O
INFERNO NA TERRA
Naquele sábado, 27 de
Janeiro de 1945, o Exército Vermelho entrou no inferno e o encontrou
quase vazio, em comparação ao que já fora no auge de seu
funcionamento.
Os soldados soviéticos
encontraram o complexo de campos de concentração de Auschwitz, em
Oswiecin, atual Polônia, dentre os quais estava Auschwitz II, ou
Auschwitz-Bierkenau, o Campo de Extermínio, destino final de cerca
de um milhão e trezentas mil pessoas, das quais aproximadamente um
milhão e cem mil acabaram mortas.
O complexo era formado
por três campos principais. O primeiro data de 1940, o segundo
(extermínio) teve sua construção iniciada em 1941 e o terceiro em
1942.
Várias fábricas
alemãs instalaram-se em seus arredores para fazer uso da mão-de-obra
escrava dos trabalhadores residentes nos campos, entre elas a IG
Farben e a BMW1.
Quem ficava impedido, por qualquer motivo, de trabalhar, fosse por
doença, acidente, fraqueza, etc, era imediatamente enviado para as
câmaras de gás.
Os trens lotados de
prisioneiros chegavam o tempo todo e a triagem era feita por médicos
alemães, dentre os quais o famigerado Josef Mengele, que fazia
experiências com crianças (gêmeos principalmente), e viveu
tranquilamente no Brasil depois da guerra. Ele vistoriava os
recém-chegados e separava os que aparentavam melhor condição
física.
Estes eram enviados aos
campos de concentração para trabalhos forçados. Sua expectativa de
vida a partir deste momento era de três meses. Os demais eram
conduzidos por um corredor com a promessa de um banho e desinfecção.
Eles deixavam seus
pertences e suas roupas e entravam nus nas brausebad (casa de
banho), que na verdade eram as câmaras de gás, mas que tinham
vários chuveiros instalados no teto, dando a ilusão de serem,
realmente, banheiros.
Câmara de Gás |
Com as luses apagadas e
as portas hermeticamente trancadas, soldados posicionados no teto
despejavam o conteúdo das latas de Zyclon B, um pesticida em formato
de grãos, que se dissolviam em um gás mortífero, matando
todos os prisioneiros em poucos minutos, causando convulsões,
rigidez muscular e paralisia respiratória.
O Zyclon B |
Depois as câmaras eram
abertas e os corpos encaminhados aos crematórios, onde eram
incinerados. Este processo só foi interrompido quando os disparos da
artilharia soviética já podiam ser ouvidos no campo.
Os fornos crematórios |
Então as forças
nazistas esvaziaram o campo, mataram tantos prisioneiros quanto
puderam, deixaram cerca de sete mil deles para trás e partiram com
60 mil, em marcha forçada, para outro lugar. Mais de 15 mil destes
ficaram pela estrada, mortos de exaustão ou assassinados por não
poderem caminhar.
Os horrores perpetrados
em Auschwitz-Bierkenau foram tão terríveis que se tornam quase
inacreditáveis e sempre sucitam a mesma pergunta: como a humanidade
foi capaz de descer tão profundamente no abismo do mal, a ponto de
planejar e fazer funcionar com tamanha precisão um lugar como
aquele?
1http://www.ushmm.org/outreach/ptbr/article.php?ModuleId=10007718
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