL. Site
Cultura Negra. Acesso em 17/05/2016 Disp:
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
20Ibid
21Ibid
22Ibid
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